CONEXÕES EMERGENTES

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Zoé Rios

Mestre e graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Atuou como professora alfabetizadora e coordenadora da Educação Infantil. É professora da PUC Minas e autora de literatura infantil e obras para o professor.

Márcia Libânio

Pós-graduada em Neurociências Aplicadas à Educação pelo Centro Universitário Una, licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Atuou como diretora e coordenadora pedagógica. É professora alfabetizadora da rede municipal de Belo Horizonte e autora de literatura infantil e obras para o professor.

Conexões Emergentes LITERACIA E NUMERACIA

OBRA PEDAGÓGICA – EDUCAÇÃO INFANTIL

GUIA DE PREPARAÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO – IMPRESSO

PRÉ-ESCOLA – VOLUME ÚNICO

crianças pequenas de 4 a 5 anos e 11 meses

Belo Horizonte – 1ª edição – 2020

Copyright © 2020 by Maria Zoé Rios Fonseca de Andrade & Márcia Libânio Teixeira

EDITOR

Rafael Borges de Andrade

PRODUÇÃO EDITORIAL, CAPA E PROJETO GRÁFICO

Mário Vinícius Silva

DIAGRAMAÇÃO

Mário Vinícius Silva

Alexandre Alves

PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS

Olívia Almeida

ILUSTRAÇÕES

Carlos Jorge Nunes

CONSULTORIA EDITORIAL

Alice Bicalho de Oliveira

REVISÃO DE PROVAS

Laura Torres

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

R586c Rios, Zoé

Conexões emergentes: Literacia e numeracia / Zoé Rios, Márcia Libânio. - Belo Horizonte, MG : RHJ, 2020.

68 p. : il. ; 20,5cm x 27,5cm.

Inclui bibliografia e índice.

ISBN: 978-65-88618-01-1

1. Educação. 2. Pré-escola. 3. BNCC. 4. Literacia. 5. Numeracia. I. Libânio, Márcia. II. Título.

CDD 370

2020-1961

CDU 37

Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Índice para catálogo sistemático:

1. Educação 370

2. Educação 37

1ª edição, outubro de 2020

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito da editora.

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Impresso no Brasil

Printed in Brazil

Apresentação

Caros professores, Conexões emergentes: literacia e numeracia é um Guia de Preparação para a Alfabetização, com teoria, conceitos, orientações e diretrizes para o educador da pré-escola. Buscamos articular os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2017, e as diretrizes da Política Nacional de Alfabetização (PNA), de 2019, instituída pelo decreto 9.765/2019, e fundamentada em evidências científicas e experiências exitosas em diversos países e baseada em estudos da ciência cognitiva da neurociência.

Este guia visa apoiar o professor da pré-escola no planejamento de intencionalidades educativas preparatórias para a alfabetização, considerando os objetivos dos campos de experiências e eixos estruturantes, brincadeiras e interações, propostos pela BNCC para a Educação Infantil, e orientar sobre modelagens de aula, com os componentes essenciais da literacia e as noções elementares da numeracia, mencionados na PNA, de modo contextualizado, lúdico e significativo.

Estruturamos o guia em capítulos: inicialmente apresentamos os fundamentos teóricos para as intencionalidades educativas e as diretrizes normativas. Em um segundo momento, apresentamos diversas propostas de modelagens de aula, que estão organizadas em duas partes: uma com orientações para a abordagem dos componentes da literacia e a outra para o trabalho com as noções da numeracia.

Esperamos que este material promova o diálogo entre as aspirações do professor da pré-escola e os objetivos de preparação desta etapa, buscando uma transição positiva da Educação Infantil para o 1º ano do Ensino Fundamental e proporcionando melhores resultados, como é esperado nos instrumentos normativos.

Em sintonia com o grupo de crianças pequenas, vamos vivenciar este momento de mudança entre uma etapa e outra, inspirados nos indicadores da ciência e das experiências exitosas, estabelecendo potentes Conexões emergentes.

As autoras

3 Zoé Rios & Márcia Libânio
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 Pré-escola na Base Nacional Comum Curricular: etapa de transição 5 Preparação da alfabetização: a Política Nacional de Alfabetização..................................................................... 6 Fundamentos para as intencionalidades educativas 6 Orientações e conceituações para as modelagens de aula de literacia e numeracia 8 LITERACIA E NUMERACIA ................................................................................................................................................ 10 Componentes essenciais da literacia ..................................................................................................................... 10 Modelagens de aula da literacia ..............................................................................................................................13 1ª ETAPA: consciência fonológica: rimas, aliterações e segmentação de frases em palavras 13 Avaliação formativa 19 2ª ETAPA: conhecimento alfabético: nome e som das letras e identificação sonora das sílabas 19 Avaliação formativa 24 3ª ETAPA: traçado das letras e identificação dos primeiros sons das palavras 25 Avaliação formativa 29 4ª ETAPA: escrevendo o nome e palavras simples 30 Avaliação formativa 34 5ª ETAPA: produção da escrita emergente: explorando a relação grafema/fonema 34 Avaliação formativa 38 Sugestão de cronograma.......................................................................................................................................... 38 Noções de numeracia 40 Modelagens de aula da numeracia 41 1ª ETAPA: noções elementares de matemáticas: descobertas e identificações 41 Avaliação formativa 45 2ª ETAPA: algarismos e noção de quantidade e de tempo 46 Avaliação formativa 50 3ª ETAPA: traçado dos algarismos e noções de medidas, formas geométricas espaciais e temporais 50 Avaliação formativa 53 4ª ETAPA: resolvendo problemas: sequências, padrões e registros com o concreto e numérico 54 Avaliação formativa 59 5ª ETAPA: raciocínio lógico e as noções elementares de matemática na vida cotidiana 60 Avaliação formativa 63 Sugestão de cronograma 64 FICHAS PARA AVALIAÇÃO FORMATIVA 66 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................................................68

Introdução

Pré-escola na Base Nacional Comum Curricular: etapa de transição

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2017, documento normativo que define os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, comportamentos, habilidades e conhecimentos a serem desenvolvidos ao longo da Educação Básica, estabelece 10 competências gerais que

inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional] (BRASIL, 2017, p. 8-9).

Na etapa da Educação Infantil, as competências transitam pelo eixo estruturante interações e brincadeiras e abarcam seis direitos de aprendizagens, que são materializados nos cinco campos de experiências, orientando a organização curricular e contribuindo para integrar e potencializar o ensino e a aprendizagem. Os campos de experiências estabelecem um arranjo curricular de forma a promover o desenvolvimento integral e propiciar o aprendizado.

Direitos de aprendizagem:

Conviver; brincar; participar; explorar; expressar; conhecer-se.

Os campos de experiência:

O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

A etapa da Educação Infantil é dividida em creche (bebês com 0 a 1 ano e seis meses e crianças bem pequenas, de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e pré-escola (de 4 anos a 5 anos e 11 meses). A pré-escola é destacada na BNCC como a fase de transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, etapa em que se deve garantir a integração e a continuidade dos processos de aprendizagem entre ambas. Para a integração, considera-se a relação de interdependência entre os conteúdos das duas etapas. A continuidade entre esses ciclos está relacionada ao acolhimento do que a criança já consolidou em sua aprendizagem para o planejamento do que será apresentado no percurso da etapa seguinte. Ou seja, a continuidade está atrelada ao desenvolvimento de habilidades preparatórias para a futura alfabetização formal.

Identifica-se nessa etapa um arranjo de objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, dentro dos campos de experiências propostos pela BNCC, que salientam a importância da imersão da criança na cultura escrita, sugerindo o contato com as práticas de leitura de escrita, como nos campos Escuta, fala, pensamento e imaginação, assim como identificamos os campos de experiência Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações e Traços, sons, cores e formas nas noções da matemáticas.

5 Zoé Rios & Márcia Libânio

Preparação da alfabetização: a Política Nacional de Alfabetização

As orientações deste Guia de preparação para a alfabetização na pré-escola permitem a elaboração de projetos e ações pedagógicas para a efetivação da Política Nacional de Alfabetização (PNA), de 2019, e dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2017.

As diretrizes que orientam as intencionalidades educativas preparatórias para a alfabetização foram determinadas pelo decreto 9.765/ 2019, que institui a Política Nacional de Alfabetização. As orientações da PNA definem também a Educação Infantil como receptora das prescrições presentes nesse documento.

Contudo, a alfabetização na PNA é enfatizada na perspectiva da literacia, que é “o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, bem como suas práticas produtivas” (MORAIS, 2014 apud BRASIL, 2019, p. 21). A literacia está compreendida em vários níveis, sendo a literacia emergente responsável pelas aprendizagens que favorecem, o processo de alfabetização. A PNA ainda trata da literacia familiar, que está relacionada às experiências de leitura e escrita na convivência familiar, que é destacada no documento como “educação não formal – designação dos processos de ensino e aprendizagem que ocorrem fora dos sistemas regulares de ensino” (BRASIL, 2019, p. 51).

De acordo com a PNA, as experiências de alfabetização devem perpassar as vivências da criança mesmo antes do ensino formal da leitura e da escrita. A Educação Infantil deve ser considerada como o momento de preparação para a leitura e a escrita, bem como para o “conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas com a matemática” (BRASIL, 2019, p. 51), a numeracia.

O processo de preparação para a alfabetização nessa perspectiva ocorre, então, antes do processo formal de alfabetização, seja na família, nas trocas pela oralidade, nos estímulos com textos escritos ou dentro de um contexto formal na pré-escola.

Fundamentos para as intencionalidades educativas

As prescrições normativas e teóricas na PNA indicam ações de ensino e aprendizagem de alfabetização, baseadas em evidências científicas e experiências exitosas, e presentes em diversas publicações – como o National Reading Panel, de 2000; o National Early Literacy Panel e o National Mathematic Panel, ambos publicados em 2008; e o Developing Early Literacy, de 2009 –, todas fundamentadas na neurociência, área do saber norteador desses relatórios e base do decreto 9.765/2019, que institui a nova política de alfabetização.

A neurociência é uma área interdisciplinar que, em síntese, se ocupa do estudo das reações macro e microscópicas que ocorrem no sistema nervoso. Dentre os seus campos, temos a ciência cognitiva, que enfoca o funcionamento do cérebro durante a aprendizagem e nos resultados das estratégias de ensino; a psicologia cognitiva, que se refere às pesquisas científicas dos processos psicológicos que estão envolvidos na aquisição de conhecimentos e processamento da informação. Destaca-se, na ciência cognitiva, a ciência cognitiva da leitura, que se dedica, especialmente, ao estudo do “conjunto de evidências científicas sobre como as pessoas aprendem a ler e a escrever e como se deve ensiná-las” (SARGIANI; MALUF, 2018, p. 479). A aprendizagem da leitura e da escrita na perspectiva da neurociência decorre da percepção

de que a fala é composta da associação dos diferentes sons, que são os fonemas, e que estes são representados na escrita pelas letras, em última análise é o princípio alfabético e corresponde ao início da consciência fonológica, fundamental para o aprendizado da leitura e que precisa ser ensinado (ARAÚJO, 2011, p. 61).

6 Conexões emergentes – literacia e numeracia

Nesse sentido, durante o processo de alfabetização, ocorrem inter-relacionados no cérebro o processamento fonológico e o processamento visual, de modo que “uma palavra quando é vista, ativa no cérebro as mesmas áreas que uma palavra quando é ouvida” (BRASIL, 2019). Isso significa que distintas áreas são ativadas no cérebro ao mesmo tempo para a aquisição da leitura.

A ciência cognitiva da leitura, dentro da neurociência, além de explicar os aspectos de como se aprende a ler e a escrever, constata que a aprendizagem “da leitura e a escrita precisam ser ensinadas de modo explícito e sistemático (DEHAENE, 2011 apud BRASIL, 2019, p. 20), ou seja, o processo de aprendizagem não é natural nem espontâneo. A leitura e a escrita são convenções criadas pela humanidade, assim é necessário aprendê-las.

NEUROCIÊNCIA PSICOLOGIA

CIÊNCIACOGNITIVA

Na concepção da ciência cognitiva da leitura, o processo de alfabetização consiste no “ensino das habilidades de leitura e de escrita em um sistema alfabético” (BRASIL, 2019, p. 50). Para tanto, as intencionalidades educativas precisam desenvolver o conhecimento do sistema alfabético, pois nesse sistema “o que ensina é um modo de representação gráfica que representa sons por meio de letras” (MORAIS, 2014 apud BRASIL, 2019, p. 18). Nessa perspectiva, evidenciamos a instrução explícita para a aprendizagem da leitura e da escrita, ou seja, não se aprende a ler como se aprende a falar.

Entendendo esse processo, fica evidente a importância de proporcionar ao alfabetizando muitas experiências na pré-escola e de guiá-lo, de forma gradativa, para a aprendizagem das relações grafofonêmicas, que não são adquiridas apenas pelo fato de ele estar imerso no mundo letrado. Essa compreensão sobre o princípio alfabético no processo de aquisição da escrita implica na implementação de ações educativas pontuais e sequenciadas, que serão determinantes para bons resultados em todo esse processo.

Segundo Linnea Ehri (2013; 2014 apud BRASIL, 2019, p. 26), a aprendizagem de leitura e escrita se dá em quatro fases de desenvolvimento, e a passagem de uma fase para outra é gerada pelo uso que se faz do código alfabético, que implica nas relações entre as letras e os sons. As fases do desenvolvimento da leitura e da escrita são: fase pré-alfabética; fase alfabética parcial; fase alfabética completa; fase alfabética consolidada. O progresso de uma fase para outra deve ser sequencial e gradativo e depende das experiências vividas e dos conhecimentos adquiridos.

Os avanços e conhecimentos sobre o sistema alfabéticos permitem diferentes leituras e compreensão de mundo, que contribuem para a aquisição das noções básicas de matemática. As habilidades sobre as noções iniciais de matemática desenvolvem-se por meio dos construtos teóricos elaborados pela psicologia cognitiva e pela ciência cognitiva. A preparação direta e indireta do ensino dessas noções também são importantes para a aprendizagem e para o sucesso no ensino formal.

Todas estas orientações se complementam quando entendemos a importância, nessa etapa preparatória para a alfabetização, de recepcionar as demonstrações de interesses das crianças pelos encantos dos textos poéticos e narrativos, pelos registros gráficos, bem como pelas noções básicas de matemática, no contato com registros e símbolos na vida cotidiana.

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CIÊNCIA COGNITIVA COGNITIVA DA LEITURA
Campos da neurociência
Assim, alfabetização é um processo que exige o aprendizado das regras sobre a correspondência entre grafema-fonema/fonema-grafema, iniciando o processo de decodificação, em que se reconhece a sequência de letras escritas a sua forma fonológica (ou pronúncia), e a codificação, em que se relaciona os sinais gráficos (letras ou grafemas) com os sons emitidos na fala. Diante da concretização desses dois processos, decodificação e codificação, inicia-se o processo de ler e escrever.

Orientações e conceituações para as modelagens de aula de literacia e numeracia

Modelagem de aula é uma apresentação de uma aula exemplificativa, dirigida a professores, podendo ocorrer por execução simulada ou real.

Destacamos, antes de finalizar este capítulo, questões relevantes sobre as propostas das modelagens de aula, descritas a seguir, com o propósito de subsidiar o trabalho preditor para a alfabetização na pré-escola, com a literacia e a numeracia. Todas as sugestões de ações educativas das modelagens são fundamentadas na BNCC e na PNA.

As modelagens apresentam a preparação para a prática e as instruções explícitas, que dão pistas sobre como o professor pode apresentar às crianças pequenas as suas intencionalidades educativas, para o alcance de seus objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Em cada modelagem, estão pontuados o componente e os elementos específicos a serem trabalhados. Contudo também é importante fazer alusão, nessa trajetória, à compreensão dos seguintes aspetos:

Objetivos da BNCC: Colocamos no cronograma da literacia e da numeracia os códigos alfanuméricos da BNCC. Os campos de experiência Escuta, fala, pensamento e imaginação, Traços, sons, cores e formas e Espaços, quantidades, relações e transformações contêm objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que dialogam diretamente com as propostas de preparação para a alfabetização da PNA.

Para incluir todos: Ao preparar as modelagens de aula, indicamos que o professor verifique se a estratégia adotada para a atividade inclui a participação de todos. É preciso identificar as barreiras físicas, comunicacionais ou relacionais; propor apoio, quando necessário, para atender as diferenças e melhorar as relações; buscar ajuda na comunidade escolar e familiar. Se, no grupo, houver crianças com necessidade especiais de acessibilidade, adapte a modelagem de aula, de forma que acolha as particularidades de cada uma delas com naturalidade.

Contextos prévios: Identificar sempre ao iniciar a atividade os conhecimentos prévios das crianças e o contexto das atividades, para garantir adequação nas instruções explícitas e nas intervenções durante as modelagens de aula.

Frequência das modelagens de literacia e numeracia: Abordar os componentes da literacia e as noções de numeracia todos os dias de aula, de forma direta ou indireta, variando sempre as maneiras de apresentar os desafios dos conteúdos na instrução explícita, ou mesmo variando modelagens de aula, como alguns exemplos citados.

Etapa: A divisão em cinco etapas, que pode ser correspondente a um bimestre, tem como objetivo estruturar de forma sequencial e organizada os componentes da literacia e as noções da numeracia. Na tentativa de apoiar o planejamento do professor na elaboração de seu próprio cronograma, para o desenvolvimento de seu trabalho durante o ano, destacamos para cada etapa elementos a serem trabalhados, obedecendo uma ordem progressiva e, ao mesmo tempo, com alguns elementos em circularidade. Lembrando que é uma sugestão, cabe ao professor reformular e adequar.

Objetivos das partes: Delimitamos os objetivos no início de cada etapa, evidenciando, na literacia, os elementos de cada componente essencial de preparação para alfabetização e, na numeracia, evidenciando as noções e os elementos de cada noção abordada.

Avaliação formativa: A avaliação formativa ao longo do processo tem como objetivo acompanhar, monitorar e, sempre que preciso, readequar as ações educativas. Ela deve acon-

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tecer durante todo o tempo a partir do registro sobre cada criança, da turma e da adequação da modelagem de aula; é realizada pelo professor, pela comunidade escolar e pelos familiares, como também pelo arquivamento de atividades que documentam experiências das crianças e que podem ser analisada por todos, em momentos posteriores, inclusive, pela criança. Para isso, propomos a utilização de fichas para avaliação formativa (exemplificadas no final desde guia nas páginas 66 e 67), que, ao serem preenchidas, permitem o monitoramento do desenvolvimento de cada criança pelo professor durante as atividades e após cada etapa; além de possibilitar trocas com gestores sobre as observações anotadas. Outro instrumento rico e potente é a construção de um portfólio. O portfólio ajuda na organização e no arquivamento das experiências vividas por meio de fotos e das experiências gráficas realizadas pelas crianças, para que, futuramente, possam conferir, retomar as suas tarefas e, sobretudo, identificar os avanços alcançados e acompanhar o seu processo. O portfólio também é um recurso para a família observar o que foi desenvolvido ao longo do ano, além de apresentar a produção da criança. Ele deve ser preenchido durante cada etapa e ser um baú de memórias.

Nessa mesma perspectiva, sugerimos o monitoramento da aquisição da habilidade prevista por meio de indicadores de aprendizagem, em que a criança realizará individualmente uma atividade com orientação direta e suporte do professor. Tal verificação objetiva oportunizar as coletas de dados individuais e o acompanhamento do alcance dos objetivos. Os registros das informações devem servir para replanejamento e readequação das ações educativas. Trazemos ao final de cada etapa, exemplos de orientações formais desses indicadores individuais, enfatizando, contudo, que a avaliação deve estar presente durante todo o processo de ensino e aprendizagem.

Outro objetivo da avaliação formativa é fornecer dados para que o professor possa planejar as ações educativas futuras, além de permitir que o estudante perceba o que ele aprendeu e o que não aprendeu. Quando a avaliação acontece ao longo do processo de ensino e aprendizagem, ela tem ainda o objetivo de reorientar. De acordo com a BNCC, “é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto as aprendizagens das crianças, realizando a observação da trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, avanços, possibilidades e aprendizagens” (BRASIL, 2017, p. 39), em uma perspectiva não classificatória.

Organização e frequência das modelagens de aula: Apresentamos as modelagens dentro de uma ordem progressiva dos elementos/componentes essenciais e noções que estão sendo enfatizados em cada etapa, considerando, assim, os objetivos propostos para cada uma ao longo da pré-escola. Distribuímos sequencialmente os conteúdos de literacia e numeracia em cinco etapas. Deve-se avaliar a necessidade de repetir as modelagens, na mesma etapa e ou na etapa posterior, para reforçar, avançar e ou ampliar o repertório trabalhado, buscando consolidar os objetivos propostos. Quanto à frequência indicamos que a modelagem seja abordada pelo menos duas vezes, pois uma vez garantida a compreensão, pela criança, da dinâmica da modelagem e do componente abordado, em um segundo momento ela será amplamente explorada. Ao mesmo tempo, pode-se avaliar a adequação da modelagem, se é necessário replanejá-la e readequá-la à turma, como também se o material atendeu.

Periodicidade da abordagem dos componentes e noções: A abordagem de todos os componentes será realizada várias vezes durante o ano, de forma gradativamente conforme pode ser verificado no cronograma. Porém, sugerimos variar o contexto (momentos e formas de abordar, temas), o conteúdo (ex.: rima, aliteração, sílaba), bem como os recursos e as formas de apresentação, dificultando ou facilitando, para que se possa consolidar os objetivos. Alguns componentes e noções, que possuem ampla gama de objetivos e que não dependem de uma lógica de progressão de dificuldade para serem consolidados, deverão ser trabalhados, se possível, cotidianamente. Nossa proposta aqui foi elucidar alguns exemplos de modelagens de aula para a preparação da alfabetização, literacia e numeracia que devem ser tratados concomitantemente nos planos de aula do professor.

Espaço: O ambiente em que acontecem as modelagens de aula pode ser definido pelo professor, conforme as situações possíveis: sala, pátio ou espaço com determinação de limite.

Tempo de duração das atividades: O tempo de duração das atividades deve ser de 20 a 30 minutos, podendo chegar a 40 minutos, observando sempre o interesse da turma.

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