HISTÓRIAS QUE UM JABUTI ME CONTOU

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Histórias que um jabuti me contou

ilustrações: Jader de Melo

Adriano Messias

Histór ias que um jabuti me contou

ilustrações: Jader de Melo

Adriano Messias
1ª edição Belo Horizonte -
2018
Maio de

Copyright © 2018 by ADRIANO MESSIAS

Editor RAFAEL BORGES DE ANDRADE

Supervisão editorial MARIA ZOÉ RIOS FONSECA DE ANDRADE

Projeto gráfico MÁRIO VINÍCIUS SILVA

Ilustrador JADER DE MELO

Revisão LIBÉRIO NEVES e LÍLIAN DE OLIVEIRA

Messias, Adriano

M585 Histórias que um jabuti me contou / Adriano Messias; ilustrações de Jader de Melo. - Belo Horizonte: RHJ, 2018. 92p. : il.

1. Literatura infantojuvenil. I. Melo, Jader de. I. Título

CDD: 808.899282

CDU: 869.0(81)-93

Elaborada por: Maria Aparecida Costa Duarte CRB/6-1047

ISBN: 978-85-7153-357-8

1ª edição

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito da editora.

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Impresso no Brasil

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DEVAGAR SE VAI AO LONGE

Adriano Messias já é um autor com mais de 60 livros para crianças e jovens. E, quando ele escreveu este livro, pensou em você, caro leitor, que gosta de histórias bem diferentes, cheias de bichos falantes, coisas engraçadas e alguns espantos e sustos também!

Aqui, você vai conhecer Quirino, um jabuti muito inteligente, mas desconfiado, que tem narrativas deliciosas e mágicas.

Quirino vai falar de uma bicharada que se mete em problemas muito parecidos com os do bicho-homem. São histórias muito antigas do Brasil e de lugares muito distantes daqui: você lerá contos, fábulas e parábolas originados na Espanha, na França, na Itália, na Índia, no Vietnã, em Moçambique e no Marrocos.

Esses bichos são muito parecidos conosco, sabia? Não é à toa que você encontrará uma tartaruga vaidosa, um ganso generoso, um sapo impaciente, uma onça meio bobona, um corvo tagarela, uma cobra colaboradora e um boi comilão. Também haverá muita solidariedade entre desconhecidos que o destino aproximou e os transformou em amigos: é o caso do gato, do galo, do cachorro, do carneiro, do bode e do burro. Ou, ainda, do problemão que uniu a rã, o caranguejo, a raposa, o urso, o tigre e a abelha para enfrentarem um dragão mal-humorado. O que será que eles vão fazer para darem conta de um monstro tão poderoso?

Não perca essas lindas aventuras: cada uma vale como preciosa pérola da tradição do pensamento e da maneira de viver de variadas culturas. Afinal, sempre há muitos caminhos e possibilidades de entendermos os desafios da vida e tomarmos as melhores decisões.

Por isso, leia sem pressa, divertindo-se, pois, como diria Quirino, o simpático jabuti, “devagar se vai ao longe”.

AO JABUTI

O jabuti sempre foi, para mim, o que o Grilo Falante é para Pinóquio. Por isso, em meu bestiário, há um lugar especial para esse animalzinho querido.

Durante minha infância, as histórias envolvendo jabutis, muitas das quais recompiladas do caboclo que desafiava as matas e os cerrados do Brasil, sempre estiveram entre as minhas prediletas.

Hoje, é proibido criar animal silvestre como bicho de estimação. Porém, quando eu era criança, uma prima de meu pai, Joana, tinha no quintal dois jabutis com as unhas pintadas de vermelho.

A alegre Joana se foi. Dela e de seus bichinhos, guardo uma lembrança doce como jabuticaba.

De fato, o jabuti é sempre um personagem inteligente, esperto e bem-humorado. E não é à toa que ele merece um ciclo só para si, dentro das coletâneas de causos e anedotas.

Sua paciência e perseverança me fazem crer que todo jabuti é um bom contador de histórias.

Daí, inventei Quirino, inspirado nos jabutis que conheci e em suas incríveis histórias.

1 “Ploc, ploc!”

2 O jabuti falante

3 A vaidade da tartaruga de uma fábula de La Fontaine

4 O ganso das penas douradas de uma coleção indiana de histórias chamada Jataka

5 O sapo impaciente de uma fábula de Moçambique

6 A araponga e a onça da cultura popular brasileira

7 O gato, o galo, o cachorro, o carneiro, o bode e o burro conto folclórico da Lorena, França

8 O sapo e o ratinho da cultura oral espanhola

9 O corvo, o espinho, a vela, a vaca e a moça conto popular marroquino

10 A rã e a cobra conto popular das Astúrias, Espanha

Sumário 9 14 18 22 27 29 32 39 45 53
11 A rã e o gênio da chuva do folclore do Vietnã 12 O monge e o escorpião da sabedoria oriental 13 O velho pote rachado parábola indiana 14 Patufet e o boi comilão conto popular da Catalunha 15 A raposa e a onça versão mineira de um conto popular 16 O gambá e a onça conto caipira 17 A abelha, a cigarra e a mosca fábula italiana 18 O sumiço de Quirino Sobre o autor Sobre o ilustrador 62 69 71 74 79 83 86 88 92 92

1 “Ploc, ploc!”

Era uma manhã daquelas em que tudo parecia estar em um lugar bem bonito: sabiá na laranjeira, boi no pasto, sapo na lagoa... E jabuti debaixo da jabuticabeira, comendo as frutas bem doces que haviam caído ao chão. É que teve chuvarada na noite anterior.

A primavera quente já se espalhava pelas cidadezinhas do cerrado.

“Ploc, ploc!”... As gorduchinhas estalavam gostosamente quando o bichinho as apertava com a boca.

O jabuti, que depois eu soube chamar-se Quirino, ficava de olhos bem abertos para ver se novas frutinhas rolariam até sua boca, desprendidas do tronco liso.

Quando a molecada subia em busca dos galhos mais altos, aí, sim, ele fazia sua festa: cada pernada de menino escalando a jabuticabeira derrubava dezenas de bolinhas negras e suculentas.

Ele sequer precisava caminhar léguas, digo, centímetros, para abocanhar seu almoço. Era mais gostoso aguardar sob a sombra fresca aquelas negrinhas se soltarem do pé e caírem perto de suas patas verdes. Daí, era só estourá-las com a boca, “ploc! ploc!”, como sempre fazia.

A vida no campo sempre foi boa para Quirino. Em outubro, muitas frutas amadureciam e antecipavam o verão, que traria sol bem forte, deliciosos cheiros e sabores diferentes.

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Em dezembro, começavam as férias e a criançada toda – primos, amigos e vizinhos – enchia o quintal do sítio de algazarra. Porém, o jabuti não teria mais sossego por umas boas semanas, ele bem sabia. As crianças costumavam carregá-lo de lá para cá, pintavam suas unhas com esmalte vermelho, colocavam fitinhas sobre seu casco e criavam uma corrida maluca em que ele teria de ultrapassar uma galinha zarolha. O jabuti sempre perdia, mas, ainda assim, era o preferido de todos.

Ah!... Dava-lhe até um frio no casco só de pensar na fuzarca que virava aquele quintal sombreado por silêncios e esperas. Como quase todo jabuti que conheci em minha vida, Quirino já era um senhor de idade, apesar de não aparentar. Pouco dado às brincadeiras dos garotos, em especial àquelas mais barulhentas, preferia ficar em seu cantinho.

Ele dormia no oco que a natureza fizera sob a maior jabuticabeira do pomar, longe dos alaridos dos moleques e dos folguedos dos tios.

Entretanto, ainda que se escondesse boa parte do dia, a patota o encontrava e o fazia de gato e sapato, ou de “jabuti e sapato”, como ele próprio reclamou certa vez ao pé de meu ouvido. De nada adiantava querer correr. Até porque velocidade não era o forte daquele bicho de pernocas curtas e olhar meditativo. O jeito era esperar calmamente até que as férias acabassem.

Quirino vivia daquela maneira há anos.

Aliás, há décadas...

Entre os meninos que sempre vinham passar a temporada, havia um que se chamava Tiago e era muito alegre e saltitante, cheio de sardas no rosto e com um cabelo de fogo que esvoaça-

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va ao mínimo toque do vento. Aquele garoto adorava fazer brincadeiras que deixavam Quirino de pernas para o ar.

– Jabuticaba. Jabuti acaba. O jabuti acaba sua salada de jabuticaba com mangaba – dizia o garoto, em sua divertida invencionice de trava-línguas.

De repente, Tiago levava o bicho até a sala onde todos da família se reuniam à noite:

– Cadê o prato principal do jantar? Bota ele na mesa. Já bota! Jabota!

Alguns adultos riam, mas havia sempre uma tia que trazia na voz um tom de reprovação:

– Ah, menino, deixa o coitadinho lá no pomar... Desvire-o. Para que deixá-lo com o casco pra baixo?

– É para ele não fugir. – argumentava o pequeno ruivo.

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– Fugir para onde? – ria-se um tio gordo. – Só se ele subir no patinete da Aninha para ganhar mundo. Esse bicho não foge, Tiaguinho, só se esconde...

– E, além do mais... – continuou a mesma tia – esse animal é sujo. Tem de devolvê-lo ao pomar e lavar as mãos com bastante sabão de cinza em seguida.

Apesar do disse me disse dos adultos, Quirino era querido pelos garotos. Sim, pelos mesmos com pernocas de taquara que logo cresciam, engrossavam a voz e as batatas do muque...

Todos mudavam, exceto o bichinho.

E aquele garoto ruivo? Hum, sabe quem era?

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Eradezembro. As férias apenas começavam e Tiago correu até a jabuticabeira do quintal do sítio para se divertir. Foi lá que, para sua surpresa, um velho conhecido de quatro patas e casco duro começou a falar: o jabuti Quirino.

O simpático bichinho, muito experiente e sabido, conhecia de cor e salteado contos, lendas, fábulas e parábolas do mundo todo. Que memória boa ele tinha!

Neste livro, você vai saber sobre uma tartaruga vaidosa, um ganso generoso, um sapo impaciente, uma onça meio bobona, um corvo tagarela, uma cobra encantada e um boi comilão. Vai ver ainda que muitos bichos diferentes podem se unir em uma bela amizade, como aconteceu com o gato, o galo, o cachorro, o carneiro, o bode e o burro.

Não perca tempo: abra logo o livro e conheça esta bicharada divertida!

ISBN: 978-85-7153-357-8

www.rhjlivros.com.br

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