Fugir de Cristo é buscar a Cristo Há um país chamado Polônia Não, não. Errei. Vamos de novo: Há um continente chamado Europa onde há um país chamado Polônia onde há uma cidade chamada Gdansk que já foi Dantzig e nesta cidade há um Porto Que eu nunca conhecera. E estranho (sempre) fora: Eu nunca vira nenhuma foto ou filmagem, nunca ouvira Sequer falar deste porto e seu nome. Nunca me deparara com ele num mapa, nada lera... E estranho (sempre) era: Todos os dias uma melancolia pontual me assaltava, Como que por eu não conhecer esse porto, Como por eu não sabê-lo. Eu pensava nesse porto e esse porto não se abria à minha vista, Não se entregava... Eu não lhe via a disposição dos barcos, o teor do calçamento, O tom de cinza do mar. E nesse porto uma jovem de olhos azuis ou cinzentos (pois como saberia?) Vendia as mais belas tulipas do leste europeu, ou quiçá rosas, E, sim, um violino nas mãos de um artista popular soltava notas perfeitas Sem quem as pegasse, sem que eu as ouvisse... E o langor de um oboé, quem sabe?, talvez o acompanhasse. E cogitei argumentações alheias e minhas, Embrenhei-me em literaturas de duro pensar, 55