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Cry Freedom

Liberdade… alegre, nostálgica, reprimida, conquistada, libertina, farta. Seja como for o conceito em si redunda sobre si mesmo, tão amplo, tão vasto e, ao mesmo tempo, tão pessoal, tão individual, tão “meu porque não quero que seja nosso”.

Nestas páginas retratamos várias reflexões: o exemplo de Madiba, da vida de cárcere à conquista do White Louis por uns dias de fuga a este confinamento que nos amordaça. Qual das liberdades vale mais? Nenhuma mais do que a outra. Cada uma vale por si, para nós, no momento em que se atravessou na nossa vida.

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Não confundamos sofrimento ou dor com liberdade. Vivem muitas vezes associados mas não são elementos de pertença. Carregados estamos de arautos da desgraça, de apropriadores egoístas duma liberdade que querem que seja lei, sempre na foz da dor e do sofrimento, da árdua conquista, quando tantas vezes existem outras, também elas liberdades, tão ou mais importantes. Por isso mesmo, nos extremos, aqui estão alguns momentos de reflexão estendidos nestas páginas sobre essa mesma liberdade. Não a mesquinha de alguns mas a nossa, de todos, mulheres e homens bons. Seja ela qual for, será sempre LIBERDADE.

Essa Palavra Saudade...

por Fernando Correia

(…) Essa palavra saudade Aquele que a inventou A primeira vez que a disse Com certeza que chorou (…)

Saudade é um sentimento, talvez intraduzível, e é uma das palavras mais bonitas da língua portuguesa, porque sendo amarga é doce; porque sendo triste é amor; porque sendo lágrima é sorriso; porque sendo passado é esperança.

Tenho saudades…

É tão bonito sentir vontade de dizer isto sobre alguém que está longe do coração; sobre a terra perdida e distante; sobre os dias antigos da vida a crescer; sobre o primeiro beijo nos primeiros lábios; sobre o tempo que se perdeu na passagem do tempo; sobre ti, meu Irmão, que fizeste do longe, perto; e transformaste a noite escura, num dia claro; sobre ti, meu filho, que foste a luz do Sol a rasgar as nuvens da minha solidão; sobre a mulher que me acordou para o tempo novo da minha vida; sobre ti, mãe, que te foste dos meus olhos, sempre presa à minha alma…

Tenho saudades do tempo em que passeava contigo no jardim das lindas flores e me espreguiçava ao Sol no promontório da nossa esperança e me rebolava na areia daquela nova praia das descobertas em que vivíamos.

Tenho saudades das tuas mãos, dos teus lábios maduros, do teu ventre rasgado em sementes, do teu rosto, da tua pele, dos teus seios do tamanho dos meus desejos…

ESSA PALAVRA LIBERDADE…

Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não caia? Porque (triste de mim) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora?

Só não tenho saudades do passado sofrido entre a esperança e o desespero; entre o medo e a ousadia; entre as conversas clandestinas dos que desejavam a Liberdade para nos soltarem do jugo da maldade e da violência e as lágrimas de minha mãe choradas à porta da prisão pelo meu pai que só ouvia o vento e o barulho do mar e cravava as unhas na parede para riscar cada dia do seu calendário de opressão.

Vivi entre a saudade e a esperança para não voltar a sofrer a morte lenta dos meus dias futuros.

Agora voltei a estar acordado, desejando que a Liberdade não se transforme, de novo, em Saudade!

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