Set2020 "Cartada final" - Inéditos

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Vítimas do sistema Em 2006, Antonin Scalia, juiz associado da Suprema Corte americana, afirmou que, caso os Estados Unidos tivessem executado presos injustamente, “seus nomes seriam gritados dos telhados”. A afirmação, como lembram de forma incansável aqueles que advogam contra a pena de morte no país, é falsa. Desde a retomada da pena de morte pelo Judiciário americano, em 1976, mais de 1,4 mil pessoas foram executadas. Desde 1973, 156 pessoas foram exoneradas – isto é, inocentadas e postas em liberdade. Proporcionalmente, a marca assusta: para cada 10 executados, um detento é inocentado de acordo com a Coalizão Nacional para Abolir a Pena de Morte (National Coalition to Abolish the Death Penalty, em inglês). Conheça as histórias de prisioneiros que escaparam do corredor da morte sem que seus nomes fossem gritados de telhado algum.

Texto: Fernanda Grabauska 14

Henry Lee McCollum e Leon Brown foram exonerados em 2014. Os meios-irmãos – que têm deficiência mental – confessaram ter estuprado e assassinado Sabrina Buie, de 11 anos, em 1983. Ambos foram condenados à morte. A sentença de Brown foi alterada para perpétua, mas McCollum passou três décadas no corredor da morte até que exames de DNA provassem tanto a sua inocência como a do meio-irmão. O Estado da Carolina do Norte compensou os dois pelo erro com US$ 750 mil dólares cada um, dinheiro que logo lhes foi tomado por oportunistas e estelionatários.


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