Escritores Brasileiros Contemporâneos - n. 19 - dez/2020 - edição especial Memórias Paulistanas

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M eu

belém de ontem ...

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que naquele espaço estava projetada uma grande avenida que ligaria o centro da cidade à Vila Matilde, e realmente em 1957 foi inaugurado o primeiro trecho da Av. Radial leste, na gestão do prefeito Prestes Maia. Havia uma grande área verde que se avistava da nossa casa, que conhecíamos como “prado” e onde os meninos iam caçar passarinho. Antigamente, muito antigamente, aproximadamente até o ano de 1941 ali estava instalado o Hipódromo da Mooca e as partes que avistávamos eram os fundos; posteriormente a área ficou sendo utilizada pela aeronáutica e finalmente criou-se ali o Parque Educacional e Esportivo e a Sub Prefeitura que, maravilhosamente, servem à comunidade até hoje. Minha primeira escola em 1945 foi a Álvaro Guião na Rua Silva Jardim, 260, os proprietários e diretores eram Sr. Francisco Ferreira e sua mulher d. Anna, onde em 1958, também cursei datilografia e taquigrafia. Nessa mesma Rua Silva Jardim, no nº 25 nasceu o meu avô materno em 1895, Roque Ricciardi, que na velha guarda musical de São Paulo

Escritores brasileiros contemporâneos

Fui acolhida pelo Belém em 1944 quando meus pais saíram do emblemático bairro do Brás. Especificamente na Rua Siqueira Cardoso, área que os antigos moradores, denominavam de “Brejo seco”. Não me perguntem o porquê. A rua era de terra batida, o que permitia fazermos grandes fogueiras no dia de São João; sem asfalto e sem calçadas minha rua estava coroada com valetas onde corriam águas servidas e pluviais. Para ter acesso, do meio fio às casas, havia pequenas pinguelas. Em contrapartida encontramos uma vizinhança afável e amiga naquele quarteirão: família Octaviano, Pontes, Pastore, Felix Garrucho, Mantelli, Casangne, Testa e principalmente a família Gaspareto cuja amizade preservo até os dias de hoje. No final da minha rua havia grande área que era utilizada como chácaras e campos de futebol de várzea (Campo do Áz Preto – Campo do Pires do Rio), que terminavam do lado direito, nos grandes armazéns da Estrada de Ferro Central do Brasil, que chamávamos simplesmente de “linha do trem”. Meus avós diziam

Dezembro/2020

Neide Lopes Ciarlariello

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