ABOUT Magazine N2.pt

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Viagens DESCUBRA A GASTRONOMIA, A CULTURA E A HISTORIA DE 4 CIDADES DO MUNDO Comida de Rua FOOD TRUCKS, MERCADOS, E FEIRAS DE COMIDA Entrevistados CAROLE POIROT JOÃO MACHADO YAGO BRUNA Convidados especiais MARTA MAURI MAURIZIO MAURIZI ... e muito mais

Todas as segundas vezes sempre me pareceram mais difíceis do que a primeira No caso da ABOUT, a primeira edição foi fruto de uma ideia que vinha fervendo há vários meses O seu arranque foi impetuoso, com toda a força e entusiasmo dos primeiros tempos

O segundo número, aquele que você tem na tela, é o teste ácido, onde devemos te convencer e demonstrar que o produto vale a pena, que não é fruto de um golpe de sorte, mas que é algo mais.

Assim, com esse segundo número, queremos te mostrar que sim, esta revista merece ser aguardada a cada trimestre, com alegria, pois sabemos que você vai aproveitá la do início ao fim A data do seu lançamento será um pequeno ponto vermelho no seu calendário, um lembrete para que você não esqueça que está chegando aquele momento de deleite visual, o seu momento.

Editorial Equipe About @theaboutmagazine

Índice

4. VIAGEM

Percorremos a história, cultura e gastronomia de Paris, Curitiba, Madrid e Ouro Preto.

54. Entrevista com JOÃO MACHADO

62. Entrevista com YAGO BRUNA

70. COMIDA DE RUA Em busca da melhor comida em Barcelona, Belo Horizonte, Bretanha Francesa e Madrid

108. Entrevista com CAROLE POIROT

116. RESTAURANTES ESPECIAIS Season, la Terraza del Santo Domingo, Ora La Caserne y O Passo.

136. Entrevista com MARTA MAURI

144. ESPECIAL CHEFS Pol Tortajada e Koldo Royo.

152. BEBIDAS Coquetéis com/sem álcool e vinhos recomendados.

172. RECEITAS DO MUNDO Quibebe, falafel, cheesecake de NY e Canestrelli.

190. ESPECIAL: ADEREÇOS El arte del Olivo.

194. ECOLOGIA O grande desperdício mundial.

VIAGENS

ABOUT é uma publicação independente nascida das ideias de sete fotógrafas que vivem em diferentes cantos do planeta. Coordenamos e compartilhamos informações remotamente. Nas nossas reuniões, enquanto umas tomam o café da manhã, os outras acabam de almoçar. Idiomas e diferenças de fuso horário não nos param. Sendo este o nosso modus operandi, o segundo tema da revista não poderia ser outro: Viagens.

Desta vez saímos da nossa zona de conforto e transformamos o mundo em nosso estudo sob o céu. Perdemos parte do controle e ganhamos em dinamismo e improvisação.

Confiamos que conseguimos e que o tema te inspire tanto que dê vontade de fazer a mala e sair para comer pelo mundo. Estamos ansiosas pelo retorno de vocês através de comentários.

Digitalize e aproveite uma lista de músicas especialmente selecionadas para aproveitar este edição

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PARIS

U M P A S S E I O D E L U Z E C O R

Texto e fotografias por Mónica Molina

A primeira vez que vi Paris foi no inverno, um novembro frio há mais de uma década. Paris parecia elegante, bonita e, acima de tudo, cinzenta, com seus edifícios haussmannianos de paredes brancas e telhados de ardósia cinza azulada Uma luz maravilhosamente tênue envolvia suas ruas e seu povo e isso só acentua sua aparência acinzentada

Canal de Saint Martin Bistrô na região do Canal de Saint Martin
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Canal de Saint Martin

Apesar de tudo, Paris tem mil facetas, inúmeros rostos, como se fosse um imenso caleidoscópio urbano, e cada vez que a visito descubro um diferente

Desta vez convido vos a desfrutar de uma cidade vibrante, movimentada e cheia de vida. Uma Paris de luz poderosa, uma Paris de verão

Começamos a caminhada pelo canal de São Martinho construído no início do século XIX para o transporte de água potável e mercadorias Recebe a água dos rios Ourcq e Beuvronne. O canal une a lagoa La Villette com o Sena através do porto de Arsenal. Ele está localizado entre os distritos 10 e 11 (arrondissements), ao norte de Paris

Canal de Saint Martin Quai de Valmy Canal de Saint Martin

Ladeado por grandes castanheiros que oferecem a sua sombra acolhedora nos dias quentes de verão, onde os parisienses passeiam aos domingos, improvisam um piquenique, ou simplesmente sentam se para tomar uma bebida ou passar algum tempo com os amigos. Quando o sol dá lugar à lua e seus segredos, seus muitos bares e bistrôs fazem dele um lugar de festa.

Quai de Valmy Canal de Saint Martin Caminhar ao longo do seu percurso é uma experiência cativante, envolvendo aromas e cores
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Montmartre

Continuamos? Passemos agora pela zona de Montmartre, após subir as escadas que nos levam ao SacreCoeur (sim, o esforço vale a pena) Ao percorrer as bancas dos pintores que expõem as suas obras na praça Tertre, descemos a colina pelo outro lado até chegar à «Maison rose», com as suas típicas paredes cor de rosa e portadas verdes. A história desta casinha remonta a 1850

Naquela época era apenas mais uma casinha na pequena cidade de Montmartre. Foi no início do século XX que Laure Gargallo, modelo de Picasso e amiga dos grandes artistas da região, comprou a casa e a pintou com sua cor rosa característica, e abriu um pequeno restaurante para seus amigos artistas curtirem.

Um pouco mais abaixo (quase no final do percurso), somos recebidos pelos vinhedos de Montmatre. Em 1932, 2.000 videiras foram plantadas em memória vitícola do «Butte» (speck em espanhol).

No primeiro fim de semana de outubro, coincidindo com a época da colheita, é realizado um animado festival.

Rua do l'Abreuvoir Montmartr Vinhas de Montmart Pintor na praça do Tertre
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O Marais e o bairro judaico

Mudamos para o terceiro? Vamos ao bairro do Marais, um dos mais antigos desta fascinante cidade, outrora uma zona pantanosa que lhe deu o nome: marismas.

A Place des Vosges é um bom ponto de partida para um dos passeios mais chiques da capital.

Praça dos Vosgues

A Place de Vosges é uma das mais antigas e belas de Paris. Em forma quadrada, tem ruas em arco nos quatro lados que abrigam várias galerias de arte e bistrôs.

De salientar o número 6 da praça onde se encontra a casa onde viveu Victor Hugo, hoje convertida em museu.

Praça dos Vosgues

No Marais você tem que se perder, passear, absorver sua vibrante atividade e não se esqueça de passar pelo bairro judeu “Le Pletzl” (pequena praça em iídiche) que começa na Rue des Rosiers e continua pela Rue Ste Croix da Bretonnerie até a Rue du Temple.

A sinagoga art nouveau, projetada em 1913 por Hector Guimard, também autor das famosas entradas do metrô da cidade, é imperdível.

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Mercado

Sem sair do Marais, um dos lugares mais recomendados para comer é o Marché aux Enfants Rouges (na rue de Bretagne, 3). É o mercado coberto mais antigo de Paris, construído em 1615 e escondido atrás de uma porta de metal verde que não chama muita atenção.

dos "Enfants Rouges"

Construído em 1615 e… por que les enfants rouges? Porque o mercado recebeu o nome do orfanato adjacente, e os órfãos que o habitavam usavam uma capa vermelha.

Agora é um pequeno labirinto de barracas de flores, vegetais e frutas frescas, lotado de pessoas na hora do almoço prontas para desfrutar de suas mais de 20 barracas de comida multicultural, onde você pode saborear pratos de todo o mundo. Um lugar magnífico, onde é possível comer como qualquer outro parisiense, desde um cuscuz marroquino a uma variedade caribenha, em um ambiente familiar que convida ao convívio e à alegria em torno de suas longas mesas compartilhadas

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CURITIBA

M O S A I C O D E E T N I A S E C U L T U R A S

Ao escolhermos Curitiba para fazer parte dessa edição da About dedicada às viagens, logo pensei: como retratar essa cidade que me abriga?

A cidade onde vivo, vive dentro de mim, mas vive de uma forma diferente dentro daqueles que cruzam meu caminho pelas ruas. Esse é o mistério que nos faz apaixonar por uma ou outra cidade. Uma só cidade pode ser muitas, depende de quem as olha e as vive.

O nome desta cidade significa "floresta de pinheiros ou pilha de pinhões" Texto e fotografias por Zaclis Veiga
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Levarei vocês por um flanar despretensioso pelas ruas da cidade com o nome indígena. A palavra Curitiba significa pinheiral, ou muito pinhão, fruto da árvore símbolo do Estado do Paraná, a Araucária.

E é a semente da Araucária, o pinhão, que decora boa parte do calçamento do centro da cidade, feito em pedras portuguesas.

Fonte de proteína, o pinhão faz parte de alguns pratos da culinária paranaense Também vemos esse símbolo nas obras de Poty Lazzarotto, artista Curitibano que desde criança “rabiscou” a cidade com painéis que contam importantes eventos como a colonização da cidade, a evolução do sistema de águas e a história do teatro.

Tudo isso vai dando o tom da cidade que pode ser visitada a partir do ônibus que compõem o sistema de transporte público, que teima em não ser metrô e que corta a cidade em 5 eixos e possui uma arquitetura marcante com suas Estações Tubo, ou pelos ônibus de turismo

Não podemos falar da Curitiba sem falar de arquitetura. A cidade se orgulha de abrigar a primeira Universidade Pública do país A Universidade Federal do Paraná, fundada em 1912 tem colunas imponentes e uma escadaria que abriga as principais manifestações populares da cidade na praça Santos Andrade

Praça Santos Andrade Rua XV
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Obra de Poty Lazzarotto Largo da Ordem Mercado de rua

O Museu Oscar Niemeyer ou Museu do Olho, assim chamado devido a seu design peculiar possui uma sala dedicada ao arquiteto que fez importantes edificações no mundo

Os casarões coloniais dos séculos XVIII e XIX do Largo da Ordem no São Francisco, fazem parte do centro histórico da cidade ladeados pela Igreja da Ordem, o Museu Paranaense, a Igreja do Rosário, a Sociedade Garibaldo e o Museu de Arte Sacra. Aos domingos o local recebe a “Feira do Largo” que reúne artesanato, gastronomia, antiguidades e música

Ao viramos uma esquina qualquer, podemos nos deparar com as árvores que cobrem o chão ora de folhas, ora de flores. A cidade possui 60 m² de área verde por habitante, distribuídos em 28 parques e 15 bosques.

O Museu Oscar Niemeyer ou Museu do Olho Parque Barigui Praça do Japão
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Parques, praças e bosques marcam a diversidade étnica da cidade. Temos o Parque de Portugal, o Bosque do Alemão, as praças da Espanha, Ucrânia, Japão que homenageiam aqueles que fazem dessa, a sua cidade.

O Parque Barigui é o maior parque da cidade Possui 1 400 000 m² O lugar tem três bosques com vegetação de floresta primária nativa e floresta secundária que abriga grande diversidade de animais. O Parque Tingui abriga o memorial ucraniano Curitiba tem mais de 70 000 habitantes ucranianos e seus descendentes.

A gastronomia recebe influência dessas muitas etnias que a cidade abriga Os imigrantes italianos se instalaram no bairro de Santa Felicidade, onde há vários mercadinhos, lojas de chocolates, queijos e vinhos A gastronomia italiana é destaque do bairro Os restaurantes servem porções generosas de massa e outros pratos típicos. É o caso do Madalosso, o maior restaurante da América Latina em tamanho e serviço Tem 4780 lugares em 7 mil metros quadrados. Pode servir até 10 mil pessoas em um único dia.

Uma iguaria que recomendo experimentar é a Carne de Onça da Mercearia Fantinatto. Embora a onça esteja no nome, não está no prato feito de carne bovina e preparado na mesa do freguês (é proibido consumir carne de onça no país) Outro prato imperdível é o rollmops, alimento típico da culinária alemã que é um peixe enrolado em cebola e marinado em vinagre.

Restaurante Madalosso Parque Tingui Mercearia Fantinato
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Carne de Onça da Mercearia Fantinatto

Outra tradição dos curitibanos é comprar alimentos nas inúmeras feiras de rua distribuídas pela cidade. São 38 feiras diurnas e 14 noturnas onde predomina a comercialização de frutas, verduras e legumes, além de produtos da gastronomia nacional como pastéis, pamonha de milho, bolinhos e sanduíches. Além dessas, há 14 feiras de produtos orgânicos em parques da cidade Para saber mais acesse a página oficial.

Para finalizar esse passeio convido vocês a ir ao Mercado Municipal para experimentar algumas cachaças na Cachaçaria Vô Milano, a loja tem centenas de rótulos dessa bebida criada no Brasil e protegida por lei. Patrimônio nacional só pode ser feita de cana de açúcar, mas pode ter vários sabores agregados. Minha preferida é a de banana

Olhar a cidade com os olhos de visitante me deu oportunidade de conhecer várias pessoas interessantes e de mergulhar nos costumes, gastronomia cultura e prédios que já estavam adormecidos dentro de mim Obrigada pela companhia.

Cachaçaria Vô Milano Rollmops, comida típica da cozinha alemã
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MADRID

Quando se trata de viagens, esse número não poderia começar de outra forma a não ser com a compra de uma passagem de trem. Jullianne, nossa diretora, saiu de Barcelona para a capital espanhola. Chegou na estação de Atocha à hora do almoço e, depois de provar uns croquetes deliciosos e crocantes nas Bodegas Rosell, dirigiu se às portas do Síntesis Digital Lab, a galeria onde foram expostas as fotografias vencedoras do concurso Pink Lady Food

Photographer of the Year 2022 Algo muito especial aconteceu ali, enfim, Sylvie, também editora desta revista, e Jullianne, se conheceram pessoalmente. Aqui começou o desafio de visitar a cidade em 48 horas.

C I D A D E C O M U M I N T E R E S S A N T E L E G A D O H I S T Ó R I C O E
C U L T U R A L , A L É M D E U M A R I C A G A S T R O N O M I A
Terraços ao lado da Praça de la Paja em La Latina Texto por Sylvie Pabion Fotografias por Jullianne Medeiros e Sylvie Pabion
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Estação de Atocha

Madrid é uma cidade com uma ampla oferta cultural e gastronômica que precisa ser degustada aos poucos As suas ruas estão cheias de vida, respira se um ar boémio e não será difícil encontrar um bar ou uma esplanada onde possa comer algo delicioso ou tomar uma boa bebida. Se, além de encher o estômago, você quer alimentar sua alma, basta olhar para cima e descobrirá belos edifícios e monumentos de arquitetura neoclássica, barroca, romântica e modernista, como a Puerta de Alcalá, o Museu do Prado, o Teatro Real, o Palácio de las Cortes, o Palácio Longoria, as esculturas de El Retiro ou o Cinema Doré.

Barcas do lago do Parque de El Retiro
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Um dos famosos arcos da Plaza Mayor
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Sanduíche de lula típico da Plaza Mayor
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O exterior do museu Reina Sofía

Entre as livrarias especializadas em arte e fotografia, recomendamos o Círculo de Bellas Artes, a livraria La Fábrica e o museu Reina Sofía Além disso, se você desembarcar em Madrid durante o período da Feira do Livro, passear pelos estandes do Parque El Retiro será um grande sucesso

Caixa Forum

Se você é daqueles que gosta de se perder nos corredores dos museus, está com sorte porque terá várias opções: El Prado, El Thyssen Bornemisza, Reina Sofía e Caixa Forum são nossas recomendações. Mas se você é apaixonado por arte moderna, não deixe de visitar La Casa Encendida, localizada não muito longe do museu Reina Sofía, no coração de Lavapiés, um bairro multicultural e um dos mais antigos de Madrid. Lá, no centro cultural, você pode fazer uma pausa e saborear um delicioso bolo de cenoura em sua cafeteria

Livraria da Fábrica
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Para terminar escolhemos o melhor e possivelmente um dos pontos fortes de Madrid, a sua gastronomia, os seus restaurantes e esplanadas A hora do aperitivo e das tapas não se perdoa nesta cidade. É muito típico ver as esplanadas e balcões dos bares transbordando, os garçons correndo de um lado para o outro carregando deliciosas tapas e porções em suas bandejas que acompanham as espumantes cervejas recém tiradas.

As lulas, as batatas bravas e os croquetes são clássicos para partilhar com os amigos a qualquer momento Os melhores bairros para terraço são: La Latina, Lavapiés, Barrio de las Letras, Chamberí e Plaza Mayor.

Cartaz no Bairro das Letras

Outros espaços gastronômicos da moda são as galerias e mercados onde você também pode comer maravilhosamente. Entre os nossos preferidos está o Food Hall da Galeria Canalejas no coração da cidade, junto à emblemática escultura do Urso e do Madroño, símbolo da capital.

Quanto aos mercados de alimentos, destacamos o mercado Cebada localizado em La Latina e o mercado San Antón no coração do bairro de Chueca

Finalizamos nossa rota gastronômica e cultural pela capital espanhola. Obrigado por se juntar a nós.

Rua Barcelona no bairro Sol
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Galeria Canalejas Salada de tomate e Oburrata vos fritos com trufa Terraços de La Latina em qualquer domingo
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OURO PRETO

U M T E S O U R O H I S T Ó R I C O B R A S I L E I R O

Falar da minha terra, Minas Gerais, sempre me deixa emotiva. Suas montanhas, o comportamento peculiar dos seus habitantes, o jeito simples e manso de falar, tudo isso deixa meu coração aquecido Para mim, todas as suas cidades são especiais, mas quando pensei em qual delas poderia representar tudo isso, não pensei duas vezes e a cidade que me veio ao pensamento foi Ouro Preto. Ela fica a cerca de 100 km da capital do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte É uma pequena cidade que respira arte, história e religiosidade Coincidentemente a visitei no dia do seu aniversário de 311 anos, dia 31 de julho. A cidade estava cheia de visitantes, suas ruas estreitas cheias de carros e pessoas atravessando de um lado para o outro. Fui em um sábado e durante esse fim de semana inteiro várias atrações musicais se apresentaram na praça principal Durante o mês de julho ela promove o seu festival de inverno, o que atrai visitantes de todo o país

A cidade recebe muitos turistas no mês de julho Texto e fotografias por Samira Rodrigues

Algo que é muito marcante quando você chega em Ouro Preto e começa a passear por suas ruas e pela parte histórica a pé, é a quantidade de igrejas em uma área tão pequena. Elas são verdadeiras obras de arte ao ar livre, monumentos coloniais e não é de se surpreender que em 1980 a cidade foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO

A cidade tem uma cultura religiosa muito forte. São cerca de onze igrejas e capelas menores espalhadas por ela Como seu território é repleto de subidas e ladeiras íngremes, quando você está próximo a uma, consegue avistar várias outras que foram erguidas em pontos estratégicos. Algo realmente admirável!

Dentre as principais e que você não pode deixar de visitar, estão a Igreja de São Francisco de Assis e a Basílica Menor de Nossa Senhora do Pilar A primeira, com sua construção iniciada em 1766, é considerada a obra-prima de Antônio Francisco de Lisboa, mais conhecido como “Aleijadinho”. Ele é um dos grandes mestres do barroco e do rococó brasileiro que assinou o projeto, o risco da portada e esculpiu em pedra sabão a escultura que coroa a porta principal.

Por dentro a igreja é uma obra de arte maravilhosa que apresenta pinturas no teto do mestre Manuel da Costa Ataíde, outro grande artista do barroco e do rococó no Brasil. Ela pode ser visitada em dias e horários definidos, mas não permite fotografias do seu interior

A segunda, a igreja de Nossa Senhora do Pilar, inaugurada em 1733, é impressionante por dentro e considerada uma das igrejas mais ricas de Minas Gerais, tanto que em seu interior a pintura é toda folheada a ouro.

Igreja de São Francisco de Assis Basílica menor de Nossa Senhora do Pilar Interior da Iigreja greja de Nossa Senhora do Carmo Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões Interior da Igreja de Nossa Senhora do Carmo
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Também guarda o Museu de Arte Sacra com preciosidades e em 2012 foi elevada à Basílica pelo Papa. Inclusive pode ser visitada, mas não é permitido fotografar o seu interior.

Voltei para visitar a cidade em outro momento, cheguei bem cedo e a encontrei com seus moradores ainda dormindo. Em um amanhecer nublado, andei por suas ruas em silêncio para observar sua arte, a arquitetura e admirar tudo sem pressa. Ela fica encrustada entre montanhas, o sol demora um pouco para aparecer entre as nuvens. Aproveitei para tirar algumas fotos das suas ruas ainda vazias e aí você descobre cantinhos tão bonitos que em dias festivos passam despercebidos.

Igreja de Nossa Senhora dos Homens Pretos

Passei pela bifurcação onde fica o Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias que será reaberto em novembro para visitação depois de nove anos de reforma e restauração No meio da tarde fui até a Igreja de Nossa Senhora do Carmo que teve sua construção iniciada em 1756. Ela estava aberta à visitação e a fotografia era permitida, desde que não utilizasse o flash. A igreja possui seis altares laterais, dois deles atribuídos ao mestre “Aleijadinho” e o altar mor construído por mestre Ataíde As pinturas folheadas a ouro chamam a atenção em todo o seu interior, bem como a linda pintura no forro do teto

Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias

Passear por Ouro Preto é ver a arte da época em todos os seus cantos, construções e ruas. Apesar de pequena, a cidade está sempre movimentada por festividades religiosas, festivais de música e pelos estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto.

Abriga bons cafés, ótimos restaurantes com gastronomia maravilhosa, suas lojinhas de artesanato, artigos em pedra sabão e cristal.

A Praça Tiradentes, que é a principal e onde acontece a maioria das comemorações, fica bem movimentada no fim da tarde, com o sol iluminando todo o Museu da Inconfidência, sendo também um ponto de encontro de turistas e moradores.

Praça Tiradentes ao entardecer
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visitar muita coisa em ra ver tudo com calma e leza, um fim de semana a com boas opções de tenho certeza que você r outras vezes

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Artesanato de Ouro Preto

Para saber sobre a história da cidade e sobre cada uma das suas igrejas acesse o site da prefeitura de Ouro Preto

www.ouropreto.mg.gov.br

Panelas de pedra sabão típicas da região
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JOÃO

MACHADO

O P E R E G R I N O D A S I M A G E N S

Texto por Zaclis Veiga Fotografias por João Machado Entrevista por Julliane Medeiros, Samira Rodrigues e Zaclis Veiga

Nascido na cidade de Xique xique, região do sertão baiano, João Machado conta a sua história a partir das imagens que faz. As fotografias revelam homens e mulheres repletos de alegria e de fé, pessoas que possuem no seu olhar a graça da vida. Machado faz parte desse povo

Em um lugar de honra da casa, estão as duas câmeras que marcam a trajetória do fotógrafo em busca de sua linguagem. A Yashica G de médio formato o acompanhou nos eventos que fazia para alimentar o corpo A Canon A1 que ganhou de um amigo lá em Xique xique quando não sabia mais se seria fotógrafo e o que faria da vida, estava na bagagem quando voltou para fotografar o sertão, e se tornou o alimento da alma.

O relato emocionado nos mostra um homem em paz com suas raízes e sabe, como ninguém, revelar o cotidiano dos baianos, principalmente dos peregrinos que vão em romaria para Bom Jesus da Lapa.

Cores quentes, sombras projetadas e quadros em contraluz fazem parte da linguagem que revela sem ser óbvia Os personagens estão lá, mas, ao mesmo tempo, são etéreos Podem ser eu ou você, basta que nos identifiquemos. Esse formato faz com que a fotografia de João Machado seja um vocabulário mundial e ele seja um dos grandes nomes da fotografia documental e autoral.

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Qual foi a tua primeira experiência como fotógrafo?

Cheguei em São Paulo bem jovem. Meu pai queria que eu tivesse melhores oportunidades Até aquele momento eu só trabalhei na lavoura e na feira com ele.

Morei com minha irmã e comecei a trabalhar como servente de pedreiro. Comprei uma câmera fotográfica Beirette VSN de um colega Até hoje não sei por que fiz isso. Acredito que a fotografia já tinha me escolhido.

Mas foi uma experiência mal sucedida. Fiz fotos das minhas sobrinhas Claudia e Talita e do cachorro Lupe e quando levei para revelar, o filme estava velado. Mais tarde descobri que o problema era da câmera e não meu, que alívio! Isso me levou a uma assistência técnica onde conheci aquele que me ensinaria os primeiros passos pela fotografia, o João Caieiro.

A técnica veio da prática nos eventos e no cotidiano, mas e a linguagem? Quem te ensinou? Quem te inspirou?

Eu lia muitas revistas e aprendi tudo com elas A fotografia tinha me arrebatado Eu olhava as fotos de grandes fotógrafos e ficava extasiado. Não gostava de fotografar eventos, queria fazer arte como as coisas que via, mas precisava sobreviver e assim, fiquei muito tempo fotografando casamentos, formaturas, etc., mas sempre que podia, realizava meus projetos, sempre em preto e branco. Através das revistas, sabia onde aconteciam as exposições e os concursos Inscrevi me para uma leitura de portfólio com um projeto sobre uma Olaria que era perto de minha casa. Foi um sucesso.

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Quando você começou a fotografar o sertanejo?

Em 2002 fui para uma romaria em Bom Jesus da Lapa. Encontrei me com as histórias contadas pelo meu pai O ato de pagar uma promessa é muito mais do que o clichê. É o encontro das pessoas com elas mesmas e a sua esperança. Fotografei o que vi, mas já sabia estarem lá. As fotos faziam sucesso, mas eu queria ir além, fazer algo que fosse minha linguagem E então comecei a fotografar em cores. A romaria foi meu local de experiência, o meu laboratório. Faço as fotografias na última luz da tarde e primeiras luzes da noite As cores são aquelas que vejo e o corte é feito no momento da captura. Não faço praticamente nada de pós produção.

Você participou de muitas exposições. Quais te marcaram?

Em 2009, quando voltei de Xique-xique, realizei algumas fotos 10x15 e espalhei na lousa da empresa que trabalhava fazendo eventos, a Spinola Coloquei o nome de EXPOXIQUE, em referência a um evento nacional de fotografia, a tradicional Expo Foto Brasil.

Em 2015 a Nikon lançou uma campanha “Eu sou a diferença no olhar” para aproximar seus consumidores e criar conexão com a marca Convidou me para fazer a exposição “O Sertão de João Machado”. Ali apresentei meu olhar sobre o sertão, a fé e os costumes desse povo que fez parte da minha infância.

Quando olhamos para tua fotografia vemos uma maturidade de quem sabe o que quer dizer e tem domínio da linguagem fotográfica, não somente da técnica. Você acredita que essa maturidade vem do fato de ter começado a fotografar em filme? Sim. Os fotógrafos que começaram por meio do filme, possuem características de linguagem diferentes Eu, por exemplo, não faço recortes depois. Eu já sei que tipo de imagem terei quando estiver fotografando. Não preciso repetir o mesmo quadro dezenas de vezes Ao usar o filme, tínhamos um cuidado maior com o que queríamos dizer Não havia muito espaço para o erro, e isso fazia com que fôssemos mais cuidadosos e atentos. Hoje vejo jovens em busca do sucesso, mas que não possuem paciência diante dos outros

Vemos que usa muitos quadros que o pesquisador Philippe Dubois chama de “espaço fora de campo”, aquilo que está fora do retângulo fotográfico, mas que faz parte dele como uma linguagem. É o caso das sombras projetadas. Você vê isso como parte da linguagem das histórias que não via, mas sentia?

Acredito que sim Minha mente era povoada pelas histórias de meu pai. Olhar para os devotos é muito mais do que estar naquele lugar, é ir em uma peregrinação visual que vai ao encontro de minha raiz

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Quais equipamentos você usa?

Uma Nikon D800 e duas lentes: uma 50 mm 1.4 e uma 28 mm.

Isso explica a sua proximidade com as pessoas. Sim. Não faz sentido fotografar pessoas com lentes que te distanciam. Respeito muito aqueles que fotografo. Eles me autorizam a realizar as fotografias a partir do olhar, do reconhecimento entre nós.

Você saiu de São Paulo, um grande centro da cultura brasileira. Qual o motivo?

Em 2019 vim para Petrolina, Bahia, mas com a chegada do confinamento por consequência da pandemia, vi os dias passando, isolado, sem poder retornar a São Paulo. Fui ficando. Aqui tenho tudo e estou conectado com o mundo através da internet, mesmo não tendo muita habilidade com ela.

Você respira fotografia. Vive dela também?

Sim Um dos cursos que ministro é o “Poéticas Noturnas” Levo meus alunos para fotografar bem cedo, no fim da noite, ao entardecer, os dois horários que mais gosto para captar belas

imagens com a luz e as sombras tão características das minhas fotografias.

O curso é ministrado na cidade de Canudos, interior da Bahia, devido à sua importância histórica, e em outras cidades da região do vale do rio São Francisco, onde meus alunos podem ver de perto as paisagens, o povo sertanejo e seus costumes Também ministro, em Salvador, quatro imersões por ano no mundo da fotografia, onde ensino a fotografar e falo com mais profundidade sobre os momentos históricos da imagem Comercializo minhas fotografias através da internet, sempre dentro dos padrões museológicos de galerias, e todas passam por um padrão de qualidade, certificadas, podendo ser entregues em impressão e montadas ou não, a critério do cliente. Viso ter um espaço em Salvador onde eu mesmo possa comercializar minhas produções.

Para ver os trabalhos do fotógrafo acesse seu perfil do Instagram @joaomachadoart.

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Y A G O B R U N A O F O T Ó G R A F O C A T A L Ã O Q U E S E I N S P I R A N A L U Z N A T U R A L , N A N A T U R E Z A E N O B R I L H O T R A N S M I T I D O P E L A S P E S S O A S . Entrevistado por Jullianne Medeiros Fotografias por Yago Bruna

Quem é Yago?

Cada dia me custa mais saber quem sou, mas vindo à tona, diria que sou uma pessoa calma, solitária e familiar. Gosto de história, arte, esportes, natureza e, acima de tudo, fotografia. Trabalho diariamente (sem exceção), mas não sou obcecado por dinheiro ou posses.

Eu me apaixono e me emociono facilmente, principalmente com as pequenas coisas da vida. Também gosto de viajar, mas quase sempre procuro realizar isso por estradas secundárias à procura de um luxo que não brilhe Meu luxo persegue o estilo Wabi Sabi (conceito japonês, muito utilizado na arquitetura, que remete à beleza originária das ações do tempo, da imperfeição e impermanência constantes da vida e das coisas) com luz natural e controlada, madeira, cerâmica, cores terrosas e ligeiramente saturadas.

YAGO BRUNA
Entrevista
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Quais são suas inspirações?

Minhas inspirações são infinitas. Durante 14 anos trabalhei como diretor de criação em uma agência de publicidade e lá, junto a meus anos de estudo na universidade, aprendi que a criatividade é um processo mental que serve para resolver problemas Todos esses processos são baseados em 99% de inspiração e 1% de expiração (comumente chamado de “estalo criativo” ou “eureka”) Sabendo como a mente funciona, é vital inspirar se na arte, na música, na história ou na natureza. Para nós que amamos a fotografia, a natureza é uma grande fonte de inspiração, principalmente porque nela descobrimos como se comportam as cores, a luz, o contraste, as emoções.

Que caminhos você percorreu para chegar à fotografia?

Não tenho muita memória de curto ou médio prazo, mas tenho memória sensorial. Isso me ajudou a direcionar meus estudos para assuntos mais artísticos. Na universidade consegui uma bolsa internacional em criatividade e isso gerou um “clique” nos meus estudos para me aprofundar no assunto. Acabei em uma agência de publicidade gerindo equipes, mas há 5 anos descobri a fotografia e isso virou a minha vida pessoal e profissional do avesso.

Você é um fotógrafo versátil. Fotografa viagens, restaurantes, hotéis, casamentos, moda. O que te motiva a trabalhar em tantos contextos?

Você não sabe o quanto tenho dificuldade em saber que tipo de fotógrafo eu sou. Mas no ano passado percebi que quem ama fotografia não pode se fixar em nenhum estilo. Ou seja, você pode realizar fotografia de casamento, mas não se tornar um fotógrafo somente de casamento quando você pode ser um fotógrafo de tudo. Explicando melhor, se você realmente ama fotografia, ama a luz e ama emoções É por isso que eu não recomendaria a ninguém a se rotular a qualquer estilo. Dificilmente você vai me ver na rua sem minha câmera porque eu sempre tenho os olhos bem abertos para o que possa se conectar comigo. Quantas vezes você foi para a rua ou metrô e alguém roubou sua atenção e você quis capturar sua luz?

"NÃO QUERO FIXAR EM NENHUM ESTILO PORQUE A LUZ E AS EMOÇÕES ESTÃO POR TODA PARTE."
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Em que eles se diferem? Se tivesse que escolher apenas um estilo, qual você escolheria e por quê?

Como eu sabia que queria ser “fotógrafo de tudo”, descobri que todo mundo é igual. De momento, não quero fixar em nenhum estilo porque a luz e as emoções estão por toda parte. Posso me emocionar tanto com uma xícara de café na janela de um refúgio no alto da montanha ou com um casal de noivos entrando pela porta de uma igreja.

Como você consegue manter sua marca pessoal em cada um dos trabalhos? Onde está o segredo? Na preparação, na luz ou na edição?

Navegamos nas redes sociais e, às vezes, ficamos com inveja de ver como alguns fotógrafos trabalham Há até momentos em que você observa o trabalho de um fotógrafo e, embora não goste de seu estilo, cor ou edição, uma espécie de inveja corre em suas veias ao observar que essa pessoa é sempre fiel à sua marca pessoal Mas você já se perguntou se um estilo muito marcado pode se tornar uma “jaula criativa”? Quem sabe se os fotógrafos que você tanto admira sonham em fugir de seu estilo pré definido? A chave está na evolução do artista Observe a genialidade de Picasso. Quantos estilos foram trabalhados durante a sua vida? Tenho certeza que se você vir uma de suas obras saberá ser sua, independentemente de ser o palco do cubismo, do surrealismo, do expressionismo, do neoclassicismo, etapa azul, rosa ou preta. Como isso é possível? Realizou tudo com paixão. Por isso, convido você a construir sua marca pessoal gradualmente e sempre com autocrítica. Não fique satisfeito com a sua fotografia, nem com o seu estilo e procure mais uma reviravolta para descobrir onde você pode melhorar ou onde você tem fracassado Eu, por exemplo, nunca estou satisfeito com minhas fotos. NUNCA!

Com que luz e equipamentos você trabalha? A luz que uso é a que nos dá a natureza, a luz natural Mas gostaria de esclarecer que a luz

não é apenas aquela que irradia do sol A luz pode ser um objeto, um sorriso, um olhar, um gesto. Basta manter os olhos bem abertos para saber quando é a hora certa. Meu equipamento é diversificado Acabei de mudar para o mundo das mirrorless com a Canon R6, mas tenho paixão pelas DSLRs e em editoriais e casamentos sempre uso a Canon 5D Mark IV. As objetivas são melhores se forem lentes fixas e se só pudesse levar uma lente para uma ilha deserta, eu levaria a Canon EF 24 70MM F2.8L II USM. Minhas lentes fixas são:

Canon EF 35MM F1 4L II USM

Sigma 24MM F1 4 DG HSM

Sigma 50MM F1.4 DG HSM Art

Sabemos que você tem uma empresa de retiros fotográficos que leva pessoas a fotografar na natureza. Conte-nos um pouco mais. O que há de tão especial nesse tipo de experiência?

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Estamos acostumados a participar de cursos de fotografia e assistir tutoriais na internet ou no YouTube. Não vou negar que existam tópicos e cursos muito interessantes e proveitosos, mas é impossível dominar a fotografia sentado em um sofá. Por isso não dou cursos de fotografia, ofereço retiros fotográficos @secret spot retreats para “conectar se com a luz”. Para isso, é preciso sair de casa e ver como ela se comporta e evolui Com diferentes exercícios práticos, ensino como capturá la sob o domínio do triângulo de exposição (velocidade, ISO e abertura). Só com isso e muita, muita, muita prática, qualquer um consegue dominar a fotografia para criar seu próprio estilo! Porque o estilo de um fotógrafo não se cria na edição. Se você é uma pessoa que pensa que editar uma foto vai resolver tudo, algo está errado e você precisa vir comigo para o retiro

Para encerrar, conte nos, qual foi a viagem/experiência que mudou sua fotografia?

Se você pudesse viajar para um lugar agora, para onde iria? O que você colocaria em sua mochila?

Meu ranking de memórias como fotógrafo são Islândia, Marrocos ou Bretanha. Ao nível de experiência, é mais difícil decidir por uma em particular Diria que fico feliz por ter um momento de luz em cada viagem No meu vision board tenho vários destinos como Mongólia, Escócia ou Romênia.

Eu também adoraria viajar para países que terminam em “estão” (Afeganistão Paquistão

Recomendação: que conselho você daria para quem quer trabalhar com fotografia atualmente.

Se você quer usar sua fotografia para ganhar seguidores nas redes sociais, pare de ler porque não vou poder te ajudar. Mas se o que você quer é começar em um nível profissional ou dar um passo adiante, eu diria para você aceitar qualquer emprego. Comecei a oferecer meus serviços gratuitamente para criar um portfólio e marcar as marcas que colaboraram comigo Outra coisa que funcionou para mim, foi fazer editoriais de minhas próprias viagens. Você pode elaborar uma boa história das suas férias! Você só precisa de um conceito ou ideia que reúna sua linha criativa (monumentos, pessoas, animais e plantas, trajes de banho, fundo do mar...)

NÃO VOU NEGAR QUE EXISTAM TÓPICOS E CURSOS MUITO INTERESSANTES E PROVEITOSOS, MAS É IMPOSSÍVEL DOMINAR A FOTOGRAFIA SENTADO EM UM SOFÁ.
WWW.YAGOBRUNA.COM P Á G I N A 6 9 | A B O U T

COMIDA

D E R U A

Sem entrar em avaliações, a globalização nos levou ao fato de que hoje podemos comer umas deliciosas quesadillas em Berlim ou uma deliciosa bandeja de sushi em Helsinque. Isso não significa que a comida não continue sendo algo cultural e que as receitas e hábitos alimentares sejam mantidos em cada região do mundo. Grande parte dessa comida autêntica pode ser encontrada e degustada nas ruas e mercados de qualquer cidade do mundo e sem a necessidade de fazer reserva antecipada ou ter que interromper sua caminhada. Além disso, é fácil de comer e o uso das mãos é mais que permitido. Em suma, geralmente é uma experiência bastante divertida.

Como o tema central desta edição é viajar, achamos uma boa ideia experimentar a comida de rua e dos mercados de alguns países e assim saborear um pouco da sua história.

Você vai se juntar a nós para um bom prato de cultura? Tenha em mente que ninguém está livre de manchas desde a gravata, se você a usa, até os sapatos

Texto por Sylvie Pabion Fotografias do livro La Boquería de Maurizio Maurizi, Guido Tommasi Editora
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LA BOQUERÍA

B a r c e l o n a , E s p a n h a

Se é verdade que toda grande cidade tem sua barriga no mercado, para Barcelona e La Boqueria essa relação é ainda mais evidente. Poucas cidades como a capital catalã fizeram de seu mercado e cultura um símbolo, uma atração e o centro de um amor difícil, mas ainda muito forte La Boqueria é um universo no qual se pode mergulhar e se perder, um lugar privilegiado (embora hoje em perigo) onde você pode encontrar de tudo, desde o produto mais próximo ao mais distante: camarões de Palamós e cracas da Galiza, alcachofras do Sant Boi e frutas exóticas da América Central, cebolas de Figueras e batatas peruanas, tudo se junta aqui e é encenado aqui, não simplesmente exposto.

Texto por Maria Teresa Di Marco (autora do livro) Fotografias por Maurizio Maurizi Livro "La Boqueria e i mercati di Barcellona" de Guido Tommasi Editore
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Mas La Boquería, assediada pelo turismo de massa, também é uma praça difícil, que tem dificuldade em mostrar suas verdades: é preciso armar se com paciência, ter tempo e seguir os passos de quem a vive todos os dias. Isso revelará mapas secretos, hábitos consolidados e as raízes de uma tradição gastronômica, a catalã que tem suas características

Visto daqui, La então como o c uma rede d permeia e nu bairro tem se que não é sim de abastecime centros de vid pessoas de qua Então, vamos debaixo do b viagem ao cent Barcelona!

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MERCADO CENTRAL

B e l o H o r i z o n t e , B r a s i l

O Mercado Central é um dos pontos turísticos mais visitados da capital do estado de Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, no Brasil. Para os moradores da cidade, o mercado se tornou um dos cartões postais de maior orgulho.

Em seus inúmeros corredores você encontrará uma diversidade enorme de feirantes que comercializam especiarias, grande variedade de queijos e laticínios, carnes, legumes, verduras, frutas, ervas, castanhas, doces típicos da região, alguns restaurantes, bares, cafés, muito artesanato produzido pelos locais.

Com o passar do tempo, o mercado agregou feirantes que vendem artigos religiosos, cristais, flores, lojas que vendem utensílios de cozinha como, panelas de barro, de pedra, de ferro, utensílios esmaltados, em cobre, serviços de conveniência e até espaço para eventos. A lista é imensa e não dá para descrever aqui tudo o que o mercado oferece.

Sempre que posso, percorro os seus corredores estreitos e cheios de cultura. Adoro sentir os aromas que se misturam e fazem com que o mercado tenha um cheiro único. Provar os doces típicos e os queijos, que só existem nessa região, é umas das minhas atividades favoritas dentro dele. Tudo isso permanece ao longo de décadas e mantém viva a tradição e o costume dos mineiros

Texto e fotografias por Samira Rodrigues

O Mercado Central foi fundado no ano de 1929, depois que o prefeito da cidade à época, Cristiano Machado, teve a ideia de reunir em um só local os feirantes que ficavam espalhados em duas feiras da cidade. Em um lote descoberto de 14.000 m² o mercado funcionava intensamente até que, em 1964, outro prefeito, Jorge Carone, decidiu vender o espaço devido à dificuldade de administração e com isso, os feirantes se juntaram em uma cooperativa e compraram o terreno, mas se depararam com uma condição: em cinco anos, deveriam construir uma estrutura mais adequada e tornar o mercado coberto

Há alguns dias de terminar o prazo, os irmãos Osvaldo, Vicente e Milton de Araújo contrataram quatro construtoras que ficaram encarregadas de construir cada uma das laterais para que o mercado fosse coberto no prazo e conseguiram.

Com o passar dos anos o Mercado foi ampliando suas atividades e hoje conta com mais de 400 lojas distribuídas nos 14 000 m² Hoje, além de ser frequentado pelos locais, atrai turistas de outras partes do país e do mundo que ficam fascinados pela diversidade, cultura, comidas típicas e os s bares em estilo rústico que sempre ficam lotados

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Em 2016 ele foi eleito o terceiro melhor mercado do mundo pela revista Tam nas Nuvens, da atual Latam, tendo o La Boqueria, em Barcelona, como o primeiro e o Bourough Market, em Londres como o segundo.

O Mercado Central é motivo de muito orgulho para os moradores e se você quiser saber sobre ele e o que mais o mercado oferece, visite o site em https://mercadocentral.com.br

STREET EATS MARKET

T o r o n t o , C a n a d á

Se eu tivesse que definir a cidade de Toronto em uma palavra, seria multiculturalismo. A pluralidade respira por toda a parte da cidade, só na região de Toronto falam se 170 línguas!

Culinariamente falando, Toronto é um símbolo de diversidade, uma variedade de sabores está sempre ao seu alcance. É o lugar dos sonhos para os amantes da gastronomia.

Os diferentes bairros se concentram em cozinhas específicas, como chinesa e vietnamita encontrada nas Chinatowns da cidade, coreana em Koreatown, italiana em Little Italy Corso Italia e indiana / paquistanesa em Little India.

Hoje e graças aos foodtrucks, você pode escolher entre uma grande variedade de cozinhas de muitos países. Você pode desfrutar de uma entrada, prato principal e sobremesa a preços razoáveis, cada um de um país diferente.

A popularidade dos food trucks aumentou. Eles são a opção perfeita para quando você tem pouco tempo, quer continuar aproveitando o dia ou mesmo quando está viajando

É muito popular em culturas como a do Canadá, onde o almoço se tornou uma refeição simples e rápida.

Os preços são muito competitivos. Não há grandes contas, sem aluguel e os custos de funcionamento em comparação com um restaurante são muito mais baixos. Essas economias podem ser repassadas aos clientes, tornando a comida de rua uma opção bastante atrativa

É uma cozinha inovadora e arrojada. Os cozinheiros têm mais liberdade para experimentar novos pratos ou mudar os cardápios sem se preocupar se vão encher uma sala de jantar inteira Essa popularidade provavelmente continuará no futuro próximo, enquanto houver demanda por alimentos criativos e inovadores

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www.streeteatsmarket.com

CANCALE

B r e t a n h a , F r a n c i a

Cancale é uma pequena vila de pescadores na Normandia, no norte da França. Entre Saint Malo e Mont Saint Michel Um costume local é sentar no calçadão, comer ostras e devolver as conchas ao mar. E que melhor acompanhamento do que um copo de vinho gelado?

Texto e fotografias por Mónica Molina
Y LA TRINITÉ-SUR-MER
Port de la Houle Tél.02 99 89 65 71 @laquillecancale

Existe algo mais bretão do que um crepe ou uma galette?

Le Camion, este inconfundível food truck azulmarinho instalado no porto de Trinitè sur Mer, é claro.

O crepe é a especialidade bretã por excelência, uma delícia gourmand para saborear doces e salgados.

Farinha branca e leite para os crepes e farinha preta ou de trigo sarraceno com água para as galettes.

Os primeiros costumam ser consumidos doces: simplesmente com manteiga, com açúcar, açúcar e canela, chocolate, creme de castanha, banana e chocolate... A variedade é infinita.

E os segundos salgados: com manteiga, com presunto e queijo (emmental, cabra, ), com ovo e queijo, o completo (ovo, presunto e queijo...), com tomate

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celíacos e in Le Camion nem precisa sul da Bre Morbihan, T conhecem e dela com fa apenas para magníficos Acompanhad uma cerveja (@le treho). Sentar se n vem incessa catamarãs, crepe ou ga diriam os fra vrai bonheu verdadeira f

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LA CEBADA, SAN ANTÓN Y SAN MIGUEL

Barraca de frutas e legumes no mercado La Cebada Produtos ibéricos de Guijuelo com DOP no mercado La Cebada
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La Cebada está localizado no centro da cidade, no tradicional bairro de La Latina, é um dos maiores mercados de alimentos da capital e tem dois andares enormes. Dada a sua localização, durante a semana é um mercado tranquilo frequentado pelos moradores do lugar a zona, mas não aos fins de semana, quando se torna um local movimentado de grande atração para os jovens. A título de curiosidade, se passar por aqui num sábado, poderá comer marisco fresco e acessível numa das bancas onde, se quiser, podem cozinhá-lo para degustar ali mesmo.

(Plaza de la Cebada S/N Madrid)

Mercado La Cebada Barraca de frutos do mar frescos no mercado La Cebada

San Antón está localizado no coração de Chueca e tem três andares. Nele, a área do mercado de comidas típicas se mistura com a parte da alta gastronomia, é um lugar perfeito para comprar produtos de primeira qualidade e sair de barriga cheia. Entre as suas opções destacamos o restaurante 11 Nudos Terraza Nordés localizado na cobertura onde pode desfrutar de uma cozinha com influência atlântica sob o céu de Madrid.

A tudo isto devemos acrescentar que o local possui uma sala de arte moderna e que é um modelo a seguir em termos de sustentabilidade: o sistema de iluminação central funciona com energia solar fotovoltaica; o piso é feito com material reaproveitado e o sistema de coleta reduz o volume de resíduos orgânicos.

Uma opção perfeita para desconectar por um tempo no coração da cidade.

C/ de Augusto Figueroa, 24 Madrid

Terraço no mercado de San Antón Barraca de sorvete no mercado de San Antón
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Corredores do mercado de São Miguel Mercado de São Miguel Mercado de São Miguel Mercado de São Miguel

San Miguel foi inaugurado em 1916 como um mercado de alimentos. Este edifício centenário e exemplo da arquitetura em ferro é hoje um verdadeiro santuário gastronômico. Os produtos que podemos encontrar sob o seu teto vêm de todos os cantos da Espanha e são da mais alta qualidade: presunto ibérico de Guijuelo, frutos do mar recentemente trazidos da Galiza, queijos de Castela, Astúrias ou País Basco, deliciosos pratos mediterrâneos de arroz e sorvetes artesanais, para citar apenas alguns exemplos que abrem o apetite de qualquer um só de lê lo.

Se você está em Madrid e é amante da boa comida, este mercado é imperdível. Você vai encontrá lo a apenas 200 metros da Plaza Mayor.

Plaza de San Miguel, s/n 28005

Barraca com sanduíches de lula no mercado de São Miguel Barraca de churros no Mercado São Miguel
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ALQUIMIA VEGANA

B a r c e l o n a , E s p a n h a

Alquimia Vegana nasceu em La Floresta (Sant Cugat del Vallès) há mais de seis anos, do amor de Xana (Alexandra Calao) e Mi (Maria Miguel Ponte), duas alquimistas inquietas na cozinha, por uma alimentação saudável, consciente e respeitosa.

Os começos nunca são fáceis, especialmente se, como no caso de Xana, dois projetos de vida estão sendo desenvolvidos ao mesmo tempo: um dentro dela com sua maternidade e outro para o mundo como empreendedora.

Mas o objetivo era claro. Xana tinha muita pouca vontade de voltar a trabalhar 7 dias por semana durante 8 e 9 horas por dia no restaurante onde tinha sido uma chef vegana antes da licença de maternidade

Ambas colocaram "todos os legumes na grelha" e Mi criou o belo nome de Alquimiavegana, porque era exatamente o que essas amigas faziam quando estavam juntas Elas se encontraram para cozinhar conversar sobre comida receitas e nutrição e

"O FUTURO É VEGANO" camiseta de @associacioveganacatalunya A caravana de Alquimia Vegana em Barcelona Yoga Day

Alquimia Vegana cresceu e evoluiu muito desde então, mas o seu espírito livre e aventureiro continua tão fresco como os ingredientes que utiliza, e que, juntamente com os três pilares que sustentam a sua filosofia (manter se fiel aos seus princípios, amor ao seu trabalho e um pouco de loucura) fizeram seu conceito de comida longe das massas e 100% à base de plantas superar todos os obstáculos que encontraram em seu caminho (pandemia e confinamento incluídos).

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Gostam de dizer que Alquimia Vegana é uma bela árvore com raízes bem estabelecidas nos princípios de saúde, consciência e respeito por todas as espécies". E continuando com a metáfora, cada ramo dessa árvore é um dos muitos serviços que oferecem: desde workshops de pastelaria saudável ministrados por Xana, queijo vegan e workshops de microbiótica por Mi em Esmaca, a retiros, eventos privados você também pode encontrá las de volta sobre rodas em seu Foodtruck, que ficou estacionado por tanto tempo durante o confinamento.

Adquira seu exemplar do livro "QUEIJOS VEGANOS"

O evento mais recente que participaram foi o Vegan Fest @veganfest catalunya (organizado por: @associacioveganacataluny a), o maior festival vegano da Europa, que aconteceu em Terrassa. O evento, que reuniu marcas, chefs, blogueiros, Instagramers e muitas pessoas com o mesmo ideal de proteger o planeta e respeitar todos os seres vivos, foi um sucesso absoluto. Não podemos terminar esse texto sem recomendar o seu livro "Queijos Veganos". Lá você encontrará 26 receitas maravilhosas que refletem toda a paixão que sentem pelo seu trabalho. Estamos esperando o segundo livro!

www.alquimiavegana.es P Á G I N A 1 0 7 | A B O U T

C A R O L E P O I R O T

A B E L E Z A D A I M P E R F E I Ç Ã O

Gostaríamos de começar compartilhando com vocês como Carole Poirot chegou a esta equipe. Sua fotografia representa uma joia que passou de geração em geração. Aquele anel ou aqueles brincos que sua avó deu para sua mãe e que ela deu a você. O valor monetário pode não ser alto, mas o valor sentimental é. Suas fotos passaram pelos meus olhos e pelos olhos de cada uma das pessoas desta equipe. Todas nós, em nosso estilo e intimidade, admiramos seu trabalho e seu talento

Texto por Marta Sarrate Fotografias por Carole Poirot
Entrevista

Por fim, e antes de começar com as perguntas, gostaria de lhe dizer, que nunca vimos um varal de roupas ou bandejas usadas e assadeiras fotografadas com tanta elegância. Muito obrigada por suas amáveis palavras. Estou realmente lisonjeada. Muito obrigada por me receber, estou muito animada para responder às suas perguntas e espero que elas sirvam para conhecerem o meu trabalho

Conte-nos como você começou no mundo da fotografia.

Comecei a fotografar como passatempo quando era adolescente Ganhei minha primeira câmera de filme quando eu tinha cerca de 15 anos e fiz alguns cursos de aprimoramento de minhas próprias fotos na escola Eu gostaria de ter a confiança, anos atrás, para fazer disso minha profissão, mas levei muito tempo para encontrar essa confiança. Agora trabalho como fotógrafa freelancer há cerca de 10 anos e não consigo me imaginar realizando outra coisa

Para você, um fotógrafo nasce ou é feito? O talento é inato ou é aprendido?

Acredito que todos os aspectos técnicos importantes podem ser aprendidos, mas é difícil aprender a ter “o olho” Uma ótima foto não é realizada simplesmente aplicando as configurações corretas da câmera, mas vendo a imagem em nossa cabeça, aproveitando o momento certo, vendo a composição e o enquadramento

Isso não quer dizer que coisas como composição não possam ser aprendidas, mas penso que esse sentimento visceral, o olho, essa habilidade natural de ver a diferença entre uma ótima foto e uma aceitável é algo que não pode ser ensinado.

Quando você sai para passear, você leva sua câmera com você ou prefere tirar algumas somente algumas fotos e dar um passeio? Depende de onde eu vou passear. Raramente levo minha câmera comigo quando vou passear no campo porque, embora eu ame a natureza, não é meu assunto Além disso, não sou a melhor das caminhantes e prefiro evitar cair de cara na lama enquanto carrego minha câmera. Para caminhar na natureza, levo meu iPhone. No entanto, adoro carregar minha câmera intencionalmente para passear por Londres, por exemplo. Adoro fotografar cenas da cidade, pessoas, mercados, fotografia de rua. Posso passar horas andando pelas cidades, observando e capturando pessoas de aparência interessante

Sobre a arte de compartilhar uma mesa e uma refeição, quem você convidaria para jantar em sua casa e o que você cozinharia? Velhos amigos, pessoas divertidas e amorosas, pessoas que conheço que adoram comida, mas não ficam obcecadas com o quão caro é. Adoro comida simples e sazonal, cheia de sabor. Eu faria um ótimo prato de massa com camarão, espinafre, pimentão, alho, tomate e raspas de

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limão, um tomate fresco e salada de burrata, talvez um frango assado. Para a sobremesa, eu faria minha torta de iogurte light e morangos macerados com vinagre balsâmico e hortelã fresca ou uma grande pavlova com creme e frutas Tudo isso servido com um rosé fresco.

Um sonho como fotógrafa ainda não realizado.

Umareportagem para National Geographic.

"QUEBRE ESSAS REGRAS INFAMES

QUE APRENDEMOS SOBRE COMPOSIÇÃO E FOTOGRAFIA E DEIXE AS COISAS EVOLUIREM"

Em relação à luz, o que você prefere, luz natural ou luz artificial? Ou ambos?

Inclino me mais para a luz natural, o brilho do sol de verão, salpicado (com as sombras das folhas) pelas folhas ou a suavidade da luz do inverno No entanto, também trabalho com luz artificial, o que obviamente é útil no inverno, quando os dias são muito curtos.

Em sua opinião, quais são as chaves para alcançar esse frescor e espontaneidade em suas fotos?

Ah, boa pergunta! Acredito que até certo ponto é sobre esse sentimento visceral e o “olho”. Trata se de saber quando parar (com estilismo) e quando fazer a foto. É sobre permitir que uma montagem seja um pouco desordenada e imperfeita. É sobre parar quando as coisas não se encaixam, fazer uma pausa e voltar mais tarde com um novo par de olhos. Acima de tudo, trata se de quebrar aquelas regras infames que aprendemos sobre composição e fotografia e deixar as coisas evoluírem.

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Em seu site você diz “Sempre procuro criar algo bonito ao mesmo tempo, em que aceito as imperfeições”. O que é imperfeição para você? E a naturalidade, o frescor e a graça? Penso que imperfeição é exatamente o que você menciona: naturalidade, frescor e graça. Saber que nem sempre podemos controlar tudo, captar o momento natural, ver graça e beleza nas pessoas, na luz, numa cena, mesmo quando não é tecnicamente perfeita. Para mim, a perfeição extrema é chata. Não procuro isso em comida, pessoas ou lugares.

Em seu portfólio, encontramos fotos de comida, restaurantes, lugares e interiores. Qual é o processo que você segue frente a um trabalho? Você se baseia em sua inspiração ou segue um moodboard ou esboço? Desde quando?

Depende do trabalho, embora na maioria das vezes eu dependa somente de uma conversa detalhada com o cliente, um brainstorming e minha intuição.

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Em relação ao equipamento, você pode nos contar um pouco sobre a câmera que você usa e as lentes que você prefere para cada tipo de fotografia?

Fotografo com uma Nikon D850 e uma Nikon D800 e com um iPhone 13 Pro (para mídias sociais, etc.). Gosto de manter as coisas relativamente simples, então só tenho três lentes que adoro. Uma lente zoom 24 120 mm F4, uma 50 mm 1 4 e uma Tamron 90 mm 2 8 Costumo usar muito o zoom, mas também comecei a carregar a 50 mm apenas quando saio, já que, principalmente em combinação com o corpo da câmera, é bem mais leve de carregar. Também me desafia um pouco mais ao fotografar pessoas na rua, o que é sempre bom.

Qual a importância da edição no seu trabalho? Que software você usa?

A edição desempenha um papel importante na fotografia, especialmente ao fotografar no formato RAW. O pós processamento é onde grande parte da mágica acontece, onde transformo o “negativo” (como um negativo de fotografia de filme antigo) na imagem que eu queria criar desde o início.

Acredito que nenhum fotógrafo pode prescindir de qualquer tipo de pós processamento. Em relação ao software, quando estou em uma sessão e trabalhando online, uso o Capture One, que também uso ocasionalmente para edição. Embora costume fazer a maioria do trabalho de edição principal no Photoshop Camera RAW e no Photoshop.

Para encerrar, você pode nos contar sobre seus próximos projetos?

Tenho algumas fotos de clientes que giram em torno de comida e pessoas (a melhor combinação!), bem como alguns trabalhos para uma grande casa senhorial na nossa área. Adoro a variedade e cada cliente é diferente. Não consigo me imaginar realizando outra coisa.

Incentivamos você a seguir e curtir o trabalho de Carole através de suas redes sociais. Você pode contatá la através do site: www carolepoirot com, Instagram:

P Á G I N A 1 1 5 | A B O U T www.carolepoirot.com

RES TAU RAN TES

Recomendados

Convidamos você a passear e saborear, mesmo com os olhos e a imaginação, os ambientes e a gastronomia de uma série de restaurantes nas nossas cidades ou arredores. Prevemos que a seleção seja baseada em critérios pessoais. Nós gostamos deles e queríamos compartilhar com você. Se você passar por perto, não hesite em entrar, eles não vão te decepcionar.

S E A S O N

Definir Barcelona em poucas palavras não é tarefa fácil, diria que é uma cidade onde a modernidade e a tradição se conjugam na perfeição. Acolhe o progresso de braços abertos sem perder sua essência. No âmbito cultural, oferece uma ampla oferta gastronómica

Depois de percorrer as ruas de Barcelona, a equipe About surge com uma proposta que sabemos que não irá desiludir nem os locais nem os turistas mais exigentes. Estamos nos referindo ao Season, um novo restaurante onde a arte culinária é a estrela.

Texto por Jullianne Medeiros, Marta Sarrate e Sylvie Pabion Fotografias por Jullianne Medeiros
Barcelona
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Para qualquer gourmet que se preze, comer no Season é um prazer imperdível. Se a comida é deliciosa, o lugar não fica atrás. Suas instalações elegantes têm grandes janelas com vista para o coração de l'Eixample. E se o tempo estiver bom o cliente tem a opção de ficar no terraço para aproveitar o sol e a boa companhia, sem perder o contato direto com a cidade

O menu do dia é perfeito para os amantes da comida caseira e bem feita. Combina com perfeição os produtos sazonais com as mais recentes técnicas e tendências culinárias, dando origem a pratos únicos cheios de sabor, cor e tradição a um preço acessível Você pode pedir mais? Por outro lado, os pratos do cardápio são ideais para quem curte uma cozinha mais inovadora e criativa

Rilettes crocantes de pato pekin Segundo salão Tacos Veganos Terraço Season Coquetel de Café

Neles o chef dá asas à sua criatividade através de combinações explosivas onde texturas, cores e sabores únicos se misturam na perfeição. Basta ler o nome de qualquer uma de suas criações: Lula grelhada com mojo verde e batata enrugada é apenas um exemplo.

Além disso, o menu possui opções “verdes”. Há, entre outras opções, cubos de tofu marinado com creme de alho branco ou montaditos de kimchee de beterraba e pepino km 0 grelhados, autênticas iguarias para o público vegano.

Não podemos esquecer o menu de coquetéis em que eles usam ingredientes como sucos, purês e xaropes naturais feitos por seus mestres mixologistas. Há opções não alcoólicas de coquetéis feitos com ingredientes saudáveis. Para terminar gostaríamos de destacar que o que torna este restaurante diferente além da comida é a sua equipe. Grandes profissionais preocupados em manter os valores da terra, consumo consciente e proximidade. Eles serão responsáveis por garantir que a experiência culinária que você vai viver seja perfeita e única

Reservas aqui: www.seasonrestaurante.com

Chef Pol Tortajada Chocolate branco cremoso, pistache e azeitona Lulas grelhadas com molho verde mojo e batatas enrugadas
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“Season é um daqueles restaurantes que você vai querer voltar para experimentar a variedade do seu cardápio. A sua grande peculiaridade é a cozinha sazonal, 18 pratos que mudam a cada 6 meses em busca dos produtos mais frescos e locais.”
P Á G I N A 1 2 3 | A B O U T www.seasonrestaurante.com

Madrid

A TERRAÇA DO SANTO DOMINGO

Texto por Sylvie Pabion Fotografia por Aires News Comunicación

Comida, coquetéis e pôr do sol ao lado da Gran Vía, a artéria comercial e turística de Madrid. Esse é um local perfeito para evitar o tumulto da cidade, desfrutar de uma boa e primorosa cozinha informal e experimentar deliciosos coquetéis com as melhores vistas da cidade. O seu espetacular terraço, situado na cobertura do sétimo andar do Hotel Santo Domingo, oferece vista de 360º do centro, da Casa de Campo e da Catedral da Almudena.

Coquetel Zombie
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Junto a essa esta magnífica localização, não podemos deixar de mencionar os deliciosos pratos do seu cardápio, perfeitos para partilhar: Cochinita pibil taquitos, Pão de bao com anéis de lula e aioli de pimentão vermelho ou suas Batatas bravas com três molhos (brava, aioli preto e espuma de kimchi), entre outros. Lembrando que eles tê õ d d lí O

Hambúrguer de costela de baixa temperatura Macarrão de lula frita estilo andaluz Seu terraço tem uma vista espetacular da cidade
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París

ORA -LA CASERNE-

O restaurante ORA está localizado em « La Caserne ».

Este quartel de bombeiros, o mais antigo de Paris, foi transformado para abrigar, entre outras coisas, um restaurante vegetariano onde frutas e legumes estão sempre na estação

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No pátio por onde circulavam caminhões, hoje encontramos uma esplanada maravilhosa, com um estilo de verão, toda em madeira e tons brancos que convidam a um momento de descanso

O restaurante está aberto toda a semana, mas é aos domingos que se torna um ponto de encontro onde pode desfrutar de um brunch vegetariano com os amigos Um delicioso brunch em que não se usam pratos, mas sim uma grande chapa onde a comida é servida diretamente.

O clima é festivo, em família, entre amigos... Como dizem no seu site «ORA é uma ode à terra, à vida, à partilha e à celebração das 4 estações»

12 Rue Philippe de Girard 75010 París
@ora.lacaserne https://www.ora-paris.co/
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Ouro Preto O Passo

Desfrute de boa comida e um ambiente aconchegante na histórica cidade de Ouro Preto, no Brasil.

O restaurante O Passo está estabelecido em um lindo casarão do século XVIII, no centro da cidade histórica de Ouro Preto Após passear pelas ruas de pedras, apreciar a arte das belas igrejas e sua arquitetura tão rica, uma pausa para o almoço pode se tornar um momento muito prazeroso para recarregar as energias em um ambiente rústico e, ao mesmo tempo, sofisticado.

Texto e fotografias por Samira Rodrigues Fachada do restaurante
Salão interior P Á G I N A 1 3 3 | A B O U T
Risotto de pera caramelizada e gorgonzola, servido com tagliata de filé Cestas de massa filó recheadas de queijo Brie e compota de jabuticaba Tiramisú

Sua iluminação, decoração e ambientes, criam uma aura aconchegante e acolhedora fazendo com que você se perca no tempo regado a boa conversa e boa comida

Para saber mais sobre o cardápio, dias e horários de funcionamento, acesse:

www.opassopizzajazz.com.br/passo

Seu cardápio oferece várias opções de pratos originados de diversos lugares do mundo, pizzas feitas em forno a lenha, uma adega com mais de cem rótulos, cervejas artesanais e bons drinks Tudo isso pode ser apreciado em dos seus oito ambientes, cada um com seu toque especial.

Para quem gosta de apreciar a noite, ele se torna uma ótima opção depois de um dia cansativo, mas proveitoso pela bela cidade e outros locais interessantes em seus arredores.

Salão interior e adega Área externa
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M A R T A M A U R I T É C N I C A : R E S T A U R A N T E S E V I A G E N S

Quando realizamos uma viagem, sempre procuramos os melhores restaurantes para experimentar a comida local. O papel da fotografia gastronômica é muito importante neste setor. Com tanta concorrência no mercado, temos que nos destacar entre tantos. Para isso é preciso ter boas fotografias capazes de prender a atenção e nos fazer salivar.

Mas não é tão simples tirar boas fotos em um restaurante. Por isso, nesta edição da ABOUT tivemos o prazer de entrevistar Marta Mauri, uma das fotógrafas mais importantes da Espanha e do exterior. Ela nos conta todos os seus segredos, onde buscar inspiração para elaborar um projeto para tirar as melhores fotos em uma sessão.

Quem é Marta Mauri? O que é a Kema Food Academy?

Olá, eu sou a Marta, diretora de arte e fotógrafa especializada em gastronomia, em simultâneo, food stylist e produtora de objetos. Sou apaixonada por luz natural e adoro contar histórias com minhas imagens, principalmente quando a comida é protagonista. Comecei muito jovem com design e fotografia. Durante a minha carreira trabalhei em vários estúdios e agências de publicidade A última, durante vários anos, foi a Mcann Erikson, onde descobri a minha paixão pela área da fotografia de alimentos trabalhando com muitas marcas do setor. Após esta etapa fundei em 2014, o meu estúdio fotográfico, Kema Food Culture, onde deixo em rédea solta toda a minha criatividade, tanto para os meus projetos pessoais como para os meus clientes do setor.

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O que mais gosto é criar imagens que contem uma história, que tenham impacto visual e que as pessoas queiram comprar. Adoro luz natural e é por isso que a uso em muitos dos meus trabalhos, dando à minha fotografia aquele toque de realidade que automaticamente atrai você para a cena e a comida. Adoro trazer o extraordinário para fora do comum. Em 2015 fundei a Kema Food Academy com o desejo de ensinar todo o meu conhecimento sobre fotografia de alimentos e criar uma comunidade. Quando descobri meu papel como professora e tudo o que podia fazer para ajudar outros fotógrafos e criativos a melhorar suas imagens e, consequentemente, seus negócios ou produtos, um novo mundo se abriu diante dos meus olhos. Há uma frase que adoro que diz: “O segredo do crescimento pessoal é ajudar os outros a crescer ” Não sei de quem é, mas acredito firmemente nela.

Como você começou a realizar fotografia para restaurantes?

Quando abri o meu estúdio, tive a ideia de trabalhar para diferentes tipos de clientes do setor gastronômico, não só para marcas e seus produtos, mas também para editoras e, claro, restaurantes Logo alguns restaurantes de Barcelona entraram em contato comigo para tirar fotos de seus pratos e projetos gastronômicos e gradualmente fui ficando mais conhecida no setor. Assim, ao longo do tempo, pude trabalhar para muitos restaurantes tanto na minha região como em outras cidades e países.

Adoro obter imagens que reflitam a realidade de cada restaurante, seu ambiente, equipe e principalmente seus pratos e conceito gastronômico Eu realmente gosto de colaborar com pessoas que se preocupam e trabalham em seus projetos com amor por si mesmas e por seus clientes.

Como você se organiza para fazer um projeto de restaurante?

A primeira coisa é definir com o cliente quais são suas necessidades. Qual será o volume de imagens a serem feitas e qual o estilo É muito importante saber o que cada projeto quer expressar, qual é o seu estilo visual, cores predominantes e tipo de receitas que fazem. Portanto, o trabalho anterior é muito importante para se chegar a um bom resultado Eu sempre digo aos meus alunos para fazerem ao cliente quantas perguntas forem necessárias para definir tudo antes de fotografar. . Assim, no dia da sessão você pode estar com tudo bem claro para que o dia flua em harmonia e possamos aproveitar, tanto o fotógrafo quanto o cliente.

Qual equipamento você costuma levar para uma sessão?

Todas essas questões que falei anteriormente nos ajudarão a decidir sobre todo o equipamento que teremos que levar para a sessão com o nosso cliente. Muitas vezes, se posso, ealizo uma visita prévia ao espaço para ver em quais áreas podemos trabalhar, para decidir se usaremos luz natural, luz artificial ou

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Alexander Den Heijer
Você não inspira as pessoas revelando seus superpoderes. Você os inspira ajudando-os a revelar os deles.

ambas, dependendo dos diferentes espaços do restaurante. Sempre que posso, se o local tiver boa luz natural, uso para a maioria das fotos, mas se não, sempre carrego luz artificial comigo, geralmente um flash.Costumo usar esquemas de iluminação diferentes dependendo do resultado que quero, sendo às vezes luz mais suave, outras, luz forte e direta. Assim, eu costumo ir para a sessão com equipamento para poder realizar qualquer estilo. Para restaurantes costumo usar lentes fixas e zoom dependendo do espaço e do estilo da fotografia Gosto de levar minha lente 35 mm 1 4 da linha Sigma Art, que uso tanto para grandes cenas de mesa quanto para fotos de pratos, pois tem uma definição ótima. Eu também costumo carregar minha Tamron 35 150 mm com a qual tiro fotos mais dinâmicas ou onde preciso de uma lente mais versátil. E costumo levar uma lente macro para fotos mais especiais ou mais próximas da comida.

Com que iluminação você trabalha e por quê?

Sou uma amante da luz natural, então como já disse antes, uso sempre que posso porque adoro o resultado. Quando não posso usar, normalmente trabalho com flash, costumo usar equipamento leve e confortável, pois não gosto de ficar sobrecarregada com muitas coisas e não acho necessário. Às vezes, trabalho direcionando o flash em uma superfície clara para rebater uma luz mais difusa e suave para a cena e outras vezes trabalho com softboxes diferentes dependendo do resultado que quero, moldando a luz ao meu gosto.

Prefiro trabalhar com flash do que com luz contínua e também costumo usar equipamento de tamanho pequeno porque as cenas que são normalmente trabalhadas não são muito grandes e às vezes os espaços também não são. Cada restaurante é um mundo, então você tem que estar preparado para usar seu equipamento de diferentes maneiras e assim se adaptar à realidade do lugar Para você, quais são os prós e contras da fotografia para restaurantes.

Os prós e contras, neste caso, estão mais relacionados às pessoas com quem você trabalha do que ao próprio ato de fotografar uma cena É por isso que o trabalho anterior é tão importante para não haver surpresas no dia da sessão e para que todos fiquemos felizes com a sessão. Sempre busco garantir que o resultado seja o melhor possível e eu possa colocar em meu portfólio, mas é claro que muitas coisas vão depender mais de fatores externos do que de mim mesma, se você tiver certeza de como faz o seu trabalho. Pessoalmente, gosto muito de trabalhar para restaurantes Procuro escolher bem os projetos e dar o meu melhor para que tudo corra bem e tenhamos um bom dia. Você sempre tem que ser honesto com os clientes e deixar claro até onde pode ir com o seu trabalho, quantas imagens podem ser obtidas em uma sessão e não se deixar levar por pedidos impossíveis, como clientes que pedem para você tirar centenas de fotos em 4 horas. Muitas pessoas nunca contrataram ninguém para fotografar seus pratos e espaço e não sabem como é feito esse tipo de trabalho. De nossa parte, devemos educar o cliente e ter clareza do processo para que tudo fique perfeito

Que tipo de fotografia o cliente costuma solicitar? (Pratos, fotos do local ou ambos) Depende de cada cliente. Há muitos que querem apenas fotos dos pratos, já possuem fotos do espaço e da equipe de trabalho, pois estão no setor há anos e já trabalharam com outros profissionais. Por outro lado, em projetos bastante novos, costumam pedir um pouco de tudo, pratos, instalações, funcionários e clientes em modo de consumo, por exemplo.

Cada cliente tem necessidades diferentes. Muitos entram em contato comigo e não são muito claros sobre o que querem, então eu os ajudo a definir suas necessidades. Outros, por outro lado, podem vir por meio de uma agência de marketing ou comunicação e já fica bem claro o estilo que querem e a quantidade de fotos a serem tiradas Em geral, você tem que estar pronto para fazer um pouco de tudo.

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Você tem muitas facetas na fotografia gastronômica (restaurantes, fotografia de rua, publicidade, etc.). Sabemos que você viaja muito e gosta de mergulhar na cultura gastronômica dos países que visita. Você acorda às cinco da manhã para ver mercados, se conectar com pessoas, entrar em cozinhas, realizar fotos para restaurantes locais e você realmente gosta de experimentar a comida local. O que essas viagens trazem para o seu trabalho/fotografia? Qual é a sua viagem inesquecível e comida favorita? Acredito que viajar é uma das minhas principais fontes de inspiração. Tudo o que vejo e como ao longo do caminho me inspira. Ver outros projetos diferentes dos que você pode encontrar em seu país, como eles são gerenciados e

exibidos visualmente, me dá uma visão diferente do setor, me ajuda e me inspira muito. Sempre que viajo procuro contatar previamente alguns restaurantes ou projetos gastronômicos que me interessam para colaborar com eles. A região que mais visitei foi o Sudeste Asiático. Conheci muitos dos seus países desde que sou amante da sua gastronomia, acho que podem ver nas minhas receitas e fotografias, mas também gostei muito do que vi e comi em minhas viagens pela América Latina. Sempre foi difícil para eu decidir qual país ou prato favorito porque adoro todos os que visitei, mas acho que de todos eles o que mais gosto são pratos de comida de rua que são picantes, com muita mistura de sabores que fazem meu paladar explodir

Quais recomendações você tem para quem quer trabalhar com fotografia para restaurantes? Uma frase que te inspira e por quê?

Minha recomendação é primeiro que eles pratiquem muito, tanto em suas casas ou estúdios, quanto em restaurantes para ganhar experiência e poder elaborar um portfólio em simultâneo Depois disso, realizem um bom planejamento com o cliente para irem tranquilamente à sessão, que não tenham medo de perguntar tudo o que precisam saber e opinar, no final, somos responsáveis pelo resultado, por isso se virmos algo errado temos que dizer, seja o que for Existem muitas frases que me inspiram, aliás, nos cursos deixo muitas em cada aula para inspirar meus alunos, então será difícil para eu ficar com apenas uma Li recentemente esta frase e penso que está muito de acordo com o meu trabalho em geral e com a academia:

“Você não inspira as pessoas revelando seus superpoderes; você inspira as pessoas ajudando as a revelar seus próprios superpoderes.”

P Á G I N A 1 4 3 | A B O U T www.kemafoodculture.com

A utilização de produtos sazonais aliada às mais recentes técnicas e tendências permitem ao Chef Pol Tortajada criar pratos únicos, cheios de sabor, tradição e cor

Chef recomendado

O C H E F D E

O U S A D I A , D I V E R S Ã O E C O M I D A S S A Z O N A I S

Texto por Jullianne Medeiros, Marta Sarrate e Sylvie Pabion Fotografias por Jullianne Medeiros

O maior desafio que enfrentamos nesta edição foi entrevistar pessoalmente grandes profissionais e depois contar suas histórias interessantes sem deixar nada importante para trás.

Foi o caso do chef Pol Tortajada que gentilmente nos explicou sua trajetória após abrir as portas de sua cozinha no restaurante Season.

Enquanto preparava seus pratos estrela, a conversa fluía de forma próxima e carinhosa. Nós nos divertimos.

TORTAJADA

P O L
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Seu amor pela culinária é herança familiar.

Suas memórias de infância estão ligadas à gastronomia por meio de seus avós Sua avó tinha uma mercearia com uma grande variedade de produtos frescos e locais Produtos que seu avô usava em sua cozinha, onde Pol estava sempre presente. A variedade, qualidade e temporalidade do produto sempre esteve nas receitas, o que lhe conferiu um paladar refinado.

Pessoa autodidata, simples, trabalhadora e criativa. Começou no setor de hotelaria aos 16 anos trabalhando na sala de jantar, mas depois decidiu saltar para a cozinha onde dedicou muitas horas a uma paixão

Aos 26 anos iniciou seu próprio projeto gastronômico e abriu um restaurante.

Estudou na Escola Hofmann e no Basque Culinary Center. Também trabalhou com chefs como Francesc Pahissa e Jordi Angli, que reconhece como mentores e com quem aprendeu, além de técnica, estilo de trabalho e organização. Mais tarde continuou a sua formação trabalhando em empresas de catering, que foi uma grande experiência, divertida e desafiante ao mesmo tempo.

Reconhece que a fórmula que o levou a ser o chef que é hoje não passa de trabalho, dedicação, aprendizagem, esforço e entusiasmo, chaves que procura passar à sua equipe.

Em 2018 inicia se uma nova etapa profissional como chefe de cozinha no restaurante Season onde lidera uma equipe de 8 pessoas O menu Season o representa, é a sua cozinha e o resultado de anos de experiência e evolução. Gosta do risco e procura surpreender os clientes através dos seus pratos que aliam novas misturas e explosão de sabores.

Se você tiver a sorte de experimentar alguma de suas criações, não perca a oportunidade, a cozinha do chef Pol Tortajada é inovadora com um estilo único e pessoal. O chef defende uma cozinha de fusão caracterizada pela mistura de técnicas, ingredientes e culturas de diferentes partes do mundo.

Nós, como grandes fãs da sua cozinha, desejamos muito sucesso e esperamos poder saborear suas deliciosas criações novamente em breve

Veja a entrevista completa com o chef Pol Tortajada

Chocolate branco cremoso, pistache e azeitona Cozinha da temporada
" V I V E M O S N U M
M U N D O O N D E S O M O S T O D O O M U N D O , E P O R Q U E N Ã O A P R O V E I T A R A
R I Q U E Z A D A S
D I F E R E N T E S C U L T U R A S P A R A C R I A R S A B O R E S Ú N I C O S ? "
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Chef recomendado

KOLDO

Texto por Sylvie Pabion Fotografias por Jullianne Medeiros, Sylvie Pabion e Grupo Anaya

Um dos elementos mais importantes da fotografia de alimentos, se não o mais importante, é a comida De pouco adianta ter uma boa câmera e uma cena bem iluminada se o prato não parecer bonito e apetitoso.

Se alguém conhece bem comida, apresentação e divulgação, é Koldo Royo. O chef basco cuja simpatia, alegria e curiosidade o levaram a fazer sucesso nas redes sociais.

A equipe About teve o privilégio de o conhecer na última Feira do Livro de Madrid. Ele muito gentilmente nos dedicou parte de seu tempo durante a apresentação de seu livro As melhores receitas de Koldo.

C L Á S S I C A , A L E G R E E I N O V A D O R A
RO YO
P Á G I N A 1 4 9 | A B O U T

Koldo nasceu e cresceu em San Sebastián, Espanha. Entre todas as suas realizações profissionais, queremos destacar que ele tem uma estrela Michelin sendo considerado o pioneiro do food truck na Espanha.

A riqueza de sua cozinha é resultado da fusão de uma lista de ingredientes de primeira: o bar que sua família administrava, a formação ao lado de grandes profissionais da cozinha (Juan Mari Arzak, por exemplo), o trabalho feito em outros países e a sua paixão por viajar e conhecer outras culturas. Tudo isso deixa sua marca em deliciosas receitas que convidamos você a experimentar.

Se você é da velha guarda e gosta de livros, sugerimos que adquira um exemplar de As melhores receitas de Koldo, muito fácil de ler, com receitas bem explicadas e como o próprio chef diz “fica aberto na página escolhida”, não é daqueles que fecham e pegam com as mãos enfarinhadas, muito apreciado.

Se, por outro lado, você preferir o formato de vídeo, não se preocupe. Koldo tem muitas receitas em seu canal. Ele é conhecido como “o avô do TIKTOK” por algum motivo. Você também pode acessar os vídeos das receitas do livro usando o código QR que encontrará em suas páginas Tudo foi pensado para que nenhum prato lhe resista e atualize os seus menus

Como disse Diógenes, “o movimento é demonstrado caminhando”, por isso nós mesmos escolhemos uma das receitas do livro para colocá lo em prática. Queríamos ver se os nossos pratos ficariam apetitosos e bonitos ao seguir as instruções do grande chef Ficaram deliciosos, quanto à estética, deixamos você com o resultado e esperamos seus comentários

Você encontra as receitas no canal (@koldoroyo) ou em seu livro.

ABOUT no lançamento do livro de Koldo ADQUIRA SEU EXEMPLAR AQUI Taças de melão, amoras, framboesa e mel
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DRINKS

J Á N Ã O T E M D E S C U L P A ! ! ! E S T E F I M D E S E M A N A V O C Ê T E M U M E N C O N T R O M A R C A D O P A R A C U R T I R C O M S E U P A R C E I R O , A M I G O S O U F A M Í L I A , N Ó S F O R N E C E M O S A B E B I D A . P A R A C O M E Ç A R A N O I T E E A C O M P A N H A R O J A N T A R V O C Ê E S C O L H E E N T R E D O I S V I N H O S T I N T O S E L B U E N A L F A R E R O E C E N S U R A T O , O U S E O P T A R P O R U M B R A N C O , N O S S A P R O P O S T A É P R A D O R E Y B L A N C O Q U A L Q U E R R E U N I Ã O Q U E S E P R E Z E N Ã O P O D E T E R M I N A R S E M B O N S C O Q U E T É I S , F Á C E I S D E P R E P A R A R E C O M P O U C O S I N G R E D I E N T E S

B E B I D A S C O M C A F É
C O Q U E T E L D E R U I B A R B O E M O R A N G O
C O Q U E T E L D E P Ê S S E G O , P O M E L O E A L E C R I M
C O Q U E T É L D E A B A C A X I E K I W I
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Bebidas com Café

BLACK & WHITE COFFEE

I N G R E D I E N T E S

50 ml de café (adoçado a seu gosto) Gelo

Creme

50 ml de nata ou creme de leite bem gelado

E L A B O R A Ç Ã O

Primeiro prepare o café da maneira que mais gosta (cápsulas, cafeteira, etc ), adoce e deixe descansar para esfriar Não pode estar muito quente ao servir.

Depois bata o creme, usei uma coqueteleira, mas você pode usar uma garrafa de vidro, desde que a nata ou o creme de leite estejam bem gelados. Agite por alguns segundos. O ponto correto é um creme nem muito espesso e nem muito líquido

Como servir: em um copo coloque o gelo, sirva o café e depois adicione o creme gradualmente para que não se misture ao café Aproveite!

Texto e fotografias por Jullianne Medeiros Barman convidado Jaume Arnau

C A F É D A L G O N A

I N G R E D I E N T E S

50 ml de leite de sua preferência e Gelo

Para o creme

2 colheres de café solúvel (normal ou descafeinado, a seu gosto)

2 colheres de açúcar

2 colheres de água quente

E L A B O R A Ç Ã O

Começando pelo creme, coloque todos os ingredientes em uma tigela e com a ajuda de um mixer ou mexedor elétrico, bata até obter uma consistência cremosa.

Como servir: em um copo coloque o gelo, adicione o leite e com a ajuda de uma colher, vá colocando o creme gradualmente.

Antes de beber é só mexer e está pronto para degustar

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Coquetel com álcool Ruibarbo e morango Texto e fotografias

I N G R E D I E N T E S

Xarope:

½ kg de ruibarbo

½ quilo de morangos

250 gramas de açúcar

250ml de água

Para o coquetel

60ml de vodka

20ml de limão

20 ml do xarope de ruibarbo e morango

Gelo

E L A B O R A Ç Ã O

Lave os talos de ruibarbo com bastante água para retirar possíveis resíduos, escorra e corte em pedaços de cerca de 2 ou 3 cm. Descarte as extremidades. Faça o mesmo com morangos. Lave, retire os talos e corte os ao meio.

Leve uma panela ao fogo, adicione os pedaços de ruibarbo, os morangos, a água, o açúcar e quando começar a ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar cerca de 20 minutos Desligue e deixe esfriar Passe a mistura por uma peneira e leve à geladeira até a hora de servir.

Em uma coqueteleira adicione o suco de limão, a vodka, o xarope e o gelo Agite e sirva logo em seguida. Tim tim!

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Coquetel sem álcool PÊSSEGO, POMELO E ALECRIM

I N G R E D I E N T E S

1 pomelo grande ou 2 médios

2 ramos de alecrim fresco Gelo Água com gás

Para o xarope de pêssego

4 pêssegos (cerca de 400 g)

1 copo de água 60 g de açúcar

Texto e fotografias por Mónica Molina

deixe esfriar completamente na geladeira

Para finalizar despeje o xarope, o suco de pomelo, o alecrim fresco e o gelo em uma jarra, adicione a água com gás e sirva logo em seguida.

Coquetel com álcool Abacaxi e kiwi

Texto e fotografias por Samira Rodrigues

I N G R E D I E N T E S

Para um drink:

50ml de gin

25ml de xarope simples de açúcar 50ml de suco de abacaxi fresco e coado

50ml de suco de kiwi fresco e coado Gelo picado

E L A B O R A Ç Ã O

Em um copo alto, despeje o suco de abacaxi, o xarope simples e cubra com gelo deixando dois dedos da borda. Adicione o gin, o suco de kiwi e misture com a ajuda de um mexedor Decore com uma aste de abacaxi e uma rodela de kiwi. Aproveite!

L A N O B I A D E L A V A P I É S

Calle del Salitre, 45 Madrid

Texto por Sylvie Pabion Fotografias por Aires News Comunicación

La Nobia, é uma taberna tradicional no coração do bairro Lavapiés de Madrid Neste lugar, o nômade e a vanguarda se fundem com muito estilo Ao entrar a primeira coisa que se descobre é um ambiente muito agradável, boa música e uma decoração que não o deixará indiferente Tem 3 espaços: mesas altas para algo mais informal, um bar e uma sala onde pode almoçar ou jantar sentado com vista para a cozinha e o provocante mural criado por Zé Carrión que repousa nas suas paredes desgastadas.

Para além dos seus vinhos honestos, pouco 'tocados', com pouca madeira e com leveduras nativas e as suas cervejas para todos os gostos, têm a carta de cocktails de Andrea Currello, uma profissional respeitada na sua área. Entre suas obras está o Vermute La Nobia com seu toque adocicado, torrado e de frutas secas. A receita é um segredo e você tem que experimentar sim ou sim!

Destacamos outros cocktails da carta: o Jarana de Cádiz, com camomila de Puerto de Santa María com Licor 43, suco de lima, hortelã e cravinho; o Vestida e Barulhenta, com bom mezcal, um aperitivo Select, licor de madroño, suco de limão e sal chapulín, como dizem, "pa' que amarre" ou o La Violetera, feito com Iradier e Bulfy IPA Gin, licor de violeta, licor de cereja Maraschino , suco de limão e uma brisa doce de Chinchón, tudo muito açucarado, muito autêntico e muito bem misturado Este é, sem dúvida, um lugar que você sabe que vai voltar.

L O C A L S A N T O E B A N D I D O
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C E N S U R A T O

C A B E R N E T S A U V I G N O N

Agraciado com a medalha de ouro na mais recente edição do Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, promovido pela Associação Brasileira de Enologia com chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o Censurato Cabernet Sauvignon vem colecionando prêmios ao longo de sua existência.

A primeira safra, feita em 2005, foi apresentada para vários especialistas que não acreditaram na qualidade do vinho produzido em uma região de pouca tradição, na cidade de Colombo, sudeste do Paraná. Alguns nem quiseram experimentar a novidade feita por dois irmãos, quarta geração da família fundadora da Vinícola Franco Italiana, que começou sua produção em 1878.

Pelas mãos de um sommelier o vinho foi apresentado para uma experiência às escuras em um evento onde vários daqueles especialistas estavam. Como resultado, foi considerado o melhor vinho da noite. Veio daí a inspiração para o nome, Censurato.

O primeiro prêmio veio em 2008 no Concurso Internacional de Vinhos do Brasil. Em 2009 ganhou o Concurso Internacional de Bruxelas e veio colecionando vários prêmios. A safra 2011 do “Censurato Cabernet Sauvignon” foi eleito o melhor Cabernet Sauvignon do País em 2019 e 2020.

Texto e fotografias por Zaclis Veiga Rua Rodolfo Camargo, 26 Colombo, Paraná, Brasil Vinho recomendado @vinicolavinicolafrancoitaliano
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Elaborado apenas com as melhores safras de uvas provenientes da cidade de Dois Lajeados, no Rio Grande do Sul, passa por longo período de maceração a frio e de no mínimo 12 meses em barricas novas de carvalho francês e americano, o que lhe garante a cor intensa e tonalidade violeta

O cabernet encorpado é um vinho elegante e complexo. Explode na boca com muita harmonia e delicadeza. Possui aromas de ameixas maduras e amoras e notas de carvalho, baunilha e taninos macios É uma experiência rica e única.

O rótulo atual exibe a medalha de ouro que o vinho recebeu no Concurso Internacional 2022 promovido pela Associação Brasileira de Enologia

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Vinhos recomendados

E L B U E N A L F A R E R O

E P R A D O R E Y B L A N C O

Adegas e Vinhedos Pradorey, Gumiel de Mercado, Burgos, Espanha Texto por Ana Cristina Jurado Fotografias por Adegas e Vinhedos Pradorey

Na localidade borgonhesa de Gumiel de Mercado, em pleno rio Douro, encontramos a adega e vinhas Pradorey. Lá, é onde se produzem, entre outros, o vinho El Buen Alfarero e o Pradorey Blanco, mas você também pode desfrutar de uma boa proposta de enoturismo com degustação, experiências gastronômicas e a oportunidade de conhecer a magnífica quinta cheia de história situada num ambiente privilegiado.

Poderá conhecer a quinta e desfrutar de degustações e experiências gastronómicas No verão, você pode desfrutar de sua piscina idílica
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E L B U E N A L F A R E R O

As uvas cultivadas para a produção do El Buen Alfarero estão localizadas a 830 m da atitude Colhidas manualmente seguindo o processo artesanal com a pisa das uvas sem desengace (separação das bagas das uvas do engaço, o esqueleto do cacho da uva), fermentação com leveduras nativas e armazenados em vasos de barro do século XIX. Nesses, irão descansar por 17 meses para serem engarrafados e rotulados à mão. No entanto, não é de se surpreender que sua produção seja limitada.

El Buen Alfarero é um vinho franco, saboroso, elegante, fresco, com taninos macios e redondos no paladar, aromas frutados (combina frutas vermelhas e pretas) e uma cor vermelho violeta com tons azulados intensos.

Harmoniza perfeitamente com queijos semi curados, embutidos, carnes brancas, peixes ao molho e marisco Com 94 pontos no Guia Peñín, foi um dos dez finalistas de Vinho Revelação do Ano no Guia Peñín 2018, entre os mais de mil vinhos apresentados em cada edição.

P R A D O R E Y B L A N C O

A equipe Bodegas y Viñedos Pradorey apostou em sua nova adega de brancos construída em meio a pandemia, em Ribera del Duero Nela, eles produzem o Pradorey Blanco, onde é fermentado em concreto e aço entre 15 e 20º. Em seguida, passa por um envelhecimento misto em barris de carvalho americano e francês e tanques de concreto por 5 meses. Este processo o torna um vinho muito singular

Isso é precisamente o que se buscava para o Pradorey Blanco. Um reflexo de sua filosofia: romper com as normas estabelecidas, fugir do convencional e inovar. O resultado é um vinho fino, fresco e elegante, de cor amarela intensa, equilibrado, sedoso e largo na boca, com acidez moderada. Suas características fazem dele um vinho que você sempre quer harmonizar com suas refeições, pois combina com praticamente tudo, e o design estilizado e elegante da sua garrafa fecha com chave de ouro.

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RECEITAS

DO MUNDO

Q U I B E B E

F A L A F E L

Delicioso purê de abóbora típico da culinária brasileira e de origem africana e indígena.

Deliciosos croquetes de grão de bico do Oriente Médio.

Cheesecake saudável e leve ao estilo NY com cream cheese e um toque cítrico.

Biscoitos doces típicos das regiões italianas do Piemonte e da Ligúria.

C A N E S T R E L L IC H E E S E C A K E N Y
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Q U I B E B E

Essa receita tradicional da culinária brasileira tem sua origem na integração da culinária africana e indígena. A abóbora é o ingrediente principal desse prato servido principalmente no sul e sudeste do Brasil. O purê de estrutura rústica tem um leve sabor adocicado e pode ser servido como acompanhamento de carnes, mas também completa a dupla que está na mesa dos brasileiros quase que diariamente: arroz e feijão.

Texto e fotografias por Zaclis Veiga
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I N G R E D I E N T E S

800 gramas de abóbora de pescoço*

2 dentes de alho

100 gramas de cebola

1 colher de chá de sal

1 pitada de açúcar

Pimenta rosa

Azeite

Salsinha para finalizar

*O ideal é usar a abóbora de pescoço, mas caso não encontre use a que estiver ao seu alcance. Algumas abóboras juntam muita água e outras precisam de um pouco de água para cozinhar, fique atento para não grudar na panela, ou para não ficar muito aguada.

E L A B O R A Ç Ã O

Descasque e pique a abóbora em pedaços de aproximadamente 2 cm. Corte muito fininho o alho e pique a cebola em pequenos pedaços. Refogue em azeite até dourar.

Acrescente a abóbora e refogue por alguns minutos. Tempere com sal, pimenta rosa moída e uma pitada de açúcar. A abóbora deve cozinhar abafada até que fique macia. Acrescente água gradualmente, caso seja necessário. Desmanche os cubos com a colher de pau, desligue, acrescente salsinha picada e sirva a seguir

Nota: A pitada de açúcar realça o sabor adocicado da abóbora, mas tome cuidado para não adoçar demais. Esse purê aceita um toque mais forte de pimenta, caso você goste, opte pela pimenta malagueta com um sabor que harmoniza melhor com o prato.

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F A L A F E L

Atrevemo nos a dizer ser o prato estrela do Oriente Médio. Tal como acontece com muitas receitas, existem diferentes teorias sobre a origem destes deliciosos croquetes. Houve um momento no antigo Egito em que eles eram consumidos, embora não fossem fritos Por outro lado, outros afirmam que sua origem poderia ser na Índia, onde eram cozidos com especiarias. Não temos certeza do passado, mas podemos dizer que o consumo de falafel se espalhou nos últimos anos graças aos restaurantes orientais e vegetarianos.

Estación de Atocha
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I N G R E D I E N T E S

300 g de grão de bico seco 100 g de alho poró ou cebola

2 dentes de alho

1 maço de salsa

1 maço de coentro

1 c de cominho moído 30 g de farinha de grão de bico 3 g de fermento químico

Pimenta

Pitada de sal

Molho de iogurte:

1 pote iogurte natural tipo grego

1 colher de chá de mostarda Dijon

1 colher de chá de alho em pó

Suco de 1 limão médio

Folhas de hortelã

Pimenta

Pitada de sal

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E L A B O R A Ç Ã O

Quando se trata de uma receita simples, você precisa de tempo. Deixe o grão de bico de molho 24 horas antes para eles amolecerem. Eles ficarão muito melhores do que se usarmos grão de bico enlatado. Após este tempo, lave e escorra bem.

Corte o alho poró, os dentes de alho, a salsa e o coentro frescos e coloque no liquidificador. Em seguida, adicione o grão-de-bico escorrido, o sal, o cominho e o fermento. Bata até que todos os ingredientes estejam bem integrados, mas sem exagerar. Não queremos um creme de grão de bico.

Para deixar a massa mais firme, adicione a farinha de grão de bico e mexa em uma tigela com uma colher de madeira. Ao alcançar a consistência desejada, deixe a massa descansar por cerca de 30 minutos. Molde a massa do jeito que preferir: croquetes, almôndegas ou mini hambúrgueres.

Apenas temos que cozinhá los. Para isso, temos duas opções: frite os na panela ou asse os no forno Assamos a 200 °C durante 20 minutos, virando para assar do outro lado

Para o molho, misture o iogurte com o restante dos ingredientes e pronto! É perfeito para acompanhar este prato carregado de proteína vegetal.

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C H E E S E C A K E C L Á S S I C O

Existem milhares de receitas de cheesecake, eu diria quase tantas quanto as casas. Se eu tivesse que escolher um, o cheesecake clássico de Nova York é o meu favorito. Aqui, apresento minha versão. Algo mais saudável e leve, com um sabor dominante de cream cheese, mas com um toque cítrico Tenho preferido deixar a base de biscoito tipo cereal ou Maria misturada com a manteiga derretida como opcional.

Texto e fotografias por Marta Sarrate
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R

Base (opcional)

18 biscoitos de cereais ou Maria

150g de manteiga derretida

Recheio

500 g de cream cheese

250 g de creme de leite (mínimo de 35% de gordura)

100 g de açúcar

N

4 ovos pequenos Raspas de limão Suco de ½ limão

E L A B O R A Ç Ã O

Forre uma forma redonda (fundo removível) com papel manteiga, previamente untada com manteiga, para melhor aderência à forma. Regue com azeite. Se quiser elaborar a base, derreta a manteiga no micro ondas. Triture os biscoitos no processador ou pode colocá los em um saco tipo zip lock e triturá los com um rolo de massa, adicione a manteiga e misture bem. Coloque na base da forma, pressione com a ajuda dos dedos ou a base de um copo reto. Leve à geladeira enquanto prepara o recheio

Pré aqueça o forno a 180 °C. Coloque as gemas em uma tigela, adicione o açúcar e bata com a batedeira até formar um creme branco. Bata levemente as claras em neve e incorpore as com movimentos delicados. Adicione o creme de leite e o cream cheese, misture delicadamente para não incorporar ar na massa. Asse baixando a temperatura do forno para 170 °C por 50 minutos. Desligue e deixe a torta esfriar

D E C O R A Ç Ã O

Coloque ½ xícara de açúcar com algumas gotas de água em uma panela em fogo médio. Dissolva sem mexer. Corte dois pedaços de papel manteiga. Despeje o caramelo líquido em um dos papéis, cubra com o outro papel, alise com um rolo até formar uma camada fina. Deixe esfriar e corte em pedaços irregulares. Coloque em cima da torta após esfriar.

Atenção! Tenha cuidado ao manusear o caramelo, não toque nele em nenhum momento, pois atinge altas temperaturas e pode causar queimaduras graves.

Dica: se preferir substituir o caramelo, pode cobrir a torta com qualquer geleia caseira, por exemplo, frutas vermelhas.

I
G
E D I E N T E S
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C A N E S T R E L L I

A confeitaria italiana é rica em história Por trás de qualquer doçura pode haver um acontecimento, uma crença ou um tempo passado.

Os Canestrelli não são exceções. Estes biscoitos típicos das regiões do Piemonte e da Ligúria têm um formato que nos lembra uma margarida e a sua origem perde-se nas brumas do tempo.

Acredita se que eles foram preparados como uma pausa de primavera durante a Semana Santa. Os Canestrelli eram oferecidos em cestas, das quais originaram seu nome. Hoje em dia são muito populares e perfeitos para desfrutar de um bom lanche.

Texto e fotografias por Ana Cristina Jurado

I N G R E D I E N T E S

(Para 25 unidades)

320g de farinha de trigo com 9% de proteína

180 g de manteiga amolecida

70g de açúcar de confeiteiro

1 ovo pequeno

1 colher de chá de extrato de baunilha

1 pitada de sal

Raspas de limão a gosto

Açúcar de confeiteiro em pó

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E L A B O R A Ç Ã O

Em uma tigela, misture a manteiga amolecida com o açúcar de confeiteiro até obter um creme branco. Adicione o ovo, o sal, o extrato de baunilha e as raspas de limão. Misture até ficar homogênea.

Adicione a farinha e misture até obter uma massa firme, mas maleável que não grude nas mãos Enrole a massa em filme plástico e deixe descansar na geladeira por pelo menos duas horas.

Abra a massa com o rolo até atingir uma espessura de 1 cm, corte os biscoitos com um cortador circular de 4 cm de diâmetro com a borda ondulada. O furo central pode ser feito com uma boca de um bico de confeitar simples.

Junte todos os cortes de massa e repita o processo até terminar Disponha os biscoitos em uma assadeira forrada com papel manteiga e deixe descansar por 15 minutos antes de assá los por 20 minutos a 180 °C.

Retire do forno e deixe esfriar completamente em uma grade antes de polvilhar os biscoitos com o açúcar de confeiteiro.

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Dica:

O tempo de cozimento é para biscoitos do tamanho indicado Se os fizer maiores ou menores, o tempo de cozimento também aumentará ou diminuirá.

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Especial Acervo EL ARTE DEL OLIVO

Texto e fotografias por Ana Cristina Jurado

Há muitos de nós que indo comer em um restaurante, saímos de lá apaixonados pelos utensílios onde as comidas foram servidas, como pratos, tábuas ou bandejas E então nos perguntamos onde o estabelecimento os adquiriu e quem os fabricou

Bem, queremos apresentar a vocês El Arte del Olivo. Uma oficina de artesanato localizada na cidade de Torreperogil (Jaén), interior da Espanha, que está por trás de alguns dos utensílios que nos surpreendem, tanto em restaurantes como fora deles

Bem, queremos apresentar a vocês El Arte del Olivo. Uma oficina de artesanato localizada na cidade de Torreperogil (Jaén), interior da Espanha, que está por trás de alguns dos utensílios que nos surpreendem, tanto em restaurantes como fora deles

Seu trabalho inicia quando recolhem os troncos de oliveiras centenárias que os agricultores descartam após a poda anual. O processo continua com uma espera de dois anos, quando a madeira seca para ser trabalhada e transformada numa criação única. Ao ser finalizada, é hidratada com azeite, como se a madeira reivindicasse um pouco daquilo que tantas

Peça em madeira de oliveira e eucalipto Tábua de madeira feita com a técnica de gualtrapeado Peça feita com caroço de azeitona
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Sr. Juan com uma das diretorias com as quaiseles já têm em vários restaurantes

Ao longo deste caminho, os valores e a filosofia que orientam El Arte del Olivo estão sempre presentes, como o respeito pela natureza e a idade dessa árvore que tanto representa a província de Jaén, não deixando de lado o seu máximo aproveitamento, incluindo inovação e design.

Por esta razão, não é de estranhar que das mãos e do precioso trabalho do Sr. Juan (como os seus clientes o chamam no Japão) e da sua família nasçam peças que de alguma forma prolongam a vida da oliveira. Ela é transformada, entre muitos outros, em móveis, mesas impressionantes feitas de uma única peça (apenas algumas tábuas dessas dimensões aparecem por temporada), tábuas de servir e de corte, ou utensílios de cozinha que nos acompanharão por toda a vida.

Algumas das criações exclusivas para restaurantes são um suporte de menu elaborado para o Restaurante Malak, localizado na capital de Jaén, ou o maravilhoso conjunto fabricado para um restaurante de luxo

As peças produzidas em El Arte del Olivo já percorrem todo o mundo, então dê uma boa olhada em volta na próxima vez que for a um restaurante da região, pois você pode ter em suas mãos um pedaço de história em forma de utensílio de madeira.

Conjunto feito para restaurante de luxo Suporte de menu feito para o Restaurante Malak
WWW.ELARTEDELOLIVO.COM P Á G I N A 1 9 3 | A B O U T

O GRANDE

DESPERDÍCIO

Mundial

Os dados publicados em 2021 pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) são alarmantes: 931 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados no mundo a cada ano, o que representa 17% do total de alimentos disponíveis para os consumidores. Em outras palavras, quase um quinto de toda a comida do mundo acaba no lixo. Por outro lado, segundo a ONU, 20% da população da Ásia sofreu com a fome em 2021, na África 9%, América Latina e Caribe 8,6% Colocando todos esses dados na mesa, fica clara a má gestão de recursos

Texto e fotografias por Sylvie Pabion

Onde esse lixo é produzido?

A distribuição é a seguinte: 569 milhões de toneladas são provenientes de residências, 244 milhões de toneladas vem dos restaurantes e outros serviços de alimentação e 118 milhões de toneladas são de varejo.

Continuamos mergulhando em toda essa quantidade de lixo que geramos e chegamos a um dado mais gerenciável e compreensível, em todo o mundo, per capita, a cada ano são desperdiçados 121 quilos de alimentos por consumidor Este é um valor médio que varia um pouco dependendo de onde você mora Passamos a você a figura do lixo médio gerado por indivíduo e por alguns países representativos:

Nigéria México França Canadá Espanha Brasil Estados Unidos Índia

Casas Restauração

Comércio varejista

Continuando com a análise desses números chocantes que estão além da nossa compreensão, damos um passo e revelamos a distribuição por país. Naturalmente, os países com as maiores populações são os que mais desperdiçam:

China está no topo com 91,6 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados. Índia reduz o número para 68,8 milhões de toneladas.

Estados Unidos jogam fora 19,4 milhões de toneladas de alimentos por ano Na América do Sul, destacam se Brasil e México, produzindo cerca de 12 milhões de toneladas de lixo. Na Europa, 87,6 milhões de toneladas são desperdiçadas anualmente Desta grande quantidade de lixo, 5,52 são provenientes da França e 3,61 da Espanha.

Quilogramas de resíduos por indivíduo. Fonte: Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos publicado pelo PNUMA

O caso mais extremo é o da Austrália, o país com baixa densidade populacional, gera menos resíduos, cerca de 2,2 toneladas por ano, mas as famílias australianas estão no topo do ranking com uma média de 122 kg de resíduos anuais de desperdício

O que significa toda essa extravagância? Efeitos ambientais significativos e um forte impacto nas mudanças climáticas. O desperdício de alimentos carrega três tipos de pegadas ambientais:

Pegada de carbono: é a quantidade total de gases de efeito estufa que são emitidos ao longo do ciclo de vida do alimento

Pegada de Terra: A área de terra necessária para produzir esse alimento.

Pegada hídrica: a quantidade de água necessária para produzir alimentos.

261% 6% 13%
189 94 88 79 77 60 59 50
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Os restaurantes devem oferecer aos seus clientes a possibilidade de levar os alimentos que não consumiram gratuitamente

Que medidas estão sendo tomadas?

Apesar de ser um problema global, cada país enfrenta esse problema com medidas diferentes:

Na União Europeia, devemos destacar o trabalho da França, país pioneiro com sua Lei Garot de 2016, em que supermercados com mais de 400 metros quadrados são obrigados a doar seus excedentes para organizações não governamentais ou bancos de alimentos autorizados. Em 2019, a proibição foi estendida aos restaurantes e à indústria agroalimentar

Na Itália, a lei contra o desperdício de alimentos conhecida como "desperdício zero”, foi aprovada alguns meses depois da França Essa lei, menos proibitiva que a francesa, facilita a doação de alimentos a organizações não governamentais em caso de sobras e permite que os cidadãos levem seus restos de comida

A Espanha posiciona-se como o terceiro país da Europa que possui legislação específica, após aprovar o projeto de Lei de Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos que visa estabelecer uma hierarquia de prioridades; facilitar a doação de alimentos; contribuir para a satisfação das necessidades alimentares dos mais vulneráveis; buscar produção e consumo mais sustentáveis e conscientizar todos os agentes envolvidos na cadeia O não cumprimento da lei resultará em multas entre 2.000 e 60.000 euros, podendo chegar em até 500.000 euros para reincidentes.

Em 2020, o grupo parlamentar alemão “Os Verdes” propôs uma lei antidesperdício, entre suas propostas estava a doação de alimentos para organizações não governamentais e a eliminação da data de validade de alguns alimentos. Além disso, eles têm a iniciativa Zu gut für die Tonne! (bom demais para ser desperdiçado) que usa dinheiro público que permite a apresentação de projetos para melhorar a situação

A Argentina criou um Programa Nacional para a Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos em 2015. Desde então, mais de 80 instituições públicas e privadas se uniram para formar a Rede Nacional para a Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos. Dentro desse programa, foi lançada a campanha nacional "Valoremos los Alimentos", que traz informações e vídeos sobre como evitar perdas e desperdícios.

O Brasil apresentou projetos de lei para criar uma Rede Nacional de Especialistas, uma política e estratégia nacional focada na redução de perdas e desperdícios, enquanto outro projeto de lei busca regular a doação de alimentos.

O Chile desenvolveu estudos preliminares para medir as perdas de alface, pão, arroz, batatas e frutos do mar, além de atividades de recuperação de alimentos nos pontos de venda do bairro e oferece assessoria para evitar o desperdício doméstico de alimentos

O governo da Colômbia solicitou apoio técnico da FAO (agência das Nações Unidas que lidera o esforço internacional para acabar com a fome) para estabelecer políticas públicas para enfrentar o problema.

Na Costa Rica, foram realizados estudos nas cadeias agroindustriais de tomate e laticínios e ações para reduzir o desperdício em cantinas institucionais e empresariais.

O que nós consumidores podemos fazer? Nós da ABOUT aconselhamos que faça compras responsáveis, guarde os restos de comida de forma adequada, coloque em prática receitas de uso e partilhe sempre que possível.

Aplicativos contra o desperdício: Too Good To Go: sob o slogan #LaComidaNoSeTira, atua como intermediário entre restaurantes ou lojas e consumidores para colocar à venda os produtos que não venderam e, assim, não desperdiçar alimentos

Phenix, esse APP oferece dois serviços: guardar pratos de comida em estabelecimentos e fazer doações para associações e instituições de caridade.

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EXPEDIENTE

Número 2 Setembro

Espanha Brasil Canadá França

Diretora: Jullianne Medeiros

Equipe Editorial: Ana Cristina Jurado, Marta Sarrate, Mónica Molina, Samira Rodrigues, Sylvie Pabion Martín, Zaclis Veiga

Redatora chefe: Marta Serrate e Mónica Molina

Projeto Editorial: Ana Cristina Jurado, Marta Sarrate, Mónica Molina, Samira Rodrigues, Sylvie Pabion Martín

Diretora de Arte: Sylvie Pabion Martín

Desenho: Sylvie Pabion Martín, Jullianne Medeiros e Samira Rodrigues

Publicidade: Ana Cristina Jurado, Jullianne Medeiros, Samira Rodrigues, Sylvie Pabion Martín

Fotografia da capa: Mónica Molina

Traduçãon: Jullianne Medeiros, Samira Rodrigues e Zaclis Veiga

Revisão espanhol: Ana Cristina Jurado e Marta Sarrate

Contribuiu para essa edição: Alquimiavegana, Carole Poirot, El arte del Olivo, Guido Tommasi Editora, Jaume Arnau, João Machado, Maria Teresa Di Marco, Marta Mauri, Maurizio Maurizi, Koldo Royo, Pol Tortajada e Yago Bruna

Contato: about.revista.fotografia@gmail.com

About é uma publicação trimestral de The About Magazine, com sede no Brasil, Canadá, Espanha e França A revista está traduzida em espanhol e português

A revista não se responsabiliza pelos conceitos expressos nos artigos assinados. Somente pessoas autorizadas por escrito pela gerência da About Magazine podem falar em nome da publicação. A reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista é proibida sem a autorização expressa da equipe editorial

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JURADO Chefe de fotografia e direitos autorais @memoriasdeunames JULLIANNE MEDEIROS Diretora chefe @jullianne medeiros SAMIRA RODRIGUES Redação Brasil @samirarodrigues.ph
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Próxima edição: dezembro 2022 Assine a news letter aqui

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