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Mercedes EQV
from Turbo Comerciais #33
by Turbo Frotas
VIP DE PANTUFAS
A Classe V da Mercedes é especialmente usada como veículo de transporte de “gente importante” em aeroportos, entre cidades ou em eventos especiais o que, a par de ostentar a estrela no capot, faz dele um veículo duplamente “premium”. Ou… triplamente a partir de setembro, quando for apresentada a versão de produção em série do V elétrico. Fomos os primeiros a guiar o, ainda “concept”, EQV! TEXTO STEFAN GRUNDHOFF E JOAQUIM OLIVEIRA
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AMercedes-Benz começa agora a dispor de vários modelos 100% elétricos, tanto nos ligeiros de passageiros como nos comerciais. Na verdade, até está a ser mais rápida na electrificação dos segundos, já que se encontram disponíveis os eVito e eSprinter, ao passo que o único modelo de passageiros 100% “a pilhas” é, ao dia de hoje, o Classe B da anterior geração, ainda pertencente a uma fase em que os Mercedes elétricos não se chamavam EQ, a submarca criada em 2016. Até porque o EQC (o SUV da Classe C 100% elétrico) se atrasou um pouco e apenas chegará ao mercado na segunda metade deste ano. O plano inicial era para existir uma versão híbrida plug-in (de recarga externa) e esta 100% elétrica, mas os elevados custos que daí iriam decorrer e o reconhecimento de forte probabilidade de canibalização de vendas entre as duas versões acabou por levar a uma alteração da estratégia... Este EQV foi revelado mundialmente no sa
lão de Genebra, em março último, ainda como concept, mas estando a “première” mundial do modelo de produção em série agendada para o salão de Frankfurt no próximo mês de setembro, com arranque de vendas entre o final de 2019 e o início de 2020. Esteticamente acompanha algumas das actualizações recém- -introduzidas na Classe V (modelo lançado em 2014) e, depois, acrescenta os traços que começamos a identificar como típicos dos EQ. Nomeadamente a grelha “de radiador” com inserções cromadas envolta por uma banda LED rodeada por um fundo negro que confe
LUXUOSO Uma versão amiga do ambiente não tem de ser desprovida de requinte como prova o "concept" EQC, com as belíssimas poltronas em pele com decoração específica
re a estes modelos um certo ar… de “Zorro”. Por dentro chama a atenção o facto de existir o mais recente e avançado sistema de infoentretenimento MBUX que, infelizmente, ainda não foi montado nos Classe V “malcheirosos”, leia-se, a gasolina ou diesel. Além disso, o caráter “gourmet” desta versão é ainda sublinhado pelas aplicações e pespontos em “rosa dourado” (cor-fetiche do vice-presidente de “design”, Gordon Wagener) e pela combinação da pele azul na parte superior dos bancos e tablier e negra na parte inferior. Na configuração do habitáculo é um Classe V, ou seja, pode rece
ber seis ocupantes (2+2+2) ou, opcionalmente, 7 ou 8, se se transformar a segunda e terceira filas em bancos corridos. Bancos que reclinam e avançam ou recuam, climatização multizona e outro tipo de mordomias não são exclusivos desta versão elétrica que não perde volume de carga porque as baterias foram colocadas integralmente debaixo do piso do veículo.
FROTISTAS SÃO CLIENTE-ALVO Não se pense, porém, que não existem quaisquer contra-indicações: não só o EQV não irá estar disponível com versão 4Matic (de quatro
rodas motrizes, o que pode afetar parte das suas vendas nos países do norte da Europa, precisamente aqueles em que os veículos elétricos têm mais procura), porque o sistema não cabe, como também a capacidade de carga é mais limitada uma vez que esta versão pesa cerca de 2,5 toneladas (as baterias com 100 kWh de capacidade pesam mais de 300 kg), ficando mais perto dos 3500 kg de peso bruto máximo. O motor elétrico (150 kW/204 cv), a transmissão de relações fixas, o sistema de refrigeração e a eletrónica de controlo de potência constituem uma única unidade integrada e compacta montada no eixo dianteiro. Mesmo preparando-se para ser a versão mais cara da gama V (acima dos 75.000 €), o EQV pode conquistar clientes, ao dispor de alguns argumentos únicos, como o já mencionado sistema de infoentretenimento mais sofisticado, mas também um silêncio de funcionamento incomparavelmente superior. Especialmente agora que os V6 diesel foram descontinuados e substituídos pelo motor 2 litros de 4 cilindros com três níveis de potência (163, 190 e 239 cv) que, mesmo sendo uma excelente unidade, não deixa de ser mais audível quando se esforça para levar tanta carga às costas. Isto, claro, além do facto de rolar isento de emissões e de poder alcançar custos de utilização bastante mais baixos ao usar electricidade e não petróleo para fazer mover as rodas, algo que deverá ser levado em linha de conta pelos pequenos e médios frotistas que são os principais clientes deste tipo de veículo, muito à
frente dos particulares na generalidade dos países a nível global. Num dia em que os supercarregadores elétricos sejam a regra e não a exceção será importante poder dar vida às baterias suficiente para 100 km em apenas 15 minutos, pelo que, no quase imediato, é melhor pensar em cargas completas durante toda a noite com a “wallbox” que a Mercedes-Benz vende… ou mais do que isso se a ligação for feita à tomada normal. Seja como for, os 400 km de autonomia prometida (o que implica um consumo médio de 25 kWh/100 km) serão suficientes para a maior parte dos utilizadores, tanto mais que este é um shuttle de VIP mais comum para trajetos urbanos ou mesmo entre cidades dentro do mesmo país.
204 CV POTÊNCIA MÁXIMA
400 KM AUTONOMIA
100 KWH BATERIA
6 a 8 LOTAÇÃO
SUAVIDADE ABSOLUTA! Esta experiência ao volante do EQV teve lugar em Barcelona e deu para perceber várias coisas. Primeiro que… de “concept” este EQ V já pouco tem! Porque, tanto em qualidade de montagem e acabamentos, como na qualidade do rolamento e dos principais interfaces de condução, tudo se sente como definitivo. Depois, que realmente o silêncio e a suavidade com que o V elétrico se move marca a diferença para os “primos” diesel, ao mesmo tempo que desaparecem vibrações nas mãos do condutor/motorista, agradado com o “upgrade”. A rapidez com que as acelerações e retomas de velocidade acontecem são as habituais em veículos elétricos e também se verifica aqui, parecendo os 204 cv e, sobretudo, os 500 Nm de “descarga” ins
tantânea suficientes para qualquer viagem, ainda que a velocidade máxima tenha sido limitada a 160 km/h (para preservar a autonomia). Bem menos que os 220 km/h do V300d que, no entanto, só servem para duas coisas: para serem aproveitados em alguns troços de autoestradas alemãs ou para mais facilmente… se perder a carta de condução em qualquer outro asfalto do mundo. Muito positivo é o efeito do baixo centro de gravidade, dada a posição e o peso das baterias, que contraria a tendência de pronunciado rolamento da carroçaria em curva num veículo alto, pesado (no seu todo) e muitas vezes bastante carregado. A rever é o acerto da direção que pareceu ainda demasiado leve e pouco comunicativa, comparada com a das versões com motor de combustão. Afinal sempre era um “concept”… / MOTOR Elétrico BINÁRIO 500 NM POTÊNCIA 150 KW/204 CV BATERIA Iões de lítio CAPACIDADE 100 KWH AUTONOMIA 400 KM VEL. MÁXIMA 160 KM/H TRAÇÃO Dianteira LOTAÇÃO 6, 7 ou 8 lugares EMISSÕES CO 2 0 G/KM EQV CONCEPT
SUAVIDADE / SILÊNCIO / AUTONOMIA