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Nova diretora da Iveco
from Turbo Comerciais #33
by Turbo Frotas
SANDRA RESENDE DIRETORA PARA PORTUGAL ESTE VAI SER UM ANO PARTICULAR PARA A IVECO
É abraçando os muitos desafios que o mercado colocará ao longo de 2019 e reforçando a aposta que a Iveco vem fazendo há já muitos anos na tecnologia do gás natural que Sandra Resende, nova diretora da marca em Portugal, quer começar a deixar o cunho da sua liderança TEXTO SÉRGIO VEIGA D esde o início de abril que Sandra Resende assumiu a direção da Iveco em Portugal, passando a reportar diretamente ao diretor geral da marca para a Pen í nsu la I bér ica , Ruggero Mughini. Uma escolha quase diríamos natural, para alguém que iniciou a sua carreira profissional há já nove anos, como diretora do departamento financeiro do Grupo CNH Industrial (em que a Iveco se insere), em Portugal. Com larga experiência em diversas empresas do setor e profundo conhecimento do mercado, Sandra Resende concedeu-nos a primeira entrevista na sua nova qualidade de diretora da Iveco no nosso país. Realçando a exigência que o mercado irá apresentar ao longo deste ano, mas também a forte aposta da marca na tecnologia do gás natural veicular em que, defende, deveria haver incentivos semelhantes aos existentes em muitos países europeus para uma mais rápida disseminação de uma tecnologia mais amiga do ambiente. Tendo já um historial de ligação à Iveco, o que representa o assumir do cargo de diretora da marca em Portugal e que desafios a esperam? Iniciei funções na Iveco em 2010, vivenciei a evolução da marca nestes últimos anos e a forma como se tem vindo a posicionar no mercado. Considero o assumir do cargo de diretora da marca uma evolução natural, de alguém que conhece a empresa, os seus valores e história, a equipa e o mercado em que se insere. O ano de 2019 vai ser exigente. Os nossos clientes estão cada vez mais profissionalizados, com forte enfoque na eficiência energética e ao nível de consumo. É igualmente um ano de viragem, no qual as marcas apostam mais na qualidade dos seus produtos e na prestação de um serviço de excelência, em detrimento de rendas baixas com recurso a vendas com “buy-back”. O ano de 2019 caracteriza-se igualmente, a nível generalizado nas diversas marcas, pelo desafio de venda de um novo produto, os chamados veículos semi-novos. Quais os valores subjacentes à marca Iveco que poderão ser uma mais-valia para o reforço do posicionamento da marca no mercado nacional? A Iveco sempre foi uma marca de proximidade. A Iveco Portugal, mais especificamente, tem um modelo de negócio único no mercado. Vendemos 100% a cliente final no segmento acima das 7,5 toneladas e mais de 80% no segmento das 3,5 às 7,5 toneladas. Assumimos com os nossos clientes uma relação de parceria, não só no momento da venda propriamente dita, como no dia a dia dos mesmos, procurando sempre apoiar e potenciar o negócio dos nossos clientes. A marca Iveco tem num dos seus pilares/valores a Servitização, ou seja, oferecer aos nossos clientes não apenas um pro-
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duto de elevada qualidade, mas também uma gama completa de serviços que potenciem o seu negócio. A Iveco aposta igualmente nas energias ecológicas. Temos um produto “premium” ao nível do gás natural, com autonomias sem concorrência ao nível do mercado, e com consumos extremamente competitivos, tanto para transporte internacional de larga distância, como para a distribuição urbana. Acredito que o gás natural é o futuro no transporte de mercadorias e a Iveco encontra-se claramente em posição de vantagem neste segmento.
O meu objetivo como diretora da marca em Portugal passa por fortalecer a nossa posição no mercado. A Iveco Portugal tem uma equipa extremamente profissional e dedicada, com uma forte imagem de marca. É para mim um privilégio e uma responsabilidade liderar esta equipa. Acredito que o ano de 2019 será um ano de desafios para a marca e será, igualmente, o ano em que nos iremos reforçar no mercado, com a aposta ao nível das energias naturais e da qualidade dos serviços prestados aos nossos clientes.
Que novidades poderemos esperar a curto/médio prazo da Iveco? O ano de 2019 vai ser um ano particular para a marca, foi lançada a nova Daily e, proximamente, teremos mais novidades ao nível dos veículos pesados. Os novos produtos apostam, para além da qualidade oferecida, na digitalização, automatização, eletrificação e servitização. São uma nova forma de encararmos o negócio, oferecendo aos nossos clientes, a par da segurança e conforto na condução, informação útil e atempada das suas rotas, consumos, “performance” dos veículos, etc. O ano de 2019, como não poderia deixar de ser, caracterizar- -se-á igualmente por um reforço da estratégia no Gás Natural.
Com a experiência já acumulada no setor dos veículos comerciais, como vê o robusto crescimento do mercado de pesados no primeiro trimestre deste ano? Acredito que o crescimento do primeiro trimestre de 2019 seja ainda resultado da boa performance da economia portuguesa no ano de 2018. No entanto, e considerando as previsões económicas para 2019, bem como os indicadores ao nível do PIB e das exportações no primeiro trimestre do ano corrente, é de prever uma desaceleração do crescimento do mercado de pesados.
ESFORÇOS POLÍTICOS DEVIAM INCENTIVAR USO DE GÁS NATURAL Na gama ligeira, o Daily é uma das referências do segmento das 3,5 toneladas e também nos chassis-cabina, tendo sido reforçado com as gamas de baixas emissões BluePower. Qual tem sido a recetividade do mercado nacional à gama BluePower e quais as expetativas para o “novo” Daily? A gama BluePower foi lançada para três linhas de produtos distintos: diesel, elétrica e a gás natural. No segmento diesel, a BluePower não veio trazer grandes novidades, uma vez que a maior parte dos motores da Daily já se encontravam ao abrigo da norma RDE. No final de
IMPORTANTE REFORÇO! O lançamento da renovada Daily será de grande importância para o fortalecimento da posição da Iveco no mercado nacional, contando com a gama BluePower de baixas emissões
2018 já todos os motores 2.3 cumpriam com a norma RDE. Ao nível elétrico e de gás natural a aceitação não tem sido comparável à verificada nos restantes países europeus, fruto da nossa legislação. Efetivamente, Portugal não tem atualmente nenhuma política de incentivo aos veículos a energia natural, nem tem apostado, à semelhança dos restantes países europeus, em postos de abastecimento. Acredito que seja uma questão de tempo até termos as mesmas condições/incentivos praticados na restante Europa às energias naturais. Não se pode travar o futuro.
A Iveco tem apostado na tecnologia do gás natural veicular nos comerciais ligeiros, camiões e autocarros, com a gama Natural Power. Qual o motivo dessa aposta e qual tem sido a recetividade do mercado nacional? A Iveco leva 20 anos a apostar na tecnologia do gás natural. Somos pioneiros neste segmento e a marca com mais experiência nesta tecnologia. É uma energia limpa, com fortes incentivos a nível europeu e que proporciona aos seus utilizadores elevadas poupanças a nível do consumo, fator decisivo no sector de transportes ao nível da sua competitividade e rentabilidade das operações. A recetividade a nível nacional tem vindo a aumentar. Os
clientes que experimentam o nosso produto ficam visivelmente satisfeitos com a qualidade do mesmo, com os níveis de autonomia que proporciona e os baixos custos de consumo. Existe ainda, todavia, a necessidade de divulgar um produto que não é habitual nem muito conhecido no mercado nacional.
No entender da marca, quais são as principais vantagens dos veículos Natural Power para o cliente? Os veículos Natural Power proporcionam reduções consideráveis ao nível do consumo, reduções essas que compensam largamente o investimento inicial, além de serem energias limpas que permitem a redução de CO2 e partículas. Paralelamente, e no caso de rotas internacionais, existem já alguns mercados a
aplicar incentivos ao transporte com veículos Natural Power, como é o caso do mercado alemão com a isenção de portagens para veículos a gás natural.
O que será necessário para que esta tecnologia possa ter maior aceitação junto do mercado? A rede de abastecimento ainda algo limitada é um entrave à sua disseminação? A consciencialização da classe política portuguesa da importância das energias naturais, mediante legislação adequada, incentivos aos transportadores que utilizem Natural Power e apoios ao aumento da rede de abastecimento seriam extremamente importantes. É, aliás, um contrassenso, numa altura em que tanto se fala das alterações climáticas e da importância da preservação do meio ambiente, o governo Português não direcionar esforços nesse sentido. Apesar destes constrangimentos, não considero que a limitação da rede possa ser um entrave aos veículos Natural Power. Se, por um lado, temos verificado a aposta de operadores privados na disseminação da rede de abastecimento, para transportadores que pratiquem o transporte internacional, em Espanha, bem como nos restantes países europeus, encontram uma forte e ampla rede de abastecimento. /