4/UBC : NOTÍCIAS
NOVIDADES NACIONAIS Por Alessandro Soler, do Rio
“SÃO OS AMIGOS QUE ME DIZEM QUANDO CHEGOU A HORA DE FAZER ALGO NOVO”
Foi muito diferente produzir o disco anterior da Gal com seu pai e este novo com Kassin? Muito. Meu pai estava com o projeto do “Recanto” todo pronto na cabeça, com todas as composições feitas especialmente para isso, precisava de mim (e do Kassin também, que fez quase todas as bases sozinho) mais para realizar o que já estava nos seus pensamentos. Neste agora, eu e Kassin partimos da organização do repertório que Gal começou com Marcus Preto e fomos construindo as bases conforme cada canção necessitava. O resultado, entretanto, guarda alguma semelhança com a sonoridade de “Recanto”, já que temos o Kassin nas bases de ambos. Você já produziu muito bamba, já fez dupla, orquestra, mas só recentemente lançou o primeiro disco solo no Brasil. Por que esperou tanto? Gosto de produzir e aprendi fazendo meus próprios discos! Desde 1999 estamos fazendo nossos discos, eu, Kassin e Domenico no projeto +2. Depois vieram discos de amigos da nossa geração, como Jonas Sá e Rubinho Jacobina. Nesse meio tempo fizemos uma trilha para o Grupo Corpo e ainda lancei um disco solo no Japão. Agora volto ao meu estilo mais pessoal, que remete bastante ao primeiro disco nosso no +2. Claro que, do meu ponto de vista, estou sempre trabalhando, mas agora fico feliz de poder estar no palco com meus amigos mais uma vez. Sem contar com a experiência transcendental da Orquestra Imperial, que corre paralela a tudo isso e é sempre uma alegria. Já está produzindo algo novo seu? Ainda estou considerando que meu disco novo, “Coisa Boa”, está em fase de trabalho e não comecei a pensar em nenhum outro projeto pessoal. Mas, como sempre, o chamado vem dos amigos. São eles que me dizem quando chegou a hora de fazer algo novo. Filho de Caetano, afilhado de Gal… É mais dor ou delícia ser quem é? Quase que apenas delícia! Muita felicidade para mim! Adoro minha gente, minha família e a música brasileira! O quase fica por conta de algum assédio por parte de repórteres que sofro desde criança e com o qual convivia muito mal até me tornar adulto. O resto é maravilha!
Foto: Cole Evelev
MENOS DE UM ANO DEPOIS DE LANÇAR SEU PRIMEIRO ÁLBUM SOLO NO BRASIL, MORENO VELOSO COASSINA A PRODUÇÃO DO 36º DISCO DA MADRINHA GAL COSTA, NO QUAL IMPRIME AINDA MAIS SUA MARCA
Moreno Veloso cursou Física por anos na Universidade Federal do Rio de Janeiro e acredita na fascinante teoria dos universos paralelos. Ele sempre os habitou. Excelente com números e abstrações, é dono de incrível sensibilidade musical, fruto (ou não) do meio em que nasceu, há 42 anos. Primogênito de Caetano Veloso, afilhado de Gal Costa, Moreno produz – canções, álbuns, shows, bandas – há décadas, atua no projeto +2 (que nasceu Kassin +2, mas perdeu “o” cabeça e, hoje, vai alternando líderes entre Kassin, Domenico Lancelotti e Moreno), ajudou a fundar uma das principais big bands contemporâneas, a carioca Orquestra Imperial, e presenteou a música com “Recanto”, o álbum-reinvenção de Gal que todo mundo aguardava. Produzido com o pai, o disco de 2011 foi, como ele descreve, inteiramente bolado por Caetano. Agora vai ser diferente. Produtor do novo (o 36º) da madrinha, sem nome até o fechamento desta edição, ele trabalhou ao lado de Kassin e do jornalista Marcus Preto, imprimindo sua marca nas bases, nas sonoridades. E imprimir algo seu é desejo latente nesse artista completo, que, depois de décadas de carreira, lançou, no ano passado, o primeiro álbum solo no país, “Coisa Boa”.