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Novidades Nacionais
“SÃO OS AMIGOS QUE ME DIZEM QUANDO CHEGOU A HORA DE FAZER ALGO NOVO”
Menos de um ano depois de lançar seu primeiro álbum solo no Brasil, Moreno Veloso coassina a produção do 36º disco da madrinha Gal Costa, no qual imprime ainda mais sua marca
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Por Alessandro Soler, do Rio
Moreno Veloso cursou Física por anos na Universidade Federal do Rio de Janeiro e acredita na fascinante teoria dos universos paralelos. Ele sempre os habitou. Excelente com números e abstrações, é dono de incrível sensibilidade musical, fruto (ou não) do meio em que nasceu, há 42 anos. Primogênito de Caetano Veloso, afilhado de Gal Costa, Moreno produz – canções, álbuns, shows, bandas – há décadas, atua no projeto +2 (que nasceu Kassin +2, mas perdeu “o” cabeça e, hoje, vai alternando líderes entre Kassin, Domenico Lancelotti e Moreno), ajudou a fundar uma das principais big bands contemporâneas, a carioca Orquestra Imperial, e presenteou a música com “Recanto”, o álbum-reinvenção de Gal que todo mundo aguardava. Produzido com o pai, o disco de 2011 foi, como ele descreve, inteiramente bolado por Caetano. Agora vai ser diferente. Produtor do novo (o 36º) da madrinha, sem nome até o fechamento desta edição, ele trabalhou ao lado de Kassin e do jornalista Marcus Preto, imprimindo sua marca nas bases, nas sonoridades. E imprimir algo seu é desejo latente nesse artista completo, que, depois de décadas de carreira, lançou, no ano passado, o primeiro álbum solo no país, “Coisa Boa”.
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Foi muito diferente produzir o disco anterior da Gal com seu pai e este novo com Kassin?
Muito. Meu pai estava com o projeto do “Recanto” todo pronto na cabeça, com todas as composições feitas especialmente para isso, precisava de mim (e do Kassin também, que fez quase todas as bases sozinho) mais para realizar o que já estava nos seus pensamentos. Neste agora, eu e Kassin partimos da organização do repertório que Gal começou com Marcus Preto e fomos construindo as bases conforme cada canção necessitava. O resultado, entretanto, guarda alguma semelhança com a sonoridade de “Recanto”, já que temos o Kassin nas bases de ambos.
Você já produziu muito bamba, já fez dupla, orquestra, mas só recentemente lançou o primeiro disco solo no Brasil. Por que esperou tanto?
Gosto de produzir e aprendi fazendo meus próprios discos! Desde 1999 estamos fazendo nossos discos, eu, Kassin e Domenico no projeto +2. Depois vieram discos de amigos da nossa geração, como Jonas Sá e Rubinho Jacobina. Nesse meio tempo fizemos uma trilha para o Grupo Corpo e ainda lancei um disco solo no Japão. Agora volto ao meu estilo mais pessoal, que remete bastante ao primeiro disco nosso no +2. Claro que, do meu ponto de vista, estou sempre trabalhando, mas agora fico feliz de poder estar no palco com meus amigos mais uma vez. Sem contar com a experiência transcendental da Orquestra Imperial, que corre paralela a tudo isso e é sempre uma alegria.
Já está produzindo algo novo seu?
Ainda estou considerando que meu disco novo, “Coisa Boa”, está em fase de trabalho e não comecei a pensar em nenhum outro projeto pessoal. Mas, como sempre, o chamado vem dos amigos. São eles que me dizem quando chegou a hora de fazer algo novo.
Filho de Caetano, afilhado de Gal… É mais dor ou delícia ser quem é?
Quase que apenas delícia! Muita felicidade para mim! Adoro minha gente, minha família e a música brasileira! O quase fica por conta de algum assédio por parte de repórteres que sofro desde criança e com o qual convivia muito mal até me tornar adulto. O resto é maravilha!
VAVÁ RODRIGUES E O PESSOAL DA BANDA, MÚSICA NORDESTINA FEITA EM SP
No caldeirão São Paulo, um grupo formado por músicos de diversas partes do país honra a melhor tradição multiétnica e multicultural brasileira e faz um som único, de tempero forte. Há quase uma década na pista, Vavá Rodrigues e o Pessoal da Banda têm dois álbuns independentes, “Misturêra”, de 2010, e “For All”, do ano passado, que entregam de cara a marca registrada deles: baião, xote, xaxado, galope, forró, rock e pop bem azeitados e cozidos em fogo alto. Entre as influências do time, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiros, AC/DC e Herbie Hancock – vale tudo, desde que seja bom. Figuras frequentes em projetos como Encontros e Seis na Sé, no metrô de São Paulo, Arte no Parque (Villa-Lobos) e Feiras Culturais da Vila Pompeia e da Vila Madalena, além da Virada Cultural, eles fazem o que chamam de música paulistana com sotaque nordestino, que toma forma pelas mãos de Vavá Rodrigues (violão e voz principal), André Rodrigues (guitarra e vocal), Ivan Teixeira (teclado e vocal), Marcelo Narita (baixo e vocal), Chuvisco do Acordeon (sanfona e vocal), Bidu Novais (bateria) e Raphael Coelho (percussão). Uma amostra das principais criações audiovisuais do grupo está no canal deles no YouTube (youtube.com/vavaeopessoal).
CLAUS E VANESSA, CASAL SIMPATIA
Autênticos representantes da canção gaúcha, Claus e Vanessa, parceiros no palco e na vida, lançam seu novo DVD, “Luz”, repleto de canções romântica compostas por eles mesmos ou em parceria com Mauricio Bressan, Eduardo Follmann, Maurício Hansel, Rafael Ponde, Alexandre Maia e Juliano Cortuah. Gravado no NY 72, em Porto Alegre, o trabalho começa com “O Som do Mar”, típica mistura praiana de reggae e pop que marca o estilo da dupla. Além de tocar violão, Claus ataca como vocalista em “Me Leva Embora” e divide a cena com Vanessa em “Você Aqui”. “O Nosso Amor é Luz”, “Teu Cheiro” e “Longe de Você” são outros momentos marcantes do DVD, que, nos extras, mostra bastidores da produção e também do nascimento de Olivia, filha do casal, que ganha declaração de amor na praia.
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MATURADA HÁ ANOS, A VOLTA DE TITO MADI
Quase uma década depois de gravado, o novo disco de Tito Madi foi lançado em março passado pelo selo Fina Flor. Minuciosamente editado, “Quero Dizer Que Te Amo” apresenta o mestre emprestando novamente sua voz suave e profunda a sambas-canções, sobretudo, em 14 composições – oito dele mesmo, cinco do parceiro na empreitada, o maestro Gilson Peranzzetta (coassinadas por Paulo César Pinheiro e Nelson Wellington, entre outros), e, fechando a seleção, “Amanhecer”, de Chiquito Braga e Ana Maria. As participações dos músicos não são menos ilustres: Mauro Senise, Paulo Russo, João Cortez, Peranzzetta e Braga, que ajudam a rechear o primeiro álbum em 15 anos do precursor da bossa nova com pérolas como “Quero Dizer Que Te Amo”, “Flor de Mim” (parceria de Madi com Sergio Natureza) e “Indiferença” (com Lysias Ênio). Recuperando-se desde 2007 de um acidente vascular cerebral (AVC), Madi se adapta ao novo registro vocal, mais grave, enquanto espera continuar a escrever e compor. “Não posso tocar violão por causa do braço (esquerdo) que não tem movimento”, disse em entrevista ao diário “Folha de S. Paulo”. “Quero ver se minha voz fica normal, porque quero continuar gravando e compondo”, planeja, aos 85 anos.
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O NOVO SONHO DOS CANTORES DE ÉBANO
Um dos mais talentosos grupos vocais brasileiros está de novo em cena, depois de um hiato de anos, e quer voltar a surpreender. Os Cantores de Ébano, sucesso na década de 1960 com seu estilo baseado no spiritual, o canto afro-religioso norte-americano tido como sustentáculo do jazz, do blues, do r&b e do gospel, lança o álbum “Um Sonho a Mais”, que traz versões a capella de clássicos como “Romaria”, “Ave Maria no Morro”, “Ita no Norte” e “Asa Branca”. Com produção de Cleber de Matos e direção de Jair Medalha, o trabalho é o primeiro a registrar a participação de Iaci Pinto, baixo profundo que sucedeu ao falecido Noriel Vilela, um dos membros originais do grupo fundado pelo saudoso Nilo Amaro e que conta com três sopranos, dois contraltos, quatro baixos e dois tenores, todos negros, e se orgulha de beber nas nobres fontes de The Platters, Nat King Cole e Ray Charles. “Uirapuru” e “Leva Eu Sodade”, os dois sucessos maiores do grupo, que frequentaram as rádios em décadas passadas e ajudaram a inscrever o nome dos Cantores de Ébano na história da nossa música, também aparecem no CD.
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TULIPA E GUSTAVO RUIZ, DUPLA DE TRÊS
Um dos nomes mais fortes da atual cena paulistana, Tulipa Ruiz lança este mês seu aguardado terceiro disco, "Dancê", mais uma vez marcado pela parceria com o irmão, o produtor Gustavo Ruiz, e por composições que ela divide com convidados especiais. Uma delas, “Virou”, foi escrita por ela e pelo paraense Felipe Cordeiro. As gravações do álbum de pop rock foram finalizadas antes do carnaval e ganharam mixagem e edição cuidadosas. Tulipa e Gustavo já haviam trabalho juntos nos discos “Efêmera” e “Tudo Tanto”. Os músicos que participaram das gravações do novo trabalho foram Luiz Chagas (guitarra), Márcio Arantes (baixo) e Caio Lopes (bateria), entre outros convidados.
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A VIOLA MODERNA DE YASSÍR CHEDIAK
Compositor de trilhas sonoras para filmes e novelas e apresentador de programas no Canal Rural e na Rádio Roquette-Pinto, o violeiro Yassír Chediak lança o seu quarto CD de carreira, “Mundo Afora”, e já está em turnê com o show “Arrasta-Pé Violado”. Clássicos como “Pinha do Pinheiro”, “Mineirinha”, “Panelha Velha” e “Tchau Amor” ganham releituras. Além da viola, o acordeão e o violino, entre diversos outros instrumentos, se unem em experimentações que cruzam estilos para além da música instrumental de raiz. Entre os destaques do álbum, “Seresteiro da Chuva”, parceria de Yassír com o poeta paranaense Carlos Borges, “Amuleto” e “Viramundo”, de ritmo dançante, e “Mundo Afora”, que remete aos trabalhos de Almir Sater, Renato Teixeira e Zé Ramalho.
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ATAULPHO ALVES JÚNIOR, DE FILHO PARA PAI
Sem “modernizações” nem concessões à “moda”. Assim Ataulpho Alves Júnior define o disco que acaba de lançar pelo selo Choro Music (disponível em choromusic.com), uma deliciosa compilação de pérolas como “Quem é Que Não Sente” (Afonso Teixeira/Ataulfo Alves), “Você Não Quer, Nem Eu” (Ataulfo Alves), “Não Sei Dar Adeus” (Ataulfo Alves/Wilson Batista), “Pela Luz Divina” (Ataulfo Alves/Mario Travassos) e “Talento Não Tem Idade” (Ataulfo Alves). “São músicas que minha mãe cantarolava lavando roupa lá no Meier, bairro (carioca) onde eu nasci. Depois, com o tempo, já rapaz, pedi para minha mãe que gravasse essas músicas no meu gravador”, revela o cantor, que dividiu os palcos com o pai em 1963 e 1969. Os arranjos originais marcam a obra, e carecem de concessões “contemporâneas” por uma razão: carregam o frescor no DNA. Prova disso é a faixa “Preto, Mulato e Branco”, um samba-rap que Ataulpho diz ter antecipado o estilo: “O velho fez antes de ‘Deixa Isso Pra Lá’ (1964). Não apareceu na época porque no LP a música de trabalho foi outra”, afirma, referindo-se ao sucesso de Edson Menezes e Alberto Paz.
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