Revista UBC #29

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10/UBC : HOMENAGEM

TOQUINHO MEIO SÉCULO DE MÚSICA,

Por Almir Teixeira, de São Paulo

O público poderá ainda contar com uma série de convidados especiais no lançamento, dentre eles os que participaram da gravação, como Paulo Ricardo, Mutinho, Anna Setton, Verônica Ferriani e Tiê. Para Toquinho, motivo de festa não falta: “Creio mesmo que são 50 anos especiais! A vida me deu oportunidades para desenvolver meu talento como instrumentista, compositor e intérprete colocando em meu caminho pessoas que ajudaram a me aperfeiçoar a cada estágio do percurso. Amo fazer o que faço, o palco é a extensão de minha casa. Nele, sou simples e íntimo da plateia.” Segundo o artista, há apenas uma diferença entre ele e o jovem do Teatro Paramount que, em 1966, despontava para ser um dos maiores músicos da sua geração: meio século de experiência. “Meu maior trunfo é o reconhecimento popular, sempre renovado”, reflete. “Se perceber que deixei de fazer alguma coisa, tentarei fazer daqui para frente. Sempre é tempo de realizar ou refazer. E de comemorar!”, diverte-se. Já o cálculo dos 50 anos se confunde com a consciência da profissão adquirida desde os primeiros shows na década de 1960, alinhavados pelas primeiras composições e a posterior gravação do primeiro disco, ainda só instrumental, “O violão de Toquinho”, em 1966.

A JORNADA DE UM

TOQUINHO DE GENTE Antonio Pecci Filho - nome de batismo de Toquinho - nasceu em 1946, em São Paulo, no bairro do Bom Retiro, filho de pais com ascendência italiana. Ganhou o apelido quando, durante uma procissão de seu padroeiro, representou o Santo Antônio mais baixinho de que se teve notícia no bairro. Daí em diante,

Muito metódico e estudioso, dedicou o mesmo afinco para tornar-se o campeão de botão do bairro, ser o melhor aluno da escola e, mais tarde, dominar o violão como poucos. A música lhe chegou por todos os lados, desde um violino quebrado que a mãe guardava no armário aos discos de Ângela Maria, Luiz Gonzaga e Ray Coniff na vitrola. Sem contar os vozeirões de Anysio Silva, Nelson Gonçalves e Vicente Celestino, que faziam a cabeça do jovem por serem "dramáticas" e "tristíssimas". Por fim, o violão foi escolhido por Toquinho como uma possível saída para as crises emocionais que vivia, por se cobrar demais, principalmente nas épocas de prova na escola. No instrumento, teve uma primeira professora, que abandonou o aluno "por não saber ensinar tudo o que ele pedia" e passou em seguida a ter aulas com o mestre Paulinho Nogueira. Na segunda aula já surpreendeu o professor, ao fazer a lição de casa, que era ensaiar a música "Esse Seu Olhar", de Tom Jobim. Toquinho não só trouxe a música ensaiada como a tocou também em dois outros tons, levando o professor a pensar: "Este não é um aluno comum". Teve ainda como mestres Edgar Gianullo, da orquestra Simonetti, Oscar Castro Neves e Isaias Sávio. Com toda essa formação e os amigos apresentados por Paulinho Nogueira, em menos de dois anos Toquinho passou da participação em shows amadores para atuações profissionais. A primeira aparição na televisão foi na TV Record, no programa “Hully-Bossa”, uma competição musical entre os partidários da bossa nova e os adeptos do nascente rock ’n' roll. Em dezembro de 1964, participou com seu violão da peça “Balanço de Orfeu”, acompanhando Taiguara, e foi responsável pela direção musical da apresentação em São Paulo da peça “Liberdade, Liberdade”, que tinha em seu elenco estrelas como Paulo Autran, Tereza Rachel e Oduvaldo Viana Filho. Toquinho também fez grande figura nos clássicos festivais da época. No 3° Festival da Canção Popular da TV Record, concorreu, em parceria com Vitor Martins, com a música “Belinha”, cantada por Wilson Simonal, desclassificada,

Foto: Marcos Hermes

O próximo 18 de novembro será de festa para a música brasileira. Nesse dia, sobe ao palco do Teatro WTC, em São Paulo, o grande Toquinho, para lançar o DVD de comemoração de seus 50 anos de carreira e 70 de vida. O trabalho é uma condensação da sua obra por meio de canções representativas de cada fase, como “Aquarela”, “Que Maravilha”, “Regra Três” e “O Caderno”, entre tantos clássicos inesquecíveis.

saiu de cena o “Toninho” para entrar o “Toquinho de gente”, como lhe chamava sua mãe, dona Diva.


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