14/UBC : CAPA
RECEITA DE ARTISTA COM PEGADA EMPREENDEDORA, E SEM A TUTELA DAS GRANDES GRAVADORAS, CANTORES E COMPOSITORES AMPLIAM GANHOS POR MEIO DE FINANCIAMENTO COLETIVO, EDITAIS PÚBLICOS, PATROCÍNIOS DE EMPRESAS, PLATAFORMAS ON-LINE E MERCHANDISING Por Luciano Matos, de Salvador Colaboração de Andrea Menezes, de Brasília Ilustração de Gustavo Barbosa Todo compositor sonha com viver do fruto direto da sua arte – a arrecadação de direitos autorais. Mas a realidade e as dinâmicas do mercado nem sempre o propiciam, de maneira que proliferam soluções alternativas adotadas por artistas empreendedores, que arregaçam as mangas e atuam diretamente na gestão das próprias carreiras. Se um dos possíveis manás de tempos passados – os polpudos contratos com grandes gravadoras – se tornou tão raro que já quase nem se configura como uma opção viável, criadores de todo o país encontram novas maneiras de se bancar. Que passam por financiamento coletivo, editais públicos, patrocínios de empresas, plataformas on-line de autodivulgação e shows ao vivo, merchandising de produtos, a velha venda de discos (devidamente adaptada à era digital) e, por que não?, até um contrato eventual com gravadora. Artistas, especialistas em gestão e empresários coincidem num ponto: dificilmente um artista sobrevive de apenas uma dessas iniciativas e precisa entender de uma vez que é parte ativa no processo de elaboração de estratégias. Para o Consultor do Sebrae especializado no mercado de música Leonardo Salazar, todo criador de arte deve enxergar sua atividade como um negócio, e isso não desqualifica a criação artística; pelo contrário, esse comportamento aumenta as chances de sucesso no desenvolvimento da carreira. “O que vai mudar de um artista para o outro, obviamente, é o peso de cada categoria de receita em relação ao faturamento total”, afirma. Fazer shows e vender discos, por exemplo, continuam sendo as formas mais comuns e, agora, viabilizam-se por meio de formatos inovadores como o financiamento coletivo, ou crowdfunding. Nele, o artista propõe um projeto (portanto, o primeiro passo, naturalmente, é ter o que dizer e saber como vender a ideia); então, estabelece uma meta (um show, um álbum, um filme, o que for), calcula o custo e publica tudo numa das inúmeras plataformas dedicadas ao modelo. O público, por sua vez, o apoia, se quiser e com quanto puder. Em troca, esses fãs patrocinadores ganham recompensas (estreias exclusivas, brindes, discos e outras peças autografados), dependendo do valor desembolsado. O maior prêmio, no entanto, é ver o projeto no qual investiu sendo realizado.