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THY CATAFALQUE

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RAGE

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Reciclando Ou de como um objeto rejeitado se converteu no leitmotiv de um novo álbum de Tamás Kátai. Entrevista: CSA | Fotos: Gyöngyi Kudlik

Saudações, Tamás! O teu novo álbum é tão surpreendente como a sua capa, que combina elementos muito Folk (por exemplo, as flores de cores vivas) com outros geralmente associados ao advento das novas tecnologias (tais como o astronauta e a nave espacial). O que pensas deste comentário? Tamás – Fico a saber que o artwork e a música [deste álbum] se complementam e fortalecem mutuamente e era assim que devia ser na minha visão. Queria algo colorido e excitante, na linha do conteúdo áudio e das letras e, assim que consegui estabelecer o conceito para o artwork, foi muito mais fácil terminar o álbum, porque ele mostrou-me o caminho.

Onde encontraste esta capa? É uma pintura em acrílico sobre madeira, que eu encontrei em Makó, na arrecadação do meu pai. Ia ser queimada no forno, mas eu salvei-a. É uma bela peça. Sempre adorei estas caixas de noivas tradicionais da cultura húngara decoradas com tulipas e veio-me à cabeça a ideia de as misturar com elementos alusivos ao espaço e à ciência. A minha namorada pintou a versão final usando a paleta de cores das pinturas khokhloma russas. Foi esse o contributo dela. Portanto, o artwork é uma miscelânea de conceitos, tal como a música [do álbum].

Aos meus ouvidos, este «Naiv» é de uma grande complexidade no que se refere aos estilos musicais. - Que “ingredientes” combinaste para o compor? Não fiz nada radicalmente diferente do meu habitual. Como sempre, limitei-me a tocar e assim fui construindo algo novo, que me pareceu interessante. Desta vez, ficou assim. Penso que as minhas raízes do Metal estarão sempre presentes em Thy Catafalque de alguma forma, através do poder do riff. E é claro que a base Folk e as influências eletrónicas saltam à vista. O que é algo inovador é o recurso a alguns elementos orientais, que nunca tinha usado antes em Thy Catafalque. - Não é um tanto contraditório “cozinhar” um álbum tão complexo para tratar de algo que supostamente é “naïve”? A mim não me parece que isto é complexo. Penso que é apenas variado. A complexidade não tem mesmo nada a ver comigo. Nem sequer consigo tocar a minha guitarra como deve ser. Sempre preferi Burzum a Dream Theater, compreendes?

E por que escolheste a arte naïf para ser o tema central de um álbum de Thy Catafalque? A essência da arte naïf tem a ver com a ideia de não ter recebido uma educação formal num certo campo, é uma espécie de profissionalismo invertido. Pareceme que é o que eu sempre fiz. Penso que a candura que existe no meu trabalho se assemelha muito ao espírito dos pintores naïf.

Temos o Vajk Kobza no oud [N. R.: uma espécie de alaúde], Gábor Drótos de Gutted no violino, na viola, no violoncelo e na guitarra clássica, Zoltán Pál dos Sear Bliss no trombone, Marilú Theologiti no violoncelo, Péter Jelasity no saxofone e Sándor Szabó na quena [N. R.: uma espécie de flauta]. - De que forma envolveste cada um deles nesta demanda musical? De um modo geral, todos tiveram inteira liberdade para tocar ou cantar da forma que lhes apetecesse. É mais entusiasmante para mim ter em atenção as suas achegas e leva-me em novas direções em que não tinha pensado antes. São todos grandes músicos, tenho imenso respeito por eles e estou-lhes muito grato.

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Que mensagem querias transmitir com este álbum? Nenhuma em especial. Trata-se apenas de um punhado de canções que estavam dentro de mim. Ficas com o que quiseres. Como encontraste tantas fontes de inspiração para a tua música? Não sei bem dizer. Ultimamente, não sei bem porquê, até nem tenho ouvido muita música. Sei que é algo que tem de mudar, porque anda por aí muita música interessante. Desta vez, inspirei-me no meu íntimo e nas belas artes. Como sempre, fizeste tudo [no álbum], mas convidaste outros artistas para se juntarem a ti nesta aventura. - Quem são eles? Sim, desta vez tive 11 artistas a tocar ou cantar no álbum, o maior número na história deste projeto musical até agora. Muitos deles são velhos amigos, que já me tinham ajudado antes. Há o Zoltán e o Badó da minha antiga banda Gire, a Martina de Nulah e o Gyula [Vasvári] dos Perihelion, na voz. “ Não fiz nada radicalmente diferente do meu habitual. Como sempre, limitei-me a tocar e assim fui construindo algo novo, que me pareceu interessante. […]

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