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PURE WRATH
from Versus#55
Pure Wrath Da ditadura
É este o tema central do EP dos Pure Wrath intitulado «The Forlorn Soldier», lançado pela Debemur Morti, que anuncia o terceiro álbum desta one man band indonésia. Entrevista: CSA
Saudações, Januaryo! O teu nome é muito português. Nós escrevemos Januário. Januaryo – Olá! Sim, soa muito português. Os meus pais puseramme este nome, porque combina referências a janeiro (o mês em que eu nasci) e aos seus nomes.
És muito jovem, mas já tens uma carreira invejável. Por favor, fala-nos dos momentos mais importantes do teu percurso na cena Metal. O mais importante momento da minha vida foi a minha primeira digressão no Japão, em 2018. Estive em Tóquio e Yokohama com a minha outra banda, que se chama Perverted Dexterity. Foi muito emocionante para mim. Cresci em contacto com a cultura japonesa – por exemplo, com os anime, os manga, música Rock japonesa e
filmes. Portanto, ir tocar nesse país que eu adoro foi verdadeiramente fantástico. Até gravei lá o meu primeiro álbum ao vivo. Tenciono voltar lá, sem sombra de dúvidas!
O que podes dizer-nos sobre a cena Metal na Indonésia? É bastante grande. No meu país, pode-se viver de ser músico de Metal. Ainda é tudo muito simpático e o público é sempre
acolhedor. Também é frequente virem cá bandas ocidentais em digressão e ficarem com vontade de voltar.
Adorei este EP e, é claro, gostaria de saber mais sobre ele. - Podes dar-nos mais pormenores sobre o incidente político que escolheste para tema deste lançamento? Data do tempo em que o tirano usava a força do exército nacional para raptar e matar quem quer que fosse que alegadamente apoiasse o partido comunista. Pessoas inocentes foram acusadas e mortas, embora não tivessem qualquer envolvimento em questões políticas. Muitas famílias camponesas receberam apoio do partido comunista (por exemplo, sementes e fertilizantes mais baratos ou até grátis). Esses inocentes camponeses nem conheciam a ideologia desse movimento. Apenas se sentiam gratos pela ajuda recebida, que lhes tinha permitido sobreviver e continuar a cultivar as suas terras. Mas, mais tarde, isso foi usado pelo tirano como pretexto para os acusar e mandar matar. - Gostei muito do contraste entre a tua voz áspera, a atmosfera Black Metal da música de Pure Wrath e a bateria obsessiva e, do outro lado, a beleza dos elementos melódicos e atmosféricos. De que forma servem os teus propósitos estéticos? Pessoalmente, assumo uma posição artística baseada no contraste. Gosto de misturar todo o tipo de coisas, desde que o resultado seja interessante e soe bem. Para mim, elementos que podem parecer estranhos sublinham a natureza da música de Pure Wrath e isso é realmente maravilhoso. - A capa do álbum é fantástica. Li que foi pintada por Aghy Purakusuma. Fala-nos um pouco dessa colaboração. Aghy é um bom amigo e membro de uma das minhas bandas de Death Metal favoritas na Indonésia: Digging Up. Sempre gostei da sua pintura e, por conseguinte, decidi que todos os álbuns de Pure Wrath terão capas pintadas por ele.
A Debemur informa-nos de que convidaste dois músicos para tocar contigo neste EP: um baterista e um pianista. - Como os encontraste? Já conhecia o Yurii Kononov devido ao seu trabalho em Marunata e White Ward. A Dice Midyanti é a pianista e compositora da minha banda indonésia de Symphonic Metal favorita que dá pelo nome de Victorian.
- Envolveste-os de alguma forma na criação deste EP? Enviei-lhes o EP quando estava todo escrito, incluindo bateria programada e uma versão simples das partes de piano tocadas por mim. Mais tarde, eles reenviaramme a gravação, depois de terem trabalhado as suas partes. Ficaram no seu estilo próprio, depois dos arranjos feitos a partir do meu “rascunho”.
Uma vez que este lançamento é um EP, podemos esperar para breve o lançamento de um terceiro álbum de Pure Wrath? Sim. Neste momento, estou a escrever esse terceiro álbum. Este EP é a ponte que o liga a «Sempiternal Wisdom» [Pest Productions, 2018]. Deverá estar pronto no fim de 2020.
A Debemur também nos diz que este EP é diferente do que podemos ouvir nos teus lançamentos anteriores. Podes comentar? Para mim, este EP também é diferente. Incluí nele partes vocais que nunca tinha usado antes. Os riffs e outros elementos são mais tenebrosos do que nos lançamentos anteriores. Eu diria que este EP é muito triste e mais depressivo, enquanto os meus lançamentos anteriores têm vibrações bem mais positivas.
Calculo que vais fazer concertos no teu país para apresentar este
EP. Vais também tocar em países estrangeiros? Neste momento, estou a ensaiar muito com os meus músicos ao vivo. Vamos tocar em Singapura em março e em breve teremos mais datas no nosso calendário de concertos.
Cada um dos teus lançamentos foi feito com uma editora diferente, certamente devido à qualidade da tua música. Como é que a Debemur entrou em contacto contigo? Foi o Yurii Kononov que me apresentou à Debemur Morti. Enviou-lhes a versão demo do EP e, para minha grande surpresa, eles gostaram imenso dele. Geralmente, não lançam EP, pelo que fiquei encantado por eles se terem interessado pelo meu e avançado para o lançamento.
Queres deixar uma mensagem especial aos teus fãs portugueses (já que espero que esta entrevista leve os metal heads do meu país a ouvir a tua música)? Espero poder encontrar-me com os meus fãs em Portugal no próximo ano. Estamos a trabalhar para esse efeito. Muito obrigado a todos os que procuram a minha música e se interessam por ela! Saudações da Indonésia!
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