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PURE WRATH

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THY CATAFALQUE

THY CATAFALQUE

Pure Wrath Da ditadura

É este o tema central do EP dos Pure Wrath intitulado «The Forlorn Soldier», lançado pela Debemur Morti, que anuncia o terceiro álbum desta one man band indonésia. Entrevista: CSA

Saudações, Januaryo! O teu nome é muito português. Nós escrevemos Januário. Januaryo – Olá! Sim, soa muito português. Os meus pais puseramme este nome, porque combina referências a janeiro (o mês em que eu nasci) e aos seus nomes.

És muito jovem, mas já tens uma carreira invejável. Por favor, fala-nos dos momentos mais importantes do teu percurso na cena Metal. O mais importante momento da minha vida foi a minha primeira digressão no Japão, em 2018. Estive em Tóquio e Yokohama com a minha outra banda, que se chama Perverted Dexterity. Foi muito emocionante para mim. Cresci em contacto com a cultura japonesa – por exemplo, com os anime, os manga, música Rock japonesa e

filmes. Portanto, ir tocar nesse país que eu adoro foi verdadeiramente fantástico. Até gravei lá o meu primeiro álbum ao vivo. Tenciono voltar lá, sem sombra de dúvidas!

O que podes dizer-nos sobre a cena Metal na Indonésia? É bastante grande. No meu país, pode-se viver de ser músico de Metal. Ainda é tudo muito simpático e o público é sempre

acolhedor. Também é frequente virem cá bandas ocidentais em digressão e ficarem com vontade de voltar.

Adorei este EP e, é claro, gostaria de saber mais sobre ele. - Podes dar-nos mais pormenores sobre o incidente político que escolheste para tema deste lançamento? Data do tempo em que o tirano usava a força do exército nacional para raptar e matar quem quer que fosse que alegadamente apoiasse o partido comunista. Pessoas inocentes foram acusadas e mortas, embora não tivessem qualquer envolvimento em questões políticas. Muitas famílias camponesas receberam apoio do partido comunista (por exemplo, sementes e fertilizantes mais baratos ou até grátis). Esses inocentes camponeses nem conheciam a ideologia desse movimento. Apenas se sentiam gratos pela ajuda recebida, que lhes tinha permitido sobreviver e continuar a cultivar as suas terras. Mas, mais tarde, isso foi usado pelo tirano como pretexto para os acusar e mandar matar. - Gostei muito do contraste entre a tua voz áspera, a atmosfera Black Metal da música de Pure Wrath e a bateria obsessiva e, do outro lado, a beleza dos elementos melódicos e atmosféricos. De que forma servem os teus propósitos estéticos? Pessoalmente, assumo uma posição artística baseada no contraste. Gosto de misturar todo o tipo de coisas, desde que o resultado seja interessante e soe bem. Para mim, elementos que podem parecer estranhos sublinham a natureza da música de Pure Wrath e isso é realmente maravilhoso. - A capa do álbum é fantástica. Li que foi pintada por Aghy Purakusuma. Fala-nos um pouco dessa colaboração. Aghy é um bom amigo e membro de uma das minhas bandas de Death Metal favoritas na Indonésia: Digging Up. Sempre gostei da sua pintura e, por conseguinte, decidi que todos os álbuns de Pure Wrath terão capas pintadas por ele.

A Debemur informa-nos de que convidaste dois músicos para tocar contigo neste EP: um baterista e um pianista. - Como os encontraste? Já conhecia o Yurii Kononov devido ao seu trabalho em Marunata e White Ward. A Dice Midyanti é a pianista e compositora da minha banda indonésia de Symphonic Metal favorita que dá pelo nome de Victorian.

- Envolveste-os de alguma forma na criação deste EP? Enviei-lhes o EP quando estava todo escrito, incluindo bateria programada e uma versão simples das partes de piano tocadas por mim. Mais tarde, eles reenviaramme a gravação, depois de terem trabalhado as suas partes. Ficaram no seu estilo próprio, depois dos arranjos feitos a partir do meu “rascunho”.

Uma vez que este lançamento é um EP, podemos esperar para breve o lançamento de um terceiro álbum de Pure Wrath? Sim. Neste momento, estou a escrever esse terceiro álbum. Este EP é a ponte que o liga a «Sempiternal Wisdom» [Pest Productions, 2018]. Deverá estar pronto no fim de 2020.

A Debemur também nos diz que este EP é diferente do que podemos ouvir nos teus lançamentos anteriores. Podes comentar? Para mim, este EP também é diferente. Incluí nele partes vocais que nunca tinha usado antes. Os riffs e outros elementos são mais tenebrosos do que nos lançamentos anteriores. Eu diria que este EP é muito triste e mais depressivo, enquanto os meus lançamentos anteriores têm vibrações bem mais positivas.

Calculo que vais fazer concertos no teu país para apresentar este

“[…] No meu país, podese viver de ser músico de Metal. Ainda é tudo muito simpático e o público é sempre acolhedor.

EP. Vais também tocar em países estrangeiros? Neste momento, estou a ensaiar muito com os meus músicos ao vivo. Vamos tocar em Singapura em março e em breve teremos mais datas no nosso calendário de concertos.

Cada um dos teus lançamentos foi feito com uma editora diferente, certamente devido à qualidade da tua música. Como é que a Debemur entrou em contacto contigo? Foi o Yurii Kononov que me apresentou à Debemur Morti. Enviou-lhes a versão demo do EP e, para minha grande surpresa, eles gostaram imenso dele. Geralmente, não lançam EP, pelo que fiquei encantado por eles se terem interessado pelo meu e avançado para o lançamento.

Queres deixar uma mensagem especial aos teus fãs portugueses (já que espero que esta entrevista leve os metal heads do meu país a ouvir a tua música)? Espero poder encontrar-me com os meus fãs em Portugal no próximo ano. Estamos a trabalhar para esse efeito. Muito obrigado a todos os que procuram a minha música e se interessam por ela! Saudações da Indonésia!

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