Actualidade Economia Ibérica - nº 301

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Actualidad

Economia ibérica julho 2022 ( mensal ) | N.º 301 | 2,5 € (cont.)

Empresas ibéricas

devem evidenciar-se na Europa

na energia, mobilidade elétrica e componentes PÁG. 48

“Me encantaría ver en el futuro un AVE Madrid-Lisboa” pág. 14

Trabalhar a felicidade para aumentar a produtividade pág.32


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Índice

Foto

índice

Sandra Marina Guerreiro

Nº 301 - julho de 2022

Actualidad

Economia ibérica

Diretora (interina) Belén Rodrigo

Grande Tema

Coordenação de Textos Clementina Fonseca Redação Belén Rodrigo, Clementina Fonseca e Susana Marques

32.

Copy Desk Julia Nieto e Sara Gonçalves Fotografia Sandra Marina Guerreiro Publicidade Rosa Pinto (rpinto@ccile.org) Assinaturas Sara Gonçalves (sara.goncalves@ccile.org) Projeto Gráfico e Direção de Arte Sandra Marina Guerreiro

Trabalhar a felicidade para aumentar a produtividade

Paginação Sandra Marina Guerreiro Colaboraram neste número Andreia Catarina Cardoso e Rui Rodrigues Contactos da Redação Av. Marquês de Tomar, 2 – 7º 1050-155 Lisboa Telefone: 213 509 310 • Fax: 213 526 333 E-mail: actualidade@ccile.org Website: www.portugalespanha.org Impressão What Colour is This? Rua Roy Campbell, Lote 5 – 4ºB 1300-504 Lisboa Telefone: 219 267 950 E-mail: info@wcit.pt Website: www.wcit.pt Distribuição VASP – DISTRIBUIDORA DE PUBLICAÇÕES Sede: Media Logistics Park, Quinta do Grajal – Venda Seca 2739-511 Agualva-Cacém

Editorial 04.

Opinião 06.

Consultoria financeira: porquê? Para que serve? - Rui Rodrigues

44.

Setor da construção: medidas extraordinárias de revisão de preço e de prazo de execução da obra - Andreia Catarina Cardoso

Nº de Depósito Legal: 33152/89 Nº de Registo na ERC: 117787 Estatuto Editorial: Disponível em www.portugalespanha.org As opiniões expressas nesta publicação pelos colaboradores, autores e anunciantes não refletem, necessariamente, as opiniões ou princípios do editor ou do diretor. Periodicidade: Mensal Tiragem: 6.000 exemplares _________________________________________ Propriedade e Editor CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO-ESPANHOLA - “Instituição de Utilidade Pública” NIPC: 501092382 Av. Marquês de Tomar, 2 – 7º 1050-155 Lisboa Comissão Executiva Miguel Seco, Luís Castro e Almeida, Ruth Breitenfeld, Enrique Hidalgo, Berta Dias da Cunha, Carla Rebelo, Pablo Forero e Maria Celeste Hagatong

A felicidade das pessoas, na equação do sucesso

Gestão e Estratégia 20.

“Hoje, são os colaboradores que escolhem as empresas onde querem trabalhar”

E mais... 08. 14. 20. 26. 28. 42. 46. 48. 56. 58. 58. 60. 62. 66.

Apontamentos de Economia Grande Entrevista Gestão e Estratégia Marketing Fazer Bem Advocacia e Fiscalidade Setor Imobiliário Eventos Intercâmbio Comercial Oportunidades de Negócio Bolsa de Trabalho Calendário Fiscal Espaço de Lazer Statements

Câmara de Comércio e Indústria

Luso Espanhola JULHO DE 2022

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editorial editorial

A felicidade das pessoas, na equação do sucesso

S

ó há uma coisa que fazemos mais na vida do que trabalhar: dormir. Seria uma boa notícia, se desconhecêssemos que os primeiros meses da nossa vida são passados na horizontal e que entramos cada vez mais tarde no mundo laboral. Ou seja, nos anos em que trabalhamos, ocupamos uma boa parte do nosso tempo a fazê-lo. A Gallup lembra que, em média, são 81.396 horas na

em geral. Isto porque, como sugere Jim Clifton, o CEO da Gallup, na introdução do estudo, o adágio que diz “encontra algo que gostes de fazer e nunca mais terás que trabalhar” pode não corresponder à verdade. Podemos gostar do que fazemos, ser bem pagos, mas estarmos infelizes ou não nos sentirmos envolvidos com a empresa e isso afetará o nosso desempenho e o da empresa. Os responsáveis do complexo

vida de cada pessoa e ressalva que está a fazer as contas por baixo. A consultora divulgou em junho o relatório “State of the Global Workplace”, resultado de entrevistas a profissionais de empresas em todo o mundo, em que se faziam perguntas desconfortáveis como: Sentiu-se stressado ontem? Sentiuse preocupado? Sentiu-se triste? Os resultados publicados colocam o dedo na ferida do mundo laboral e suscitam a discussão sobre a relação entre a felicidade e o desempenho dos profissionais ou o desempenho da economia,

empresarial Lionesa Business Hub, localizada em Matosinhos, não têm dúvidas sobre a importância da felidade dos profissionais e sobre o seu efeito multiplicador no universo laboral, uma espécie de Midas, que faz mexer e crescer tudo em que toca. Alinhados com o novo paradigma da indústria 5.0, que complementa a Indústria 4.0, acrescentando-lhe uma vertente de maior humanização, os responásveis deste centro empresarial centram-se nas pessoas, no talento e em manter o talento nas empresas que são as suas inquili-

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nas. Transformar um business hub num hapiness hub é a receita do LBH para seduzir novos e talentosos inquilinos! Com uma visão holística, no LBH convocam-se várias disciplinas para fazer deste centro empresarial “o lugar mais feliz para estar no Norte de Portugal”: arte e cultura, desporto, ambiente, network , lazer, tecnologia, inovação, parcerias com universidades, etc. O projeto está em curso e a direção do LBH quer validar (e corrigir, sempre que for o caso) a estratégia, pelo que se prepara para medir a felicidade dos profissionais que trabalham neste centro de empresas– atualmente 7.800, oriundos de 46 países e distribuídos por 120 empresas, mas, em breve, poderão ser 10 mil, porque até 2025 o LBH deverá duplicar a capacidade instalada de alojamento para empresas. O investimento anunciado é de 100 milhões de euros e alia à componente imobiliária a valorização do território, a construção de comunidade, a sustentabilidade e a cultura. O tema central desta edição da “Actualidad€ ” debruça-se sobre este caso e procura perceber como se impulsiona a felicidade nas empresas e que efeitos positivos pode gerar. Nesta edição, destaque ainda para o almoço-debate promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola (CCILE) com António Costa, o primeiro-ministro português, bem como para a entrevista com Isabel Ayuso, a presidente da Comunidade de Madrid.  Email: smarques@ccile.org


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opinião opinión

Por Rui Rodrigues*

Consultoria financeira: Porquê?

Para que serve?

“N

que dificulta e encarece o acesso a ã o consigo antecipar o nível de necessida- fontes de financiamento? - Os níveis de competitividade face des de tesouraria”. aos concorrentes e como acom“Não sei quanto é panhar as condições fornecidas que estou a ganhar pelos seus concorrentes? com o meu negócio”. “Não estava a contar com um A consultoria financeira vai pervalor tão alto de imposto a pagar mitir-lhe dar a resposta a estas esta semana/mês”. “Não percebo porque é que o questões. Serve, na prática para banco não me aprovou o financia- dotar a gestão/administração de informação financeira adequada à mento”. tomada de decisão e a definir soluReconhece algumas destas afir- ções sustentadas de gestão, mitigar mações? Elas são bem reais e riscos e incertezas, garantir o conref letem algumas das preocupa- trole e maximização da situação ções que muitos gestores se colo- financeira, permitindo-lhe: cam no contexto de gestão das • Renegociar com a banca os financiamentos em curso suas empresas. E porquê? Porque a contabilidade e os sistemas • Reprogramar os financiamentos associados ao PT2020 e cumprir de gestão, genericamente, não com as condições de acesso a estão “formatados/parametrizaincentivos comunitários e naciodos” para fornecer informação nais como o PRR ou o futuro adequada e atempada à gestão/ PT2030 administração, que lhes permita tomar decisões antecipadas, pre- • Saber antecipadamente quais os fluxos financeiros de entrada e cisas e sustentadas. saída, e respetivo saldo atual e Não dispõe de informação antecifuturo pada e precisa sobre: - A carga fiscal a suportar/ pagar, • Prever as obrigações fiscais ao longo do ano, aproveitando os nem sobre os mecanismos legais a benefícios fiscais ao investimento utilizar para a minimizar? existentes de forma a mitigar a - A situação de tesouraria nos meses carga fiscal futuros, resultando na tomada de decisões tardias ou precipitadas, • Reduzir custos operacionais – FSE e/ou RH ou mesmo na sua impossibilidade? - A situação das contas da empresa, • Encontrar as soluções mais efi-

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cazes de factoring e confirming (quer de clientes quer de fornecedores) • Aceder a uma maior diversidade de fontes de financiamento e a custos mais baixos • Angariar novos capitais, próprios e/ou alheios, em adição aos financiamentos bancários, através de investidores institucionais • Fusões e aquisições de empresas do mesmo setor • Aproximar-se dos níveis de competitividade dos concorrentes por via da otimização de custos Através de uma metodologia consistente de Diagnóstico - Plano de ação - Implementação, é possível corrigir erros, implementar estratégias e monitorizar o desenvolvimento de um negócio constantemente. O mercado encontra-se em mudança cada vez mais acelerada, pelo que é fundamental informação qualificada para suportar decisões atempadas. Em suma, além da necessidade de maximizar a obtenção de rendimentos, uma eficaz gestão financeira é essencial para que as empresas possam tomar melhores decisões de forma a potenciar um salto qualitativo no seu crescimento!  *Consultor da Yunit Consulting E-mail rui.rodrigues@yunit.pt


opinión

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apontamentos de economia apuntes de economÍa

Efacec finaliza um dos maiores projetos de engenharia portuguesa na área da mobilidade sustentável

A Efacec concluiu o Metro Ligeiro de Odense, na Dinamarca, que constituiu um dos maiores projetos de engenharia nacional, bem como o mais complexo e abrangente, ao nível de aplicação de valências, realizado a nível internacional na área da mobilidade pela Efacec. O contrato foi iniciado em junho de 2017 e ascendeu a 50M€, refletindo a dimensão e a integração de soluções prestadas pela empresa. O consórcio no qual a Efacec se integra, com as construtoras Comsa (espanhola) e Munck (dinamarquesa), foi escolhido para este projeto pela sua superioridade técnica e experiência, tendo-se des-

tacado no processo de consulta ao mercado, que envolveu os maiores players internacionais do setor. A Efacec foi responsável por desenvolver e instalar a componente eletromecânica do projeto, tendo a sua tecnologia sido integrada em todos os sistemas de energia, telecomunicações, sinalização e centros de comando. Adicionalmente às exigências típicas de um projeto com as características das do Metro Ligeiro de Odense, de elevada complexidade e sofisticação tecnológica, a Efacec teve de dar resposta aos mais diversos desafios durante a fase de implementação do projeto. Desde a execução em plena crise pandémica do covid-19, até à resolução de condicionantes de circulação de pessoas e de trânsito (viaturas e bicicletas), no decurso da obra, numa cidade sem experiência de convivência com um sistema de metro.

O Metro Ligeiro de Odense foi inaugurado no passado dia 28 de maio, cinco anos depois do projeto ter sido adjudicado ao consórcio da Efacec. Integra 14 quilómetros de linha, 26 estações de superfície, um centro de comando, 16 veículos e 56 cruzamentos. “Estima-se que diariamente serão transportados 35 mil passageiros. É um projeto notável e emblemático, que moldará o futuro de Odense, com soluções integradas nos campos da energia, mobilidade e ambiente, com a conetividade digital presente, áreas core da Efacec”, adianta esta companhia. Para Ângelo Ramalho, chairman e CEO da Efacec, “a inauguração do Metro Ligeiro de Odense, é mais uma evidência da competitividade tecnológica da Efacec e da capacidade de execução das nossas equipas, nos mais diversos ambientes. O Metro Ligeiro de Odense é um projeto emblemático na área da mobilidade e é um showroom vivo das diversas competências tecnológicas necessárias à execução de um projeto desta natureza. Todas desenvolvidas e entregues pela Efacec”, concluiu.

Corticeira Amorim conclui a aquisição da Cold River’s Homestead A Corticeira Amorim, através da sua participada Amorim Florestal II, adquiriu no passado dia 15 de junho a participação de 50% na sociedade Cold River´s Homestead, detida pela Par valorem, após verificação dos requisitos e condições previstos no acordo celebrado com a Parvalorem em junho de 2021, anunciou a Cor ticeira Amorim, através de um comunicado. No seguimento desta aquisição, no valor total de 14,6 milhões de euros, o Grupo Corticeira Amorim passa a deter integralmente a Cold

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River’s Homestead. Esta sociedade, sedeada em Lisboa, detém um conjunto de ativos (bens móveis e imóveis) afetos à exploração agroflorestal, que constitui uma parte (3.300 hectares) da Herdade de Rio Frio, uma herdade predominantemente florestal, com uma mancha de montado que cobre cerca de 80% do seu total. Tal como oportunamente anunciado, a Corticeira Amorim pretende melhorar a produtividade da atividade agroflorestal da Herdade de Rio Frio, designadamente através

de adensamentos a implementar neste montado único, com processos já experimentados em outras localizações. No âmbito da implementação do Projeto de Intervenção Florestal da Corticeira Amorim, esta “continua recetiva a analisar oportunidades de parceria com produtores florestais, instituições de investigação e entidades públicas locais, bem como aquisições de ativos agroflorestais com potencial de desenvolvimento e valorização do montado de sobro”, adianta o comunicado da empresa.


Breves Mercadona prossegue expansão

A Mercadona, que acaba de inaugurar o seu segundo supermercado na cidade de Braga (na foto), elevando para 32 o número de unidades da cadeia em Portugal, vai prosseguir a sua expansão também no sul do território português. Para dar continuidade ao seu projeto de expansão em Portugal, a empresa investirá 150 milhões de euros e abrirá 10 novos supermercados em Portugal durante 2022, o que incluirá chegar a cinco novos distritos: Viseu, Leiria, Santarém, Setúbal e Lisboa. A empresa previa abrir a nova unidade de Setúbal antes do fim de junho, a que se seguiria a do Montijo, também este verão. Antes do fim do ano, deverá abrir o seu primeiro supermercado no distrito de Lisboa, que se situará no concelho de

Oeiras (junto ao Taguspark). Quanto à nova unidade de Braga agora inaugurada, foi concebida segundo o Modelo de Loja Eficiente da Mercadona com corredores amplos, uma entrada com vidro duplo que evita correntes de ar, lineares específicos de sumos refrigerados, mural de sushi, charcutaria com presunto cortado à faca e embalado no momento, e uma máquina de sumo de laranja espremido na hora. Dispõe de 100 lugares de estacionamento e contará também com dois lugares destinados ao carregamento de veículos elétricos. A Mercadona tem continuado a apostar nas energias renováveis, através, por exemplo, da instalação de painéis solares em alguns supermercados, como é o caso da loja de Braga, onde existem 432 painéis solares com capacidade para produzir 200kW. Ao gerar energia renovável de origem fotovoltaica nas coberturas das lojas, para autoconsumo, a empresa poupa aproximadamente 20% de energia elétrica anualmente.

Cosec estima crescimento de 2% das insolvências em Portugal O número de insolvências entre as de empresas que enfrentem sérias difiempresas portuguesas deverá crescer culdades para cumprir pontualmente as 2% este ano face a 2021, e quase 16% suas obrigações”, explica Maria Celeste em 2023, estima a Cosec – Companhia Hagatong, presidente do conselho de de Seguro de Créditos. administração da Cosec. O crescimento previsto contrasta com O clima de incerteza económica na Europa, a queda registada nos últimos dois onde estão os principais parceiros comeranos: -2,3% em 2020 face a 2019 e ciais das companhias nacionais, a subi-12,3% em 2021 face a 2020. da dos custos de produção – refletindo “Nos últimos dois anos, a pandemia nomeadamente a escalada das matériaslevou o Governo a implementar vários -primas – e a inflação elevada são desafios mecanismos de apoio às empresas, o adicionais para as empresas, e que podem que terá permitido limitar o número de levar ao aumento das falências. insolvências. No entanto, a maioria des- Já no conjunto da Zona Euro, as insolvênsas ajudas terminou no final de 2021. Os cias devem aumentar 12% este ano face efeitos são já visíveis, por exemplo, na a 2021, como havia já previsto a Allianz subida de 19% dos Processos Especiais Trade, acionista da Cosec. Já para o próde Revitalização registados este ano, ximo ano, as estimativas apontam para um sinal claro do aumento do número uma subida de 16% face a 2022.

Aeroportos nacionais com número de passageiros perto do pré-pandemia O movimento de passageiros nos aeroportos nacionais atingiu os 4,9 milhões, em abril, o que representou uma subida de 725,1% face a março. Embora ainda esteja 6,5% abaixo de 2019, estes valores demonstram já uma forte recuperação do setor. Aterraram também 18,6 mil aeronaves em voos comerciais, um crescimento de 184,6% face ao mês anterior e 5,8% abaixo do registado no mesmo mês de 2019). Por dia, desembarcaram, em média, no conjunto dos aeroportos nacionais 83,8 mil passageiros (59,4 mil no mês anterior), “aproximando-se do observado em abril de 2019 (89,6 mil)”, revelam ainda os dados do INE. No período entre janeiro e abril, o número de passageiros aumentou 500,3% (-19,4% face a igual período de 2019). Nos quatro primeiros meses deste ano, França manteve-se como o principal país de origem e de destino dos voos, com crescimentos de 445,8% no número de passageiros desembarcados e 371,8% no número de passageiros embarcados, relativamente ao mesmo período de 2021. Seguiram-se o Reino Unido, a Espanha, a Alemanha e a Suíça. Nova SBE lança Plataforma de Dados sobre Turismo em África A plataforma WiTH Africa, criada pela Nova SBE, através do Westmont Institute for Tourism and Hospitality e do Data Science Knowledge Center, foi lançada no passado dia 31 de março, com o objetivo de promover uma comunidade de conhecimento que permita apoiar o planeamento e a tomada de decisão no domínio do turismo em África. Com o intuito de partilhar um conjunto abrangente de dados que permitam estudar a dinâmica do turismo em África e apoiar o desenvolvimento sustentável desta indústria, a plataforma permite desenvolver ferramentas para monitorizar a evolução do setor do turismo em África, divulgar o conhecimento para que este possa ser utilizado para aconselhar as políticas e estratégias empresariais, e dinamizar um espaço de colaboração ativa entre organizações. Hoje em dia, a informação sobre o turismo em África encontra-se dispersa, ou incompleta, o que dificulta o acesso a dados consistentes e que informem a tomada de decisões estratégicas pelos stakeholders do setor. Destinada aos decisores da área do turismo nos setores público e privado e à Academia, a plataforma WiTH Africa virá a funcionar como um agregador de fontes de dados relevantes para o desenvolvimento turístico em África, centralizando, num único espaço, informação relevante neste domínio. Disponibiliza ainda as últimas tendências no setor do turismo em África, bem como indicadores que

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Breves permitam acompanhar o desempenho dos diversos países em matéria de turismo. A WiTH Africa procurará também estimular a criação e a dinamização de uma comunidade de conhecimento que associará stakeholders relevantes neste domínio. Ao utilizarem os indicadores disponibilizados na plataforma e através da ferramenta “African Tourism Ecosystem”, os utilizadores da plataforma podem obter uma visão geral do turismo em cada um dos países africanos. É possível ainda, visualizar informações sobre todos os países africanos, com a ferramenta “Country Profiles”, que organiza a informação sobre o turismo nos diferentes países, e ainda manter dados atualizados sobre o setor do turismo em África, nas secções de “News” e “Reports” da plataforma.

Cluster do mobiliário e afins supera níveis pré-pandemia no primeiro trimestre de 2022 Após a ambição demonstrada em superar o melhor ano de sempre, o primeiro trimestre de 2022 confirma a tendência positiva esperada para o cluster do mobiliário e afins, que, pela primeira vez, supera os valores pré-pandemia. O intervalo compreendido de janeiro a março significou um volume de exportações avaliado em quase 500 milhões de euros, o que representa um crescimento de 4% face ao mesmo período de 2019. Em relação ao ano anterior, as vendas ao exterior ilustram um incremento de 6% para o cluster, que integra o mobiliário, a colchoaria, os assentos e outras atividades complementares. Os três primeiros meses do ano vigente evidenciam uma subida constante entre os mesmos, ao serem gerados cerca de 155 milhões em janeiro, um valor 12% acima de 2021, e 160 milhões em fevereiro. Já em março, o mês que mais impulsionou esta subida, o número alcançou os 169 milhões, aproximadamente. Aliadas à sustentabilidade, inovação e primazia pela qualidade, fatores pelos quais são reconhecidas, as marcas com etiqueta made in Portugal prosseguiram o caminho de internacionalização e aproveitaram a forte presença em diversos certames de elevado prestígio para gerar oportunidades de negócio. Nove dos dez principais destinos comerciais demonstram um desempenho positivo, quando comparados com o ano anterior. França destaca-se como o principal importador de produtos portugueses, com uma quota de quase 35%. É seguida de Espanha, que permanece como o segundo mercado mais importante para os produtores nacionais, adiantam os dados da APIMA – Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins.

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Grupo Bárymont realiza o seu primeiro evento presencial em Portugal Mais de 400 pessoas assistiram ao evento no qual o Grupo Bárymont deu o pontapé de saída para o início da sua atividade em Portugal. A Direção da marca, os representantes da equipa portuguesa e as empresas parceiras em Portugal, participaram como oradores no primeiro evento que o grupo Bárymont realizou em Lisboa, por ocasião da abertura da sua nova sede em Portugal. A Surne, Seguros e Pensões, parceiro de seguros em Espanha, que decidiu iniciar o negócio em Portugal em conjunto com o grupo Bárymont, interveio para dar a sua visão sobre o papel que o grupo irá desenvolver em Portugal e como poderão colaborar com a marca para levar o seu serviço de educação financeira a todas as famílias portuguesas.

Por seu lado, Dositeo Amoedo e Caterina Ruzza, representantes da Associação de Educadores e Planificadores Financeiros em Espanha (AEFP), salientaram a importância de trazer a educação financeira a Portugal e o impacto que também terá a presença da própria associação em Portugal com a participação ativa do Grupo Bárymont. Claudio Mogilner, CEO da agência Internacional Web com sede em Salamanca, destacou a importância do desenvolvimento da digitalização a que o grupo Bárymont se tem vindo a submeter e como tudo se está preparando para que o projeto da marca em Portugal também tenha os processos adaptados para a produção no país.

Santos e Vale abre nova plataforma na região do Algarve Já iniciou as operações a nova plataforma da Santos e Vale na região do Algarve. A empresa fica agora com duas plataformas a operar na região, acompanhando o crescimento de volume de negócios previsto. O operador, que já tinha a maior rede de plataformas de logística e distribui- na região. ção em Portugal, vem agora reforçar “Com esta plataforma estamos mais a mesma com uma aposta clara na próximos do mercado e dos nosregião do Algarve. sos clientes da região do Algarve. Com mais de 1.500 metros quadrados No contexto atual, que exige cada de área de armazém, a plataforma tem vez mais rapidez, proximidade e fleuma localização privilegiada, inseri- xibilidade, as nossas operações têm da no Mercado Abastecedor de Faro que estar também mais próximas dos (MARF), e junta-se à outra plataforma centros económicos e de decisão”, da empresa no Algarve, localizada em referiu Joaquim Vale, administrador algoz. Esta nova plataforma, irá contar da Santos e Vale. com os mais recentes equipamentos De referir que a Santos e Vale é logísticos e de transporte para que as neste momento o operador logístico mercadorias dos clientes sejam trata- com a maior rede de plataformas das rapidamente e em total seguran- de distribuição em Portugal, com 20 ça, permitindo assim, uma otimização plataformas distribuídas em território dos tempos de entrega e de recolha nacional.


A Repsol anunciou a abertura de mais 12 vagas no Complexo Industrial de Sines, para jovens engenheiros recém-licenciados, ou com até cinco anos de experiência, nas áreas de química, mecânica, eletrotécnica, instrumentação, automatização e controle e termodinâmica. As novas vagas inserem-se no plano sustentável de criação de emprego definidos pela multienergética e juntar-se-ão ao processo de recrutamento atualmente em marcha, que deriva do projeto de expansão que contempla a construção de duas novas fábricas, e do plano de renovação geracional. Durante o segundo semestre deste ano, a empresa pretende integrar mais 80 profissionais, entre os quais os 40

Operadores que frequentarão o curso de OPUI - Operação para Unidades Industriais, lecionado pela Repsol em parceria com o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, anunciado em abril deste ano, e os 12 jovens engenheiros. Este anúncio corrobora a confiança da multinacional no ensino português, principalmente nas áreas das engenharias. “Sabemos da qualidade do ensino português, do potencial dos jovens que frequentam os cursos de Engenharias, e acreditamos que eles poderão, na Repsol, ter uma oportunidade profissional desafiante, ajudando a materializar o maior investimento industrial dos últimos 10 anos em Portugal.”, afirma Albino Gomes, diretor de Pessoas e Organização da Repsol Polímeros.

BPI eleito o “melhor Banco na Gestão de Tesouraria das Empresas” em 2022 O BPI foi eleito, pelo sexto ano con- Os serviços de gestão de tesouraria e secutivo, o “Melhor Banco na Gestão liquidez do BPI permitem que as emprede Tesouraria das Empresas em sas possam gerir os seus desafios diáPortugal” (“The Best Treasury and rios, estando na linha da frente no Cash Management Provider in Portugal lançamento de serviços diferenciados. for 2022”), pela revista internacional O BPI continua ao lado das empresas “Global Finance”. para apoiar o seu desenvolvimento com Esta distinção resulta de um processo de soluções inovadoras e digitais, através seleção baseado na opinião de analistas, de equipas de especialistas focadas na executivos e especialistas tecnológicos resposta a cada desafio. que selecionaram os melhores bancos “Além de uma oferta completa de proem 77 países e territórios. Para a atri- dutos e serviços financeiros, o BPI buição do prémio, foram considerados assegura a proximidade com os seus vários critérios, incluindo rentabilidade, clientes, através de uma rede alargada, quota de mercado e alcance, serviço ao multicanal e totalmente integrada com cliente, preços competitivos, inovação serviços 24/7, que permite às empresas de produtos e a diferenciação da concor- a gestão do seu negócio à distância, de rência quanto à prestação de serviços forma rápida, cómoda e com a máxima essenciais de gestão de tesouraria. segurança”, adianta este banco.

em Foco

Maria Celeste Hagatong será a nova presidente do conselho de administração do Banco de Fomento e Ana Carvalho será a presidente executiva (CEO), de acordo com um comunicado do Ministério da Economia e do Mar enviado à Lusa. A nota sublinha que Celeste Hagatong “tem uma longa carreira na banca e nos seguros e experiência em diferentes setores de atividade, desde o corporate finance e project finance à banca de empresas”, destacando ainda que “a sua clarividência, liderança e dinâmica vão ser essenciais para fazer do Banco Português de Fomento o banco promocional do Estado português”. Quanto a Ana Rodrigues de Sousa Carvalho, refere-se que conta “com uma experiência multifacetada na banca e nos seguros, incluindo o acompanhamento comercial de empresas e a área de capital de risco, e a sua experiência será essencial para aproximar o Banco Português de Fomento das empresas e do sistema financeiro”. Enrique Santos (na foto) foi distinguido com o “Prémio João Flores”, atribuído pela Câmara Hispano-Portuguesa. A distinção pretendeu reconhecer a carreira do gestor espanhol sobretudo pelo seu “destacado trabalho como presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola”, ao longo de quase 24 anos. Esta foi mais uma das distinções atribuídas a Enrique Santos, que já havia sido agraciado com diversas condecorações da coroa espanhola, como a Comenda da Ordem de Isabel a Católica, em 1999, ou a Comenda de Número da Ordem de Mérito Civil, em 2010, entre outras. O prémio foi entregue em Madrid, no passado mês de maio, num evento a que assistiram mais de uma centena de empresários portugueses e espanhóis, assim como representantes dos Governos português e espanhol e onde foram distinguidas, no âmbito da “XIX Edição dos Prémios Vasco da Gama”, a espanhola Covirán e a portuguesa Bondalti.

Foto Sandra Marina Guerreiro

Repsol está a recrutar engenheiros para complexo de Sines

Gestores

Rui Nabeiro foi o vencedor do “Prémio Carreira”, atribuído na 11.ª edição dos ”Prémios Human Resources”. Este prémio, tal como o prémio “Personalidade do Ano”, é uma escolha da exclusiva responsabilidade da redação da revista “Human Resources”, ao contrário dos restantes, que resultam da escolha do público. O prémio visou reconhecer o trabalho e a carreira do empresário, fundador há mais de 60 anos da Delta Cafés/ Grupo Nabeiro, que foi distinguida também como a “Melhor Empresa”, nos mesmos galardões. Rui Nabeiro mantém-se como presidente do conselho de administração da Delta Cafés, depois de Rui Miguel Nabeiro ter assumido, há poucos meses, a presidência executiva da empresa.

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Breves Pret A Manger desembarcará en España y Portugal con 70 restaurantes La cadena de restauración británica Pret A Manger llegará a España y Portugal, después de cerrar un acuerdo con Grupo Ibersol para desarrollar su negocio en la Península. El plan contempla la apertura de hasta 70 restaurantes durante los próximos 10 años, tanto a pie de calle “en las principales ciudades y grandes ejes comerciales estratégicos”, como en el canal travel, que incluye locales en los aeropuertos o estaciones de tren “con mayor afluencia de Portugal y España”. Pret A Manger, especializada en sándwiches, ensaladas y cafés, tiene presencia en Reino Unido, Bélgica, Francia, Alemania, Suiza, Irlanda, EE UU, Dubai, Hong Kong y Singapur, con más de 550 restaurantes entre todos ellos. La llegada a España y Portugal supone, por tanto, la primera adaptación de su modelo al sur de Europa posicionándose “como uno de los mercados más estratégicos para la compañía y con gran proyección de crecimiento en los próximos años”. Moderna invertirá 500 millones en España en 2022 en su alianza con Rovi para fabricar la vacuna del Covid Moderna invertirá 500 millones de euros en España en su alianza con Rovi para fabricar su vacuna del Covid-19 en Madrid y Granada. Es la primera vez que la biofarma estadounidense ofrece cifras de inversión respecto su producto de ARN mensajero que fabrica en el país para distribuir en todo el mundo excepto para el mercado estadounidense. Además, la compañía tiene previsto construir en la Comunidad de Madrid un laboratorio de pruebas de calidad para las vacunas de ARNm, que se espera que esté operativo en 2023. En esos 500 millones de euros está incluido también la parte proporcional de esta inversión plurianual para levantar esta infraestructura. Los responsables del laboratorio transmitieron a las autoridades españolas el compromiso con España como un país clave para la fabricación de su vacuna de ARN mensajero en las instalaciones de Rovi.

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El Corte Inglés regresa a terreno positivo

Tras un año 2020 marcado por la caída de los ingresos en las tiendas, El Corte Inglés ha regresado a terreno positivo, con unos beneficios netos de 120 millones de euros para el ejercicio fiscal entre marzo de 2021 y febrero de 2022. Los 12.508 millones de euros facturados en el ejercicio 2021, durante el que aún regían restricciones por el covid, siguen por debajo de los más de 15.200 millones que vendió en 2019, pero suponen un incremento de 22% con relación a las ventas de 2020 (10.400 millones).

Desde la empresa han comunicado también que las ventas durante su primer trimestre de 2022 (de marzo a mayo) ya han superado a los 3.307 millones generados durante el mismo período de 2019. Eso significa que en este primer trimestre las ventas han registrado un incremento interanual superior al 31,7%, teniendo en cuenta que en el mismo período de 2021 fueron de 2.511 millones de euros. En cuanto a El Corte Inglés, Grandes Armazéns– la empresa portuguesa del grupo español– obtuvo en el ejercicio pasado un volumen de negocios superior a los 485 millones de euros, un 6,7% por debajo de lo alcanzado en 2019, antes de la pandemia.

Cepsa y Vueling se alían para descarbonizar el transporte aéreo Cepsa y Vueling han firmado un acuerdo para acelerar la descarbonización del transporte aéreo mediante la investigación y producción de combustibles sostenibles para la aviación. El desarrollo de estos combustibles sostenibles es una prioridad para ambas compañías como herramienta para continuar reduciendo la huella de carbono del transporte aéreo y contribuir a la consecución de la Agenda 2030. Estos combustibles se producirán a partir de materias primas como aceites usados de cocina, desechos animales de uso no alimentario o restos biodegradables procedentes de distintas industrias, y que permiten reducir las emisiones de las aeronaves hasta en un 80% respecto al queroseno con-

vencional. La alianza también contempla el desarrollo de nuevas alternativas energéticas, como el hidrógeno verde y la electrificación para las flotas terrestres de Vueling. Tal y como señaló Marco Sansavini, CEO de Vueling, “esta colaboración con Cepsa refuerza el trabajo colectivo que debemos hacer todos juntos para buscar una solución viable y sostenible para el transporte aéreo tan importante para un país en el que el 80% de turistas lo hacen por aire”.


Breves BBVA invertirá 620 millones de euros en su filial de México BBVA inver tirá 620 millones de euros en su filial mexicana este año para apoyar su crecimiento, a través de la digitalización, infraestructuras físicas y nuevos productos. La apuesta forma parte del plan de inversión 3.000 millones de euros que dirigirá al país hasta 2024. “Hasta 2021 ya hemos inver tido unos 1.400 millones de euros y este año esperamos invertir unos 620 millones”, indicó el presidente del banco, Carlos Torres, durante una reunión de los principales directi-

vos del grupo en México. El banquero explicó que se trata de un mercado estratégico para BBVA, con gran atractivo por su pirámide poblacional, con una media de edad muy joven, y el potencial de crecimiento en el nivel de bancarización. “Es un gran país con enorme potencial y capacidad para aprovechar las oportunidades que surgen del nuevo orden mundial y la creciente regionalización, apalancándose en tendencias clave como la innovación y la sostenibilidad”, refirió Carlos Torres.

Globalvia planea 2.000 millones de inversiones en autobuses, autopistas y AVE Globalvia tiene en marcha un ambicioso plan de inversiones en nuevos activos de gestión de servicios de autobús, autopistas y ferrocarril de alta velocidad por un importe cercano a los 2.000 millones de euros. La concesionar ia de infr aes tr uc tur a s espa ñola está negociando en estos momentos en cinco operaciones con un horizonte de materialización de 18 meses y cuenta para ello con el apoyo financiero de sus tres socios, los fondos de pensiones PGGM (Países Bajos), US S (Re ino U ni do) y O P Tr u s t (Canadá). El proyecto más tan-

gible es la entrada en el negocio de autobuses con la compra junto con el grupo australiano Kinetic de Go -Ahead, el mayor operador de au tobus e s de Re ino Unido. El consorcio, par ticipado en un 51% por Kinetic y en un 49% por Globalvia , ha lanzado una oferta pública de adquisición (opa) sobre la firma inglesa a un precio que sitúa la valoración en unos 757 millones de euros.

Vedrai elige España para iniciar su expansión y llevar la inteligencia artificial a la pyme La startup italiana Vedrai, especializada en inteligencia artificial (IA), ha elegido España para iniciar su expansión internacional en Europa, tras captar más de 45 millones de euros de capital en solo dos años. Fundada en 2020 por Michele Grazioli, la compañía cuenta entre sus inversores con el presidente de Calzedonia, Sandro Veronesi, el futbolista Giorgio Chiellinni, y el tenor Andrea Bocelli. La empresa ha abierto una filial en España, Vedrai Iberia, con sede en Madrid, al frente de la cual está Ferdinando Meo, ex director general de Groupon España. La compañía asegura que con sus soluciones quiere democratizar la inteligencia artificial, poniéndola al alcance de las pymes. “Con nuestra tecnología ayudamos a los directivos a tomar decisiones informadas, reduciendo así el coste de cualquier decisión errónea”, señalan. Vedrai ofrece para cada función empresarial un agente virtual específico que supervisa millones de datos internos y variables externas a fin de calcular el impacto futuro de cada decisión empresarial. Vodafone España venderá electricidad verde para particulares Vodafone España irrumpirá el próximo otoño en el negocio energético para particulares de la mano de su propia comercializadora, Vodafone Energía, para ofrecer tarifas eléctricas con energía 100% renovable. Según explica a través de un comunicado, el operador aplicará la denominada Tarifa Luz de Vodafone, con ahorros de hasta un 25% respecto a otras de la competencia, sin permanencia y con un sistema de contratación online. Se trata de un modelo de tarificación variable, que funciona con discriminación horaria, por lo que los usuarios pagarán el servicio de luz al precio del mercado en el momento del consumo. En concreto, el coste cambia cada hora de cada día, con tres tramos distintos: valle, llano y pico, y otros dos modelos según la potencia empleada (punta y valle), sin que Vodafone obtenga beneficio de un mayor consumo por parte de los clientes. “De esta forma, si los usuarios consumen en los tramos más asequibles podrán beneficiarse de unas mejores condiciones”.

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Isabel Díaz Ayuso Presidenta de la Comunidad de Madrid 14 act ACT ualidad€ UALIDAD€

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“Me encantaría ver en el futuro un AVE Madrid-Lisboa”

Desde 2019 preside el gobierno de la Comunidad de Madrid y desde mayo de este año ocupa además la presidencia del Partido Popular en dicha región. En pocos años, Isabel Díaz Ayuso ha pasado de ser una gran desconocida a estar entre los políticos mejor valorados del país. Defiende un modelo fiscal de bajada de impuestos y trabaja para que Madrid siga siendo la región más competitiva de España. De su próxima visita a Lisboa espera afianzar los lazos existentes para que los ciudadanos de ambos países se beneficien de ellos.

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Textos Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos Comunidad de Madrid

u visita a Lisboa incluye un encuentro con empresarios españoles y por tugueses. ¿Hay algún negocio entre manos o espera que surja de esta visita algún proyecto?

tunidades de expansión. Además, en septiembre hay convocada una Misión Empresarial de la Comunidad de Madrid con la Cámara de Comercio que estoy segura será un éxito.

España y Portugal son socios ¿Qué les diría a los empresarios naturales. Compartimos territo- portugueses que se están planrio y buena parte de la histo- teando invertir en Madrid? ria. Sólo en materia económica, Que están en lo correcto. Este es hay 2.200 empresas españolas el mejor lugar del mundo para en Portugal, que contribuyen al mantenimiento de más de 100.000 puestos de trabajo. Es por ello que, en un contexto de incertidumbre económica como el actual tenemos que trabajar más unidas que nunca. Siempre he sido defensora de hacer más unión ibérica entre España y Portugal por todo lo que somos juntos. Estoy segura de que esta visita va a fortalecer los lazos económicos entre Lisboa y Madrid. A partir de ahí, y gracias a la Ventanilla Única de Internacionalización y a Invest in Madrid, las empresas de Madrid y de Lisboa van a encontrar opor-

vivir y un excelente destino para invertir y tener éxito en la actividad empresarial. Ahí están los datos: Concentramos el 73% de la inversión nacional, somos el primer destino para inversión en startups, una de las regiones con mejores infraestructuras de Europa, la segunda con más talento tecnológico… Quien viene a Madrid tiene la garantía de que su futuro está en sus manos.

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grande entrevista gran entrevista lidad institucional y política. ¿Q ué le s o f r ece Madrid que hace a la región más competitiva? .

¿Madrid es una buena base para poder llegar al resto del país?

Sin duda. No sólo somos la capital administrativa, a mí siempre me gusta decir que Madrid es una España dentro de otra porque somos una región que acoge lo mejor del país, y eso es importante para quien se asiente aquí. También tenemos una red de infraestructuras que nos permiten estar en cualquier parte del país en unas horas. Y, por último, somos puerta de entrada a Europa y a América. Pero me gustaría reseñar nuestra solidaridad con España. Si un empresario portugués quiere operar en Madrid no es necesario que se establezca aquí. En caso de que pref iera localizarse en cualquier lugar de España y operar en Madrid sin hacer ningún trámite más gracias a la Ley de Mercado Abierto que acabamos de aprobar. En un escenario de incertidumbre como el que vivimos, ¿qué es lo que más preocupa a los inversores extranjeros? 16 act ACT ualidad€ UALIDAD€

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Madrid es la región más competitiva de España y una de las más competitivas de Europa. Esto es gracias a un sistema fiscal justo, en el que pagan muchas personas de forma proporcional a su renta, pero también gracias al modo de vida que nos hemos dado aquí. El 45% de los madrileños no han nacido en Madrid, eso nos hace ser un lugar abierto, acogedor y diverso. “Portugal es el Pero también provoca que los tercer país al que ciudadanos sean exigentes con más exportamos y el su gobierno. Quieren servicios públicos de calidad, gestionados décimo en términos de forma eficiente por personas que tengan vocación de servicio de importaciones” público. Yo comparto estas exigencias, El inversor extranjero busca cer- porque nos han permitido tener teza, por eso mira aquí. Sabe ser vicios públicos reconocidos que llevamos 18 años bajando en todo el mundo con un gasto impuestos y que no los vamos público ajustado. Gracias a eso a subir. Pero también sabe que podemos tener impuestos bajos aquí se protegen los principios de y asegurar la estabilidad presulas democracias liberales, se con- puestaria, como hasta hora. denan los regímenes dictatoriales y que nos oponemos a abusos de ¿Cree que con el modelo econópoder, a legislaciones arbitrarias mico de Madrid aplicado al resto del país la economía española iría o autoritarias. A quien arriesga su patrimonio le mejor? preocupan las decisiones arbitra- Sí, y digo más: antes que en la rias y los abusos de poder. Frente Comunidad de Madrid, las recea esto, nosotros creemos en la tas de libertad se aplicaron en seguridad física y jurídica, en la España. Gracias a ellas, fuimos propiedad privada, en el sistema uno de los 10 países más imporde contrapesos a través de ins- tantes del mundo. Desde 2018, tituciones independientes, en el este modelo también se está aplilibre mercado, en la colaboración cando en Andalucía con buenos público-privada y en la estabi- resultados.


gran entrevista grande entrevista Inversión en Portugal ¿En qué sectores los por t ugueses t ienen más posibilidades de crecer la región madrileña?

Yo no soy nadie para decir dónde tienen que crecer nuestras empresas, y ningún político debe hacerlo. Hace décadas, desde el Gobierno de España se reunió a grandes expertos para determinar en qué sectores invertir. Todos coincidían en que el textil no tenía futuro. Y, sin embargo, ahora empresas como Inditex o Mango son líderes nacionales o internacionales. Nosotros no decidimos el futuro, lo facilitamos las mejores condiciones para la inversión, el emprendimiento y la actividad económica. También son muchas las empresas de Madrid que dan el paso a la internacionalización. ¿Portugal es un buen país para comenzar?

Lo es. Por cercanía geográfica y porque en Portugal se están haciendo bien las cosas desde hace muchos años. Tienen un régimen fiscal competitivo, unos servicios públicos de calidad, es un país abierto, están encantados de que se desarrollen proyectos ahí, no demonizan a los ricos porque saben que crean empleo… Además, Portugal es una excelente puerta de entrada al mercado de habla portuguesa, como, por ejemplo, Brasil, con mucho futuro.

“Sólo en 2021 las empresas madrileñas destinaron más de 55 millones de euros a invertir en Portugal”

madrileñas destinaron más de 55 millones de euros a invertir en Portugal. Y esto no es algo novedoso: en los últimos 10 años, uno de cada tres euros de inversión extranjera en Portugal proviene de la Comunidad de Madrid. Nuestra labor es afianzar estos lazos para que los ciudadanos de ambos países se beneficien de ellos.

Portugal es un socio preferente de la Comunidad de Madrid. Es Madrid y Lisboa, ¿Dónde pueden el tercer país al que más expor- buscar más sinergias? tamos y el décimo en términos Tenemos que mentalizarnos para de importaciones. El 12% de las que la península ibérica actúe exportaciones madrileñas tienen como una sola. A mí me encancomo destino Portugal. La senda taría ver en el futuro un AVE es al alza y estoy segura de que Madrid-Lisboa, o herramientas vamos a seguir así en los próxi- de intercambio lingüístico para mos años porque somos socios que nuestros jóvenes supieran naturales. español y portugués, o nuestra historia común… La lista ¿Hay mucho interés de los empre- es larga, y ref leja esa aspiración sarios madrileños en el mercado de unión entre dos pueblos muy luso? parecidos. Pero mientras eso ocu¿Cómo se ha comportado el inter- Claro. Entre los empresarios, y rre, nosotros trabajaremos para cambio comercial entre Madrid y entre los ciudadanos. Hay casi seguir facilitando condiciones a Portugal en los últimos años y qué 3.000 empresas españolas con nuestros ciudadanos y empresaperspectivas hay para los próxi- intereses estables en Portugal. rios para que sean ellos quienes mos años? Sólo en 2021 las empresas encuentren ese camino conjunto. JULHO DE 2022

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grande entrevista gran entrevista Son dos zonas de la Península Ibérica que reciben muchos turistas cada año. ¿Se pueden compartir esos turistas, especialmente de orígenes lejanos? ¿Se está trabajando en ello?

Sin duda. Trabajaremos para que ese turismo que viene a visitar Madrid o Lisboa conozca la riqueza que hay en la península y la cantidad de cosas que nos unen a ambos países. Comunidades fronterizas como Extremadura o Galicia dan la opción a sus alumnos del estudio

Ayuso, gran conocedora de Portugal De la gastronomía portuguesa aprecia especialmente el bacalao à Brás y es seguidora de la escritora lusa Lidia Jorge. “El Día de los prodigios o La Costa de los Murmullos retratan de manera certera la idiosincrasia portuguesa”, resalta la presidenta madrileña.

Mayoría absoluta

Con una trayectoria política muy reciente, Isabel Díaz Ayuso (Madrid, 1978) cree que el secreto de su éxito está en “ser una más de todos los madrileños dispuestos a dar la batalla todos los días”. Asegura que viaja con frecuencia a Portugal y conoce prácticamente todo el país, tanto el interior como la costa, “tan solo me falta visitar alguna zona del Algarve”.

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Licenciada en Periodismo por la Universidad Complutense de Madrid, Isabel Díaz Ayuso se afilió al Partido Popular en 2005. Especializada en comunicación política, dirigió el área virtual del PP de Madrid y estuvo al cargo de la campaña digital de Cristina Cifuentes en 2015. Se presentó a las elecciones de 2019 como candidata regional y fue la segunda lista más votada, con 22,23% y 30 escaños. Gracias a un pacto de Gobierno con Ciudadanos y el apoyo externo de Vox se convirtió en presidenta de la Comunidad de Madrid. Dos años después convocó elecciones anticipadas logrando una contundente victoria con mayoría absoluta.

Díaz Ayuso visita Lisboa “para que Madrid y Portugal estén cada vez más unidos. Y eso es un camino bidireccional, que favorece a todos” del portugués en las aulas. ¿Le gustaría ver a los alumnos madrileños estudiando la lengua de Camões?

En la Comunidad de Madrid valoramos mucho el aprendizaje del portugués, es una lengua muy querida por los madrileños, pues tiene raíces tanto lingüísticas como culturales comunes al español. De hecho, actualmente enseñamos portugués en dos escuelas de idiomas a casi 300 alumnos. Seguiremos fomentando esta riqueza cultural a través del idioma, porque es buena para todos. ¿Y que Portugal tuviese una mayor presencia en la región de Madrid?

Por supuesto. Para eso voy. Para que Madrid y Portugal estén cada vez más unidos. Y eso es un camino bidireccional, que favorece a todos. 


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“Hoje, são os colaboradores que escolhem as empresas onde querem trabalhar” Com quatro agências a funcionar em Portugal, no seu ano de estreia neste mercado, a consultora de recrutamento e seleção de recursos humanos ISPROX quer chegar às dez e ultrapassar um milhão de euros de volume de negócios em 2023. Numa altura em que o mercado de trabalho está em alta, profissionalizar a captação de talento é determinante para as empresas, advoga Alberto Vaz Guimarães, country manager da ISPROX. O gestor alerta para a necessidade urgente de formação nas áreas técnicas para alimentar a indústria nacional e diz que a contratação no estrangeiro tende a crescer.

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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

u ais são os planos da

e estamos a implementar o plano estratégico de marketing a nível digital e através da realização de A ISPROX é uma empre- eventos presenciais. É, portanto, sa de consultoria espe- um balanço claramente positivo cializada no recrutamento e sele- estando a ser alcançadas as metas ção de pessoal, que se posiciona a que nos propusemos. num segmento de alta qualidade. Somos uma empresa muito jovem, Qual é o critério para a expansão da de base espanhola, que em apenas empresa em Portugal? quatro anos de existência teve um Na ISPROX, atuamos próximo dos crescimento exponencial, primei- nossos clientes, esse é o nosso lema ro em Espanha e posteriormente desde a fundação da marca, que com a internacionalização para aliás deriva de “IS_PROXimidade”. Portugal, França e Países Baixos. Este posicionamento é a base de Em Portugal, estamos numa fase todas as nossas operações, primeiinicial das operações. Nestes pri- ro em Espanha e de seguida em meiros meses de trabalho centra- Portugal, França e Países Baixos. mos os nossos esforços na análise O plano de expansão contempla e estudo de dados do mercado a criação de uma rede de 8 a 10 português, análise das diferentes agências distribuídas por todo o plataformas da rede de emprega- território continental, que nos perbilidade do nosso país, na estru- mita trabalhar perto dos nossos turação da nossa rede de parce- clientes e conhecer as especificirias em consonância com o nosso dades do mercado de trabalho de plano estratégico de marketing e cada região. Estamos já nos disna estruturação da nossa rede de tritos de Braga, Viana do Castelo, agências distribuídas pelo terri- Lisboa e Castelo Branco e estatório nacional. Contamos já com mos em fase de recrutamento de quatro agências, realizamos os pri- consultores para Porto, Coimbra, meiros processos com clientes de Aveiro, Setúbal, Algarve e Leiria. setores como o IT, indústria auto- Consolidados estes territórios avamóvel, contabilidade e construção, liaremos a oportunidade de expan-

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ISPROX para o mercado português?

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são para outros distritos e regiões autónomas. Cremos que só deste modo, com um profundo conhecimento de cada cliente, com um profundo conhecimento da massa laboral de cada região, das suas especificidades e necessidades podemos alcançar os níveis de qualidade que exigimos para cada processo de recrutamento e seleção por nós conduzido. O que procuram os vossos clientes e em que áreas contratam mais?

Creio que é importante contextualizar esta questão. O mercado de trabalho em Portugal está em alta. A taxa de desemprego estimada para janeiro fixou-se em 6%, sendo a mais baixa registada no mês de janeiro desde 2002, segundo dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística. Há, portanto, uma enorme competitividade pela atração do melhor talento o que requer um forte investimento de tempo e recursos por parte das organizações. Por outro lado, as empresas estão cada vez mais empenhadas – porque a isso a conjuntura as obriga – em proporcionar a melhor experiência


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de recrutamento aos seus candidatos e futuros colaboradores. Ou seja, há uma grande necessidade de profissionalizar o processo de recrutamento e seleção, uma vez que o talento escasseia e que uma má contratação acarreta prejuízos organizacionais que vão muito além dos custos financeiros. Os nossos clientes procuram-nos para profissionalizar o seu processo de recrutamento e seleção, confiando na nossa experiência e especialização para, por um lado, atrair o melhor talento proporcionando a melhor experiência ao candidato e, por outro lado, garantir através dos nossos métodos de seleção uma taxa de sucesso na contratação que reduza o turnover e promova a melhor integração dos novos colaboradores. São estes os pilares que nos levam a estabelecer relações de longo prazo com os nossos clientes. Tornamonos assim o parceiro certo para atrair e selecionar os melhores profissionais para o contexto organizacional de cada cliente. Na ISPROX somos transversais a todos os setores de atividade, por força da especialização dos nossos consultores. Nestes primeiros tempos em Portugal temos trabalhado mais as áreas de tecnologias da informação, indústria, construção e setor terciário. A formação dos recursos humanos em Portugal responde às necessidades do mercado de trabalho?

De uma forma muito frontal, considero que não. Há uma lacuna muito grande ao nível da oferta formativa para funções técnicas, onde temos uma população profissional envelhecida e pouca capacidade de atrair os jovens. Creio que há uma forte necessidade de, num trabalho conjunto entre entidades governamentais, formativas e a própria indústria, apostar mais na oferta de formação profissional/

técnica. Setores como a constru- das tecnologias de informação, nas ção, a metalomecânica, a indústria engenharias ou na enfermagem, têxtil e a indústria do calçado, por onde a procura por profissionais exemplo, debatem-se atualmente claramente ultrapassa o número de com a dificuldade de contratar profissionais existentes. No entanprofissionais para as funções téc- to, creio que ao nível do ensino nicas de base e não vemos jovens superior esse desfasamento não é a serem formados nestas áreas em tão grande. número suficiente, pelo que a tendência é de agravamento do pro- Como vai evoluir esta relação entre a oferta e a procura de recursos blema nos próximos anos. Também noutras áreas profissio- humanos no mercado de trabalho nais há uma escassez de recursos em Portugal? humanos, nomeadamente na área Acredito que esta onda de elevada JULHO DE 2022

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empregabilidade e escassez de talento se vá manter num futuro próximo. Acredito também que a maior dificuldade de contratação se vai manter nas funções de base, trabalhadores indiferenciados e funções técnicas, e que forçosamente haverá uma necessidade de contratação de trabalhadores estrangeiros. Há 15 anos víamos as empresas de construção portuguesas a internacionalizarem-se para os países africanos com muitos colaboradores expatriados em funções como carpintaria, pichelaria, ferrageiros, encarregados, ou outras funções de base e hoje vemos essas mesmas empresas a trazer para Portugal profissionais destes países que foram, entretanto, por si formados para darem resposta às necessidades de mão de obra existentes cá em Portugal. Acredito que a contratação de trabalhadores estrangeiros será uma necessidade nos próximos anos. Em funções mais diferenciadas, quadros superiores altamente qualificados, acredito que continuará a haver uma competição muito grande pelo talento. Atuamos cada vez mais num mercado de trabalho global, em que Portugal compete pelo seu talento com países que oferecem folhas salariais muito mais atrativas e hoje, com o teletrabalho, muitas funções podem ser eficazmente realizadas sem necessidade de emigração. Áreas como a programação informática, o marketing ou o recrutamento são exemplos disso mesmo. Vemos muitas empresas internacionais a recrutar profissionais portugueses para desempenharem funções remotas. Embora este seja um exercício muito difícil pela sua imprevisibilidade, acredito que a realidade atual se irá manter num futuro próximo e que a tendência será de agravamento. 22 ACT UALIDAD€

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Em que reside a Vossa diferença enquanto consultores?

O principal fator diferencial da ISPROX é o acompanhamento de proximidade a longo prazo dos nossos clientes, porque a relação de confiança e o conhecimento entre as partes é o principal determinante do nosso sucesso. Esta proximidade e relacionamento a longo prazo implica: conhecimento operativo do cliente, desde os seus mercados, procedimentos operativos, planos estratégicos, base tecnológica utilizada, os seus produtos e serviços e a sua cultura e clima organizacional; conhecimento do setor, conhecer os principais KPIs, quem é a concorrência, qual a tipologia de clientes, quais os desafios presentes e futuros, perceber se o mercado está em expansão ou retração; conhecimento dos perfis funcionais, com um verdadeiro acompanhamento de assessoria ao cliente na definição do perfil funcional a recrutar, conhecimento da mão-de-obra disponível no mercado, conhecimento das condições salariais médias e outros benefícios, como atrair estes profissionais, quais as ferramentas de pesquisa e seleção mais indicadas para cada função, saber escolher os melhores canais de comunicação com os candidatos. Esta busca incessante de um conhecimento profundo do ecossistema do nosso cliente é sem dúvida o que nos distingue e o que garante excelência do nosso serviço. Complementarmente pautamos a nossa atuação com base em três grandes valores: Ética com os candidatos, já que lidamos com milhares de pessoas e é essencial que estas sejam bem tratadas, com respeito e consideração, para que possam ter a melhor experiência ao longo de todo o processo de seleção. Ética com os clientes, baseada na transparência e proximidade.

Ética social, com iniciativas de responsabilidade social corporativa, plantamos uma árvore por cada pessoa que colocamos e este ano esperamos plantar mais de 1000 árvores. O segudo valor é o desenvolvimento tecnológico, na medida em que temos as melhores ferramentas digitais para o desenvolvimento do nosso trabalho, mas sobretudo com as melhores ferramentas de pesquisa e atração de candidatos. O valor da inovação é permanente, com a criação de novas ferramentas internas como uma Wikiprofiles, uma base de dados interna com milhares de perfis funcionais, ou com a criação na nossa própria metodologia de formação e desenvolvimento profissional, o nosso plano HR Excellence. O que tem sido mais desafiante para a empresa e para si no mercado português?

Quando temos que dar a conhecer uma nova marca ao mercado os desafios são enormes e julgo que esse tem sido o maior desafio nestes primeiros meses. Felizmente temos uma marca sólida, com um posicionamento muito bem definido e que nos distingue no mercado. Temos também uma equipa de gestão e de marketing fantástica que logo à partida nos coloca mais perto do sucesso! Só agora estamos a começar em força com a captação de clientes e com a atividade propriamente dita, pelo que os números são ainda reduzidos, muito embora animadores. Já concluímos alguns processos na área de tecnologias da informação, indústria automóvel e construção. Quero ainda ressalvar que não trabalhamos com trabalho temporário, fazemos unicamente recrutamento e seleção especializado. A nossa expectativa é em 2023 ter uma rede de 8 a 10 agências com


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uma faturação média de 125 000 euros ao longo do ano, perfazendo um total de 1 250 000 euros de volume de negócios. Quanto investem por ano em formação dos profissionais que empregam e em que áreas?

Em termos absolutos é um valor relativamente baixo, uma vez que todo o plano de formação é escalável, isto é, uma formação abrange praticamente todos os nossos colaboradores. Este ano representa um investimento na ordem dos 50 000€, mas em termos de horas investidas em formação é um investimento enorme para a ISPROX e para os nossos consultores. A formação de excelência, que nos permita desenvolver os nossos consultores enquanto recrutadores especializados é um eixo estratégico para nós!

Até que ponto a pandemia afetou e afetará a consultoria em RH?

Em Portugal não temos dados. Em Espanha não nos afetou pois temos uma carteira de clientes muito diversificada por sectores e ao longo dos 2 anos da pandemia houve setores com uma enorme procura de profissionais que compensaram sectores nos quais baixou o número de contratações. A nossa sociedade caracteriza-se por uma enorme imprevisibilidade, o que requer às empresas e aos trabalhadores uma capacidade de reação e adaptação altíssimas. Vimos isso com a pandemia que nos obrigou a acelerar de sobremaneira a transformação digital das nossas empresas, que nos obrigou a encontrar novas formas de trabalho, como o teletrabalho ou os regimes híbridos, novas relações de equipa, novas formas comerciais, novos métodos de recruta-

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mento, novas formas de organização dos espaços físicos das empresas, etc. Creio que todas essas mudanças vieram para ficar, com a devida readaptação à retoma da normalidade. Por outro lado, a competitividade pela mão-de-obra qualificada manter-se-á nos próximos anos e acredito que a tendência é de aumentar, pelo que, cada vez mais as empresas terão que oferecer melhores condições de trabalho aos seus colaboradores, não só do ponto de vista salarial, como acima de tudo noutros benefícios como a conciliação da vida pessoal com a vida profissional, o contrato psicológico de trabalho, o propósito das organizações e o seu cuidado com a responsabilidade social e ambiental. Há 10 anos eram as empresas que escolhiam os seus colaboradores. Hoje são os colaboradores que PUB

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grande entrevista gran entrevista escolhem as empresas onde querem trabalhar e isso obriga-nos a repensar a forma de trabalhar, com uma maior f lexibilidade nos horários de trabalho, nos regimes híbridos de trabalho, no trabalho à distância com colaboradores espalhados por todo o mundo e consequente gestão da multiculturalidade, melhores condições salariais e, na minha opinião o fator determinante, uma maior preocupação com a qualidade de vida e bem-estar psicológico das pessoas por parte das organizações. Tudo isto fará com que a necessidade de processos de recrutamento profissionalizados e de elevada qualidade seja cada vez maior e é aí que a ISPROX se posiciona, como o parceiro de confiança, conhecedor da realidade atual e das especificidades de cada setor e de cada cliente, proporcionando uma experiência positiva a todos os candidatos e assim conseguindo atrair e selecionar os melhores profissionais. Que desafios de adaptação e competitividade trazem o teletrabalho e os modelos híbridos?

Umas empresas mais preparadas do que outras, mas a verdade é que o tecido empresarial português tem uma resiliência enorme e rapidamente se adaptou às necessidades impostas pela pandemia, quer desafios ao nível do recrutamento. do ponto de vista tecnológico quer Por exemplo, a folha salarial média do ponto de vista organizacional. em Portugal de um Programador O teletrabalho e os regimes híbri- Frontend com três a cinco anos de dos vieram para ficar. Em várias experiência ronda os 35 000 euros funções são até uma exigência anuais. Na Alemanha o mesmo dos candidatos que já só aceitam profissional tem uma folha salarial ouvir novos projetos profissionais de 45 ou 50 000 euros ano. Sendo que lhes permitam esses regimes. uma função que pode ser desemClaro que também há funções em penhada em regime full remote é muito fácil uma empresa alemã que essa realidade não se aplica. Esta nova realidade veio encurtar atrair candidatos portugueses e muito as distâncias físicas e tornar com isso agravar ainda mais a o mercado de trabalho cada vez escassez destes profissionais no mais global, o que traz muitas mercado nacional. São estes os vantagens, mas também muitos desafios que as empresas portu24 ACT UALIDAD€

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guesas irão enfrentar. A atração, retenção e desenvolvimento de talento é cada vez mais um desafio à escala global. Empresas como a ISPROX, que se dedica exclusivamente a fazer recrutamento especializado e que tem presença internacional, serão cada vez mais um fator chave de sucesso na capacidade de atração e seleção de talento, conseguindo chegar aos candidatos e tendo a capacidade de aferir a sua real competência e capacidade de adaptação aos diferentes contextos de trabalho. 


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Frota da MSC Cruzeiros de novo em operação total, para férias seguras

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frota de 19 navios da MSC Cruzeiros está de novo em operação, após o regresso ao mar do MSC Musica, no início da sua temporada de Verão, proveniente de Monfalcone/Veneza, em Itália.

Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros, afirmou: “estamos muito orgulhosos de ver toda a nossa frota de volta ao mar. Foi desafiante, devido à pandemia, mas o nosso protocolo de saúde e segurança, líder no setor, colocou-nos numa posição robusta e de confiança, para que todos os nossos navios que agora estão no mar possam oferecer aos nossos parceiros, agentes de viagens e aos seus consumidores o que eles desejam, ou seja, férias de cruzeiro relaxantes, agradáveis e, acima de tudo, seguras”. A companhia relembra que “o MSC

Grandiosa tornou-se o primeiro navio de qualquer companhia de cruzeiros a regressar ao mar em agosto de 2020, sob o protocolo pioneiro de saúde e segurança da MSC Cruzeiros, concebido para o bem-estar primordial dos passageiros e tripulantes da companhia. A MSC Cruzeiros continuou durante a pandemia a manter o seu ambicioso programa de expansão, e, em 2021, introduziu dois novos navios na sua frota, o MSC Virtuosa e o MSC Seashore”. A frota completa da MSC Cruzeiros para o verão de 2022 prevê realizar rotas no Mediterrâneo Ocidental, Mediterrâneo Oriental, Norte da Europa, América do Norte e Médio Oriente. 

A Matter Of Style inspira a construir um mundo de brincadeira para todas as crianças A

loja online A Matter Of Style visa capturar a “essência de ser uma criança” e inclui uma gama de produtos únicos para as mamãs, bebés, e crianças. Tudo feito por pequenas empresas espalhadas por toda a Europa. Criado por pais que elaboraram um plano de negócios para um marketplace que vende produtos únicos para os mais pequenos, Criado por Carlos Barge e Ana Rita, o A Matter Of Style não só vende produtos personalizados, decorações infantis e brinquedos feitos à mão inspirados nas abordagens Montessori, como também fornece acessórios essenciais para os bebés, como cobertores, mantas e ninhos, tudo através dos melhores materiais OEKO-TEX e GOTS (leading organic textile standard). Encantados pelo mundo dos brinquedos, os empreendedores apaixonaram-se por marcas e produtos que raramente chegavam a Portugal. Na prática, decidiram abrir um marketplace para toda a Europa dedicado aos mais pequenos. 26 ACT UALIDAD€

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“Quando nos tornamos pais, nós realmente necessitamos que as coisas sejam convenientes e acessíveis. E quando embarcámos nesta aventura maravilhosa da parentalidade, ficámos um pouco espantados com a falta de lojas e marcas que não conseguiamos encontrar em Portugal, desde decorações a brinquedos”. “Queriamos criar algo especial e tivémos a sorte de ter encontrado um conjunto de pequenas empresas e fabricantes super dedicados e que nos ajudam a dar vida à nossa visão. Todos os nossos parceiros estão localizados na União Europeia e todos os seus produtos são feitos à mão também na Europa”. Agora, o A Matter Of Style tem mais de 3.500 produtos e mais de 30 vendedores espalhados um pouco por toda a Europa. “Sabíamos que haveria muito trabalho envolvido na criação de um marketplace”, mas também “sabíamos que podiamos fazer acontecer, só tinhamos de

acreditar realmente em nós próprios que iria funcionar e naquilo que tinhamos planeado. E há a satisfação de poder ajudar os pequenos negócios e os artesão durante este tempo”, concluem os responsáveis pelo projeto. 


marketing

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Roca vence prémio internacional de design A

d esign das duas mais recentes criações da Roca – a coleção Ona e as smart toilets In-Wash–, foram amplamente reconhecidas com três prémios de design internacionais: o “iF Design Award”, o “Red Dot Design Award” e o “Best in Show”, na “Expo Revestir”, a maior feira dedicada a soluções de acabamentos da América Latina. A coleção Ona recebe três prémios internacionais – um “iF Design Award” e dois prémios “Best in Show”, na Expo Revestir. O design do novo lavatório da

coleção Ona da Roca (na foto) foi, assim, galardoado este ano, na “Expo Revestir”, nas categorias de “melhor lavatório” e “melhor produto fabricado em porcelana vitrificada”. Criado em 1969, o prémio “iF Design Award” é amplamente reconhecido pelo setor como um dos mais prestigiados prémios de design a nível mundial. Este ano, o júri foi composto por 132 especialistas em design independentes, provenientes de mais de 20 países. O lavatório da coleção Ona foi considerado o design que

mais se destacou, entre um total de 3.518 candidaturas. 

Avião 100% elétrico mais rápido do mundo utiliza cortiça da Corticeira Amorim A

aeronave Spirit of Innovation (Espírito da Inovação) da Rolls-Royce utiliza compósitos de cortiça fornecidos pela Corticeira Amorim no revestimento isolante. A Spirit of Innovation, que é o avião 100% elétrico mais rápido do mundo, utiliza aglomerados de cortiça no revestimento isolante da sua caixa de bateria. A matéria-prima foi fornecida pela Amorim Cork Composites, unidade de negócio da Corticeira Amorim que desenvolve produtos, soluções e aplicações para algumas das indústrias mais sofisticadas do mundo. O «Spirit of Innovation» tornou-se, então, oficialmente o veículo 100% elétrico mais rápido do mundo em janeiro de 2022, ocasião em que as velocidades de 387,4 mph alcançadas durante os voos de teste em novembro de 2021 foram oficialmente verificadas pela Federação Aeronáutica Internacional – quebrando assim três diferentes recordes mundiais

de velocidade. Isto resultado de uma parceria de longo prazo entre a Rolls-Royce, construtora automóvel inglesa, a YASA, fabricante inglesa de motores elétricos, e a Electroflight, especialista britânica em armazenamento de energia para aviação e cliente da Corticeira Amorim neste projeto. A Electroflight projetou todo o sistema de propulsão (powertrain) e o sistema de bateria integrado para o Spirit of Innovation, usando três motores elétricos de fluxo axial, YASA 750 R, e mais de seis mil células cilíndricas, Murata VTC6 18650 NCA. A empresa necessitava, então, de um material para a caixa da bateria que não fosse apenas estruturalmente robusto, mas também leve e extremamente resistente ao fogo. Douglas Campbell, diretor técnico da Electroflight, explica: «A caixa da bateria foi uma peça de engenharia extremamente desafiadora, pois todo o sistema de propulsão

(powertrain) está conectado à frente da aeronave. A caixa da bateria está, portanto, a fazer um trabalho extremamente importante, não apenas fornecendo contenção no caso de um incêndio na bateria, mas também mantendo a frente da aeronave conectada à estrutura da fuselagem. Além disso, tivemos que manter o peso no mínimo absoluto e garantir que o produto usado para a caixa da bateria fosse altamente resistente ao fogo.» Nesse sentido, a Electroflight trabalhou em estreita colaboração com a Amorim Cork Composites para desenvolver um aglomerado de cortiça à prova de fogo para o interior da caixa da bateria. A invenção única, agora patenteada, teve o benefício adicional de ser feita de materiais naturais sustentáveis – um componente vital, tendo em conta o objetivo geral do projeto governamental do Reino Unido denominado ACCEL, que é o de acelerar a descarbonização da aviação. 

Textos Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos DR JULHO DE 2022

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fazer bem Hacer bien

BPI lança campanha em defesa da sustentabilidade N uma sociedade em profunda mudança, há que assumir “uma visão mais ambiciosa sobre o impacto positivo do coletivo – através das ações individuais de cada um – na transição para um mundo mais sustentável”. Esta foi o conceito que norteou a campanha do BPI intitulada “Só o mundo pode mudar o mundo”, que arrancou no início de junho, e que esteve presente na televisão, rádio, meios digitais e outdoors, marcando também presença nas redes sociais e em toda a rede comercial do banco. O conceito é inspirado no “Plano Diretor de Sustentabilidade BPI 2022-2024”, que estabelece compromissos concretos com as pessoas, a sociedade e o ambiente, com a ambição de posicionar o BPI como referência na banca sustentável. Constança Macedo, diretora executiva da Direção de Comunicação, Marca e Sustentabilidade do BPI, afirma que o objetivo é “inspirar cada português a adotar comportamentos sustentáveis, que

nos permitam, enquanto coletivo, responder ativamente aos desafios da sustentabilidade, com um claro enfoque na componente social, a par do ambiente e da governação. Acreditamos que esta campanha vai reforçar aquele que tem sido o sólido percurso do banco na sua relação com as pessoas e empresas e projetar o seu compromisso enquanto agente de mudança, com a ambição de crescer melhor, para fazer crescer um mundo melhor”. Esta matriz de comunicação será declinada em campanhas de posicionamento institucional e de divulgação de novos produtos e serviços ESG ( environment, social and governance ) do BPI. Uma mensagem que se estenderá ao longo do ano nas campanhas de

produto do banco e que, numa primeira fase, aposta na divulgação de soluções de crédito BPI para casas mais eficientes, fundos de investimentos de ação climática e soluções de financiamento para apoiar a transição sustentável das empresas. O filme publicitário tem um tom positivo, de motivação, de congregação e trabalho de equipa. Em vários planos diferentes vemos pessoas desvendarem um mundo novo e mais sustentável escondido debaixo da realidade atual, como se de uma segunda pele se tratasse. A igualdade de género e de oportunidades também estará em destaque num dos filmes publicitários, que conta com a participação de atletas internacionais pelas seleções de futebol feminina e masculina (Andreia Jacinto, Luana Doce e João Palhinha). 

Mercadona, como demonstração de apoio e solidariedade com o povo ucraniano, doa 1,5 milhões de euros para ajudar os refugiados da guerra da Ucrânia. Esta ajuda materializa-se a partir de junho através da entrega de Cartões Sociedade, de 50 euros cada um, com o objetivo de ajudar a cobrir as necessidades básicas dos refugiados que chegam a Portugal e Espanha, podendo ser utilizados em qualquer um dos seus supermercados. Através desta colaboração, a Mercadona prevê ajudar cerca de cinco mil pessoas refugiadas. “A empresa realizará a entrega destes cartões através das entidades autorizadas dentro dos programas oficiais de acolhimento de ucranianos em Portugal e Espanha”, adianta a Mercadona. 

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Foto arquivo

Mercadona doa 1,5 milhões de euros para ajudar os refugiados da guerra na Ucrânia A


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fazer bem

Prosegur renova o seu plano de compensação de emissões, com um projeto eólico no Chile A Prosegur renova o seu plano de compensação de emissões, iniciado em 2021, apoiando o projeto do Parque Eólico de Punta Palmeras no Chile, que tem capacidade para produzir energia limpa para cerca de 60 mil habitações. A produção deste parque eólico evita a emissão para a atmosfera de 119 mil toneladas de CO2 em centrais térmicas a carvão e a importação de cerca de 215 mil barris de petróleo para gerar a mesma energia. “Com esta iniciativa, que através da sua escala e objetivos é pioneira no setor, a empresa consegue compensar o equivalente às emissões de CO2 geradas pelas suas operações na Europa. Desta forma, a Prosegur e a Prosegur Cash reafirmam o seu compromisso com a sustentabilidade, uma área crucial para a empresa, que tem entre os seus objetivos fazer do mundo um lugar mais justo, mais igualitário, mais verde e mais resiliente”, afirmam as companhias.

Neste sentido, Antonio Rubio, secretário-geral da Prosegur, salienta que “a empresa integra os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas na sua estratégia, através da transformação dos seus negócios e de uma maior eficiência em todas as suas operações e atividades. Mas na Prosegur queremos dar um passo em frente, já que vemos nesta área uma oportunidade de crescimento, diálogo e diferenciação competitiva para apoiar a transformação no sentido de uma sociedade global sustentável. Por isso, aderimos ao The Climate Pledge, no qual participam outras grandes empresas, e que visa atingir a neutralidade de carbono em 2040, dez anos antes do estipulado no Acordo de Paris”. O plano de compensação é uma das diversas iniciativas em que a Prosegur

se encontra a trabalhar em termos de sustentabilidade e que estão integradas no âmbito do “Plano Diretor de Sustentabilidade”. Dentro deste contexto ambiental, estabelecem-se diferentes iniciativas para avançar na redução de emissões, como a eficiência energética, a energia verde, a economia circular ou a mobilidade sustentável. Destacam-se também alguns projetos específicos, como a instalação de painéis fotovoltaicos nas sucursais da Prosegur Cash no Brasil, que já geram 70% do consumo anual de energia com energia solar auto-gerada. 

Hipoges posiciona-se como uma empresa mais inclusiva em 2022 para reter talento A

Hipoges, servicer de referência em asset management, “considera que as pessoas com quem trabalha são os seus melhores ativos, razão pela qual aposta em políticas de inclusão com as quais os seus mais de mil colaboradores se identificam. A estratégia potencia a retenção e atrai clientes”, afiança a empresa. A pandemia transformou o mercado de trabalho, sendo a retenção de perfis qualificados um dos processos mais desafiantes. Para dar resposta a esta realidade, a Hipoges decidiu reforçar as suas políticas inclusivas em 2022. Segundo Anabela Semedo, manager de Recursos Humanos do grupo, “foi levado a cabo um diagnóstico e uma auditoria salarial para que, este ano, o ‘Plano de

Diversidade e Inclusão’ sofresse melhorias, integrando um conjunto de medidas a quatro anos, que serão aplicadas imediatamente e que têm em vista melhorar as políticas relacionadas com a promoção da igualdade de género, entre outras”. Para reforçar o seu compromisso com a igualdade, a diversidade e a inclusão, o grupo é assinante, juntamente com outras 21 organizações portuguesas, dos Princípios de Empoderamento das Mulheres. Estes princípios são uma iniciativa das Nações Unidas para Igualdade de Género e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) e o Pacto Global das Nações Unidas, que visa ajudar as empresas a incorporarem os seus valores e práticas na promoção da igual-

dade de género no trabalho e do empoderamento feminino. Além disso, desde 2017 que a Hipoges assinou a Carta Portuguesa para a Diversidade, iniciativa da Comissão Europeia. Este é mais um instrumento que permite ao grupo implementar e desenvolver políticas e práticas internas que promovam a diversidade através de medidas concretas independentemente de qualquer etnia, orientação sexual, religião, sexo ou idade, por exemplo. A Hipoges também pretende manter a sua ligação com a Grace, organização sem fins lucrativos que, ao longo de mais de 20 anos tem vindo a aprofundar o papel do setor empresarial no desenvolvimento social.  JULHO DE 2022

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fazer bem Hacer bien

Repsol e Navantia colaboram para descarbonizar o transporte marítimo A Repsol e a Navantia assinaram um acordo de colaboração global para desenvolverem em conjunto soluções inovadoras que têm como objetivo a descarbonização do transporte marítimo. Dessa forma, as duas empresas reforçam o compromisso de acelerar a transição energética e alcançar a neutralidade de carbono, em linha com os objetivos de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) da União Europeia (EU), da ONU e da Organização Marítima Internacional. As duas empresas avaliarão em conjunto a performance dos novos combustíveis líquidos com baixa pegada de carbono que serão fornecidos pela Repsol - biocombustíveis e combustíveis sintéticos -, em motores fabricados pela Navantia, de propulsão e de geração. Estes novos combustíveis representam uma alternativa sólida para a descarbonização do setor marítimo a

curto e médio prazo, uma vez que permitiram alcançar uma redução de 100% nas emissões. O projeto centrar-se-á na avaliação da viabilidade técnica e económica desta nova tecnologia. Neste acordo, a Repsol irá contribuir com as suas infraestruturas de investigação, a partir do seu centro tecnológico Repsol Technology Lab. As plantas-piloto e a possibilidade de troca entre laboratórios serão essenciais para a implementação deste projeto, a partir dos quais a Repsol irá desenvolver uma ampla gama de combustíveis de baixa pegada de carbono, especificamente para o transporte marítimo. Por sua vez, a Navantia Engine Factory fornecerá o conhecimento técnico dos motores, disponibilizará as suas instalações em Cartagena para este projeto, e para bancos de ensaio e diagnóstico do equipamento para a caracterização e

desenvolvimento de testes que, em conjunto com uma sociedade de classificação, vão permitir certificar a viabilidade e sustentabilidade da tecnologia. A participação da Navantia está de acordo com o roteiro do Departamento de Energia Verde da empresa e incluirá a colaboração do Centro de Excelência em Tecnologias de Hidrogénio e Armazenamento de Energia (CEDETH), criado pela Navantia em Cartagena. Ambas as empresas integram a iniciativa SHYNE, o consórcio multisetorial apresentado a 19 de janeiro e que reúne um total de 33 empresas, associações, centros tecnológicos e universidades para promover a descarbonização da economia através do hidrogénio renovável. A Repsol e a Navantia, através do CEDETH, irão explorar novas áreas de colaboração que tenham por base o hidrogénio.. 

Hertz reforça frota com viaturas 100% elétricas e híbridas A Hertz acaba de reforçar a sua frota com viaturas 100% elétricas e híbridas, respondendo às necessidades dos seus clientes por soluções de mobilidade mais sustentável, e ao mesmo tempo que acompanha a inovação e a evolução tecnológica, enquadra a empresa de aluguer de viaturas. A Hertz aumenta o seu portefólio de viaturas mais ecológicas, reforçando o seu compromisso de contribuir para uma mobilidade e um ambiente mais sustentáveis, contando agora com viaturas 100% elétricas e híbridas de quatro marcas diferentes. Além do BMW i3, a Hertz passa a

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contar com o Dacia Spring e com o Kia Niro, com velocidades máximas de 125 e 167 quilómetros/ hora, respetivamente, e com autonomia até 230 e até 375 quilómetros, respetivamente. Já no segmento de viaturas híbridas, passam a integrar os modelos Hyundai IONIQ e o BMW X1,

com velocidades máximas de 165 e 202 quilómetros/ hora, respetivamente, e com autonomia até 378 e até 455 quilómetros percorridos, respetivamente. 


vinos & Gourmet

Vinhos & Gourmet

Ana Bacalhau incentiva portugueses com obesidade a procurar ajuda médica A campanha “Mude o Ritmo da Sua Vida”, lançada no âmbito do Dia Nacional de Luta contra a Obesidade, que se assinalou a 21 de maio, tem como objetivo motivar as pessoas que vivem com obesidade em Portugal a procurar um médico para as apoiar no seu processo de perda de peso. O momento de arranque é marcado pelo lançamento da canção “Eu vou”, um tema inédito, composto e interpretado por Ana Bacalhau. A campanha conta com o apoio da Novo Nordisk, em parceria com a Adexo (Associação Portuguesa de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal), a SPEO (Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade) e a SPEDM (Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo). Nesta música, a artista inspira-se no mote da campanha, cujo objetivo é mostrar a quem vive com esta realidade

que não está sozinho e que é importante procurar ajuda médica para um tratamento adequado da doença. Sobre a canção, Ana Bacalhau explica: “a música ‘Eu Vou’ pretende enfatizar a importância de darmos o primeiro passo e de procurarmos ajuda de uma forma positiva e leve, mas, ao mesmo tempo, empoderadora”. De acordo com estimativas recentes, 67,6% da população em Portugal tem excesso de peso ou obesidade, sendo que a prevalência da obesidade é de 28,7% (o equivalente a mais de dois milhões de portugueses). Um estudo recente revela que apenas duas em cada 10 pessoas procuram um médico para falar sobre o tema. Sobre o propósito da campanha, que tem como assinatura #AVerdadeSobreOPeso, Carlos Oliveira, presidente da Adexo, refere que se pretende que “contribua para colocar o médico no centro da

resposta para uma doença que é cada vez mais preocupante, e cuja prevalência se perspetiva vir a aumentar nos próximos anos”. 

Sonae Arauco vence “Green Product Award 2022” com painel decorativo Innovus MFC

A

gama de produtos decorativos Innovus MFC, da Sonae Arauco, venceu o “Green Product Award 2022”, na categoria interior & estilo de vida. Este é um dos prémios internacionais mais reconhecidos na área do design sustentável, e que distingue, anualmente, produtos e serviços inovadores que já se estabeleceram no mercado. Innovus MFC é um painel decora-

tivo em aglomerado de partículas de madeira, revestido com uma superfície melamínica para aplicações interiores. O produto destaca-se pelas suas propriedades antibacterianas e resistência a manchas e riscos. A gama contempla ainda soluções com características adicionais de desempenho, tais como resistência melhorada ao fogo (FR) ou resistência adicional à humidade (MR). Com a incorporação de madeira reciclada e a superfície de alta tecnologia, Innovus MFC conjuga componentes estéticas, performance técnica e sustentabilidade ambiental. A versatilidade dos décors, a combinação harmoniosa entre o visual e a experiência táctil fazem desta gama uma escolha intemporal para cada projeto. A economia circular é um dos pilares do

modelo de negócio da Sonae Arauco. A madeira utilizada nos produtos provém de fontes sustentáveis, certificadas ou controladas, sendo continuamente incorporada no processo industrial, e tem uma notável capacidade de armazenar CO2. Em 2021, com os produtos que colocou no mercado, a empresa foi responsável pela retenção de cerca de 3,5 milhões de toneladas de CO2. Recentemente, a Sonae Arauco subscreveu o primeiro financiamento ligado ao seu desempenho de sustentabilidade e compromete-se, até 2026, a aumentar em 19% o volume de madeira reciclada incorporada nos seus produtos e estabelece ainda como meta a diminuição dos acidentes de trabalho com baixa médica. 

Textos Clementins Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos DR JULHO DE 2022

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grande tema gran tema

Trabalhar a felicidade para aumentar a produtividade

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gran tema grande tema As empresas dependem do talento. O talento fica ou vai para onde se sente feliz. Logo, a felicidade integra a equação do sucesso económico e empresarial. Este silogismo está na base de projetos como o Lionesa Business Hub, que há 20 anos procura impulsionar a felicidade dos profissionais das empresas que aloja e atrair os melhores. Como? Espaços verdes, desporto gratuito para os profissionais do centro, eventos culturais e de network, sessões de show cooking, jogos em realidade virtual, cacifos inteligentes, a primeira app comunitária de um centro de empresas, benefícios para os profissionais numa rede de parceiros, alojamento temporário para profissionais nómadas, entre outras medidas. Em curso está o projeto de expansão do complexo, com um investimento superior a 100 milhões de euros, que duplicará a capacidade de alojamento de empresas e promete melhorar a felicidade dos que lá trabalham, bem como a sustentabilidade, em todas as suas vertentes. Será “o lugar mais feliz para estar no Norte de Portugal”, prometem os responsáveis pelo Lionesa Business Hub e anunciam que vão medir a felicidade dos profissionais, de modo a afinar a estratégia para alcançar esse objetivo.

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Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

úsica, dança, acrobacias, bebidas e muitos petiscos garantiram a festa no corredor central do Lionesa Business Hub (LBH), durante várias horas a partir do final da tarde do passado dia 26 de maio. Muitos dos 7.800 profissionais das 120 empresas que atualmente ocupam a totalidade deste centro empresarial, localizado em Leça do Balio (Matosinhos), corresponderam à chamada e celebraram os 20 anos do projeto, que agora anuncia uma nova imagem e novos investimentos focados num objetivo: transformar um centro de empresas num centro de felicidade. “O talento vai para onde se sente feliz”, começa por dizer Eduarda Pinto, a diretora executiva do LBH, acrescentando que, “por isso, o foco tem que estar na felicidade das pessoas” e é essa consciência que deve ser celebrada. O relatório State of the Global Workplace, divulgado em junho pela Gallup, que se define como “uma empresa global de análise e consultoria que ajuda líderes e organizações a resolver os seus problemas mais urgentes”, indica que empresas com colaboradores motivados e envolvidos têm lucros 23% mais elevados do que empresas com trabalhadores descontentes.

A consultora revela que apenas 21% dos trabalhadores inquiridos se sentem envolvidos e que só 33% considera que o seu bem-estar melhorou. Antes da pandemia, o nível de envolvimento estava a subir, em termos globais, mas desceu em 2020 e apenas subiu um ponto percentual em 2021, ficando ainda abaixo do valor de 2019. A Gallup estima que o baixo envolvimento dos profissionais representa para a economia global um custo que equivale a 11% do PIB mundial. A felicidade gera lucro e não se mede apenas em sorrisos. O LBH, que aloja empresas como Farftech, Oracle, Vestas, Cofco, Klockner Pentaplast, Generix, Porto Application Center by Volkswagen, Hilti ou Unilabs (uma das mais recentes inquilinas, que optou por sediar no LBH o seu centro de biologia molecular, que é o maior centro de testagem da covid-19 da Península Ibérica), procurou desde o ínício contribuir para a felicidade das pessoas que trabalham nestas empresas e para a construção de uma comunidade, argumenta Eduarda Pinto, reconhecendo que a pandemia veio intensificar essa preocupação: “Desde sempre, o bem-estar e a felicidade dos membros da nossa comunidade foram uma prioridade no modelo de negócio e no posicionamento do LBH.

Com a pandemia, deparamo-nos com uma preocupação crescente por parte das empresas com o bem-estar e felicidade dos seus colaboradores, o que veio reforçar o papel do LBH como uma extensão dos seus próprios recursos humanos. Além disso, a pandemia despoletou a necessidade do sentimento de pertença por parte dos colaboradores. Por isso, acreditamos que o talento permanece onde se sente feliz e em todo o percurso que temos vindo a construir ao longo destes 20 anos, para que o Lionesa Business Hub seja um verdadeiro Happiness Hub da indústria 5.0 (uma evolução da indústria 4.0: mais centrada nas pessoas, na sustentabilidade e na resiliência), focado nos aspetos qualitativos e de lifestyle, ligados à cultura, ao ambiente e a tudo o que tem por base uma aposta no desenvolvimento sustentável. Faz parte do nosso ADN trabalhar para que, diariamente, a comunidade se sinta feliz, proporcionando um ambiente flexível e promotor de criatividade, inovação e produtividade, mas também em todo o território envolvente. O feedback sobre as ações que temos desenvolvido é muito positivo e cada vez mais a comunidade adere e se identifica com este conceito partilhando de interesses comuns.” JULHO DE 2022

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grande tema gran tema A direção do LBH procura investigar o que o resto do mundo anda a fazer, quais os melhores caminhos a seguir e os caminhos a evitar, conta Eduarda Pinto: “Um dos estudos que lemos referia-se à depressão identificada em muitos profissionais do Silicon Valley, alegadamente causada pela pressão laboral, pela especulação imobiliária local, que torna, para muitos, impraticável pagar casa na zona. O nosso projeto quer crescer de forma pensada, de modo a beneficiar a comunidade local e evitar este tipo de desequilíbrios.” A julgar pelo relatório da Gallup, a infelicidade não mora apenas no Silicon Valley (EUA), já que a Europa também não fica muito bem na fotografia, com o valor regional mais baixo do mundo em envolvimento dos trabalhadores: 14%. Num ranking de 38 países europeus considerados no estudo, Portugal aparece na 18ª posição, com 19% de trabalhadores envolvidos, e Espanha, na 25ª, com 9%. Os dois países aparecem nos lugares cimeiros relativamente à percentagem de trabalhadores que admitiu sentir preocupação no dia anterior (60% dos portugueses e 47% dos espanhóis), ou stress (46% dos portugueses e 44% dos espanhóis) e tristeza, tabela na qual Portugal e Espanha ocupam a terceira e quarta posição, depois do Chipre e da Itália. “O envolvimento e o bem-estar interagem um com outro de forma poderosa”, lê-se no relatório da Gallup, tendo a consultora apurado que 57% dos trabalhadores não estão envolvidos, nem se sentem bem e que apenas 9% diz sentir-se bem e envolvido no trabalho. A consultora conclui ainda que o baixo envolvimento e mal-estar é proporcional aos níveis de stress, problemas de saúde e sentimento de raiva dos trabalhadores inquiridos. Entre as questões formuladas pela consultora, destacamos a pergunta “sentiu stress ontem?”, à qual 44% dos entrevistados pela Gallup responderam que sim, mais 1% do que em 2020, o ano em que a pandemia “rebentou”. Eduarda Pinto quer resultados dife34 ACT UALIDAD€

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Eduarda Pinto: "O talento escasseia e hoje não são as empresas que escolhem os colaboradores, são os colaboradores que escolhem as empresas" rentes no LBH, mas desconfia que “não existe mais nenhum centro empresarial com estas características em Portugal” e diz que, mesmo a nível mundial, “é difícil aliar esta localização, perto do mar, no meio da natureza (vale do rio Leça), com as condições que proporcionamos às empresas e aos seus profissionais”. A gestora não tem dúvidas de que “pessoas felizes, trabalham melhor, estão mais motivadas, são mais criativas e mais produtivas”, pelo que gerir um centro de empresas como o Lionesa Business Hub implica trabalhar com este objetivo em mente. "O talento escasseia e hoje não são as empresas que escolhem os colaboradores, são os colaboradores que escolhem as empresas", frisa Eduarda Pinto, consciente de que criar condições para alojar empresas é também garantir que os seus funcionários vão querer trabalhar

nessa morada. “Se fizermos com que a comunidade queira vir para o Lionesa, em vez de sentirem que têm que vir, já ganhamos”, corrobora António Pedro Pinto, diretor de Marketing do LBH, sublinhando que para tal é preciso fazerem mais do que alojar empresas: “Afirmamo-nos como uma casa no verdadeiro sentido da palavra, pois o conforto, o bem-estar e a felicidade dos nossos habitantes são a prioridade e principal fator de distinção face a qualquer outro centro empresarial que se destina apenas, na sua grande maioria, a alojar empresas. Somos uma verdadeira incubadora de ideias. Incitamos ao network e à criação de sinergias. Construímos pontes entre as diferentes empresas, potenciando negócios dentro de portas. Somos arrojados e por isso investimos em projetos que não têm como base o lucro, mas sim a sua sustentabilidade económica. Isto porque queremos intervir na envolvente local, de modo a garantir que transformamos a Via Norte num marco histórico e numa verdadeira cidade inteligente, onde facilitamos a vida da nossa comunidade, fazendo com que as pessoas se apaixonem pelo local onde trabalham.” Localizado ao lado do rio Leça (que foi despoluído e está a ser alvo de um projeto de dinamização ambiental e de mobilidade “Corredor Verde do Leça”) e de um mosteiro medieval (que integra um dos Caminhos de Santiago), em Leça do Balio (Matosinhos), perto da Via Norte (o primeiro troço, junto ao Porto, da estrada N 14, que liga o Porto a Braga), o centro empresarial ocupa a área da antiga fábrica de tecidos Lionesa, cuja dissolução culminou com a venda do espaço a um grupo de investidores e criação do LBH, em 2002. O empresário Pedro Pinto, sócio maioritário da livraria portuense Lello (a que inspirou a biblioteca de Harry Potter e é apontada como uma das mais bonitas do mundo) e detentor de vários investimentos imobiliários e turísticos (alguns já anunciados e outros a anunciar este ano), é o atual


gran tema grande tema

dono do Lionesa Business Hub e quer posicionar o complexo empresarial como eixo em torno do qual a comunidade local gravita, aliando ao mundo laboral, a inovação, a cultura, a sustentabilidade, o desporto, o turismo, etc. Pedro Pinto quer fazer do LBH “o lugar mais feliz para estar no Norte de Portugal”. O primeiro business club do mundo A festa dos 20 anos não é a primeira a juntar os profissionais do centro empresaria (na sua maioria, millennials – nascidos nas décadas de 80 ou 90), habituados a eventos que procuram reforçar o sentido de pertença e de comunidade, como sugere António Pedro Pinto: “Ser um Lionês significa mais do que apenas trabalhar no LBH. Significa fazer parte do primeiro Business Club do mundo, entre uma comunidade de mais de sete mil membros, com mais de 40 nacionalidades diferentes. O conceito “The Business Club” é um lugar onde os nossos membros se podem conectar, crescer, divertir e criar um impacto.” Além das festas de Natal, a agenda do LBH inclui concertos, palestras, conferências e outros eventos empresariais, exposições no corredor central, sessões de show cooking, que dão a provar sobremesas ou cocktails de diferentes partes do mundo, em sintonia com as diferentes culturas dos profissionais que trabalham no LBH, etc. “Desenvolvemos uma agenda anual de eventos, 100% gratuita para a nossa comunidade, para fomentar sinergias e a ligação entre os 7.800 membros”, indica Eduarda Pinto, acrescentando quem em breve chegarão aos dez mil profissionais, tendo em conta os contratos em carteira com novos inquilinos. Os profissionais que trabalham no complexo podem estar a par das novidades através da aplicação Hello App, recentemente lançada e a primeira aplicação de gestão de uma comunidade empresarial em Portugal, que além das informações de agenda, dá acesso a descontos e benefícios negociados com a rede de parceiros do LBH: através desta

Profissionais que são embaixadores do LBH Para promover o networking e as relações entre as empresas, bem como entre as empresas e a equipa do LBH foi criada a figura do Embaixador Lionesa nas empresas e o The Ambassadors Club, enquanto espaço de ligações. Este embaixador “tem ligação direta ao Community Happiness manager, tem acesso a eventos exclusivos para promoção de network, atividades extras como aulas de surf, golfe ou ioga exclusivas, vouchers para experimentar restaurantes e serviços, para que tenham uma experiência em primeira mão de novos parceiros. Mas, acima de tudo, terão a oportunidade de conhecer os restantes Embaixadores Lionesa e criar sinergias com eles”. Sinergias com universidades Além de recriar o ambiente universitário no LBH, o complexo

também realiza ações de "charme" nas universidades, com as quais estabelecem parcerias, de modo a captar o talento dos estudantes para as empresas. Mensalmente, fazem um levantamento das necessidades de estágios nas empresas sediadas no LBH, comunicando-as às universidades parceiras. Promovem eventos de speed dating dos universitários com as empresas, para apresentarem projetos, áreas de operação, oportunidades de carreira e, no fim, sempre com momentos de network informal entre alunos e empresas; estas ações “já geraram soluções por parte das universidades para problemas apresentados pelas empresas”. O LBH convida frequentemente os estudantes para as conferências e que organiza o em que participa, bem como para os seus eventos de network.

app exclusiva, os membros podem inscrever-se em atividades, receber bilhetes para novos eventos, conhecer outros membros da comunidade e desfrutar do The Business Club. Quem trabalha nas empresas sedeadas no Lionesa Business Hub dispõe ainda de um fitness studio, patrocinado pela Prozis, que conta com uma equipa de personal trainers altamente qualificados e uma nutricionista. Também há aulas de surf nas praias próximas para os membros do LBH, aulas de ioga e pilates ao ar livre, bem como corridas junto ao rio, promovidas pela Lionesa Running Society, formada espontaneamente por profissionais da comunidade LBH entusiastas da modalidade. JULHO DE 2022

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grande tema gran tema é um espaço comum) terá nichos para trabalhar, isoladamente ou em equipa, ler, comer, jogar, socializar, tal como numa universidade. Na Lionesa, procura-se replicar no centro empresarial o ambiente universitário, explica Eduarda Pinto: “Apostamos no nosso conceito de Community Thought Office Spaces e na recriação de ecossistemas universitários para facilitar a transição do talento para o mundo empresarial. Estamos a dar um novo look aos nossos espaços comuns, a trabalhar para sermos uma cidade 5G, e em oferecer experiências imersivas como, por exemplo, jogos em realidade virtual e exibições de arte digital. Reinventámos os nossos espaços verdes, numa abordagem não só de sustentabilidade, mas também de felicidade. Apostámos também no digital. Implementamos cacifos inteligentes em parceria com os CTT. Demos uma nova cara ao nosso website, em parceria com a agência britânica Digital BIAS (o que mereceu um International Business Award pela Stevie Awards, como melhor website para real estate no mundo). Transformámos o nosso cartão de benefícios, anteriormente físico, num cartão 100% digital, através da Hello App. E criámos também uma visita virtual, que permite a todos visitar o Lionesa BH, ainda que a milhares de quilómetros de distância de Leça do Balio. Trabalhamos ainda em prol de desenvolver uma verdadeira cidade futurista, tendo estabelecido parcerias com empresas como a CBRE, Nano Designs, Prozis, Unilabs, entre outras dentro da área das telecomunicações.”

Duplicar o espaço para empresas A gestora informa que os espaços A diretora executiva do complexo empresariais são pensados em total empresarial diz que a estratégia do parceria com os inquilinos, de modo grupo tem sido bem-sucedida: “O a responder às suas necessidades: “As balanço de 2021 foi bastante positivo. empresas e o mundo empresarial já Com uma taxa de ocupação de 100% perceberam que têm que seguir este e com dois novos edifícios que fazem caminho e que atualmente têm colajá parte do nosso masterplan de expan- boradores muito mais exigentes sobre são. Colocámos mais de 14 mil metros estas dimensões. Como disse, são as quadrados para empresas, perfazendo pessoas que escolhem as empresas e um total de 56 mil metros quadrados esta é a indústria 5.0, acima de tudo de área ocupada no LBH. Entraram ditada por uma revolução cultural cinco novas empresas, que permitiram assente no poder do indivíduo e por a criação de mais 800 novos postos de tudo aquilo que este está disponível trabalho, que se juntaram à comunida- ou não para fazer. As empresas sediade de sete mil colaboradores, com mais das na Lionesa ou que nos procuram de 46 nacionalidades e 20 empresas.” para se instalar estão muito alinhadas A maioria das empresas já instaladas com este posicionamento e partilham (56%) é do setor das tecnologias de já destes valores, pelo que não temos informação, mas a ideia é diversificar sentido resistência, muito pelo contrápara fomentar sinergias. As receitas rio, temos desenvolvido cada vez mais anuais dos inquilinos atingem os 1,4 projetos em comum, relacionados com mil milhões de euros. O LBH quer o ambiente e o bem-estar.” duplicar até 2025 a capacidade de A felicidade está na base do planeaalojamento, dos atuais 56 mil metros mento, desde as infraestruturas até às quadrados para 110 mil, prevendo que dinâmicas de relações humanas. “Os Valorizar ambiente e território as receitas dos inquilinos cheguem millennials procuram locais de trabaDurante a apresentação do projeto nessa altura aos dois biliões de euros. lho que os façam lembrar uma facul- de expansão e rebranding do LBH, O plano de expansão em curso, orçado dade”, lembra António Pedro Pinto, António Pedro Pinto frisou o reforço em 100 milhões de euros, prevê tam- citando o especialista em design de nas ações e atividades internas para bém a construção de uma estrutura de escritórios Jonathan Webb, e salientan- promoção do bem-estar mental e social co-living, para profissionais nómadas e do que “os espaços mais colegiais dimi- de todos os que fazem deste centro de apartamentos, bem como uma esco- nuem o stress, fomentam a comunica- empresarial o seu local de trabalho: la Internacional (a Brave Generation ção e o espirito de equipa”. O corredor “O novo jardim com cinco hectares, Academy, que já está a funcionar). central do complexo empresarial (que da autoria do arquiteto Siza Vieira e 36 ACT UALIDAD€

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do arquiteto paisagista Sidónio Pardal, vai ligar o Lionesa BH ao Mosteiro de Leça do Balio, seguindo o rio Leça, que atravessa o parque empresarial, até ao oceano Atlântico, através da nova ciclovia. A reabilitação do Mosteiro de Leça e a construção do seu novo templo, acrescenta um novo sentido de património e uma nova missão cultural ao LBH, atingindo 110 mil metros quadrados de escritórios, co-living, academia e retalho.” O diretor de Marketing citou estudos de Harvard sobre a importância dos espaços verdes no contexto de trabalho: contribuem para aumentar em 26% os estímulos cognitivos. No que concerne à sustentabilidade, a direção está a trabalhar com a ADE Porto, para melhorar o desempenho energético e ambiental, nomeadamente estão a avaliar potenciais intervenções de eficiência energética, nomea-

damente o aproveitamento de fontes renováveis com vista à melhoria do desempenho energético e ambiental dos edifícios, bem como identificar ações que possam conduzir à neutralidade carbónica do Lionesa. A ideia é difundir as boas práticas ambientais e comportamentais com toda a comunidade (interna e externa) do Lionesa Business LBH, fazendo ações de formação com profissionais de limpeza, por exemplo; promover iniciativas de circularidade, promovendo padrões de consumo e produção sustentáveis, através da criação de hortas comunitárias, entre outras ações; reduzir o desperdício alimentar; definir um conjunto de práticas facilitadoras e orientadoras de uma visão estratégica para a correta gestão de resíduos; promover o alinhamento do LBH com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis; Reconhecer as boas práticas adota-

das através da entrega do Certificado “Coração Verde” da LIPOR. Democratizar o acesso à arte Tal como o contacto com zonas verdes, também o contacto com a cultura favorece a criatividade e a felicidade. Um estudo de Harvard, citado pelo LBH, indica que depois da saúde, a arte e a cultura constituem o segundo fator que mais impacta na felicidade, ainda antes do emprego que surge em terceiro lugar. “Democratizar o acesso à arte também tem sido uma das nossas preocupações”, destaca Eduarda Pinto, lembrando que foram o primeiro Business Hub em Portugal a implementar o conceito de Open Air Gallery, que coloca a arte à vista de todos. Foi assim que em 2019, acolheram a exposição sobre Amadeo de Souza-Cardozo: “Com dez núcleos expositivos dispostos ao longo do corredor principal da PUB

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O bem-estar dos colaboradores começa na consciencialização dos líderes “Sem dúvida que a felicidade no trabalho e o bem-estar psicológico estão na ordem do dia, mas não tenho a certeza de que esse debate tenha chegado ao nível das lideranças de topo da maioria das organizações, em Portugal”, questiona Sara Midões, especialista e formadora em Liderança Positiva e Comunicação Empática, defendendo que é precisamente pelos líderes que a questão da felicidade no trabalho deve começar a equacionar-se: “É muito difícil implementar qualquer programa de felicidade sistémico nas organizações, já que nem sempre os líderes possuem as necessárias competências relacionais. Tradicionalmente, as lideranças são escolhidas com base em critérios técnicos. Quando as pessoas são muito boas tecnicamente, a forma de subirem na carreira é passarem a liderar equipas. No entanto, muito desses líderes não têm competências sociais e interpessoais, ou porque não as possuem naturalmente ou porque não tiveram formação nesse sentido para desenvolver a dimensão relacional que é fundamental no florescimento no trabalho.” A boa notícia é que essas competências podem ser adquiridas e há cada vez mais formação nessa área. “É evidente a correlação entre o bem-estar do colaborador e os benefícios financeiros para a própria empresa”, sustenta Sara Midões, observando que “o tema tem ocupado o espaço de congressos, seminários, webinares e tem sido objeto de muita investigação por parte da academia”. A especialista é docente convidada do ISCSP e coordenadora do Curso de Formação Especializa-

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da “Liderança Positiva e Empática”, organizado pelo Instituto de Formação e Consultoria (ISCSP-iFOR), através da Escola de Liderança e Inovação (ELINOV), e desenvolveu um estudo no ano passado sobre os desafios das lideranças no regresso ao então “novo normal”. “Na altura, 77% dos líderes inquiridos reconheciam como uma necessidade dos colaboradores o work life balance (o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional), mas apenas 16% percecionaram como necessidade a gestão do stresse dos seus funcionários. Há um alheamento face ao bem-estar psicológico das pessoas. Os próprios líderes também podem ter problemas de saúde mental.” No entanto, a consciencialização para o tema tende a aumentar. A docente considera que “este bem-estar psicológico dos profissionais começa a ser encarado como uma estratégia das empresas para melhorarem a vida das pessoas, mas também a produtividade, a satisfação do cliente e vários outros componentes de negócios amplamente investigados”. A pandemia ajudou a perspetivar o tema, nota: “Com a pandemia, mais pessoas sentiram necessidade de repensar a forma como se trabalha e estão a refletir mais sobre a importância da carreira e do trabalho nas suas vidas e sobre os benefícios e de se manterem em situações em que ficam desgastadas e até doentes.” Importa reter que a felicidade no trabalho tem muitas dimensões, salienta a especialista: “Associa-se normalmente às condições de trabalho, à flexibilidade, ao work life balance, às aplicações que ajudam à auto regulação, aos espaços físicos projetados para

proporcionarem bem-estar aos funcionários, à remuneração, que é um fator muito importante… No entanto, há uma camada subjetiva, que tem a ver, por exemplo, com o propósito que as pessoas atribuem ao seu próprio trabalho, a perspetiva de crescimento pessoal e de aprendizagem, a possibilidade de terem novas experiências, contactarem com outras culturas e outros mundos e também as questões relacionais. ”Esta dimensão relacional é fundamental, sobretudo com os líderes", argumenta Sara Midões: “As pessoas têm que sentir que fazem parte de um grupo, que a sua opinião conta, que se preocupam com elas, que agradecem o seu trabalho, que são reconhecidas pelo seu trabalho. É fundamental ao nível das relações interpessoais nas equipas, mas também ao nível da qualidade da relação de cada elemento com as suas lideranças. A Gallup diz que a relação com as nossas lideranças diretas vale 70% do envolvimento dos colaboradores com a sua empresa. É ótimo ter as mesas de pingue pongue e uma app inteligente que nos diz que temos que descansar e desligar do trabalho, mas as relações interpessoais e principalmente as relações com os nossos líderes são um elemento crítico no bem-estar das pessoas nas organizações.” Por isso, a questão das competências relacionais das lideranças é fundamental para implementar qualquer programa de felicidade sistémico nas organizações, a par da necessidade de ajustar os recursos para os objetivos. “É muito difícil trabalhar a felicidade no trabalho quando


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temos prazos impossíveis, objetivos pouco realistas para cumprir. Isso sucede nomeadamente nas empresas em que as equipas são curtas, sobretudo nos setores em que o talento escasseia e que os recursos estão sobrecarregados”, aponta a formadora. Sendo cada vez mais um ativo de promoção das organizações, a felicidade no trabalho, integra os relatórios de sustentabilidade. Sara Midões considera que a divulgação das métricas neste domínio é positiva, na medida em que “evidencia uma preocupação”, mas diz que devemos estar alerta: “Será que a organização tem mesmo como grande propósito trabalhar o ser humano, está mesmo orientada para trabalhar a felicidade ou apenas orientada para o objetivo de divulgar uma métrica e ficar bem no relatório? Estas métricas devem ser um ponto de partida para debater e trabalhar estas questões nas organizações, importa saber a forma como estamos a medir e qual o propósito.” Por exemplo, “as empresas mais orientadas para a sustentabilidade (ESG - environmental social and governance), adotam métricas relacionadas com a compensação financeira, condições de trabalho, ou questões demográficas relacionadas com a inclusão, que são indicadores objetivos, mas não refletem necessariamente o estado de saúde dos colaboradores”. Na opinião da especialista, em muitas empresas falta introduzir os indicadores pessoais: “Se perguntamos só se a pessoa está satisfeita com o seu trabalho, também é pouco profundo. Posso pensar que se tenho um emprego estável e bem remunerado,

"As pessoas têm que sentir que fazem parte de um grupo, que a sua opinião conta, que se preocupam com elas, que agradecem o seu trabalho e que são reconhecidas por ele" isso é satisfatório. A satisfação com o trabalho também não diz se os colaboradores estão bem ou não em termos psicológicos. Se perguntarmos se sentiu stresse, ansiedade, reconhecimento, que se preocupam com ela enquanto pessoa, já obtemos outro tipo de respostas.” É isso que a Gallup faz, “investiga o envolvimento das pessoas”, indica a especialista que nos citou o estudo da consultora referido no texto.

“A métrica não é um resultado apenas para se pôr num relatório, mas um ponto de partida para melhorar as condições das pessoas e melhorar o negócio”, advoga Sara Midões, insistindo que os indicadores devem funcionar como alerta para eventuais problemas: “Não sei se as empresas estão a endereçar com a profundidade necessária estas questões porque há coisas subjetivas que têm que ser trabalhadas a par das objetivas. As lideranças podem adquirir essas competências, mas tem que haver investimento nisso por parte das empresas. Se tenho um chefe que divide para reinar, que promove a competição em vez da colaboração, que não cuida das relações, não trabalha a empatia, a compaixão, a gratidão, as práticas que promovem um clima social positivo e a segurança psicológica, de pouco servirão benefícios como a flexibilidade ou a passagem para os quatro dias de trabalho.”

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Lionesa, permitiu aos profissionais que aqui trabalham, de repente, estarem em contacto com obras de arte. Está provado que o contacto com a arte estimula a criatividade”. Em 2014, era inaugurado o Mural da Lionesa, o maior mural de arte urbana da zona norte (1400 metros quadrados), juntando 10 artistas para homenagear a ligação de Matosinhos ao mar. O projeto, feito em parceria com a vizinha Unicer, ocupa a parede traseira da cervejeira e estende-se ao longo da rua que dá acesso à entrada do Lionesa. O mural e o mosteiro de Leça do Balio (séc. XIV) integram o percurso de um dos Caminhos de Santiago e enriquecem culturalmente esta rota. O mural inspirou ainda o OPO Street Art Evolution, que conta a história do graffiti e da arte de rua a norte, num dos corredores do centro empresarial, com reproduções de algumas das suas mais emblemáticas obras.

ações serão orientadas também em função desses resultados.”

Rebranding: da fábrica de sedas ao casulo LBH O processo de expansão do LBH abrange também a restruturação da identidade da marca LBH, como explica o diretor de marketing: “Não existe crescimento sem mudança. E por isso, abraçamos um projeto de re-stylling em parceria com a CBRE e a NANO Designs. Projeto esse que visa dar um novo look ao nosso campus. Estamos ainda a trabalhar com uma das maiores empresas de telecomunicações em Portugal, para tornar o nosso campus mais tecnológico e user friendly. Experiências de realidade virtual, realidade imersiva, arte digital, tecnologia 5G, equipa de Humanoids para receber os nossos visitantes. E se vamos fazer tantas mudanças, havia aqui uma necessidade de sofrermos um rebranding. Criámos uma nova Medir a felicidade identidade. A escolha de um parceiro Se o objetivo é fazer os profissionais pareceu-nos óbvia. Queríamos trabamais felizes, importa saber se isso está lhar com alguém arrojado, irreverente, efetivamente a acontecer, por isso o tal como nós, e com uma ligação forte LBH vai começar ainda este verão ao talento jovem. Por isso, escolhemos a medir a felicidade através de uma o Studio Eduardo Aires" (que assina a aplicação tecnológica, que fará ques- marca Porto.). tionários semanais: “Os profissionais A nova identidade visual alicerça-se terão que responder a três perguntas, numa nova tipografia e na utilização desenvolvidas por uma equipa psicó- de um casulo no lugar do “O”. “Parte logos. A ideia é segmentar as respostas, do processo de criação da nossa nova por empresa, ou grupos de idade, para identidade, passou pela criação de perceber o que está a gerar mais ou uma nova tipografia, a Lionesa Sans, menos felicidade e a quem. As nossas criada pelo conceituado type designer

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Dino dos Santos. A maneira como esta mesma tipografia foi trabalhada para o Lionesa Business Hub, permite transmitir parte do nosso ADN. A sua simplicidade, falta de serifas, letras mais gordas, a bold, todas estas componentes transmitem a nossa forma de estar mais jovem, irreverente e inovadora. Por outro lado, o casulo transmite a nossa componente mais histórica. O casulo representa a herança presente do passado do Lionesa Business Hub, enquanto uma fábrica de sedas. O casulo representa ainda a nossa casa, a casa da nossa comunidade, das nossas empresas, enquanto casulo gerador de ideias, pensamentos e conceitos. O facto de o “O” ir mudando de forma, de forma orgânica e metamórfica, transmite também a mensagem de que o casulo, tal como nos, esta em constante evolução e crescimento.” Este processo de rebranding visa também integrar as restantes áreas de negócio do grupo detentor do LBH, cuja apresentação está agendada para o final do verão. Sabe-se que o empresário Pedro Pinto, que detém a Livraria Lello e o Teatro Sá da Bandeira (ambos no Porto), é o impulsionador de projetos como o "Porto Dada", que quer transformar um quarteirão na Rua do Loureiro num novo foco de atração turística. O empresário quer também desenvolver uma cidade logística na Via Norte e é um dos dinamizadores do projeto Caminho da Arte, que vai ligar Porto a Santiago de Compostela. As respostas sobre estes projetos estão prometidas para o fim do verão, mas todos eles contribuirão para reforçar a marca LBH, assinala António Pedro Pinto: “Temos pontos convergentes na nossa maneira de estar, na nossa missão, na nossa visão, e nos nossos valores. Isto permite reforçar o nosso posicionamento, facilita a comunicação dos nossos pontos-chave, e facilita a criação de sinergias. A Livraria Lello partilha a paixão pela arte e a cultura. O Balio gere interesse, o que ajuda a atrair e reter talento. 


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ADVOCACIA E FISCALIDADE

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Macedo Vitorino forma parceria com escritório brasileiro Denise Fincato

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Macedo Vitorino estabeleceu uma parceria internacional, na área de laboral e de compliance, com o escritório de advogados brasileiro Denise Fincato. Esta parceria surge na sequência de um percurso em que procuramos cada vez mais solidificar as duas referidas áreas. Trata-se da materialização de uma relação próxima que já existia com o escritório de advogados brasileiro Denise Fincato, que, nas suas áreas de trabalho, privilegia a área laboral e o compliance. A presente parceria irá potenciar a partilha de conhecimentos, diferentes perspetivas e experiências, sendo enriquecedora, não apenas para ambos os escritórios, mas também para os nossos clientes. Para nós, faz, por isso, todo o sentido

termos como parceiros um escritório de advogados que partilha a nossa visão multidisciplinar e dinâmica do compliance e que tem forte presença na área de laboral, o que nos permitirá uma abordagem mais global, e não apenas centrada a nível nacional e europeu. A troca de sinergias entre os dois escritórios, incluindo a conceção de projetos e participação em iniciativas em comum que unam Portugal e Brasil, serão a peça-chave desta parceria, que se quer duradoura. Para o início do segundo ano do programa MVCompliance, sob o mote “Fazer o que está certo. Uma nova forma de fazer negócios”, não poderíamos estar mais bem acompanhados. A Macedo Vitorino é uma das mais

prestigiadas sociedades de advogados portuguesas. Desde a sua constituição, em 1996, a Macedo Vitorino tem estado envolvidos em várias transações de elevada complexidade em todas as nossas áreas de prática, nomeadamente em operações de financiamento, operações de mercado de capitais, fusões e aquisições, reestruturações de empresas e contencioso. A prática da sociedade é multifacetada, tendo assessorado algumas das maiores empresas nacionais e internacionais em diversos setores de atividade comercial e industrial, assumindo especial relevância, a banca, a indústria, as telecomunicações, capital de risco, energia e TMT”, adianta o comunicado do escritório português. 

DLA Piper ABBC incorpora a SM&SB

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sociedade de advogados DLA Piper ABBC anunciou a incorporação da equipa da SM&SB, liderada pelos sócios Paulo Saragoça da Matta (na foto) e Mário Silveiro de Barros. Cinco anos após a sua integração na DLA Piper, a sociedade liderada em Portugal por Nuno Azevedo Neves reforça o seu posicionamento no mercado nacional, com a criação de uma nova área de Penal Económico & Compliance e o reforço transversal das áreas de prática de contencioso, público, laboral e fiscal. Paulo Saragoça da Matta, um dos mais reconhecidos advogados da área de penal económico e compliance, passará a ser sócio da DLA Piper ABBC e a liderar o Departamento de Contencioso. Mário Silveiro de Barros, doutorado na área de segurança social e com uma vasta experiência na gestão de clientes multinacionais, integrará a DLA Piper ABBC na qualidade de of counsel do

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Departamento de Laboral. “A SM&SB é uma boutique de contencioso com uma fantástica capability e track record e um enorme reconhecimento no mercado, transversal nas diversas áreas de contencioso, em especial no penal económico e compliance”. Sublinhando a grande reutação de Paulo Saragoça da Matta e Mário Silveiro de Barros “a nível nacional e internacional”, a DLA Piper ABBC adianta que esta nova equipa trará “mais valências e mais força à nossa já excelente equipa. É, por isso, com grande entusiasmo que anunciamos a fusão e integração da SM&SB e reforçamos, desta forma, o posicionamento da DLA Piper ABBC como um escritório global, com uma presença full-service em Portugal”, refere Nuno Azevedo Neves, country managing partner da DLA Piper ABBC. “Clientes top tier procuram uma sociedade de advogados one-stop-shop, que permita uma oferta integrada de servi-

ços a nível geográfico e beneficiar de experiências noutras jurisdições onde estamos presentes, gerando assim mais valor. Temos, hoje, uma excelente equipa de contencioso e arbitragem, com duas sócias em quem muito acreditamos, mas necessitávamos de crescer transversalmente na área de contencioso e poder incluir na nossa capability competências ao nível da excelência na área do penal económico e compliance. Este reforço irá permitir alargar a oferta e capacidade de resposta em Portugal, a clientes portugueses noutras jurisdições, e noutras regiões de expressão oficial Portuguesa”, sublinha ainda o managing partner da DLA Piper ABBC. Para Paulo Saragoça da Matta, “numa altura em que as grandes sociedades tendem a expulsar o direito penal económico das suas estruturas, a DLA Piper ABBC tem a visão de fazer justamente o inverso, integrando esta e a área de compliance, área vital nas empresas modernas, na sua panóplia de serviços”, acrescenta Paulo Saragoça da Matta. 


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ADVOCACIA E FISCALIDADE

Volume de negócios da Garrigues atinge os 414,2 milhões de euros em 2021 A Garrigues obteve um volume de negócios de 414,2 milhões de euros em 2021, depois de ter registado um crescimento de 7,1%. Em Espanha o volume de negócios foi de 361,4 milhões, representando um crescimento de 7,4%. No resto do mundo, o aumento foi de 5%, impulsionado principalmente pelos escritórios na América Latina e em Portugal, explicou a firma em comunicado. O volume de negócios internacional representa 13% do total das receitas da Garrigues. Por área de prática, a de Direito Comercial continua a ser a que tem maior peso no escritório, com 32,5% do total, seguida pela de Fiscal

(30%), Laboral (11,3%) e Contencioso e Arbitragem (11,1%). “2021 foi um ano complexo, marcado pela pandemia de covid-19. No entanto, graças à confiança dos nossos clientes, ao talento e esforço da equipa e ao nosso compromisso com um crescimento sólido e rentável, atingimos receitas recordes”, afirma Fernando Vives, presidente executivo da Garrigues. Em fevereiro, Fernando Vives iniciou um novo mandato de quatro anos como presidente executivo da Garrigues – até fevereiro de 2026–, após ser reeleito pela assembleia geral. O presidente executivo está à frente da Garrigues há doze

Em trânsito: »

Diogo Pereira Duarte (na foto), sócio contratado da Abreu Advogados e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, foi um dos nomes selecionados pelo Banco de Portugal para integrar o Grupo de Contacto com o Mercado sobre o Euro Digital, que irá ao longo dos próximos meses discutir as principais opções relativas à conceção e distribuição de um potencial euro digital e as oportunidades que a sua introdução poderá trazer para os vários setores de atividade em Portugal. O projeto do euro digital, que está a ser desenvolvido pelo Eurosistema – que integra o Banco Central Europeu e os bancos centrais da zona Euro– está em fase de investigação até ao final de 2023. Nesta altura estão a ser estudados os desenhos funcional e técnico para a sua implementação. Os trabalhos do Grupo de Contacto com o Mercado

anos, tendo em 2009 sido nomeado sócio-gerente e, em 2014, presidente executivo, cargo que renovou pela primeira vez em 2018. Nos próximos quatro anos, os desafios da internacionalização, digitalização e sustentabilidade continuarão no centro da estratégia do escritório, adianta a Garrigues. Nos últimos cinco anos, o escritório investiu 55,9 milhões de euros em inovação, o que se traduziu em 2021 em 2,9% da receita, tendo aprovado “um novo plano de sistemas, que envolverá um novo investimento de 45 milhões a três anos”, conclui a sociedade de origem espanhola.

sobre o Euro Digital tiveram início no final de abril e deverão prolongar-se ao longo da fase de investigação do projeto até fins de 2023.

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assembleia-geral de sócios da sociedade Gómez-Acebo & Pombo aprovou recentemente a nomeação de Íñigo Erláiz, para sócio diretor da firma. O advogado substitui Carlos Rueda, que atingiu o limite estatutário de mandatos, desempenhando, a partir de agora, funções de presidente do conselho de administração da sociedade. Segundo Mafalda Barreto, managing partner da GA_P em Portugal: “É com grande entusiasmo que vemos o Íñigo Erláiz abraçar este desafio. Estou certa de que, pela sua experiência e profundo conhecimento da firma, irá dar continuidade ao projeto que, ao longo dos anos, transformou a GA_P num escritório de referência a nível ibérico”. Íñigo Erláiz ingressou na Gómez-Acebo & Pombo em 1999, onde desenvolveu toda a sua carreira profissional e onde é sócio desde 2010. Fez parte do conselho de administração da sociedade nos últimos oito anos. julho de 2022

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opinião opinión

Por Andreia Catarina Cardoso*

Setor da construção: medidas extraordinárias de revisão de preço

e de prazo de execução da obra

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os últimos dois anos, o setor da construção tem assistido a aumentos acentuados dos preços das matérias-primas, dos materiais, equipamentos de apoio e da mão de obra, como consequência dos efeitos resultantes da pandemia por covid-19, potenciado pela crise energética a nível global e, mais recentemente, pela guerra na Ucrânia. Todas estas circunstâncias têm originado inúmeros constrangimentos no setor, tanto nas obras públicas como nas obras particulares. Certo é que, neste momento, temos no mercado materiais de construção com preços muito elevados, que se tornam incomportáveis para o setor. Veja-se, a título de exemplo, que analisando os índices dos preços de materiais e dos custos de mão de obra referentes a dezembro de 2021 face ao mesmo mês de 2020, temos um aumento de 71,3% no preço do tubo de PVC, de 44% na chapa de aço macio, de 28,1% no vidro, de 38,5% no fio de cobre revestido, 65,2% nos derivados de madeira. No mesmo período, no que respeita à mão de obra, constata-se um aumento médio de 6,7%. Esta subida abrupta do preço dos materiais, de mão de obra, a já conhecida escassez de trabalhadores qualificados e, ainda, os problemas nas cadeias de produção e de distribuição, têm contribuído fortemente para o agravamento dos custos finais das obras, condicionando também os respetivos prazos de execução. Apesar de existir um Regime de Revisão de Preços das Empreitadas Obras Públicas

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Particulares Bens e Serviços aplicável às obras públicas – e a algumas obras particulares que prevejam tal mecanismo –, este regime tem como finalidade ajustar os preços dos materiais e da mão de obra às flutuações económicas normais do mercado, em circunstâncias ditas normais e não excecionais, que se fazem sentir no decorrer da execução da obra. De forma a dar uma resposta ao setor da construção, a 21 de maio deste ano, entrou em vigor o Decreto-Lei n.º 36/2022, de 20/5 que estabelece um regime excecional e temporário no âmbito do aumento dos preços com impacto em contratos públicos, especialmente pensada para os contratos de empreitadas públicas. Este diploma vem, assim, criar um regime temporário e excecional de revisão de preços, no qual se prevê que o empreiteiro pode apresentar, ao dono da obra, um único pedido de revisão extraordinário de preços desde que sejam cumpridas as condições de elegibilidade estipuladas na lei, nomeadamente, quando determinado material, tipo de mão de obra ou equipamento de apoio existente naquela obra, cumulativamente, (i) represente, ou venha a representar durante a execução da mesma, pelo menos 3% do preço contratual e (ii) o respetivo custo apresente uma taxa de variação homóloga igual ou superior a 20%. Importa esclarecer o seguinte: nos casos em que sejam cumpridas as condições de elegibilidade para pedir a revisão extraordinária de preços, esta aplicar-se-á a todos os materiais, mão de obra ou equipamentos de apoio exis-

tentes na obra, mesmo aqueles que não representem pelo menos 3% do preço contratual, afastando-se a aplicação da forma de revisão ordinária prevista no respetivo contrato. O pedido de revisão extraordinária de preços é facultativo e carece de iniciativa do empreiteiro, sendo que a forma e prazo do pedido a realizar encontra-se regulada no respetivo diploma, o qual prevê os mecanismos a adotar, em caso de desacordo entre o dono da obra e o empreiteiro. De forma positiva, o legislador teve o cuidado de fazer constar que as medidas previstas no diploma aplicam-se a todos os contratos anteriores a 21/05/2022 (data de entrada em vigor do diploma), desde que a obra ainda se encontre em execução após essa data, bem como aos procedimentos de formação de contratos públicos já iniciados ou a iniciar. Este é um aspeto muito relevante para os contratos já em execução, pois o diploma prevê que o regime da revisão extraordinária de preços aplicar-se-á a todo o período de execução do contrato. Por exemplo, numa obra iniciada antes de 21/05/2022 e na qual já foram realizadas revisões de preços ordinárias bem como recebido o valor correspondente, existindo agora uma adesão à revisão extraordinária de preços, deverá proceder-se à correção das revisões ordinárias de preços já efetuadas anteriormente, com os respetivos acertos dos valores já recebidos, de forma a existir um reequilíbrio financeiro de toda a empreitada.


opinión

O pedido de revisão extraordinária de preços deve ser apresentado pelo empreiteiro ao dono da obra até à receção provisória da obra. No entanto, é importante informar que este regime extraordinário apenas é aplicável enquanto vigorar este diploma, por isso, todos os pedidos de revisão extraordinária necessitam de ser efetuados até 31/12/2022. De forma a combater o problema global existente nas cadeias de produção e de distribuição das matérias primas e dos materiais, este regime excecional prevê ainda a possibilidade de existir um pedido de prorrogação do prazo da empreitada, quando se verifique atraso no cumprimento do plano de trabalhos, por impossibilidade do empreiteiro em obter materiais necessários para a execução da obra, por motivos que comprovadamente não lhe sejam imputáveis. O dono da obra pode aceitar ou recusar o pedido de prorrogação do prazo de execução apresentado pelo empreiteiro. No caso de aceitação, a prorrogação será pelo tempo estritamente necessário, sem qualquer penalização e sem qualquer pagamento adicional ao empreiteiro. A redação aprovada e publicada deste diploma deixa de fora uma esmagadora maioria de contratos de empreitada,

nomeadamente, os contratos celebrados entre um dono da obra consumidor e um profissional empreiteiro, porquanto, nestes casos, aplicar-se-á a legislação que regula a empreitada de consumo, bem como inúmeras empreitadas entre particulares profissionais (empreiteiro profissional e dono da obra profissional), em que as partes não sujeitam a empreitada às regras de contratação pública, aplicando-se, sim, as regras da empreitada constantes no Código Civil. Efetivamente, a proposta inicial do diploma continha uma norma que aplicava diretamente o regime excecional e extraordinário às empreitadas de obras particulares sem exceção, no entanto, tal previsão não foi aprovada e não consta da versão final do diploma publicado. Na minha perspetiva, o setor não pode deixar de lamentar que as empreitadas particulares não sujeitas a regras de contratação pública, empreitadas estas com grande expressão no mercado, tenham ficado sem qualquer proteção, excluídas destas medidas de apoio extraordinárias. Na ausência de mecanismos legais, os empreiteiros deste tipo de obras terão de procurar negociar com cada dono da obra a situação em concreto, ao abrigo da autonomia privada e liberdade contratual, no intuito de que estes aceitem aderir

opinião

a este regime excecional e temporário. Nestes casos, se não existir uma aceitação, pelo dono da obra, de voluntariamente proceder a uma revisão extraordinária e/ ou prorrogação do prazo da empreitada, poderá ficar comprometido o pontual cumprimento do contrato, colocando em causa a sustentabilidade e viabilidade dos operadores económicos envolvidos. É essencial que haja um reconhecimento geral de que esta situação configura uma verdadeira alteração anormal das circunstâncias, devendo promover-se a negociação e mediação entre as partes para efeitos de renegociação do contrato, porquanto dada a morosidade dos tribunais, o recurso à via judicial não se demonstrará sustentável ou benéfico para nenhuma das partes envolvidas. Em todo o caso, apesar de ter sido dado um passo importante para o setor, a criação deste diploma não se afigura suficiente para colmatar as problemáticas existentes face à nova realidade e aos desafios que se antecipam para o futuro, revelando-se fundamental a criação de outros mecanismos de apoio, de mediação, de negociação.  *Advogada Email: acardoso@accadvogados.pt

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setor imobiliário

sector inmobiliario

Mercado português de gestão de ativos cresceu 14% em 2021 D e acordo com o estudo da Boston Consulting Group “Global Asset Management 2022: From Tailwinds to Turbulence”, a indústria de gestão de ativos continuou a sua trajetória de crescimento sem precedentes em 2021, com os ativos a crescerem 12%, para 112 biliões de dólares, globalmente, acima da média de crescimento de 7% nos últimos 20 anos. A taxa de aumento de ativos sob gestão atingiu também níveis recorde, com um aumento de 4,4% face a 2020. O mercado português, por seu turno, superou o crescimento global com um aumento de 14% em 2021, acima dos 2% de média nos últimos 10 anos. No panorama nacional, os clientes institucionais continuam a ser o maior grupo de clientes, representando 70% dos ativos sob gestão em Portugal. As seguradoras e fundos de pensões são os maiores clientes institucionais, seguidos pelos bancos. Em Portugal, o produto de retalho com maior expressão continua a ser os fundos de investimento, tendo mantido o ritmo de crescimento acelerado entre 2020 e 2021. A nível global, o forte desempenho do mercado de ações foi o principal motor para o crescimento da indústria, representando 90% do crescimento das receitas, entre 2005 e 2021. Durante o mesmo período, o

incremento de receitas proveniente do aumento de ativos sob gestão foi genericamente compensado pela migração para produtos com um custo inferior. Apesar do aumento dos custos, a margem operacional subiu para 38% em 2021, acima dos 36% no ano anterior, resultado de o crescimento médio dos ativos sob gestão ter ultrapassado o aumento dos custos. Os investimentos de gestão passiva, que floresceram após a crise financeira de 2008, continuaram a atrair um forte interesse dos investidores. Desde 2003 a 2021, os produtos geridos passivamente cresceram a um ritmo quatro vezes superior aos geridos ativamente. Simultaneamente, o mercado passivo tornou-se cada vez mais concentrado com quase 75% de todo o novo capital nos últimos cinco a 10 anos a fluir para os dez principais players globais – comparados com apenas 25% dos novos influxos líquidos positivos em produtos geridos ativamente. Como tal, atualmente o mercado de gestão ativa oferece aos seus investidores mais oportunidades de diferenciação. “Apesar do crescimento da indústria de gestão de ativos nos últimos dez anos ter sido notável, o cenário a futuro irá ser extremamente desafiante com a proliferação de players competitivos em preço, suportados pelo

desenvolvimento tecnológico.”, afirma Pedro Pereira, managing director e partner da BCG em Portugal. As principais tendências que se estima que venham a moldar o futuro incluem uma mudança gradual para investimentos alternativos na procura de maiores retornos em comparação com investimentos em mercados públicos. Os produtos alternativos representaram em 2021 menos de 20% dos ativos sob gestão mundialmente, mas contribuíram para mais de 40% das receitas totais. Esta tendência deverá continuar nos próximos cinco anos, prevendo-se que as receitas provenientes de investimentos alternativos cresçam para mais de metade das receitas globais do setor, em 2026. Adicionalmente, com cerca de 100 a 150 biliões de dólares a serem necessários para atingir os objetivos de neutralidade carbónica até 2050, a procura de investimentos sustentáveis representa uma profunda oportunidade para o setor, tanto a curto como a longo prazo. Estima-se que cerca de 20 a 30 biliões de dólares serão alocados a gestoras de ativos através de obrigações e ações, com grande parte desse valor a ser antecipado ao longo dos próximos anos à medida que mais investimentos fluem para projetos de transição climática. 

Novo Banco vende carteira de ativos imobiliários, por 208 milhões de euros O Novo Banco vendeu um portefólio de imobiliário, composto maioritariamente por ativos de logística, de uma subsidiária do banco, a GNB Real Estate, por 208 milhões de euros, após processo de venda competitivo, de acordo com um comu-

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nicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Ainda de acordo com o comunicado, o Novo Banco adianta que, em média, dispunha de uma participação de cerca de 75% dos respetivos ativos imo-

biliários, no mês de março deste ano. O Novo Banco anunciou ao mercado, no passado dia 23 de maio, a celebração do contrato de promessa de compra e venda do portefólio de imobiliário, por 208 milhões de euros. 


Alegre Logistic chega ao mercado, com a JLL A

JLL, através da sua equipa de Leasing Markets Advisory, acaba de trazer para o mercado um novo projeto na área industrial e de logística: o Alegre Logistic, situado na EN 10 em São João da Talha, numa localização privilegiada junto ao rio Tejo, a 15 minutos do centro de Lisboa e a oito da A1, A36 e A12 (Ponte Vasco da Gama).

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Com comercialização exclusiva da JLL, o Alegre Logistic é composto por um edifício com cerca de 15.500 metros quadrados, que está a ser alvo de uma requalificação integral para se converter num ativo logístico de primeira linha, com certificação BREEAM. Com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2023, após esta intervenção de fundo, o imóvel incluirá zonas de armazém/ logística, com 7.275 metros quadrados, escritórios, com 1.288 metros quadrados, e estacionamento interior. Entre outras mais valias, estará dotado de painéis fotovoltaicos e postos de carregamento elétrico para veículos. Além deste, o projeto prevê ainda a construção de um segundo edifício, adjacente, que ocupará mais de 12.200 metros quadrados. “Apesar de o mercado estar a ser alvo de forte interesse de investidores e promotores, com bastantes projetos a entrar agora em pipeline, a verdade é que após mais de uma década de quase total estagnação da oferta, o setor continua com grandes dificuldades em satisfazer a procura. Conseguir garantir já presença num ativo de qualidade, bem localizado e com as possibilidades do Alegre Logistic é uma oportunidade a não perder”, enquadra Mariana Rosa, head of Leasing Markets Advisory da JLL.  Textos Actualidad€ actualidade@ccile.org Foto DR

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eventos eventos

António Costa: empresas ibéricas devem evidenciar-se na Europa nas áreas da energia, mobilidade e componentes

A solução para o novo aeroporto de Lisboa deverá ser tomada o mais breve possível, e em articulação com o novo líder da oposição em Portugal, assim como as decisões em relação à alta velocidade, anunciou António Costa, no último almoço-debate promovido pela CCILE com a comunidade empresarial luso-espanhola. Para o primeiro-ministro português, Portugal deve articular-se com Espanha em matérias como a energia, a mobilidade elétrica, ou a produção de microchips, para ganhar vantagens competitivas a nível europeu. O próximo almoço de empresários da CCILE terá como oradora especial a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Ayuso (ver entrevista nas págs. 14-18).

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Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos Sandra Marina Guerreiro sguerreiro@ccile.org

novo aeroporto de Lisboa terá o Governo espera o consenso entre os A questão sobre quando avançará o de avançar mal seja aprovada dois maiores partidos parlamentares, novo aeroporto foi colocada, precisaem definitivo a sua localização, para que se avance o mais rapidamen- mente, pela assistência, tendo António o que deverá ser decidido o te possível e sem que haja mudanças Costa frisado que o tema já se arrasta mais breve possível, defendeu o pri- de posição quando mude o Governo há demasiado tempo e que espera que meiro-ministro português, no final do em Portugal, adiantou António Costa, se chegue a um acordo rapidamente. almoço-debate organizado pela Câma- no evento realizado em Lisboa e a que “Pela minha parte, conheço as 20 boas ra de Comércio e Indústria Luso-Es- assistiram cerca de 200 empresários razões para uma [determinada] localipanhola (CCILE), no passado dia 3 de e gestores ligados a empresas ibéricas, zação, as 20 boas razões para a outra junho. Esta é uma das matérias em que entre outras personalidades. localização, e todas as razões para que

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nenhuma seja boa, portanto, por mim, é só decidir. Já só tenho um critério: “Não podemos aquilo que a oposição entender, é perder mais tempo aquilo que fazemos, não podemos é perder mais tempo relativamente ao relativamente ao novo aeroporto!”, afirmou. novo aeroporto!”, Quanto às ligações rodo-ferroviárias com Espanha, antes mesmo de avançar destacou António a prevista ligação em alta velocidade Costa, para quem este entre Lisboa e Madrid, irão ser construídas, com apoios do Plano de Retema e o do traçado cuperação e Resiliência (PRR), cinco da alta velocidade ligações rodoviárias pequenas. A este propósito, António Costa destacou a devem acelerar o nova estrada entre Bragança e Puebla quanto antes de Sanabria, que, diz, beneficiará a região transfronteiriça e facilitará o acesso de Trás-os-Montes à própria rede de do é o de Lisboa-Porto-Vigo, mas falta ligar este eixo litoral ao resto da rede, alta velocidade espanhola. Face a todos os atrasos que se têm ve- e nomeadamente à capital espanhola, rificado, Portugal tem de definir se vai ligação essa que ainda tem de ser deou não integrar a rede de alta velocida- finida em Portugal e também com os de ibérica, alertou o primeiro-ministro congéneres espanhóis, sublinhou. português. O único traçado já definiNo seu discurso, deu particular ên-

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fase à nova situação geopolítica atual, que “cria uma enorme dificuldade” para as duas economias ibéricas, em especial no que se refere ao preço da energia. Em cada um dos países ibéricos, devido à estrutura de cada mercado no Mibel– o operador do mercado espanhol transaciona o mercado à vista (diário) de eletricidade para os dois países e Portugal opera o mercado grossista (a prazo)–, o mercado energético tem reagido de forma diferente num e noutro país, referiu. Por outro lado, o nível de interconexão energética com o resto do mercado europeu é de apenas 3%, o que cria dificuldades acrescidas à Península Ibérica. A situação geopolítica atual abre, de resto, caminho à intenção dos dois países de aumentarem as suas interconexões elétrica e de gás com o resto da Europa, há muito solicitada aos parceiros europeus. JULHO DE 2022

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eventos eventos

Finalmente, vários parceiros europeus entenderam que a situação da segurança de fornecimento energético é fundamental para a Europa. “Não podemos depender– com o grau de dependência que temos–, de fornecedores externos, que estão sujeitos, naturalmente, às mais diversas vicissitudes– neste momento, a Rússia, amanhã, quem sabe... Por isso, há que acelerar a transição energética, de forma a aumentar a capacidade que os dois países têm de produzir energias renováveis, para ganhar essa autonomia, e, simultaneamente, aumentar quer as rotas quer as fontes de produção de energia”, defendeu António Costa. Foi ainda possível alcançar um consenso no Conselho Europeu quanto às metas estabelecidas pela UE dos países se comprometerem em reduzir as emissões em pelo menos 55% até 2030 e às metas do Green Deal, compromissos a que antes desta crise 50 ACT UALIDAD€

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energética alguns países se mostravam reticentes em aderir, mas que agora, finalmente, todos aceitavam a necessidade de acelerar esta transição. Isto inclui as interconexões entre a Península Ibérica e o resto da Europa, com Bruxelas a defender as interconexões e a disponibilizar o seu financiamento (ao abrigo do Programa REPowerEU), adiantou António Costa. O que ficou patente no último Conselho Europeu, que realçou o “potencial que a Península Ibérica tem para reforçar a segurança energética da Europa”, concluíu. “As empresas energéticas devem aproveitar esta ocasião– que é unica–, para conseguir vencer uma barreira que tem sido muito difícil de vencer até agora”, incentivou o primeiro-ministro português. E adiantou que Bruxelas admite que caso não seja possível fazer a interconexão pelos Pirinéus, “haverá possibilidade de fazer uma ligação direta,

via submarina, entre Espanha e Itália, tal é a determinação da Comissão Europeia de resolver este problema das interconexões”. Existe ainda “o apoio muito sólido de todos os países do Leste e de todos os países do centro da Europa, a começar na Alemanha, para a necessidade urgente de diversificar as suas fontes de energia. Isso significa que o desafio que nos está colocado, imediatamente, para responder a este tema energético é um desafio ao qual os dois países têm de dar a máxima prioridade, trabalhar em conjunto, ao nível legislativo, ao nível dos reguladores, mas essencialmente ao nível das empresas, que são aquelas que produzem ou transportam o gás e a eletricidade de qua Europa hoje tão carente é. E a Península Ibérica pode ser – com a capacidade já instalada neste momento – tem condições para suprir quase 30% das necessidades do conjunto da Europa”.


eventos

E com investimentos adicionais, a Península Ibérica pode mesmo aumentar esse nível de fornecimento, valorizando, assim, a sua posição geoestratégica e o potencial económico dos dois países, adiantou António Costa. No domínio da transição energética, Portugal tem condições para produzir e fornecer à Europa novos recursos, como o hidrogénio verde e outros gases renováveis, porque o custo de produção, com a abundância de água do mar disponível, permite produzir e fornecer de forma duradoura hidrogénio verde, que será essencial para as atividades industriais e de transportes que não podem recorrer à eletricidade, frisou o governante durante o mesmo evento. Reindustrialização da Europa Os dois países devem ainda trabalhar em conjunto na área da mobilidade elétrica, quer na vertente da produção

dos veículos, quer na da produção de baterias. “Portugal e Espanha têm das maiores reservas de recursos naturais em lítio” e devem, a partir dessa exploração, desenvolver também as várias fases da cadeia de valor da mobilidade elétrica. Desenvolvimento que será mais fácil quando os produtores automóveis começarem a adotar baterias semelhantes para os seus veículos, o que não acontece hoje em dia. Outra fileira essencial na estratégia de reindustrialização que a Europa pretende desenvolver é a dos microchips. Em Espanha, através do programa PERTE, o país vai destinar 11 mil milhões de euros apenas para os microchips, elogiou António Costa. Os dois países ganharão em trabalhar em conjunto, para ter massa crítica a este nível. E para tal poderão contar com o contributo do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia (sedeado em Braga) e do Laboratório

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Ibérico de Energia (que está previsto abrir este ano, em Cáceres). Todo o know-how e tecnologia destes centros de investigação serão fundamentais para a transição energética e para a transição digital, incentivou o governante socialista. A cooperação científica e o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia serão, de resto, alguns dos temas a abordar na próxima Cimeira Luso-Espanhola, que irá decorrer no Minho, no outono, adiantou o primeiro-ministro português. “Essa capacidade da Europa de recuperar a competência para produzir componentes essenciais para a elétrónica, para a mobilidade elétrica e para toda a atividade industrial do futuro é absolutamente essencial”, resumiu. A aposta na relocalização na Europa das cadeias de valor e na reindustrialização da Europa representam “um esforço imenso” e a Península Ibérica JULHO DE 2022

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eventos eventos não deve ficar de fora, comentou António Costa. Outro exemplo da posição geoestratégica privilegiada que a Península Ibérica pode reivindicar passa pelas Estações de Amarração de Cabos (CLS-Cable Landing Stations), que são cabos submarinos de telecomunicações para instalar grandes centros de dados. O novo cabo submarino que liga a Europa à América Latina foi amarrado em Sines, o cabo que liga a Europa à África do Sul está em Sesimbra e, no próximo ano, irá também passar por Portugal o maior cabo submarino do mundo, o 2Africa (do Facebook), que ligará os Estados Unidos, África, Ásia e a Europa. Entretanto, foi também anunciado mais um cabo a amarrar em Portugal, em Carcavelos, previsto para 2024– o Medusa. Um estudo da Deloitte destaca mesmo Portugal como um dos poucos países do globo com ligações de dados diretas aos cinco continentes, como noticiou a publicação especializada “Casa dos Bits”. Quanto ao desenvolvimento económico de Portugal, o governante sublinhou o crescimento do turismo, que nos últimos meses atingiu níveis que superam já a fase pré-pandemia. Desde 2016 que “retomámos a convergência com a União Europeia” e essa deve ser sempre uma das nossas prioridades, com uma contínua aposta nas qualificaçães e no investimento em inovação. “Somos o país que a CE considera o mais bem posicionado para atingir a neutralidade carbónica em 2050”, frisou António Costa, realçando o fecho das centrais a carvão no ano passado, com dois anos de antecedência face ao exigido, e o facto do país antecipar para 2026 a meta de ter 80% da energia consumida com origem em fontes renováveis. António Costa destacou ainda as Patrocínios:

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medidas do Orçamento do Estado para 2022 para incentivar o investimento, como o Incentivo Fiscal à Recuperação. Foi igualmente feito um enquadramento fiscal mais atrativo sobre a tributação de royalties de patentes, bem como sobre a tributação de stock options envolvendo startups. Em termos de financiamentos públicos, “entre o Plano de Recuperação e Resiliência, mais as verbas do PT 2030, temos um aumento de 90% das verbas destinadas a apoiar o investimento empresarial comparativamente com o anterior ciclo de programação. É um total de 11 mil milhões de euros, que estarão disponíveis nos próximos anos”. Não obstante esta conjuntura difícil, as empresas têm grande vontade de investir, como ficou demonstrado no programa Agendas Mobilizadoras (ver artigo nas págs. 32-38 na edição ant.) do PRR, distinguiu ainda o primeiro-ministro. Outras medidas do Governo para melhorar o investimento empresarial passará por agilizar os procedimentos de licenciamento em matérias ambientais e noutras áreas. No âmbito Digital EU, a própria UE também vai agilizar os processos de licenciamento

das infraestruturas energéticas para facilitar os estudos de impacte ambiental por zonas e não por projeto, anunciou António Costa. Mais de 4.300 empresas espanholas em Portugal “Portugal e Espanha têm uma sólida relação económica” e “Espanha continua a ser o nosso principal cliente a nível das exportações e continua a ser também o principal exportador para Portugal”, como referiu o primeiro-ministro, no início do seu discurso. “Já do lado espanhol, somos o quarto maior cliente de Espanha e o sétimo maior fornecedor” daquele país. Previamente à intervenção do primeiro-ministro, também Miguel Seco, presidente da CCILE, sublinhou a grande interpenetração das duas economias ibéricas, citando um estudo recente da InformaDB, de março último, que dava conta da existência, em Portugal, de 4.322 empresas com capitais espanhóis (260 delas constituídas no último ano de 2021), e que geraram um volume de negócios conjunto de 37.150 milhões de euros (o equivalente a 18% do PIB português). Estas empresas empregam, no total, 250 mil pessoas.  PUB


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Valencia quiere establecer una alianza empresarial con Portugal centrada en la transición digital y sostenible

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a reciente misión Comunitat Valenciana-Portugal, realizada entre los días 23 y 26 de mayo, en Lisboa, permitió ver el interés del presidente de la Generalitat, Ximo Puig, en reforzar relaciones económicas y políticas con Portugal para establecer una alianza empresarial que permita aprovechar las oportunidades que ofrece en esta década la transición digital y sostenible. Según los datos del ICEX, más de 2.300 empresas de la Comunitat Valenciana exportan a Portugal y 1.600 son importadoras de productos portugueses. Además, más de 150 empresas valencianas de diferentes sectores están implantadas en territorio portugués. Fueron cuatro días intensos, con distintas reuniones de carácter institucional, entre ellas con el ministro de Infraestructuras y Vivienda, Pedro Nuno Santos, con la ministra de Ciencia, Tecnología y Enseñanza Superior, Elvira Fortunato, con el ministro de Economía y del Mar, António Costa Silva (na foto ao lado), y con el alcalde de Lisboa, Carlos Moedas. Puig participó también en el foro empresarial luso-valenciano, en el que intervino además el conseller de Economía, Rafa Climent, así como otros responsables, que presentaron la oferta y oportunidades de la Comunitat Valenciana ante una delegación de empresas valencianas y portuguesas. Una cita en la que no faltaron tampoco el vicepresidente de la Confederación Empresarial de Portugal, Armando Monteiro, y el vice-presidente de la CCILE Enrique Hidalgo. “Visibilizar, reforzar y conectar” son las tres acciones claves indicadas por Ximo Puig para estrechar las relaciones entre Portugal y Valencia. Puig recordó la importancia de las relaciones comercia-

que la Comunitat Valenciana recibirá en 2022 una cifra récord de turistas procedentes de Portugal, lo que le permitirá cerrar el ejercicio con un incremento del 10 % respecto a 2019 y superar así los mejores registros obtenidos antes de la pandemia. Está prevista una mayor inversión en la promoción turística en Portugal para convertir este país en un mercado prioritario para el sector turístico valenciano. Se prevé cerrar 2022 con un incremento del 10% en la cifra les con el país luso, que es el sexto mejor visitantes de este país, lo que permitirá cliente, el séptimo mejor proveedor y el superar los niveles anteriores a la pandetercer país donde más han invertido las mia y, concretamente, los del ejercicio empresas valencianas en los últimos 30 de 2019. años. “Valencianos y portugueses transiEn la reunión de Ximo Puig con el tamos por las mismas vías”, afirmó Puig, ministro de Infraestructuras y Vivienda para quien es importante intensificar la de Portugal, se abordó la forma de colaboración para llevar de forma punte- crear nuevas fórmulas de cooperación ra la innovación a sectores tradicionales entre ambas regiones con el objetivo de como el textil y el calzado y para liderar potenciar el acercamiento a través del la industria de la movilidad y afrontar impulso del ferrocarril. Ambas partes el reto de las energías renovables o el compartieron la necesidad de sumar emprendimiento tecnológico, “ámbitos alianzas para completar los 100 kilómedonde la Comunitat Valenciana trabaja tros que faltan entre el Algarve y Huelva en proyectos como Distrito Digital, la para poder terminar la conexión a través Marina de Valencia, o la base de teleco- del corredor mediterráneo. “La incormunicaciones de la ONU. poración de Portugal a la reivindicación Coincidiendo con la visita Ximo Puig del corredor es fundamental”, señaló anunció que las previsiones apuntan a tras el encuentro Puig.  Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos DR JULHO DE 2022

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eventos eventos

Uma década para “recuperar a soberania” europeia na indústria, energia e agricultura

A Comunidade Autónoma da Extremadura quer continuar a aproximar-se de Portugal, para o desenvolvimento conjunto de diversas infraestruturas, essenciais ao crescimento industrial e de outras vertentes, como afirmou o presidente da Junta da Extremadura, Guillermo Fernández Vara, num recente evento realizado em Lisboa, onde manteve contactos com parceiros portugueses de várias áreas.

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Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos Sandra Marina Guerreiro sguerreiro@ccile.org

ortugal continua a ser um parceiro comercial “estratégico” para a Comunidade Autónoma da Extremadura espanhola, frisou Guillermo Fernández Vara, presidente do Governo Regional da Extremadura, num evento institucional organizado por aquela comunidade autónoma em Lisboa. ”Quando pensamos no futuro, pensamos em Portugal. E, nesse contexto, a palavra mágica é Sines, que permitiu situar a Extremadura como conexão estratégica entre o corredor Atlântico e o corredor Mediterrâneo”, sublinhou o governante, no mesmo encontro, em que participaram diversos parceiros portugueses daquela

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comunidade, tanto da área empresarial como institucional. O governante lembrou ainda que nas próximas semanas entrará em funcionamento o novo traçado ferroviário entre Plasência e Badajoz, e, ao longo de 2023, abrirá a nova linha entre Évora e Badajoz, que terá ligação com a Plataforma Logística do Sudoeste Europeu. Entretanto, a ligação ferroviária entre Caia e Badajoz já está concluída. Portugal poderá tornar-se parceiro da comunidade espanhola naquela Plataforma Logística, se assim o pretender, afirmou o governante extremenho. Guillermo Fernández Vara fez questão de alertar para a necessidade de

que a Europa consiga até 2030 “recuperar a soberania” que perdeu nos últimos anos, em diversas áreas-chave. As mudanças profundas que aconteceram nos anos mais recentes– desde o Brexit, à pandemia, até à guerra na Ucrânia– trouxeram crises graves, que têm afetado as empresas, sendo, por isso, esta década de 2020-30 “decisiva” para a Península Ibérica e para todo o espaço europeu, nomeadamente para alcançar a “recuperação de toda a soberania que a Europa havia cedido, tanto no âmbito industrial, como energético, como agrário”, defendeu, no mesmo encontro, realizado no passado dia 7. Com o atual cenário geoestratégico de conflito na Europa, a questão


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energética emerge como premente, sendo fundamental a Europa– e nomeadamente a Península Ibérica– ter autonomia energética, o que implica “acelerar as energias renováveis”, salientou ainda. A nível da agricultura, também algumas produções se encontram ameaçadas, como o pão, azeite, girassol, ou o trigo, depois de anos de Política Agrícola Comum. A questão é saber “se a Europa vai ser capaz de inverter” este ciclo, estando, para já, a financiar os planos de recuperação e resiliência de que os países necessitam para a sua recuperação pós-pandemia, e que, no caso de Espanha, implicará uma injeção, até 2026, da ordem dos 140 mil milhões de euros. No caso particular da Extremadura, a comunidade também tem de recuperar as suas bases industriais e apostar no desenvolvimento de novas fontes energéticas, o que passará por atrair mais investimento estrangeiro e também mais população para o território, que dispõe ainda de uma vasta área urbanizável por explorar (cerca de quatro milhões de metros quadrados), incentivou o governante extremenho. É nesse sentido que se insere o novo projeto da primeira fábrica espanhola de baterias para automóveis elétricos, que estará localizada em Navalmoral

de La Mata, na província de Cáceres. Por outro lado, sendo a região de Espanha com mais horas de sol, a Extremadura “está a liderar na energia solar fotovoltaica”, produzindo perto de 30% da produção solar fotovoltaica que é consumida em toda a Espanha. Em cada ano, a região coloca em funcionamento cerca de mil MWh de energias renováveis e aprova uma capacidade equivalente de novos projetos, revelou o governante extremenho. Também na vertente desafiante do armazenamento, a região pretende dar cartas, preparando-se para inaugurar em setembro um centro de armazenamento de energia renovável, de âmbito

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ibérico, e que se situará em Cáceres. Além da energia, outros recursos fundamentais para a região e o país é a água, que atualmente escasseia, afetando a atividade económica, bem como os recursos minerais, como o lítio, o cobalto ou o magnésio – que poderão substituir o petróleo no futuro. Miguel Seco, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola (CCILE), sublinhou, igualmente, “a profunda relação que a Extremadura tem com Portugal”, a nível de comércio bilateral. Assim, “80% do comércio externo daquela comunidade espanhola é com Portugal”, destacou o presidente da CCILE.  PUB

Sponsors Oficiais Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola

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intercâmbio comercial intercambio comercial

Intercambio comercial

hispano-portugués en el periodo de enero-abril de 2022

O

frecemos a nuestros lectores los últimos datos estadísticos recientemente hechos públicos por Datacomex-Estadísticas del Comercio Exterior Español referentes al primer cuatrimestre del año. Los cuadros reflejan un crecimiento muy significativo del comercio entre los dos países. Por lo que a las ventas españolas se refiere, están se han visto incrementadas en un 41,3% (7.141,3 millones de euros en 2021, frente a los actuales 10.094,5 millones) y las compras en un 22,9% (4.073,6 millones en 2021, frente a 5.007,1 millones alcanzados en el primer cuatrimestre de este año).

En términos mensuales, se constatan ligeros descensos frente al mes de marzo, tanto en las ventas como en las compras españolas: del -5,5% y del -0,73%, respectivamente. Estas cifras han generado un saldo positivo favorable a España, habiendo superado los 5.087,4 millones de euros, que corresponden, a su vez, a una tasa de cobertura del 201,6%. La distribución geográfica del comercio exterior español (cuadros 2 y 3) sitúan al mercado portugués en la tercera posición entre nuestros principales clientes, con un peso relativo del 8,3% sobre el total de las exportaciones españolas, que superaron, en dicho periodo, los 120.924,5 millones de euros. Fran-

cia (15,3% sobre el total de las exportaciones españolas) y Alemania (10%) destacan entre nuestros principales clientes. En las importaciones españolas (cuadro 3), Portugal sostiene la sétima posición, con un peso relativo del 3,5%. China, Alemania y Francia fueron nuestros principales proveedores, y en conjunto representan el 30% de las importaciones españoles que, en dicho periodo– superaron los 142.735,5 millones de euros. Por lo que a la distribución sectorial se refiere (cuadros 4 y 5) las compras españolas a su vecino Portugal están encabezadas por la partida 27-combustibles, aceites minerales (448,3 millones de euros), se-

Balanza

1. Balanza comercial España-Portugal enero-abril 2022 VENTAS ESPAÑOLAS 22

COMPRAS ESPAÑOLAS 22

Saldo 22

VENTAS COMPRAS Cober 22 % ESPAÑOLAS 21 ESPAÑOLAS 21

Saldo 21

Cober 21 %

ene

2 201 585,87

1 114 092,73

1 087 493,14

197,61

1 581 387,44

897 431,77

683 955,67

176,21

feb

2 471 447,64

1 171 838,19

1 299 609,45

210,90

1 571 724,32

1 009 320,52

562 403,80

155,72

mar

2 785 938,03

1 365 533,17

1 420 404,86

204,02

2 008 010,68

1 095 762,87

912 247,81

183,25

abr

2 635 499,64

1 355 606,40

1 279 893,24

194,41

1 980 168,47

1 071 108,28

909 060,19

184,87

may

0,00

2 118 632,54

1 065 230,82

1 053 401,72

198,89

jun

0,00

2 065 822,03

1 237 518,11

828 303,92

166,93

jul

0,00

2 149 500,37

1 130 197,83

1 019 302,54

190,19

ago

0,00

1 838 711,61

872 511,37

966 200,24

210,74

sep

0,00

2 325 987,73

1 293 862,46

1 032 125,27

179,77

oct

0,00

2 470 465,85

1 208 942,41

1 261 523,44

204,35

nov

0,00

2 478 874,06

1 358 894,23

1 119 979,83

182,42

dic

0,00

2 281 979,08

1 358 692,68

923 286,40

167,95

24 871 264,18

13 599 473,35

11 271 790,83

182,88

Total

10 094 471,18

5 007 070,49

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

56 ACT UALIDAD€

JULHO DE 2022

5 087 400,69

201,60


Rankings 2.Ranking principales países clientes de España enero-abril 2022

guida de la 87-vehículos automóviles, tractor (413,6 millones) y en la tercera posición la partida 39-materias plásticas y sus manufacturas (403,1 millones). En el sentido contrario, es decir en la oferta española, repite la partida 27-combustibles, aceites minerales (1.653,3 millones de euros), seguido de la 39-materias plásticas y sus manufacturas (609,5 millones) y en la tercera posición la 84-máquinas y aparatos mecánicos (602,2 millones). El 44% del comercio bilateral se concentra en las partidas 27, 87, 39, 72, 84 y 85. Por fin, y refiriéndonos a la distribución geográfica por Comunidades Autónomas, la Comunidad de Madrid lidera tanto la oferta (2.293,7 millones de euros) como la demanda (986,1 millones) de Portugal. En las ventas españolas, le siguen Cataluña (1.858,7 millones de euros) y Galicia en la tercera posición (1.183,8 millones). En el sentido contrario, Galicia ocupa la segunda posició, con 860,4 millones de euros, seguido de Cataluña, con 721,6 millones. 

Las empresas que deseen información más concreta sobre el comercio bilateral deberán ponerse en contacto con la Cámara que con mucho gusto les facilitará los datos: Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola Email: ccile@ccile.org

Orden País

Importe

4.Ranking principales productos comprados por España a Portugal enero-abril 2022 Orden Sector

Importe

1

001 Francia

18 518 501,20

1

27 COMBUSTIBLES, ACEITES MINERAL.

448 256,83

2

004 Alemania

12 135 609,65

2

87 VEHÍCULOS AUTOMÓVILES; TRACTOR

413 598,40

3

010 Portugal

10 094 471,17

3

39 MAT. PLÁSTICAS; SUS MANUFACTU.

403 055,85

4

005 Italia

10 027 018,20

4

72 FUNDICIÓN, HIERRO Y ACERO

352 298,80

5

006 Reino Unido

7 078 952,83

5

84 MÁQUINAS Y APARATOS MECÁNICOS

307 669,15

6

017 Bélgica

7 065 883,81

6

85 APARATOS Y MATERIAL ELÉCTRICOS

195 297,53

7

400 Estados Unidos

5 605 082,57

7

15 GRASAS, ACEITE ANIMAL O VEGETA

190 713,50

8

003 Países Bajos

4 727 737,78

8

48 PAPEL, CARTÓN; SUS MANUFACTURA

189 563,60

9

73 MANUF. DE FUNDIC., HIER./ACERO

9

204 Marruecos

3 744 795,62

10

060 Polonia

2 713 711,29

11

720 China

2 357 255,06

12

039 Suiza

2 204 130,73

13

052 Turquía

2 108 682,85

14

952 Avituallamiento terceros

1 681 684,43

15

412 México

1 501 531,27

16

951 Avituall.y combust. intercambios comunitarios

1 448 016,25

17

732 Japón

1 132 792,17 1 127 064,17

153 308,87

TOTAL

5 007 070,49

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

5.Ranking principales productos vendidos por España a Portugal enero-abril 2022 Orden Sector 1

Importe

27 COMBUSTIBLES, ACEITES MINERAL.

1 653 279,05

2

39 MAT. PLÁSTICAS; SUS MANUFACTU.

609 449,40

3

84 MÁQUINAS Y APARATOS MECÁNICOS

602 218,34 585 378,65

18

061 República Checa

19

030 Suecia

1 031 782,96

4

87 VEHÍCULOS AUTOMÓVILES; TRACTOR

20

009 Grecia

978 393,40

5

85 APARATOS Y MATERIAL ELÉCTRICOS

532 199,59

72 FUNDICIÓN, HIERRO Y ACERO

503 324,99

97 283 097,41

6

120 924 534,84

7

76 ALUMINIO Y SUS MANUFACTURAS

300 859,13

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

8

02 CARNE Y DESPOJOS COMESTIBLES

266 626,38

9

48 PAPEL, CARTÓN; SUS MANUFACTURA

254 674,30

SUBTOTAL TOTAL

3.Ranking principales países proveedores de España enero-abril 2022 Orden País

TOTAL

10 094 471,18

Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia

Importe

1

720 China

14 895 034,37

2

004 Alemania

13 761 612,98

3

001 Francia

13 151 122,16

4

400 Estados Unidos

11 364 089,09

5

005 Italia

8 735 579,16

6

003 Países Bajos

6 132 494,07

7

010 Portugal

5 007 070,49

8

006 Reino Unido

3 714 972,58

9

017 Bélgica

3 525 673,17

10

052 Turquía

3 430 868,08

11

039 Suiza

3 063 985,05

12

288 Nigeria

3 008 584,36

13

204 Marruecos

3 005 640,26

14

208 Argelia

2 481 925,11

15

060 Polonia

2 441 553,47

16

508 Brasil

2 286 029,97

17

075 Rusia

2 243 936,70

18

664 India

1 898 267,55

19

061 República Checa

1 688 352,02

20

959 Países y territorios no determinados.Intraco.

1 637 930,45

6.Evolución del intercambio comercial enero-abril 2022

7.Ranking principales CC.AA proveedoras/clientes de Portugal enero-abril 2022 CC.AA.

VENTAS ESPAÑOLAS 22

COMPRAS ESPAÑOLAS 22

Madrid, Comunidad de

2 293 709,69

Madrid, Comunidad de

986 127,27

Cataluña

1 858 712,75

Galicia

860 370,72

Galicia

1 183 806,66

Cataluña

721 590,30

Andalucía

1 074 643,19

Andalucía

491 699,20

SUBTOTAL

107 474 721,09

Comunitat Valenciana

665 687,06

Comunitat Valenciana

418 072,37

TOTAL

142 735 451,01

Castilla-La Mancha

662 238,60

Castilla y León

333 315,98

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

JULHO DE 2022

AC T UA L I DA D € 57


oportunidades de negócio

Empresas Portuguesas

Oportunidades de

oportunidades de negocio

negócio à sua espera

BUSCAN

REFERENCIA

Empresas de madereros en España

DP220401

Empresas españolas productoras de huevos de codorniz

DP220203

Empresas españolas que fabrican contenedores de reciclaje y papeleras

DP220204

Empresas/inversores que quieran invertir en Portugal

DP220202

Empresas que buscan un representante en Portugal

DP220201

Técnico Comercial que domine a língua espanhola

OP220401

Empresas Espanholas PROCURAM

REFERÊNCIA

Empresas portuguesas joalharia Empresas portuguesas de estructuras de invernaderos Empresas portuguesas fabricantes de roupa Empresas portuguesas produtoras de kiwis

DE220402 DE220401 DE210603 DE210602

Legenda: DP-Procura colocada por empresa portuguesa; OP-Oferta portuguesa; DE - Procura colocada por empresa espanhola; OE- Oferta espanhola

Las oportunidades de negocios indicadas han sido recibidas en la CCILE en los últimos días y las facilitamos a todos nuestros socios gratuitamente. Para ello deberán enviarnos un fax (21 352 63 33) o un e-mail (ccile@ccile.org), solicitando los contactos de la referencia de su interés. La CCILE no se responsabiliza por el contenido de las mismas. As oportunidades de negócio indicadas foram recebidas na CCILE nos últimos dias e são cedidas aos associados gratuitamente. Para tal, os interessados deverão enviar um fax (21 352 63 33) ou e-mail (ccile@ccile.org), solicitando os contactos de cada uma das referências. A CCILE não se responsabiliza pelo conteúdo das mesmas.

Bolsa de trabalho

bolsa de trabajo

Página dedicada à divulgação de Currículos Vitae de gestores e quadros disponíveis para entrarem no mercado de trabalho Código

Sexo

Data de Nascimento Línguas

BE200151

F

ESPANHOL/ FRANCÊS/ INGLÊS/ ITALIANO/ PORTUGUÊS

ADVOCACIA

BE200152

F

19/01/1992

INGLÊS/ PORTUGUÊS

ADVOCACIA

BE200153

F

01/12/1975

ESPANHOL/ INGLÊS/ PORTUGUÊS

ADMINISTRAÇÃO/ LOGÍSTICA/ PRODUÇÃO/ ÁREA COMERCIAL

BE200154

M

18/02/1993

ESPANHOL

ADVOCACIA

BE200155

F

23/10/1980

PORTUGUÊS/ ESPANHOL/ INGLÊS

SECRETÁRIA DE DIREÇÃO / TESOURARIA

BE200156

M

ESPANHOL/ALEMÃO/INGLÊS/PORTUGUÊS/ITALIANO

COMERCIAL DE MÁQUINAS DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

BE200157

F

BE200158

F

06/03/1979

Área de Atividade

INGLÊS

ADVOCACIA

INGLÊS/ ESPANHOL/PORTUGUÊS

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS / COMÉRCIO EXTERNO MARKETING

BE200159

F

ESPANHOL/INGLÊS/PORTUGUÊS

BE200160

F

ESPANHOL/ INGLÊS/ FRANCÊS/ PORTUGUÊS

DESIGNER DIGITAL

BE200161

F

ESPANHOL/PORTUGUÊS/INGLÊS

Gestão de StockS / Logística / Transporte

BE20162

M

BE20163

M

BE20164

F

BE20165

F

01/09/1971

01/01/1959

PORTUGUÊS/ ESPANHOL/ INGLÊS/ ALEMÃO/ FRANCÊS

GESTÃO

PORTUGUÊS/ INGLÊS/ ESPANHOL/FRANCÊS

ADVOCACIA

INGLÊS/ FRANCÊS/ ESPANHOL

GESTÃO DE PRODUÇÃO DE ARTES GRÁFICAS

INGLÊS

DESIGN E PROGRAMAÇÃO WEB

Os Currículos Vitae indicados foram recebidos pela CCILE e são cedidos aos associados gratuitamente. Para tal, os interessados deverão enviar um e-mail para rpinto@ccile.org, solicitando os contactos de cada uma das referências. A CCILE não se responsabiliza pelo conteúdo dos mesmos. Los Currículos Vitae indicados han sido recibidos en la CCILE y los facilitamos a nuestros socios gratuitamente. Para ello deberán enviarnos un e-mail para rpinto@ccile.org, solicitando los contactos de cada referencia de su interés. La CCILE no se responsabiliza por el contenido de los mismos.

58 ACT UALIDAD€

JULHO DE 2022


oportunidades de negocio

oportunidades de negócio

JULHO DE 2022

AC T UA L I DA D € 59


calendário fiscal calendario fiscal

>

S

S

S

D

S

T

Q

Q

S

S

D

1 11 12 13 14 15 25 26 27 28 29

T

Q

Q

2 16 30

3 17 31

4 18

5 6 19 20

7 21

8 22

9 23

10 24

julho Prazo Até

Imposto

10

IRS / IRC / Seg. Social

Declaração de rendimentos pagos e de retenções, contribuições sociais e de saúde e quotizações, referentes a junho de 2022 (trabalho dependente)

Declaração mensal de remunerações

-

10

IVA

Envio da declaração periódica referente ao mês de maio de 2022, e anexos, para os contribuintes no regime mensal

Declaração Periódica

Envio de anexos adicionais, em caso de reembolso.

12

IVA

Comunicação dos elementos das faturas referentes a junho de 2022

n/a

Comunicação deverá ser efetuada: - por transmissão eletrónica em tempo real; - por transmissão eletrónica de dados, mediante remessa de ficheiro normalizado estruturado com base no ficheiro SAF-T (PT), criado pela Portaria n.º 321-A/2007, de 26 de março, na sua redação atual; - por inserção direta no Portal das Finanças; - por outra via eletrónica, nos termos a definir por portaria do Ministro das Finanças.

15

IVA

Pagamento do IVA referente ao mês de maio de 2022

n/a

Documento de pagamento gerado no Portal das Finanças após submissão da Declaração Periódica de IVA.

15

Dossier Fiscal

Constituição/entrega do processo de documentação fiscal, referente a 2021

n/a

A entrega do dossier fiscal é obrigatória para Grandes Contribuintes e por sujeitos passivos abrangidos pelo Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedades.

15

IES / Declaração Anual

Envio da IES/Declaração Anual referente a 2021 e anexos aplicáveis

IES/Declaração Anual IRC – Anexos A a H IRS – Anexo I IVA – Anexos L a P Selo – Anexo Q IE – Anexos R, S e T

No caso de período de tributação não coincidente com o ano civil, até ao 15.º dia do 7.º mês posterior à data do termo desse período independentemente desse dia ser útil ou não útil.

15

Documentação de Preços de Transferência

Organização/entrega da documentação relativa à política de preços de transferência referente a 2021

n/a

Dispensa para sujeitos passivos que, no período de tributação, tenham atingido um total de rendimentos inferior a 10.000.000 €.

20

IRS / IRC / Selo

Pagamento do IRC e IRS retidos e do Imposto do Selo referentes a junho de 2022

Declaração de retenções na fonte de IRS/IRC Declaração Mensal de Imposto do Selo (DMIS)

-

20

IRS

Pagamentos por conta (Categoria B)

-

-

20

Segurança Social

Pagamento das contribuições relativas a julho de 2022

n/a

-

20

IVA

Envio de declaração recapitulativa mensal referente a junho de 2022

Declaração recapitulativa: Transmissões intracomunitárias de bens e operações assimiladas/ prestações de serviços

Aplicável a: - sujeitos passivos no regime mensal; e, - sujeitos passivos no regime trimestral quando o total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na Declaração Recapitulativa tenha, no trimestre em curso ou em qualquer um dos quatro trimestres anteriores, excedido 50.000 €.

20

IVA

Envio da declaração recapitulativa trimestral referente ao 2.º trimestre de 2022

Declaração recapitulativa: Transmissões intracomunitárias de bens e operações assimiladas/prestações de serviços

Aplicável a sujeitos passivos no regime trimestral, quando o total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na Declaração Recapitulativa não exceda 50.000 € no trimestre em curso ou em qualquer um dos quatro trimestres anteriores.

31

IRS / IRC

Declaração de rendimentos pagos ou colocados à disposição de sujeitos passivos não residentes em maio de 2022

Modelo 30

-

31

Valores mobiliários

Comunicação pelas entidades emitentes de valores mobiliários, com referência a 2021

Modelo 34

Aplicável às entidades emitentes de valores mobiliários.

60 ACT UALIDAD€

Declaração a enviar/Obrigação

JULHO DE 2022

Entidades Sujeitas ao cumprimento da obrigação

Observações


calendario fiscal

31

IRS / IRC

31

calendário fiscal

Comunicação de rendimentos isentos, dispensados de retenção ou com redução de taxa, pagos em 2021

Modelo 31

-

IRC

1.º Pagamento por Conta

Modelo P1

No caso de período de tributação não coincidente com o ano civil, no 7.º mês, no 9.º mês e até ao dia 15 do 12.º mês do respectivo período de tributação. Possibilidade de limitação/dispensa do 3.º pagamento por conta.

31

IRC

1.º Pagamento adicional por conta

Modelo P1

-

31

IVA

Envio da declaração trimestral referente às obrigações declarativas decorrentes do regime da União do Balcão Único, relativa ao 2.º trimestre de 2022

Declaração trimestral

-

31

IVA

Envio da declaração trimestral referente às obrigações declarativas decorrentes do regime extra-União do Balcão Único, relativa ao 2.º trimestre de 2022

Declaração trimestral

-

31

IVA

Envio da declaração mensal referente às obrigações declarativas decorrentes do regime de importação do Balcão Único, relativa ao mês de junho 2022

Declaração mensal

-

31

Segurança Social

Entrega de declarações trimestrais por trabalhadores independentes (obrigatório para trabalhadores ao abrigo do regime simplificado e sujeitos ao cumprimento da obrigação contributiva) relativa ao 2.º trimestre 2022

Declaração trimestral

-

Fonte: PwC Portugal

PUB

novembro de 2014

ac t ua l i da d € 61


espaço de lazer

espacio de ocio

Contra: requinte descontraído à beira-rio

Foto Sandra Marina Guerreiro

As tardes e noites de verão prometem muita animação na zona das Docas de Lisboa, onde há poucos meses abriu mais um restaurante, o Contra. O novo espaço oferece “refeições requintadas”, num ambiente trendy, de grande descontração, onde todos se sentem à vontade, expressa Manuel Bonneville, sócio-gerente do Contra. Ao final da noite, o espaço transforma-se em bar, onde se pode apreciar cocktails e música de DJ’s. Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos DR

E

Foto Sandra Marina Guerreiro

ste é, certamente, um espaço para apreciar com amigos ou colegas de trabalho e aproveitar a vista sobre o rio, na concorrida zona das Docas de Lisboa. O Contra, que desde setembro passado abriu portas nas Docas, resulta de um conceito elaborado por uma agência criativa, em conjunto com os seus donos, jovens empre-

62 ACT UALIDAD€

JULHO DE 2022

sários com alguma experiência no setor da restauração, explica Manuel Bonneville, um dos sócios-gerentes. Além do conceito de restaurante, a agência ajudou ainda a delinear a própria carta, adianta o empresário. O espaço pretende transmitir aos clientes que ali se “pode comer bem, pratos muito trabalhados, requintados, próximos da alta cozinha, mas

onde se pode vir à vontade, sem formalismos”, ou seja, contra formalismos e limitações. Na carta, brilham as carnes – do t-bone maturado, ao entrecôte maturado, à picanha do Uruguai ou ao novo Bife à Contra (bife de alcatra com molho Contra e ovo estrelado). Mas não só de carne vive o restaurante, que tem, entre os pratos prin-


espacio de ocio

espaço de lazer

Sugestões exposição reflete sobre os resíduos plásticos no mar

cipais, também, por exemplo, Polvo Grelhado com Arroz do Mesmo (foto na pág. seg.) e Espetada “Surf & Surf ” (de camarão e corvina) e quatro opções de hambúrgueres – um deles vegan –, a salada Júlio, com alface, bacon crocante, tomate, molho ceaser, croutons e lascas de parmesão, e a nova salada California, com camarão, alface, tomate cherry, milho, abacate e tortilha de milho. Nas entradas, as opções são diversas, com vários pratos para partilhar, como taco de secretos de porco, ceviche com peixe do dia, tártaro à Tuga, tacos de camarão, croquetes de cachaço ou croquetes vegetarianos. As sobremesas dividem-se entre gelado, tarte Burnt Lemon Pie, os churros 3 leches e a 3 C’s (sobremesa com chocolate, caramelo e gelado de chocolate, na foto em cima).

A cozinha está a cargo do chefe Paulo Alves, que conta com uma vasta experiência em restaurantes em Portugal e não só. O restaurante está aberto todos os dias e, depois do jantar, funciona como bar, contando em alguns dias com DJ’s a colocar música pela madrugada dentro. A decoração do espaço é descontraída e irreverente, como é característica dos armazéns da zona, e, no exterior, destaca-se a colorida estátua de Leonel Moura “Crista Rainha” (na primeira foto), adquirida pelos responsáveis do Contra aquando da saída da obra da LX Factory. 

Contra Doca de Santo Amaro, Armazém 18 1350-353 Lisboa Telefone: 211 641 637

A nova exposição “Derivas invisíveis” propõe uma reflexão sobre a grande quantidade de resíduos plásticos presentes atualmente nos ecossistemas marinhos, cada vez mais contaminados, sobretudo por redes e elementos utilizados pela indústria pesqueira. De acordo com uma investigação de 2018, cerca de 85% dos resíduos encontrados em algumas partes dos oceanos em todo o mundo corresponde a redes ou artes de pesca perdidas ou deliberadamente abandonadas. Na Grande Ilha de Lixo do Pacífico, estima-se que as redes de pesca constituam 46% do total de 79 mil toneladas de plástico. Estas redes abandonadas, também chamadas de artes de pesca fantasma, não só poluem o fundo do mar, como também emaranham e asfixiam peixes, tubarões, golfinhos, tartarugas marinhas, polvos, baleias, focas e até aves. Apesar da crença de que os plásticos de utilização única (como as garrafas, sacos ou palhinhas de plástico) têm uma enorme presença como lixo marinho, na verdade, são os resíduos de artes de pesca o maior poluente dos oceanos. Inspirada pelas tradicionais armadilhas de gaiola para peixes, a Basurama apresenta uma instalação de arte à escala urbana para refletir sobre esta realidade. Um dispositivo de pesca que chegou do oceano, uma rede fantasma, potencialmente perigosa, que já enredou e aprisionou aqui outros detritos plásticos marinhos à deriva. A obra, integrada no MAAT, é promovida pelo coletivo espanhol Basurama, dedicado à investigação, criação e produção cultural e ambiental, cuja prática gira em torno da reflexão sobre lixo, desperdício e reutilização em todos os seus formatos e possíveis significados. Nasceu em 2001, na Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Madrid, e o seu objetivo é estudar os fenómenos inerentes à produção massiva de lixo real e virtual na sociedade de consumo, apresentando diferentes pontos de vista sobre o assunto que possam gerar novos pensamentos e atitudes. A instalação temporária está patente na Praça do Carvão, em frente à Central, até 17 de outubro.

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AC T UA L I DA D € 63


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Agenda cultural Livro Série “Glória” editada em livro “João Vidal, filho de um político da ditadura, trabalha como engenheiro na rádio controlada pelos americanos, mas o que nem a família nem os patrões sabem é que o jovem de aparência imperturbável, embora profundamente traumatizado pela Guerra Colonial, é um agente ao serviço do KGB. Envolto numa teia de traições, mentiras e morte, João vai questionar as suas lealdades e pôr em risco a própria vida…” Eis a sinopse da primeira série original portuguesa a chegar à Netflix, o thriller de espionagem e ação “Glória”, que é agora editado pela Oficina do Livro. O romance é escrito por Pedro Lopes, um dos criadores do projeto e o principal argumentista, em conjunto com o escritor Paulo M. Morais. Ao longo de 320 páginas mergulha-se no Portugal dos anos finais da ditadura do Estado Novo, e ainda na Guerra Fria, sendo uma história de ficção assente em factos reais. “Esta é uma obra de entretenimento, mas também uma obra reveladora do nosso passado recente”, escreve Pedro Lopes na nota final do romance que agora chega às livrarias, sobre uma história que o acompanha desde sempre, ouvida da boca do avô: o centro de retransmissão de rádio, a Rádio Free Europa, instalada numa pequena terra perdida do Ribatejo, ao serviço da informação e propaganda norte-americana que, por motivos aparentemente técnicos e geográficos, transforma a pequena aldeia de Glória no improvável cenário da História Mundial e da Guerra Fria. A série de dez episódios, realizada por Tiago Guedes, foi o projeto com maior orçamento de sempre na história da produção nacional e foi produzida pela SPi. 64 act ACT ualidad€ UALIDAD€

jJ u U lL h Ho O d De E 2022

Exposições

Carros, arte e arquitetura, a exposição que celebra os 25 anos do Guggenheim Bilbau

“Motion. Autos, Art, Architecture” é uma dupla celebração: a da “dimensão artística do automóvel, vinculando-a à pintura, à escultura, à arquitetura, à fotografia e ao cinema”, como se lê no comunicado do Museu Guggenheim de Bilbau sobre a exposição, que é também uma forma de assinalar os 25 anos do museu que transformou a forma como o mundo olha para esta cidade basca. comissariada por Norman Foster, a mostra leva o visitante a mergulhar na história dos automóveis, abrindo uma janela que permite vislumbrar algumas propostas para o futuro destes veículos. Comissariada pelo arquiteto Norman Foster, responsável entre outras obras pelo metro de Bilbau e pela ampliação do Museu de Belas Artes, cuja conclusão está prevista para 2024, a exposição analisa as afinidades existentes entre tecnologia e arte: “Mostra, por exemplo, como o uso do túnel de vento ajudou a dar ao carro uma forma aerodinâmica, para que poder ser mais rápido usando energia de forma mais económica; Essa revolução aerodinâmica ecoou nas obras do movimento futurista e de outros artistas do mesmo período; e isso também se refletiu no desenho industrial de todos os tipos de produtos, de eletrodomésticos a locomotivas”. A mostra exibe quarenta automóveis: “uma seleção dos melhores de cada classe no que diz respeito à sua beleza, singularidade, progresso técnico e visão de futuro”. Ocupam o centro das salas e estão “rodeados de importantes obras de arte e arquitetura, muitas delas são apresentadas pela primeira vez a um público alargado, pois nunca saíram das coleções particulares ou instituições públicas a que pertencem”. A nota da exposição, também comissariada por Manuel Cirauqui e Lekha Hileman Waitoller, assinala que “mais do que qualquer outra invenção, o automóvel provocou uma transformação radical da paisagem urbana e rural do nosso planeta e, por sua vez, do nosso modo de vida. No limiar de uma nova revolução na energia elétrica, esta exposição pode ser vista como um réquiem para os últimos dias de combustão”. Até 18 de setembro, no Guggenheim Bilbau

“Flashback” pelo percurso do arquiteto Carrilho da Graça O acervo relativo a mais de 40 anos de trabalho depositado por Carrilho da Graça na Casa da Arquitetura, em Matosinhos, é a base da exposição “Flashback”, que tem a curadoria de Marta Sequeira. Nascido em Portalegre, em 1952, João Luís Carrilho da Graça cedo sediou o seu atelier em Lisboa. Muitos dos desenhos e maquetas podem agora ser conhecidas nesta mostra. “Esta exposição permite ao visitante reviver o momento da elaboração de dez projetos — numa seleção que vai do Terminal de Cruzeiros de Lisboa (2010–2018) à Casa Fonte Fria (1985–1988). Estes projetos são aqui representados através de desenhos, maquetas e fotografias pertencentes ao Acervo Carrilho da Graça, recentemente depositado na Casa da Arquitectura, mas também por um conjunto de filmes, expressamente elaborados para esta exposição por André Cepeda, Catarina Mourão e Tiago Casanova, a que se junta um filme de Salomé Lamas, que retratam as obras construídas.” Carrilho da Graça “acredita que todas as disciplinas trabalham sobre o mesmo tipo de preocupações, e que a partir de cada uma, e das suas ferramentas, é possível chegar a conclusões e descobertas próximas entre si”. Por isso, são aqui apresentados textos, desenhos, maquetas, pinturas, esculturas e filmes produzidos noutros contextos e por outros autores: desde Blue, Red, Yellow (2019), de Julião Sarmento, a Architectone: Alpha (1923), de Kazimir Malevich. São “referências presentes na coleção particular de


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Carrilho da Graça, mas também em diversos museus e coleções privadas, nacionais e internacionais, são aqui reunidas pela primeira vez, criando uma hipótese de corporalização do seu processo criativo”, explica a nota de exposição do museu, acrescentando que “a apresentação sincrónica de obras e referências permite leituras comparativas e relações de grande intensidade, algumas estrategicamente calculadas, outras deliberadamente imprevistas”. Até 29 de janeiro 2023, na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

Maia acolhe “Bienal de Pintura do Eixo Atlântico - N13” Do total de 119 obras a concurso na décima terceira edição da “Bienal de Pintura do Eixo Atlântico - N13”, foram selecionadas 30 obras inéditas de artistas portugueses e galegos, que podem agora ser apreciadas no Fórum da Maia até 12 de julho. Realizada há 25 anos, esta bienal que homenageia a estrada nacional 13, também denominada Estrada do Entre-Douro-eMinho, constitui “uma oportunidade para o reconhecimento profissional dos artistas do Eixo Atlântico e como uma plataforma de lançamento de jovens pintores da Euro-região Norte de Portugal-Galiza”.

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O júri, presidido por Antón Pulido e composto por Carlos López Bernárdez, Helena Mendes Pereira, Patrícia Oliveira e Fátima Teles, vencedora da última edição, escolheu “obras de uma ampla variedade de estéticas, linguagens e técnicas”. Coração Resiliente” de Tito Senna foi considerada pelo júri a melhor obra do certame (premiada com 4.000 euros), o 2º prémio foi outorgado à obra “Betty” de Fruela Alonso Blanco ( 2.000 euros) para o 2º prémio e o prémio Jovens Talentos, destinado a jovens artistas com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos de idade, foi para “As cancións de mariñeiros que falan de liberdade escríbeas xente de terra” de Breogán Torres Gutiérrez (1.500 euros) Foram ainda atribuídas cinco Menções Honrosas às obras “2D3D” de Francisco Javier Pena Fernández, “Con la que está cayendo” de J. Antonio Castro-Muñiz, “Poéticas do Desejo”, de Ricardo de Campos, “Untitled” de Thomas Apostolou e “That was just a dream” de Raul José de Oliveira Ferreira. Na página web do Eixo Atlântico pode fazer um tour virtual pela exposição no seguinte link: https://galeriavirtual.eixoatlantico.com/ e descarregar o catálogo da XIII Bienal. Até 12 de julho, no Fórum da Maia Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

O Museu do Tesouro Real no Palácio da Ajuda Data de 1976 o primeiro projeto de criação do Museu do Tesouro Real, na mesma altura em que se iniciava a construção do Palácio da Ajuda, mas só em 2016 se deu início à empreitada, que culminou com a inauguração deste novo espaço no passado dia 1 de junho na ala poente do referido monumento lisboeta. Pensado como uma caixa-forte, com sofisticados equipamentos de segurança e videovigilância, portas blindadas, vitrines com controlo de temperatura e humidade e vidros à prova de bala, o museu alberga uma das mais importantes coleções mundiais de joias e ourivesaria da monarquia: pedras preciosas, moedas de ouro, peças em prata e ouro, joias de ourivesaria portuguesa, tesouros dad artes decorativas portuguesas e europeias do século XVI até ao século XX etc.

O museu distribui-se por três pisos e está organizado em 11 núcleos: ouro e diamantes do Brasil, moedas e medalhas da Coroa, joias do acervo do Palácio Nacional da Ajuda, ordens honoríficas, insígnias régias, objetos de uso civil em prata lavrada, coleções particulares, ofertas diplomáticas, capela real, Baixela Germain e viagens do tesouro real. O museu ocupa a ala poente do Palácio da Ajuda, que nunca havia sido terminada. O projeto custou 31,4 milhões de euros e é da autoria do arquiteto João Carlos Santos, funcionário da Direção-Geral do Património. “Era difícil termos no Palácio Nacional da Ajuda um maior equilíbrio entre a marca da contemporaneidade e o respeito e preservação da marca histórica aqui recuperada”, comentou o primeiro-ministro António Costa, durante a cerimónia da inauguração. j JuUlLhHoO D dE e 2022

AC tT ua ac UA lL iI da DA d D € 65


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últimas

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Statements Para pensar

“A Europa talvez esteja a atravessar um dos períodos mais agitados e repleto de desafios. Hoje, as empresas enfrentam uma disrupção e incerteza sem precedentes, o que aumenta a pressão sobre as empresas que ainda estão a tentar recuperar do impacto dos anos covid. Num contexto de inflação, com o incremento das taxas de juro e regulamentação, as empresas esperam um aumento nos atrasos de pagamento, bem como maiores barreiras para o crescimento durante o resto de 2022. Garantir um fluxo de caixa sólido é uma das prioridades máximas para a maioria das empresas inquiridas” Anders Engdahl, CEO da Intrum, “O Jornal Económico”, 22/6/2022

“Numa nota positiva, os mercados de trabalho em toda a Europa continuaram a fortalecerem-se este ano, embora as baixas taxas de desemprego possam gerar uma maior pressão ascendente sobre os salários” Anna Zabrodzka-Averianov, economista da Intrum, “O Jornal Económico”, 22/6/2022

“Uma administração pública inovadora, ágil e eficiente é essencial para alcançar um verdadeiro Estado de bem-estar e uma sociedade com a melhor qualidade de vida. Para o conseguir, é necessário evoluir através dos serviços, aplicando novas ideias e práticas de gestão, e aumentar os gastos em I&D em tecnologias que permitam gerar maior valor para os cidadãos” Joana Miranda, diretora de Administrações Públicas da Minsait Portugal, em comunicado da

empresa, para assinalar o Dia das Nações Unidas para o Serviço Público (23 de junho), cujo objetivo é promover a importância do serviço público para a comunidade, 22/6/2022

“Espera-se que o investimento global no fornecimento de carvão cresça mais 10% em 2022, à medida que a oferta apertada continua a atrair novos projetos (...) A China e a Índia deverão compor a maior parte do investimento global em carvão [este ano]” Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional da Energia (AIE), instituição que

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manifestou o receio de que a Europa se veja forçada a um racionamento de gás natural com o eventual fecho total das exportações da Rússia, recomendando, assim, que os países mantenham temporariamente unidades de produção nuclear e que aumentem o uso de carvão para reduzir a dependência de gás russo, “Executive Digest.pt”, 22/6/2022




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