A presença física do homem num determinado local, mapeado ou não, e várias das percepções que ele tem ao atravessá-lo é uma forma de transformação da paisagem, que não deixa sinais tangíveis, mas modifica culturalmente o significado do espaço e, consequentemente, o espaço em si, tirando-o de uma zona de distanciamento e transformando-o em lugar, uma zona próxima, na qual o sujeito afetou e foi afetado. “O caminhar produz lugares” (CARERI, 2010, p.51). Segundo Careri, é uma ação que, simultaneamente, é ato perceptivo e ato criativo, que ao mesmo tempo é leitura e escrita do território (CARERI, 2010, p.51). O que se pretende é indicar o caminhar como um instrumento estético com potencialidade de descrever e transformar os espaços que muitas vezes apresentam uma natureza que ainda deve ser compreendida e preenchida de significados. O caminhar promove a aproximação de quem caminha com o espaço a ponto de o mesmo se metamorfosear em lugar, pois há um contato com quem ali vive, trabalha e transita, além das edificações e da arquitetura circundante existirem sujeitos produtores de estórias e dispositivos de afeições. A experiência da deriva captura o visível e o invisível da paisagem, forjando uma arte do cotidiano.
A natureza da experiência Para o pesquisador Tuan, o modo que o homem possui para vivenciar e explorar um
espaço desconhecido é a experiência. Uma palavra que sugere inúmeras maneiras concretas e abstratas de se relacionar e apreender estímulos para a construção de seus próprios conceitos e ideias sobre o real. As sensações adquiridas na exploração são rapidamente qualificadas pelo pensamento, calor, frio, prazer, dor, entre outros. 30