Patrimônio Cultural é Paisagem A era do antropoceno é a era da cultura da paisagem. Desde a perspectiva de sustentabilidade do planeta, estamos chegando no ponto de não retorno, temos que reagir. Temos que criar uma nova forma, revolucionária, de diálogo com as cidades. Temos que pensar os espaços públicos, o patrimônio natural e cultural, e a arquitetura do século XXI como recursos estratégicos. Temos que criar soluções inteligentes, simbióticas, integradoras, sintéticas, compreensivas, respeitosas com os valores do patrimônio, material e imaterial, mas ao mesmo tempo, inovadoras, criativas, abertas ao futuro ... a nova "arte de desenhar a paisagem do futuro" exige novas narrativas, discursos dinâmicos, processos participativos, exige coração e cabeça, transversalidade ... Uma nova visão da paisagem, "a new Landscape Declaration" (LAF, Landscape Architecture Foundation, 2016), um novo paradigma, um modelo para pensar nosso entorno que foi declarado em 2016 pela fundação de arquitetura da paisagem .
A história geológica, pedológica e biológica da Terra constrói as topografias sobre as quais os solos e rocas dão suporte a formações vegetais, estruturam bacias hidrográficas e conectam ecossistemas. Mas entender essas paisagens exige não só a percepção da base natural, mas também das culturas que as sociedades que as habitam assim como a incorporação, dentro desse discurso, do entendimento perceptivo, estético e artístico. A paisagem é uma invenção holística, mas ao mesmo tempo sintética e, ao mesmo tempo, fragmentada de todas as “realidades” que nos envolvem. É um recorte da totalidade, da complexidade do visível, que depois será reelaborado e cristalizado através de desenhos, pinturas, fotografias, cartografias, diagramas, dados estatísticos e outros desenhos técnicos ou perceptivos. A paisagem exige a síntese das ciências e das técnicas, mas também das percepções estéticas e artísticas, das emoções e da beleza. Por tanto as narrativas históricas de tempos geológicos (períodos da construção da terra), solares (estacoes), e do relógio (a aceleração do dia a dia contemporâneo), junto a ciência ambiental, botânica, geográfica, arquitetônica, urbanística, a antropologia, a arqueologia, a paleontologia, e outras formas de conhecimentos, compõem a base do conhecimento da paisagem cultural explicando uma dimensão mais abrangente do patrimônio cultural. Uma visão que incorpora o patrimônio cultural, o espaço público e até o vazio, entendido como o não construído, dentro de uma leitura mais abrangente da complexidade do espaço e suas interações, até imateriais, com a sociedade e os seres vivos que o constroem e transformam.
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