Revista A Ordem - Fevereiro/2020

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Fundação Paz na Terra Ano LXVIII - Nº 46 Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2020

Quaresma:

Jejum, esmola e oração


A ORDEM

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A ORDEM

FEVEREIRO DE 2020

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A ORDEM

SUMÁRIO

EDITORIAL

PARA ALÉM DO PRECEITO

Fundação Paz na Terra Ano LXVIII - Nº 46 Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2020

Quaresma:

Jejum, esmola e oração

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CAPA

ENTREVISTA - Casa Durval atua no diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil

APRENDENDO COM A IGREJA -

Neste mês, o tema é Exorcismo

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GALERIA - Arcebispo de Natal completa 45 anos de sacerdócio

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VIVER - Projeto ajuda a superar aquafobia

EXPEDIENTE

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

4 FEVEREIRO DE 2020

CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra CONSELHO EDITORIAL: Pe. Rodrigo Paiva Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida

Ler e estudar são os melhores “remédios” para o crescimento pessoal e intelectual de qualquer pessoa, crente ou não, em todo e qualquer tempo, em todos e quaisquer temas, sejam ligados à profissão ou à vida pessoal e religiosa. Ler e estudar sempre foram e continuarão sendo os melhores “remédios” para curar a ignorância. Nesta edição, a revista disponibiliza aos leitores um pouco de conhecimento sobre dois temas da vida cristã: quaresma e jejum. São temas interligados e dizem respeito à “Renovação da Aliança”(Ex.34) de Deus com Moisés. “Vou fazer uma aliança contigo. Escreve estas palavras, pois são elas a base da aliança que faço contigo e com Israel” (Ex.34,10;27). Para os povos dos tempos atuais, o que significam a quaresma e o jejum? Para muitos, pouco ou quase nada, por simples desconhecimento ou ignorância religiosa. Para os cristãos, porém, significam apego e fidelidade à prática religiosa: “Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão e sem beber água”(Ex.34,28). Vivenciar a quaresma e jejuar podem ir além da prática religiosa e se estender à prática da caridade. O que se deixa de comer, ao jejuar, pode alimentar quem já jejua pela simples e cruel ausência de alimento na mesa da família. Os tempos atuais exigem uma visão do jejum para além da prática de um simples preceito.

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) CAPA: Cacilda Medeiros COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464

IMPRESSÃO: Gráfica Sul (84) 3211-2360

COMERCIAL: (84) 3615-2800

TIRAGEM: 3.000 exemplares

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br



A ORDEM PALAVRA DA IGREJA

MENSAGEM PARA OS

Francisco Papa

É de Cristo que vem a luz para superar este momento de provação. Nele, os doentes encontrarão força para ultrapassar as inquietações e interrogativos que surgem nesta ‘noite’ do corpo e do espírito”

enfermos

O 28º Dia Mundial do Enfermo será celebrado, como todos os anos, no dia 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes. A mensagem do Papa, para este ano, é inspirada no Evangelho de Mateus 11, 28, com o tema: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos”. Francisco inicia o texto, dizendo que estas palavras ditas por Jesus indicam o caminho misterioso da graça, que se revela aos simples e revigora os cansados e exaustos. “Jesus tem esses sentimentos - prossegue o Pontífice - porque Ele mesmo viveu em primeira pessoa o sofrimento humano e só quem passa por esta experiência poderá ser de conforto aos demais”. O Papa lembra que por vezes há falta de humanidade na relação com os doentes. “Ao tratamento, deve-se somar a solicitude, ou seja, o amor, sem esquecer de que com o enfermo há uma família que também ela pede conforto e proximidade”, escreve. E acrescenta: “É de Cristo que vem a luz para superar este momento de provação. Nele, os doentes encontrarão força para ultrapassar as inquietações e interrogativos que surgem nesta ‘noite’ do corpo e do espírito. É verdade que Cristo não nos deixou receitas, mas, com a sua paixão, morte e ressurreição, liberta-nos da opressão do mal”. Francisco reforça que a Igreja quer ser, cada vez mais e melhor, a «estalagem» do Bom Samaritano que é Cristo, isto é, a casa onde os enfermos podem encontrar a sua graça, que se expressa na familiaridade, no acolhimento, no alívio. Na mensagem, o Pontífice também escreve sobre a eutanásia. Ele fez uma menção aos profissionais da saúde, que colocam suas competências em prol do enfermo. E recorda que o substantivo “pessoa” deve vir antes do adjetivo “enfermo”. Assim, a ação de médicos e enfermeiros têm que ter em vista “constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida, nem mesmo se for irreversível o estado da doença”. “Lembremo-nos de que a vida é sacra e pertence a Deus, sendo, por conseguinte, inviolável e indisponível. A vida há de ser acolhida, tutelada, respeitada e servida desde o seu início até à morte”, escreve o Papa. Por fim, o Santo Padre dirige o pensamento a tantos irmãos no mundo que não têm acesso aos cuidados médicos porque vivem na pobreza. “Por isso, dirijo-me às instituições sanitárias e aos governos de todos os países do mundo, pedindo-lhes que não sobreponham o aspecto econômico ao da justiça social”, escreve. Francisco conclui confiando todos as pessoas que carregam “o fardo da doença” à Virgem Maria, bem como suas famílias, todos os profissionais e voluntários.

FONTE: Portal Vatican News 6 FEVEREIRO DE 2020


A VOZ DO PASTOR A ORDEM

“Deus nos dá a graça de vivermos a Campanha da Fraternidade, como instrumento valioso que dá sentido à Quaresma: “viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.

VIVER A

Quaresma:

DOM E COMPROMISSO

Queridos irmãos e irmãs! Quaresma é tempo favorável para a conversão, tempo de renovar nossa adesão a Jesus Cristo e ao seu Evangelho da vida. Iniciando a Quaresma, na quarta-feira de Cinzas, a Igreja nos lembrará que somos feitos da terra, mas que temos em nós a Ruah de Deus, isto é, o seu sopro de vida (cf. Gn 2,7). Durante os 40 dias desse tempo de penitência temos a graça de refletir sobre o que é a nossa vida, qual o sentido da vida, o que nos motiva a viver. Como membros da comunidade de Jesus, a Liturgia quaresmal nos levará a uma intensa experiência de retiro, isto é, de podermos fazer silêncio e escutar a voz de Deus que continua clamando: “Hoje, não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor” (Sl 94, Antifona). Eis o primeiro e fundamental modo de viver a Quaresma: “ouvir a voz do Senhor”. A sua voz esclarece nossas ideias, aponta o caminho certo e seguro, revela o sentido da vida e dá motivos para viver e ser no mundo imagem de Deus. Como escutar a voz do Senhor? A Quaresma nos dará, neste ano litúrgico, sinais importantes e indispensáveis para a nossa caminhada missionária. No primeiro domingo da Quaresma a Liturgia nos apresentará as “tentações de Jesus”. São as mesmas que se colocam diante de nós e precisamos estar preparados para que a resposta seja como a de Jesus. Também nós somos tentados a buscar uma relação com Deus onde a facilidade de seu poder está a nosso serviço e nos deixa tranquilos. É a ele que devemos buscar, não os benefícios recebidos. Pois Ele é a própria graça, Ele é o be-

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

nefício. Viver na escuta de sua Palavra é o caminho de realização de nossa vida (cf. Mt 4,4). Não podemos tentar o nosso Deus, quase como que tendo uma relação de brincadeira com Ele; Deus é sempre maior, a Ele nosso respeito e adoração (cf. Mt 4,7.10). Já no segundo domingo, Jesus é transfigurado no monte. Era para lembrar aos discípulos que sua Palavra é vencedora e eles deveriam estar prontos. Nós também seremos transfigurados, mas precisamos passar pela Cruz, assim como aconteceu com o Mestre. No terceiro domingo, será São João a nos exortar a que busquemos a verdadeira água viva, que é Jesus. A samaritana é uma imagem da transformação da vida que acontece no encontro com Jesus. No quarto domingo, a alegria da luz em nossa vida, proporcionada por Jesus deve levar-nos a reconhecer: o Senhor é pastor que nos conduz (cf. Sl 22,1). E no quinto domingo, a proclamação de que Jesus é a vida, faz-nos sair da morte, como aconteceu com Lázaro, e crermos nele como Ressurreição e Vida. É na fé em Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que somos convocados a viver a Quaresma como tempo de fraternidade, como abertura para irmos ao encontro do outro. Toda a Paixão de Jesus foi por causa dos homens e das mulheres. Nós também somos chamados a viver pelos outros. Por isso, Deus nos dá a graça de vivermos a Campanha da Fraternidade, como instrumento valioso que dá sentido à Quaresma: “viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. Que isso seja constante em nossa vida, pois, como Jesus, vemos a vida como “dom e compromisso”.

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A ORDEM ENTREVISTA FOTOS: ACERVO CASA DURVAL PAIVA

A Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer completa no próximo mês de julho, 25 anos de atuação, cumprindo a missão de acolher crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas crônicas, assim como a seus familiares. A casa nasceu fruto da luta pela cura do câncer do filho de Rilder Campos, presidente da instituição.

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ENTREVISTA A ORDEM

CASA DURVAL ATUA NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DO

câncer infanto-juvenil POR CIONE CRUZ

A Ordem: Como nasceu a Casa Durval Paiva? Rilder: A Casa Durval Paiva foi criada há 25 anos com o objetivo de acolher, amparar a criança e o adolescente com câncer e doenças hematológicas crônicas no Estado do Rio Grande do Norte. Ao longo desses 25 anos, a instituição tem feito esse papel, tentando resgatar também a cidadania e a dignidade dessas pessoas. Quando eu falo dessas pessoas, eu estou falando do paciente e como consequência, a família. Então, todas as nossas ações visam isso. Elas visam dar equilíbrio às famílias, o suporte para enfrentamento dessas doenças, que é diferente de outras doenças, porque demanda muito tempo. Pelo menos cinco anos na casa, e aí a gente busca, procura uma interação, que é muito próxima, com a sociedade e com empresas. Fazer com que a Casa seja autossustentável e possa acolher, da melhor maneira possível, essas famílias. A Ordem: De que forma a casa se mantém, hoje? Rilder: Prioritariamente, doação. São quase 20 mil pessoas que fazem doações todo mês. São pessoas que se identificam com a causa, se aproximam pela identidade com a instituição. A instituição conseguiu um protagonismo que transcende o Rio Grande do Norte. É reconhecida no Brasil inteiro pelo que faz. Em 2018, foi considerada melhor ONG do Brasil e isso a credencia a receber essas doações. Credencia a fazer com que as pessoas se sintam à vontade para doar. A doação é uma ferramenta que é utilizada como sustentação de uma entidade do terceiro setor, mas as pessoas precisam se sentir confortáveis, se sentir à vontade para doar, e é isso que a gente bus-

ca através da transparência, da credibilidade e da resolutividade. A Ordem: A Casa realiza constantemente uma campanha para o diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil. Como se dá essa atividade? Rilder: Na verdade, existem várias ações que a gente faz. O nosso dia a dia é uma eterna campanha pelo diagnóstico precoce, porque a gente tem os parceiros, a imprensa do Rio Grande do Norte, pela qual a gente tem uma gratidão enorme, que nos ajuda bastante, senão não teríamos essa visibilidade. Todas as nossas ações, as folheterias, as mídias sociais. Todas as formas possíveis que a gente tem, utilizamos para divulgar os sintomas, para que as pessoas saibam que com o desenvolvimento da cultura, toda sociedade é privilegiada, porque o câncer é democrático; se dá em todas as classes, credos e raças. Então, ele pode dar no meu filho, no seu neto, no seu parente, no seu vizinho, no seu amigo. Então, a gente pensa que às vezes ele não vem. E ele pode chegar. É um problema de toda a sociedade. É por isso que a gente tenta, de forma contundente, fazer com que a campanha exista, a campanha aconteça, que ocupe os espaços para que a sociedade possa se prevenir. O carro-chefe da Casa Durval Paiva é fazer campanha pelo diagnóstico precoce. Nós tempos aqui um time, uma equipe multiprofissional que preenche esse dia a dia, que faz com que essas crianças sejam atendidas da melhor forma possível. E com resolutividade. A gente procura fazer no tempo mais célere possível, da melhor maneira possível, e aí nós temos que enveredar por essa luta árdua, que é a luta em busca da cura.

“Ao longo desses 25 anos, a instituição tem feito esse papel, tentando resgatar também a cidadania e a dignidade dessas pessoas.”

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A ORDEM ENTREVISTA

A instituição conseguiu um protagonismo que transcende o Rio Grande do Norte. É reconhecida no Brasil inteiro pelo que faz.”

A Ordem: Quais serviços a casa oferece, hoje, à população? Rilder: Nós temos uma equipe multiprofissional, que vem desde o dentista, a pedagoga, a assistente social, a psicóloga, a terapeuta ocupacional, a fisioterapeuta, a professora de artes, professora de informática, profissionais esses que vivem o dia a dia da criança. Aqui e também no hospital. Nós tempos cinco pedagogas que acompanham a criança no hospital para que elas não percam o ano letivo, para que elas tenham uma interação com a rotina, porque quando você adoece, você perde a rotina, e a rotina que você perde é o lazer, o trabalho, e o estudo que a gente busca aqui trazer de volta. Na hora que a gente perde isso, a gente fica muito pesaroso. Todo atendimento que dá equilíbrio, que melhora a qualidade de vida. Nós temos um projeto que é de visita à casa da criança lá onde ela mora. Em Pau dos Ferros, na Paraíba, no Ceará, para ver a

O nosso dia a dia é uma eterna campanha pelo diagnóstico precoce” 10 FEVEREIRO DE 2020

condição socioeconômica dela, pra ver as condições de moradia. Por isso nós desenvolvemos um projeto chamado Vida, que leva roupa, cesta básica e constrói casas para quem tem condições precárias de moradia. Agora em 2019 construímos a centésima casa, fizemos mais de 130 obras de reformas (quarto, cozinha, telhado, cisternas, rebocado), tudo nessa vibe de resgatar a cidadania e a dignidade. Podem ser beneficiadas pela instituição, crianças com doenças oncológicas ou hematológicas que tenham situação socioeconômica precária e com idade até 18 anos. Geralmente a porta de entrada são os hospitais. Eles vêm, o hospital faz o diagnóstico e encaminha, mas às vezes vem algum paciente direto, pois a Casa já é conhecida, então isso é um facilitador, como referência. A Ordem: Na sua visão, qual a importância deste trabalho? Rilder: Na verdade, o diagnóstico precoce não temos como mensurar, porque infelizmente no Estado do Rio Grande do Norte não tem números. O papel da Casa nesses últimos 25 anos, o trabalho da Casa Durval Paiva no tratamento das doenças oncológicas e hematológicas, foi um diferencial, por tudo que ela tem feito, por tudo que ela tem proporcionado a esse paciente, por tudo que ela tem desenvolvido e criado para que ele tenha uma vida digna, possa fazer um tratamento digno, possa fazer o resgate da cidadania, incluído socialmente, possa ser respeitado como cidadão. São muitos valores embutidos na ação de acolhimento.



A ORDEM

Jejum: UMA DAS PRÁTICAS

RECOMENDADAS PARA A QUARESMA Neste ano, o período da Quaresma vai de 26 de fevereiro a 9 de abril

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A ORDEM

CACILDA MEDEIROS

A

Igreja Católica orienta três exercícios para os fiéis vivenciarem durante o período quaresmal: o jejum, a esmola e a oração. É uma forma de se preparar para a Páscoa do Senhor. “A Quaresma chama os cristãos a encarnarem, de forma mais intensa e concreta, o mistério pascal na sua vida pessoal, familiar e social, particularmente através do jejum, da oração e da esmola”, destacou o Papa Francisco, em mensagem publicada em fevereiro do ano passado. Logo após o Concílio Vaticano II, em 1966, o Papa Paulo VI publicou a Constituição Apostólica Paenitemini, para tratar sobre a penitência. Nessa constituição, ele exorta os fiéis a reconhecerem a necessidade de colocar o jejum no contexto do chamado de cada cristão a “não viver mais para si mesmo, mas para aque-

Kilza Gomes: “Para a Quaresma deste ano, ainda estou pensando de que vou jejuar. Porém, estou certa de que em relação ao consumo desnecessário, ainda vou ter que fazer jejum durante umas três ou quatro Quaresmas”

le que o amou e se entregou a si por ele, e… também a viver pelos irmãos”. “Jejuar, isto é, aprender a modificar a nossa atitude para com os outros e as criaturas: passar da tentação de ‘devorar’ tudo para satisfazer a nossa voracidade, à capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração. Orar, para saber renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu, e nos declararmos necessitados do Senhor e da sua misericórdia. Dar esmola, para sair da insensatez de viver e acumular tudo para nós mesmos”, orientou o Santo Padre, na mensagem para a Quaresma 2019 .

Ir além de se abster de comida O jejum é uma das práticas tradicionais de penitência cristã. A Igreja Católica recomenda aos fiéis fazerem jejum na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da Semana Santa. Jejuar significa abstinência de algum alimento, mas inclui também outras formas de privação para uma vida mais sóbria. Durante a homilia da missa, na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, em 16 de fevereiro de 2018, o Papa Francisco alertou os fiéis a serem coerentes com a prática do jejum. “Se não puder fazer um jejum total, que faz sentir fome até os ossos, faça um jejum humilde, mas verdadeiro”, disse. Durante o sermão, o Pontífice alertou que o “jejum que o Senhor quer, consiste em partilhar o pão com o faminto, no acolher em casa os miseráveis, sem-teto, em vestir os nus, sem negligenciar o teu sangue”. Francisco encerrou a homilia, fazendo a seguinte a exortação: “O meu jejum chega a ajudar os outros? Se não chega, é fingido, é incoerente e te leva pelo caminho da vida dupla. Peça humildemente a graça da coerência.” Neste sentido, Mons. Lucas Batista Neto, capelão da Casa da Criança, em Natal, lembra que não basta só se abster de algum alimento ou de outra coisa, mas exercer a caridade para com os que necessitam. “Você se libera de alguns alimentos, por exemplo, e o que correspondia àquilo, você deve doar para quem não os

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A ORDEM CAPA

tem, porque muita gente já vive em constante jejum e abstinência de carne, em nosso país. São 45 milhões de pessoas que não têm acesso à alimentação básica para viver dignamente”, explica. “A prática do Jejum na quaresma, é uma excelente oportunidade de educar meu espírito para as coisas do Alto. Quando alguém não tem costume, indico que inicie de uma forma branda, se abstendo nas sextas-feiras de carne e de algum alimento, mas que seja regular. Posteriormente, deverá praticar o jejum nas sextas-feiras e em outros dias, comendo uma vez ao dia alimentos nutritivos, e, se necessário, as demais refeições de uma forma mais restrita”, recomenda Mara Maria, fundadora da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus. Jejum como mudança de vida A assistente social, Kilza Gomes, exercita a prática do jejum quaresmal há mais de uma década. Segundo ela, a prática tem contribuído para mudanças de hábitos em sua vida. “Há mais de dez anos, eu fiz jejum de refrigerante, no tempo da Quaresma. E eu tomava muito refrigerante. Posso dizer que a abstinência foi, realmente, um sacrifício, mas o fato é que terminou o tempo da Quaresma, e até hoje, não consigo mais tomar refrigerante”, conta. Ela releva que durante alguns anos fez jejum em relação à alimentação, mas chegou um mo-

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SERVIÇO FOTOGRÁFICO DO VATICANO

“O meu jejum chega a ajudar os outros? Se não chega, é fingido, é incoerente e te leva pelo caminho da vida dupla. Peça humildemente a graça da coerência”


CAPA A ORDEM

mento em que, com reeducação alimentar, não tinha mais sentido se privar de algum alimento. Segundo Kilza, a surpresa veio há uns quatro anos, quando ela decidiu se abster de fazer compras, durante os 40 dias da Quaresma. “O interessante é que eu não me considerava consumista. Só me dei conta, com o ‘jejum de compras’, porque foi um sacrifício grande. Só comprava alimentação. Foi aí que percebi o quanto eu era consumista. Confesso que, depois disso, me conscientizei de que eu gastava desneCEDIDA

cessariamente, mas ainda preciso ter mais consciência disso”, testemunha. “Para a Quaresma deste ano, ainda estou pensando de que vou jejuar. Porém, estou certa de que em relação ao consumo desnecessário, ainda vou ter que fazer jejum durante umas três ou quatro Quaresmas”, diz a assistente social. Por volta do ano de 2013, a operadora de telemarketing, Jozelise Bezerra, residente em Natal, decidiu fazer o sacrifício de se abster de alguns alimentos, como doces, no período da

Quaresma, e oferecer o sacrifício na intenção de uma colega de trabalho que estava passando por uma situação difícil e afastada da Igreja. “E o engraçado é que era tentada pela própria colega, que sempre me oferecia chocolates. Mas eu continuava em meu propósito, em silêncio, porque nosso Deus nunca nos decepciona”, conta. Segundo Jozelene, depois, a amiga voltou a frequentar a Igreja. Jozelene garante que até hoje continua a jejuar, no tempo quaresmal. “Hoje, peço pela conversão da minha família”, diz. Racquel de Maria, consagrada da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus, destaca que a “Quaresma também é um tempo muito oportuno para colocar uma guarda na própria língua, ou seja, vigiar o falar, evitar murmurações, fofoca e maledicências, e usar a língua apenas para elogiar, para incentivar e, sobretudo, para louvar a Deus por tudo que nos acontece, de bom ou de ruim, pois tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”. Ela espera que, neste ano de 2020, consiga colocar em prática, mais uma vez, aquilo que toda a Igreja é chamada a viver, durante o tempo da Quaresma.

Mara Maria: “A prática do Jejum na quaresma, é uma excelente oportunidade de educar meu espírito para as coisas do Alto”

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A ORDEM EM AÇÃO FOTOS: COM. CATÓLICA SHALOM

Atividade reúne crianças de 06 a 12 de idade, além da família

Projeto beneficia crianças e famílias em vulnerabilidade social Iniciativa é desenvolvida por meio do setor de promoção humana da Comunidade Católica Shalom, em Natal

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Comunidade Católica Shalom, em Natal, por meio do setor de promoção humana, desenvolve um projeto, intitulado “José do Egito”, que atende 40 crianças e suas famílias, residentes no bairro Planalto, zona oeste de Natal, em situação de vulnerabilidade e risco pessoal. A iniciativa é coordenada pelo secretário de promoção humana Natal, Tennessee Mendes. Segundo Tennessee, o objetivo do projeto é o fortalecimento das relações familiares e comunitárias. “O projeto em evidência, tem um caráter preventivo, pautado na defesa e afirmação de direitos e no desenvolvido de capacidade dos usuários”, conta. Nesse sentido, são desenvolvidas atividades lúdicas e socioeducativas, envolvendo arte, cultura, lazer, esporte, educação e serviço So-

EM AÇÃO A ORDEM

cial. A programação reúne crianças de 06 a 12 anos de idade, além dos pais e/ou responsáveis. De acordo com Tennessee, as atividades realizadas com as famílias envolvem oficinas com arte educador e grupo de apoio a famílias assistidas, conduzidas por assistente social. Fortalecimento Tennessee conta que o projeto veio a partir da identificação de realidades de convivência familiar e comunitária, encontradas no público assistido, como a violência doméstica, por exemplo. A comunidade possui um centro de evangelização no bairro, proporcionando assistência religiosa e social. “Nossa proposta é contribuir para a proteção dos direitos, combatendo a violação dos mesmos, garantindo a inclusão social de crianças e adolescentes”,

reforça. Para a participar do projeto, é necessário realiza um cadastro. Segundo o coordenador do projeto, os maiores ganhos da iniciativa são no sentido do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, perdidos muitas vezes diante da triste realidade vivida pelas famílias assistidas. “O projeto vem para promover a pessoa humana, garantindo novas oportunidades e mais qualidade de vida. Favorecemos a aprendizagem por meio da troca de experiência”, enfatiza. SERVIÇO: O projeto fica localizado no bairro do Planalto, zona oeste de Natal, com funcionamento de terça a sexta-feira, das 14h às 17h30. Informações, ligue: (84) 99836-6991.

Projeto é desenvolvido no bairro Planalto, em Natal FEVEREIRO DE 2020

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A ORDEM PERSONALIDADE ACERVO DA ARQUIDIOCESE

Dom Eugênio e o Movimento de Natal

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os idos da década de 1950, um grupo de apenas seis padres da Arquidiocese de Natal, criou o hábito de se reunir regularmente, todo mês, para tentar responder uma pergunta que os inquietava: “como podemos servir melhor à Igreja?” Daí, surgiram várias respostas em forma de pequenos movimentos inovadores que se transformaram num conglomerado de ações, gerando o chamado ‘Movimento de Natal’. Desse grupo, fazia parte Dom Eugênio de Araújo Sales, então administrador apostólico da Arquidiocese de Natal. Como frutos do Movimento de Natal, surgiram ações como a Campanha da Fraternidade, que depois se projetou nacionalmente; a administração de paróquias por freiras, as chamadas ‘irmãs vigárias’; a distribuição da sagrada comunhão pelas freiras, com autorização do Papa, fazendo surgir a figura do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão; a inauguração da Emissora de Educação Rural de Natal, hoje 91.9 FM; o Serviço de Assistência Rural (SAR); os Sindicatos de Trabalhadores Rurais, entre várias outras ações. Em entrevista publicada na revista em comemoração ao centenário da Diocese de Natal, em dezembro de 2009, Dom Eugênio lembrava que o Movimento de Natal foi o resultado de um amor à Igreja, aproveitando a situação do momento, para conservar e promover não só indivíduos, mas toda coletividade. “Tudo dentro do princípio da visão da Igreja. Nós não tínhamos visão ideológica e nem política, mas de amor à Igreja”, comentava Dom Eugênio, na entrevista. Desde sua atuação como padre, Dom Eugênio sempre teve um olhar direcionado à Doutrina Social da Igreja. As ações do Movimento de Natal, idealizado por ele e mais um grupo de sacerdotes, foi consequência dessa preocupação para com as questões sociais, existentes naquela época, muito centradas na pobreza, no alfabetismo, na falta de conhecimento dos seus deveres por parte dos trabalhadores. A Igreja não podia ficar à margem das mazelas sociais. Ainda hoje, essa experiência se constitui fonte e referência básica para inúmeros trabalhos de conclusão de cursos superiores e teses de doutorado sobre a Igreja e sua missão sócio-evangelizadora de anunciar o Reino de Deus no tempo presente. A verdade é que esta coluna, nesta edição da revista A Ordem, seria demasiadamente pequena para relatar as tantas iniciativas e suas contribuições diretas na vida de milhares de pessoas, no Rio Grande do Norte, frutos do Movimento de Natal.

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Catequese

Preços válidos até 29/2/2020 ou enquanto durarem nossos estoques.

EM AÇÃO A ORDEM

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Com linguagem moderna, adaptada à comunicação do cotidiano e das redes sociais, a coleção está fundamentada na Palavra de Deus, com roteiros de encontros com grupos de catequese, sugestões de celebrações em comunidade e propostas de encontros com a família.

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A ORDEM ARTIGO

“As lágrimas precisam rolar”

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ão há frases mais corrosivas à saúde emocional de alguém do que as comuns “engula o choro” ou “não chore”. “Chore não”, se diz aqui no Nordeste. Muitos repetem essas afirmativas pensando estarem tomando uma atitude educativa ou evitando a tristeza. Porém, basta o mínimo de sensibilidade para entender o quanto represar sentimentos pode causar estragos no futuro. A natureza chora e mostra que, em determinado momento, o que foi represado, contido, impedido, interrompido volta para cobrar seu espaço. Sempre! Parece que vivemos em um contexto que é proibido chorar, criminoso ficar triste, ultrajante querer se recolher. De forma geral, as pessoas se desconsertam ao ver outra derramando lágrimas e, de pronto, querem estancar aquele líquido como quem controla uma hemorragia. Os lenços são oferecidos a todo o momento, porém, poucos têm a coragem de dizer ao outro: “chore: as lágrimas precisam rolar”. E muito poucos mesmo têm a ousadia de dizerem a si mesmos: “eu acolho o que estou sentindo: as lágrimas precisam rolar”. Li, há um tempo, sobre um estudo do pesquisador Joseph Stromberg que analisou 100 lágrimas diferentes, observou-as em microscópio e descobriu que as lágrimas basais (aquelas que o nosso corpo produz para lubrificar os olhos) são radicalmente diferentes das lágrimas que surgem quando estamos cortando cebolas. As lágrimas que surgem a partir de uma alegria intensa não estão nem perto de lágrimas de tristeza. Como uma gota d’água do oceano, cada minúscula gota de lágrima carrega um microcosmo da experiência humana. Segundo o pesquisador, existem três tipos principais de lágrimas: basais, reflexivas e psíquicas (desencadeadas por emoções). Todas as lágrimas contêm substâncias orgânicas, incluindo óleos, anticorpos e enzimas e são suspensas em água salgada. Diferentes tipos de lágrimas têm moléculas distintas. Lágrimas emocionais têm hormônios à base de proteínas, incluindo o neurotransmissor leucina encefalina, que é um analgésico natural, liberado quando estamos estressados. Além disso, as lágrimas vistas sob o microscópio podem ter diferentes formas. Desta forma, mesmo as lágrimas psíquicas com a mesma composição química podem ser muito diferentes. O trabalho científico, que achei tão interessante, serviu, mais uma vez, para me mostrar como as lágrimas têm sua função e devem correr livremente para desempenharem seus papéis. Porque são singulares. Não que os lenços não sejam bem-vindos ou que as frases tão ditas não tenham seu lado bom, especialmente quando surgem de quem nos ama e com uma entonação carinhosa, mas chorar de peito aberto, sem censura, é tão reparador quanto uma boa gargalhada. As emoções precisam rolar.

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Taciana Chiquetti Psicóloga www.webterapia.com.br

Basta o mínimo de sensibilidade para entender o quanto represar sentimentos pode causar estragos no futuro.”



A ORDEM PARÓQUIAS

Paróquia de Taipu: única criada no governo de Dom Joaquim Antônio

SÉRGIO FALCETTI

Igreja matriz de Nossa Senhora do Livramento

Primeiro bispo de Natal criou a Paróquia no dia 18 de abril de 1913, sendo desmembrada do território da Paróquia de Ceará-Mirim POR LUIZA GUALBERTO

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PARÓQUIAS A ORDEM

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urante o episcopado de Dom Joaquim Antônio de Almeida, primeiro bispo diocesano de Natal, foi criada apenas uma Paróquia, sendo esta dedicada à Nossa Senhora do Livramento, em Taipu. Mesmo antes de se tornar Paróquia, a religiosidade sempre esteve presente na comunidade. No ano de 1839, dois casais do vilarejo receberam a autorização para a construção de uma capela, que seria dedicada a Nossa Senhora do Livramento. A capela levou 30 anos para ser concluída. No dia 18 de abril de 1913, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, pelo primeiro bispo da Diocese de Natal, Dom Joaquim Antônio de Almeida. A Paróquia tem, atualmente, como pároco, o padre Alcimário Pereira, que assumiu os trabalhos da Paróquia no dia 30 de setembro de 2019. Trabalhos pastorais Segundo o padre Alcimário, a Paróquia é bastante ativa e conta com o protagonismo dos grupos de pastorais, movimentos e serviços. De acordo com o sacerdote, este ano tem início a obra de restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Livramento. “No contexto histórico, pretendemos fazer um documentário sobre o trabalho das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, em parceria com o jornalista Jadson Carvalho. No âmbito pastoral, temos o objetivo de contribuir para a instalação da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Poço Branco. Para isto, a Igreja, Centro Pastoral Paroquial e a casa paroquial de Poço Branco irão passar por obras para melhorias na infraestrutura e modernização”, conta.

Irmãs do Imaculado Coração de Maria Fundada pela beata Barbara Maix, em 1849, no Rio de Janeiro, com sede geral em Porto Alegre (RS), as irmãs da Congregação do Imaculado Coração de Maria chegaram em 25 de fevereiro de 1964 à cidade. Elas administraram a Paróquia por 30 anos e permaneceram morando na cidade de Taipu por 42 anos, quando se mudaram para Natal. Ainda de acordo com o padre Alcimário, muitas autoridades religiosas e civis visitaram Taipu entre 1964 e 1966 para tomar conhecimento do trabalho desenvolvido pelas irmãs à frente da Paróquia. Em uma das sessões do Concílio Vaticano II, foi relatado pelo Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales a experiência exitosa que se realizava em Taipu e em Nísia Floresta, onde mulheres assumiam paróquias. A irmã Natalina Rossetti, a “Irmã Vigária”, foi a primeira mulher no Brasil a receber autorização do Papa Paulo VI para distribuir a comunhão aos fiéis. Ela está sepultada na Igreja matriz de Taipu. Atuação nas comunidades A Paróquia é formada por 47 comunidades rurais, dos municípios de Taipu e Poço Branco, sendo dividida em 10 setores, que trabalham em comunhão em momentos como festa de padroeiros e campanhas. Conta com mais de 40 pastorais, grupos, movimentos e serviços atuando na paróquia, que abrange uma população de 27 mil pessoas. Dízimo missionário A Paróquia foi pioneira na Arquidiocese de Natal com o Dízimo Missionário. Ideia trazida da Diocese de

Pe. Alcimário Pereira, pároco

Guarabira (PB), pelo Padre Francisco de Assis Inácio, em 2011, quando assumiu a Paróquia. O Dízimo Missionário acontece com a visita mensal do agente à casa do dizimista. Em cada casa, o agente deixa um envelope, faz uma reflexão sobre um trecho bíblico, canta e reza junto com a família. Na missa do dizimista, celebrada no primeiro domingo de cada mês, a família devolve o envelope, com a oferta. Com isso, o resultado pastoral tem sido expressivo, trazendo mais pessoas para as celebrações.

SERVIÇO Endereço: Praça 10 de março, 426 – Centro – Taipu Telefone: (84) 3264-2296 Horários de missa (matriz): Quintas, às 19h30 Domingos, às 19h30 1ª sexta-feira de cada mês (Sagrado Coração de Jesus), às 19h30

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A ORDEM

VIDA PASTORAL

CF 2020 chama atenção

RIVALDO JR.

para a vida, dom e compromisso

Apresentação do tema da CF 2020 durante reunião do clero e articuladores paroquiais

Campanha vai começar na quarta-feira de cinzas e segue durante todo o período quaresmal

A

partir da quarta-feira de cinzas, tem início o período quaresmal, antecedendo a Páscoa. A Igreja católica no Brasil vivencia também, durante a quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF), que neste ano tem como

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tema “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e como lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34). Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o tema deste ano está alinhado com o pilar da caridade,

das Diretrizes gerais da Ação Evangelizadora, aprovadas na última assembleia geral da CNBB. Segundo o padre Patrik Batista, secretário executivo de campanhas, na CNBB, a temática deste ano quer lançar um olhar mais


VIDA PASTORAL A ORDEM

detalhado sobre a vida, que está abandonada à beira do caminho. “Creio que esse tema ajudará cada fiel e cada uma de nossas comunidades a redescobrir o valor e a beleza da vida. Não somente redescobrir, mas reencontrar os caminhos que revelem o sentido da vida; vida que é um intercâmbio de cuidados, que é dom e o próprio Cristo; vida que grita hoje por sobrevivência”, pontua. Por ocasião da campanha deste ano, a CNBB elaborou um vídeo, que tem santa Dulce dos pobres como inspiração. Segundo a editora Edições CNBB, o material oferece um panorama completo, além de ressaltar diversas ações de cuidado em favor da vida, promovidas pela Igreja em várias partes do Brasil. O vídeo intercala experiências de cuidado com a vida com frases de san-

ta Dulce dos pobres. O vídeo pode ser conferido no canal do Youtube da CNBB. Ações na Arquidiocese No mês de dezembro do ano passado, aconteceu a apresentação do tema da Campanha da Fraternidade 2020 para o clero da Arquidiocese de Natal, além dos articuladores paroquiais. De acordo com o coordenador arquidiocesano de campanhas, o padre Robério Camilo, as instituições que devem proteger a vida estão muito enfraquecidas, então, a Igreja conclama as pessoas a também assumirem seu papel, em favor dos que estão à margem. “Quando a Igreja chama a atenção da sociedade para essa campanha, quer propor o compromisso de cuidar uns dos outros. Muitas vezes responsabilizamos somente os poderes

públicos pela omissão, mas, com a campanha, somos chamados a fazer a nossa parte. Por exemplo, nós temos muitos grupos pastorais que só se reúnem, mas não tem uma ação sócio transformadora concreta”, frisa. Ainda segundo o sacerdote, para a vivência da campanha na Arquidiocese, estão sendo pensadas iniciativas nas paróquias, com formações para agentes de pastorais, movimentos e serviços, debates nos conselhos e participação de atividades em instituições governamentais. Nos dias 29 de fevereiro e 01 de março, vai ser realizada a abertura da CF 2020 por vicariatos. “Queremos incentivar que cada padre, diácono, leigo e religioso seja protagonista da campanha. Vamos priorizar os eventos e formações para reforçar que ninguém fique indiferente aos irmãos que mais necessitam de nós”, ressalta.

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A ORDEM REPORTAGEM

Natal vivencia resgate do

carnaval cultural

Programação vem crescendo anualmente com a proposta de se igualar a polos como Salvador, Olinda e Rio de Janeiro POR LUIZA GUALBERTO

Nos últimos anos, a cidade de Natal vem passando por uma valorização do carnaval como manifestação cultural e que reúne várias “tribos”. Os bloquinhos de rua, bandas de frevo e fanfarras tem ganhado cada vez mais espaço e agregado valor cultural e turístico para a cidade durante o período da folia de momo. De modo geral, a origem do carnaval é incerta, mas, suas raízes estariam relacionadas à celebração de abertura do ano agrícola, renovação da terra e volta da primavera, além de se festejar a colheita. Em Natal, a história do carnaval começou em 1877, ano em que foi encontrado o primeiro registro de uma movimentação carnavalesca, segundo o pesquisador Gutenberg Costa. A praia da Redinha sempre foi um berço para as manifestações populares. Na década de 30, surgiram os primeiros “cordões”, como eram chamados os blocos de carnaval que saíam

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pelas praias do litoral potiguar. Na década de 60, o carnavalesco Hélio Rocha marcou época fazendo prévias. A partir daí, surgiram blocos tradicionais como “Os Brasinhas” e os “Índios Tabajaras”. Segundo os pesquisadores Alessandro Dozena e Valdemiro Severiano, na década de 30, no governo do presidente Getúlio Vargas, tentou-se uma identidade unificada do carnaval, mas, Natal, assim como outras cidades do país, optaram por manter sua identidade própria. O folclorista e historiador Câmara Cascudo foi um dos que enfatizou a autenticidade do estado. “Em Natal, havia entre os diversos grupos organizadores dos festejos carnavalescos, uma crescente preocupação em manter as especificidades potiguares, entre os quais, as marchas regionais e os bailes populares”, ressalta os pesquisadores. O carnaval foi oficializado na capital potiguar em 1933. A partir

de 1936, a festa foi oficialmente desenvolvida na avenida Rio Branco, no centro da cidade, com os diversos grupos carnavalescos. A avenida Tavares de Lira, na Ribeira, também ganhou notoriedade nas festas momescas, de forma que, toda Natal passou a vivenciar esse clima festivo.


REPORTAGEM A ORDEM PREFEITURA DE NATAL

Durante todo o mês, diversas atividades integram a programação do carnaval em Natal

Ainda de acordo com Valdemiro e Alessandro, a participação de Natal na Segunda Guerra não minguou o carnaval natalense. “Pelo contrário, contribuiu para a continuidade dos festejos, trazendo outros elementos para a cidade, como o samba e suas escolas, a partir da chegada dos militares cariocas delegados para

as terras potiguares”, destacam. O Carnaval hoje Após o período de auge e declínio, de uns para cá o carnaval da cidade vem se destacando e retornando ao espírito das folias de ruas do seu início, com os tradicionais blocos que fizeram história no carnaval da cidade. As

prévias são realizadas já desde o mês de janeiro, mas é em fevereiro que a programação cresce, atraindo potiguares e turistas de fora, com os tradicionais bailes de máscaras, desfile de escolas de sambas, entre outros. Para conferir a programação completa do carnaval em Natal, acesse o site: www.blogdafuncarte.com.br.

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A ORDEM

“O exorcismo só deve ser praticado por um sacerdote”

Exorcismo” foi o tema do programa “Aprendendo com a Igreja”, exibido no dia 19 de janeiro, das 10h às 11h na rádio 91.9 FM Natal. Essa prática é reconhecida pela Igreja católica e só deve ser praticada por um sacerdote, escolhido pelo bispo local. Em todo o estado do Rio Grande do Norte, só há um exorcista, o cônego José Mário de Medeiros. O sacerdote foi o convidado do programa, que respondeu diversos questionamentos, entre eles:

O que é a personificação do mal? Como a Igreja vê a prática do exorcismo? Côn. José Mário: Exorcismo é uma manifestação no corpo ou no espírito, ou ainda em ambos, de uma presença espiritual que nós denominamos “satanás”. Mesmo algumas pessoas não acreditando, existe uma personificação do mal e ela pode afetar as pessoas. O Evangelho diz que Jesus foi conduzido à montanha e tentado pelo demônio. A doutrina da Igreja católica aponta que Deus criou os anjos e os homens. A Bíblia descreve a revolta de alguns desses seres espirituais que, deliberadamente, com plena consciência, se rebelaram contra o criador. Dessa forma, eles passaram a representar e assumir essa personificação do mal e tentar persuadir aqueles que acreditam em Deus a cometerem o mal. O exorcismo é uma prática reconhecida pela Igreja católica e deve ser procedido com prudência, apenas por um sacerdote exorcista. Ninguém, além do padre, está apto a praticar o exorcismo. Diferente do que apresentam algumas religiões, o exorcismo não pode ser midiatizado e se exige um grande preparo por parte do sacerdote, uma vez que ele vai lidar com o príncipe das trevas.

As perguntas sobre temas diversos podem ser enviadas para o e-mail pascom@arquidiocesedenatal.org.br ou para o whatsapp do Setor de Comunicação da Arquidiocese, no número (84) 99675-7772, informando sempre que é o “Aprendendo com a Igreja”, da revista A Ordem. 28 FEVEREIRO DE 2020


Edição Especial A ORDEM

Adquira seu exemplar no Seminário de São Pedro - Informações: (84) 3615-2819 FEVEREIRO DE 2020

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A ORDEM GALERIA BRUNNO ANTUNES

Dom Jaime celebra 45 anos de sacerdócio

O arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, completa 45 anos de sacerdócio, dia primeiro de fevereiro. A celebração em ação de graças acontece no dia 8, às 9 horas, na Catedral Metropolitana, presidida pelo aniversariante e concelebrada pelo clero arquidiocesano. A missa será transmitida, ao vivo, pela página www.facebook.com/arqnatal e pela Rádio 91.9 FM. Dom Jaime foi ordenado sacerdote em primeiro de fevereiro de 1975, pelo então arcebispo de Natal, Dom Nivaldo Monte, no Ginásio Poliesportivo do SESC. Junto com ele, foram ordenados também Padre José Freitas Campos, pároco da Paróquia de São Sebastião, no Alecrim, e Padre Antônio Cassiano da Silva, pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nas Quintas. Dom Francisco Canindé Palhano, atual bispo da Diocese de Petrolina (PE), era da mesma turma, mas foi ordenado dia 2 de fevereiro. 30 FEVEREIRO DE 2020


GALERIA A ORDEM

Nova coordenação A Pastoral da Criança, na Arquidiocese de Natal, conta com uma nova coordenação, nomeada pelo arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, para os próximos três anos. A nova equipe é composta por Maria José Pereira de Melo (coordenadora), Marlúzia Maria Pessoa, Maria Graciete da Silva e pelo Padre Ivanilson Alexandrino, que é o assistente eclesiástico. O grupo participou da capacitação para novas equipes, de 13 a 15 de janeiro, na sede nacional, em Curitiba (PR). No mesmo período, o coordenador estadual, Milton Dantas da Silva, participou da 25ª Assembleia Geral Ordinária da Pastoral, também em Curitiba.

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Da esq.: Graciete, Maria José, Cristiani Maroleto (da equipe nacional), Marlúzia e Pe. Ivanilson

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Festa em Campo Redondo

A Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, formada pelos municípios de Campo Redondo e Lajes Pintadas, celebrará a festa da padroeira, no período de 3 a 11 de fevereiro. A programação será desenvolvida na Igreja Matriz, em Campo Redondo, e contará com missas, procissão e quermesses. Os festejos serão encerrados no dia 11 de fevereiro, com a celebração da missa solene, às 16 horas, presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. Após a missa, acontecerá a procissão com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, pelas principais ruas da cidade. (Informações enviadas por Linduarte Marinho – Pascom Paroquial)

Maristas celebram 90 anos de atuação em Natal

O Colégio Marista de Natal completa 90 anos de vida e missão, dia 2 de fevereiro. Para comemorar a data, no dia 5, às 18 horas, nas dependências do colégio, será celebrada missa em ação de graças, aberta ao público, presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. A celebração será a principal atividade de uma série de ações programadas ao longo do ano, entre elas uma edição especial do tradicional espetáculo da Paixão de Cristo, que acontecerá no início de abril; um espetáculo cultural de 90 anos, em maio, e partir do segundo semestre, outras atividades como uma corrida e o Intercâmbio Marista, que irá reunir estudantes de todos os colégios Maristas do Norte-Nordeste. FEVEREIRO DE 2020

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A ORDEM GALERIA

Igreja oferece retiros no Carnaval

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louvor. De 22 a 25 de fevereiro, o grupo de oração Renascer, da Paróquia da Imaculada Conceição, em Nova Cruz, também vai realizar o Ágape. Será no Ginásio Poliesportivo Geovana de Azevedo Targino, com louvor, adoração ao Santíssimo Sacramento, celebração eucarística, atendimento de confissões o espaço kids. Na cidade de Pureza, a Renovação Carismática vai realizar o 3º Levanta-te, dias 23 e 24 de fevereiro. Com o tema: Alegrai-vos sempre no Senhor, o retiro vai contar com louvor e pregações. Em São Paulo do Potengi, a Comunidade Obra de Maria e a Paróquia de São Paulo Apóstolo organizam retiro, para o período de 22 a 26. A programação vai acontecer nas dependências do Colégio São José, com pregações, gincana, apresentações teatrais e adoração ao Santíssimo Sacramento. A Renovação Carismática, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim, realiza o Ágape, juntamente com o Cerco de Jericó. A programação, que acontecerá na casa da RCC, terá início no dia 19 e seguirá até o dia 25 de fevereiro, com adoração ao Santíssimo Sacramento, pregações e louvor. (Informações enviadas por equipes paroquiais da Pascom)

Muticom NE2 acontecerá em Patos (PB)

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No período do Carnaval, enquanto uns aproveitam para cair na folia ou para passear, outros aproveitam para se abastecer espiritualmente, participando de retiros, promovidos por paróquias, comunidades de vida e grupos da Igreja Católica. No território da Arquidiocese de Natal, os fiéis terão várias opções de retiros. A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Passa e Fica, realizará o primeiro retiro de Carnaval, de 22 a 25 de fevereiro, no Ginásio O Pepeuzão. A atividade vai ter como pregadores o pároco, Padre Gilmar Victor, além de Lindamaque Amorim e Fausto Júnior, integrantes da Renovação Carismática Católica, do estado do Pernambuco. A Comunidade Católica Nova Aliança, presente na zona norte de Natal, promoverá o Acampamento Manaaim, de 22 a 26. Segundo a coordenação, serão cinco dias de encontro com Deus e consigo mesmo, através de reflexões e oração. Os interessados em participar, podem obter mais informações através do telefone (84) 99493-0961. A Renovação Carismática, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim, realiza o Ágape, juntamente com o Cerco de Jericó. A programação, que acontecerá na casa da RCC, terá início no dia 19 e seguirá até o dia 25 de fevereiro, com adoração ao Santíssimo Sacramento, pregações e

A coordenação da Pastoral da Comunicação, no Regional Nordeste 2, da CNBB, juntamente com a Diocese de Patos (PB), lançaram o site oficial do 8º Mutirão Regional de Comunicação, no endereço muticomne2.wixsite.com/8muticomne2. O evento será realizado de 3 a 5 de julho deste ano, no Centro Universitário Unifip, na cidade paraibana de Patos, com o tema “Ambiência digital e cultural do encontro: pensar a comunicação numa sociedade democrática”. O 8º Muticom deverá reunir cerca de 400 pessoas, entre agentes da Pascom e outras pessoas interessadas no tema, dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Em breve, a coordenação da Pastoral da Comunicação, da Arquidiocese de Natal, lançará um pacote, incluindo transporte e hospedagem, para os agentes interessados em participar do evento.

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GALERIA A ORDEM

Cáritas desenvolve projeto com catadores em Ceará-Mirim Desde 2010, a equipe de Cáritas, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no município de Ceará-Mirim, vem desenvolvendo um trabalho junto a catadores de materiais recicláveis, em duas comunidades: Nova Descoberta e Vale do Amanhecer. “Nesses anos, temos feito sucessivas tentativas de mobilização ARQUIVO CARITAS e articulação, tendo em vista a criação de uma associação. O esforço resultou na criação da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis (Acamares)”, explica o vice-presidente de Cáritas, Iury Gabriel. Segundo ele, uma média de 13 catadores são acompanhados por Cáritas. Agora, a equipe ganhou um apoio para o trabalho: a aprovação do projeto “Em ação comunitária solidária se discute políticas públicas”, no valor de seis mil reais, do Fundo Nacional de Solidariedade, com recursos arrecadados na coleta do domingo de ramos, realizada em todas as dioceses do Brasil. Essa coleta é feita anualmente, como gesto concreto da Campanha da Fraternidade que, no ano passado, teve como tema: “Fraternidade e Políticas Públicas”. O projeto, que terá duração de um ano, prevê a articulação das pessoas, nas duas comunidades, que trabalham com materiais recicláveis. A ideia é realizar uma campanha de valorização dos agentes, denominada de Coleta Solidária. De acordo com Iury Gabriel, a Coleta Solidária vai consistir em recolher materiais re- Trabalho de catadores de materiais recicláveis vai ganhar reforço cicláveis, diretamente nas casas das comunidades, com o apoio dos moradores. “Em vez de descartar no lixo, os moradores irão colaborar, separando, previamente, esses materiais, para que os catadores façam a coleta”, acrescenta. Os recursos do projeto serão destinados para a aquisição de equipamentos de proteção individual e para a realização de oficinas de artesanato, utilizando o material reciclável.

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A ORDEM VIVER

Alunos de todas as idades têm preparação dentro e fora d’água

Enfrentando o medo de nadar Cada vez mais pessoas buscam a natação pela saúde e para vencer traumas TEXTO E FOTOS: JEFERSON ROCHA

Quem nunca ouviu a frase “água não tem cabelo”? E para muitos, essas palavras causam pânico e inibem de aproveitar a água de piscinas, rios, lagoas e até do mar, para praticar esportes como a Natação, ou até mesmo para se divertir. Para o educador físico e militar da Marinha do Brasil, Roberto César, aprender a nadar é questão de sobrevivência e de aproveitar melhor a vida: “A natação é de total importân34 FEVEREIRO DE 2020

cia, é um meio de você manter-se vivo com respeito ao meio líquido, sendo uma questão de necessidade e até de lazer com famílias, porque se você sabe nadar, vai aproveitar a vida 50% a mais com relação a pessoas que não nadam”, calcula. Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS),divulgados pela Neptune Serenity - Associação de Prevenção do Afogamento comprovam as palavras do professor César:

no mundo, 372.000 pessoas morrem por afogamento todos os anos, acontecendo 42 mortes a cada hora, sendo este, um dos cinco principais tipos de óbito no Brasil. O campeão olímpico brasileiro, César Cielo, em entrevista ao Jornal Zero Hora, de Porto Alegre/RS, ressaltou que a natação deveria ser tratada não como privilégio, mas sim, como um direito: “Temos uma das maiores costas litorâneas do mundo


VIVER A ORDEM

e não temos um superprograma de sobrevivência na água, sabendo do número de afogamentos, que é a causa número 1 de acidentes com crianças. Então, num país com uma costa litorânea dessas, a gente ainda trata o esporte como um privilégio”. Mas muitas pessoas não aprendem a nadar por sofrerem de aquafobia - o medo de enfrentar a água. Segundo Roberto César, as pessoas que sofrem desse problema podem ser classificadas em três grupos: os que já nasceram com aversão à água; os que adquiriram o medo por superproteção dos familiares; os que tenham sofrido um trauma como um pré-afogamento, por exemplo. Uma das pessoas que venceu esse medo por trauma foi a Turismóloga Edilênia Miranda: “Meu pai morreu afogado, então eu sempre tive um trauma de mergulhar na água. Eu só ficava até enquanto a água tivesse na altura da minha cintura. A cerca de um ano eu comecei a ter aulas e hoje já nado até no mar, tranquilamente”.

Para o professor Roberto César, além de ajudar a vencer os traumas, a natação é um exercício completo: “Ela melhora a flexibilidade, trabalha a coordenação motora, a respiração, melhora taxas - todas que você imaginar - melhora o sono, o nível de estresse, enfim, ela é completa! É interessante lembrar que a gente está ligado à água antes mesmo de nascer: passamos nove meses flutuando dentro da barriga de nossas mães e muitas pessoas esquecem que a gente tem esse potencial”. E há inúmeros casos de pessoas que se recuperaram de problemas de saúde após exercícios na água. Mariane Suassuna é aluna do professor César e vê melhoras nos sintomas de sua doença de Parkinson depois que começou a natação. “No mar, todos os sintomas vão embora e diminuem muito durante o dia. Eu já comecei a sentir nos primeiros 30 dias de prática e já disse a minhas amigas: no dia em que eu não puder vir vocês me tragam nos braços de qualquer forma”. Pensando na dificuldade que muitas pessoas enfrentam, o professor

Roberto César iniciou, há cerca de 5 anos, um trabalho educativo através do Projeto Aprendendo a Nadar (PAN), realizado como extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), em parceria com a Base Naval de Natal. Em 2016, ao perceber que o número de interessados era maior que o de vagas ofertadas no projeto, César decidiu criar um um grupo independente: “Montei uma turma com 15 alunos na praia de Ponta Negra porque eu não tinha piscina, mas fomos alcançando um público bem maior,e nossa equipe foi crescendo. Hoje, temos cinco professores todos formados e credenciados para acompanhar nossos alunos, trabalhar a aquafobia, o medo de enfrentar o mar e até iniciar a natação do zero“. Mais de 500 pessoas já foram acompanhadas por César e sua equipe tanto em seu grupo, quanto no projeto de Extensão. Atualmente, cerca de 120 pessoas praticam natação com ele às terças, quintas

Pensando na dificuldade que muitas pessoas enfrentam, o professor Roberto César iniciou, há cerca de 5 anos, um trabalho educativo através do Projeto Aprendendo a Nadar (PAN)”

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A ORDEM

e sábados às 5h30 nas proximidades do Morro do Careca. Além da praia. a equipe também atende alunos em uma piscina salinizada de uma faculdade do bairro de Capim Macio. E se você tá achando que não tem idade para aprender a nadar, olha só que exemplo: Dona Antonia Alvarez tem 85 anos e entrou no grupo de natação no final do ano passado: “Eu sempre tive vontade de aprender a nadar, mas quando entrava nas escolas de natação os professores só queriam que eu fizesse hidroginástica. Aí, um dia, caminhando na praia, vi o grupo treinando e me interessei. Apesar de pouco tempo, já tenho avanços e meu sonho é entrar no mar, não importa quantos metros forem”. Quer conhecer mais? Acesse www. instagram.com/ctf_br ou ligue (84) 98115-4116.

Nunca é tarde para superar o medo: Dona Antônia iniciou aulas de natação no mar aos 85 anos

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GERAL

A ORDEM

Padre João Maria

Anjo da Caridade

Por José Rodrigues - vice postulador da causa do Pe. João Maria Por Márcia Roque Nutricionista

Padre João Maria e os ex-votos da praça Dos imortais recantos da cidade do Natal, a Praça Padre João Maria traduz-se em um espaço de religiosidade, um marco que faz lembrar aos transeuntes os mistérios e encantos da fé. Ao centro da praça, o busto do Padre João Maria se destaca e faz lembrar a todos o homem que tanto fez pelo povo e que, segundo a devoção de seus fiéis, ainda vela por eles e intercede junto a Deus por suas súplicas. É comum encontrar pessoas em oração em frente ao busto, acendendo velas e rogando sua intercessão. A devoção continua, e o padre João Maria também permanece auxiliando o povo desta cidade a encontrar saúde e a paz de Deus. Aquele que por toda vida dedicou-se aos pobres e desvalidos não abandonou seu povo. Provas dessa devoção são as fitas, flores e peças de gesso: cabeças, pés, braços, pernas entre outros, além de velas acessas que cercam o dito busto. Para aqueles que, curiosos, não entendem o que significam as peças de gesso, elas se referem a graças alcançadas pelos fiéis que ali foram depositar suas súplicas e conseguiram alcançar a graça. Em gratidão e cumprindo a promessa em razão da cura da enfermidade que o incomodava, o fiel manda fazer a peça de gesso que representava a parte do corpo que foi curada para que se torne testemunha da graça alcançada. Essas peças são conhecidas como ex-votos, ou seja, um pedido alcançado. A palavra ex-voto vem do latim ex-voto suscepto, que significa voto realizado. Eles são presentes em agradecimento ao santo pela graça conseguida. Geralmente são esculpidos em gesso, mas podem ser também nas versões de madeira ou cera. Alguns, ao invés de fazer esculturas, fazem pinturas. É certo afirmar que muitos ex-votos já foram deixados aos pés do busto do padre João Maria testemunhando assim as graças alcançadas pelos inúmeros fiéis do “santo padre”.

A importância da hidratação A água é um líquido indispensável e vital para a nossa saúde, principalmente para sobrevivência. É a substância mais abundante no corpo humano. Mesmo não contendo nenhuma caloria, sem ela nosso corpo não poderia continuar funcionando. Para se ter uma ideia, a hidratação com água é suficiente para: - Evitar o aumento excessivo da FC (frequência cardíaca); - Evitar cãibras; - Deixar a pele macia e saudável; - Evitar doenças renais, entre outras funções; - Umidificar os tecidos da boca, olhos e nariz; - Ajudar a prevenir prisão de ventre; - Ajudar a dissolver os minerais e o outros nutrientes para deixá-los acessíveis ao corpo; - Lubrificar as articulações; - Regular a temperatura corporal. A necessidade de água de uma pessoa pode ser estimada com base na energia que gasta, no caso, seu peso corporal. Por isso, estabelecer o consumo de água exato fica difícil; depende da taxa metabólica, do gasto de energia do organismo, da eliminação hídrica e das condições ambientais. Lembrando que as frutas são cheias de água. Experimente dar sabor à água com frutas, como laranja, limão, abacaxi, além de ervas e raízes, como manjericão, hortelã e gengibre. A água se torna uma explosão de compostos e benefícios para o organismo. Portanto, manter o corpo hidratado será sempre uma condição para se manter saudável.

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A ORDEM ARTIGO

Virgem Imaculada de Lourdes

H

á muitos lugares dedicados a Maria, Mãe de Jesus. Estivemos em Nazaré onde o verbo se fez carne. Cheios de emoção celebramos na gruta de Belém, onde Jesus nasceu. Nas paredes do Templo de Jerusalém, oramos, lembrando a purificação de Maria e do Menino Jesus. Em Caná da Galileia, emocionamo-nos com o pedido de Maria nas bodas de casamento: “Meu Filho, eles não têm mais vinho” e depois diz aos serventes: “Façam tudo o que Ele disser”. Passando pelo cenáculo, sentimos aquele encontro perseverante e unânime dos Apóstolos, com Maria, em profunda oração. E, finalmente, que alegria emocionante, ao ouvir do nosso guia: Aqui está a imagem da Dormitio da Virgem que terminado o curso de vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste e foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo. Mas, não ficamos somente nisto. Viajamos aos santuários Marianos. Não discutiremos aqui as questões dogmáticas e a existência das aparições de Maria. Conforme Dom Heitor de Araújo Sales, arcebispo emérito de Natal, numa de suas homilias sobre a festa de Nossa Senhora de Lourdes, ele dizia: “toda a revelação sobre a nossa salvação encerrou-se com a morte do último apóstolo”. Concluímos, com isso, que não há necessidade nem de sonhos, visões ou aparições. Tudo o que precisamos saber está contido na Bíblia, na doutrina dos Apóstolos com a ajuda do magistério da Igreja. Mas, as aparições aconteceram. Em 11 de fevereiro de 1858, diante da gruta de Massabielle, a jovem, Bernadete Soubirous, pela primeira vez, conversou com Maria, que se declarou a Imaculada Conceição e pediu para rezar pela conversão dos pecadores e construir um santuário naquele lugar; depois tirar água da fonte e lavar-se. No dizer do Pe. Quevedo, parapsicólogo, é um fato extraordinário, milagre, porque houve algo inédito e que todos os presentes, milhares de pessoas, puderam constatar: a fonte de água que cura e purifica. Visitamos o Santuário de Lourdes e pela experiência religiosa que tivemos, podemos afirmar que se trata de um cenáculo de Maria: Todos os povos ali peregrinando, entendendo o fenômeno religioso na sua própria língua. É um novo Pentecostes. Gente de toda parte, se ajudando mutuamente, pela fé e pela caridade. Ninguém se sente estrangeiro. Todos se dão as mãos e podemos descobrir a intenção profunda desse acontecimento: “Maria como aurora de Salvação, da qual surgiu o sol da Justiça”. A recitação do rosário, que é uma das recomendações da Imaculada de Lourdes, é como que um bálsamo para meditarmos sobre os acontecimentos salvíficos, em união com Maria, como uma forma de associarmo-nos à contemplação dos Mistérios. De todos os santuários que conhecemos, Lourdes, pela beleza pródiga da natureza, com suas montanhas, florestas e rios e a fonte da água milagrosa, torna-se um templo de recolhimento, de meditação e de cura física e espiritual para os milhares de peregrinos que se privam desta dádiva divina.

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Por Mons. Lucas Batista Neto Capelão da Casa da Criança - Natal

A recitação do rosário, que é uma das recomendações da Imaculada de Lourdes, é como que um bálsamo para meditarmos sobre os acontecimentos salvíficos, em união com Maria, como uma forma de associarmo-nos à contemplação dos Mistérios.


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