No regresso à escola – Reimaginar e praticar uma gramática generativa e transformacional
José Matias Alves & Ilídia Cabral É recorrente o discurso da necessidade de reinvenção da escola, dado o seu esgotado modelo fabril. Diversos autores (Nóvoa, 2005; Barroso, 2004) têm insistido neste imperativo de reimaginar o modelo de organização das aprendizagens, designadamente, a conceção do currículo, a sua gestão e desenvolvimento local, o modo de agrupar os alunos, de organizar os espaços e os tempos, os modos de trabalho docente. A OCDE enuncia cenários de evolução dos modelos de escolarização (OCDE, 2020), admitindo até a desescolarização massiva se a escola se não reconfigurar radicalmente. Académicos e investigadores como Elmore (1992) já não acreditam na capacidade da escola se reimaginar, advogando um retorno às velhas teses de Ivan Illich (1985). O próprio sistema educativo, na sua configuração normativa, advoga uma gestão flexível do currículo e apela para outras formas e ambientes de promoção das aprendizagens [Decreto-Lei nº 55/2018]. E chegamos, enfim, à pandemia, ao ensino remoto de emergência, à reclusão doméstica, às aprendizagens geradas através de plataformas online e a um vaivém entre a escola e a casa. Diversas vozes, incluindo as dos autores deste texto, (Alves, 2020; Cabral, 2020) têm insistido que este terramoto deveria ser uma oportunidade para mudar registos de organização de ensino, conciliar ensino a distância com ensino presencial, e modos de fazer aprender, passando de uma pedagogia da exposição e do tédio para uma pedagogia da pesquisa, do desafio, da produção e da implicação. Este livro nasce neste contexto de interpelação e de desejável metamorfose. Por isso, solicitamos a um conjunto alargado de professores que escrevessem sobre as vivências e as aprendizagens geradas no tempo de confinamento e de ensino remoto e
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