Pandemia: um manancial de oportunidades?
Manuel Monteiro5 Assim, o que devemos ensinar? Muitos especialistas em pedagogia defendem que as escolas devem mudar de modelo e passar a ensinar os «quatro C»: pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade. De uma perspetiva mais ampla, as escolas devem dar menos atenção às aptidões técnicas e colocar ênfase nas aptidões de vida polivalentes. Acima de tudo, estará a capacidade de lidar com a mudança, de aprender coisas novas e de preservar o equilíbrio mental em situações novas. Para conseguirmos acompanhar o ritmo do mundo em 2050, será preciso não só inventarmos novas ideias e novos produtos, mas sobretudo reinventarmo-nos a nós mesmos uma e outra vez. Yuval Noah Harari. 21 lições para o século XXI
Quando em março de 2020, o governo decretou o período não definido de suspensão de aulas presenciais, apesar de algum pânico e desorientação inicial, surgiu uma oportunidade para constatar aquilo que Harari, Y. (2018) preconiza quando defende que em Educação a mudança é a única constante. Nos dias que se seguiram ficou evidenciada que essa capacidade de mudar existe nas comunidades educativas. É intrínseco aos seus membros, particularmente aos professores e alunos, tal foi a rapidez da sua adaptação a esta mudança, imposta por valores que se sobrepõem à aprendizagem enquadrada pelo sistema educativo, nomeadamente a sobrevivência (termo que define com clareza a vida durante a pandemia). Nos primeiros dias, o medo que uma ameaça desconhecida provoca, tolheu a capacidade de tomar consciência que esta podia ser uma oportunidade para procurar novas formas de ensinar e potenciar novas formas de aprender. Depois de controlado o medo, evidenciou-se a importância de, mesmo em contexto de sobrevivência, continuar a ensinar e a aprender.
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Diretor do Agrupamento de Escolas à Beira Douro [Gondomar]
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