Em busca do tempo perdido - Diálogo sobre as tentações do póspandemia
Carlos Café13
Este diálogo nunca aconteceu. Mas poderia muito ter acontecido ou, até, vir a acontecer. Face ao desafio que me foi colocado (pensar o pós-pandemia nas nossas escolas), resolvi criar um diálogo com duas personagens verosímeis: a Maria, que regressa às aulas presenciais entusiasmada com as novas possibilidades reveladas pelo E&D, e o Mário, ansioso por restabelecer rapidamente as estratégias e metodologias de que tanto se orgulha e que tão bons resultados têm proporcionado aos seus alunos. Para ti, colega que vais ler agora este texto, a pergunta que te coloco é a seguinte: o teu ADN pedagógico identifica-se mais com a Maria ou com o Jorge? Com ambos? Com nenhum deles? (Sala de professores, junto à máquina de café, no intervalo grande da manhã)
JORGE: Finalmente, aulas presenciais! Já estava farto de aulas online e de estar em casa... MARIA: Sim, sabe bem este regresso. Mas eu até gostei da experiência das aulas online, sabes? JORGE: Eu não, duvido que eles tenham aprendido bem a matéria. Agora vou ter de acelerar. Vem aí o exame e é preciso recuperar o tempo perdido.
13
Professor de Filosofia na Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão.
87