Sergio Couto. Diplomata. Publicações: -As coisas não são o que parecem ser – romance – Editora Giostri; -Listen to your soul- Image poetry – fotos/textos – em colaboração com o fotógrafo Kees Cornelis – página no FB e auto publicação no site BLURB.
ESTÓRIAS MÍNIMAS NAS DOBRAS DO TEMPO Ela sente-se deslocada neste mundo. A realidade contemporânea, tecnológica, digital, mastigada, analisada, processada e pasteurizada, não é seu lugar. O mistério, em sua mente, permanece o sentimento mais belo do universo. Deseja se perder entre as dobras do tempo, onde as surpresas espreitam. De dia veste seus mais puros vestidos. A brisa brinca entre as pregas, os bordados, as fitas e acaricia sua pele. É assim que se sente mais viva. Caminha entre os majestosos edifícios de uma época de ouro, com seus orgulhosos e ricos adornos de volutas impossíveis, caprichosas torres de pontas absurdas, arabescos, guirlandas, abóbadas, altos-relevos, átrios, balaústres, colunas, fustes e capitéis, lunetas, mosaicos, pérgolas, terraços e treliças, todos completa e deliciosamente inúteis. Nas margens do lago os cisnes deslizam impassíveis sobre os picos nevados espelhados sobre as águas calmas, enquanto andorinhas aperfeiçoam suas vertiginosas piruetas aéreas. Em algum lugar do passado ou do futuro, ela habita as mansões airosas de 72