PLAQUETTE DO SODOMETTE
PLAQUETTE DO SODOMETTE
São Paulo
Casa de Ferreiro
Plaquette do sodomette
© Glauco Mattoso, 2023
Revisão
Lucio Medeiros
Projeto gráfico
Lucio Medeiros
Capa
Concepção: Glauco Mattoso
Execução: Lucio Medeiros
FICHA CATALOGRÁFICA
Mattoso, Glauco
PLAQUETTE DO SODOMETTE/Glauco Mattoso
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2023
56p., 21 x 21cm
CDD: B896.1 - Poesia
1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.
NOTA INTRODUCTORIA
Poemas sobre sexo não precisam estar colleccionados só nas grandes selectas. Alguns themas especificos, taes como fellação ou cunnilingua, serão, talvez, mais lidos si estiverem à mão num voluminho que, excolhido a dedo, ou na ponctinha, ja, da lingua, reuna as preferencias dum poeta que tenha seguidores nesse thema. O thema, aqui, se chama sodomia, anal penetração, bem entendida que seja a actuação dum “sodomette”, pois, como não diria, ja, Tim Maya, sim, vale tudo, só não vale pôr o pau dentro da chota. Fora disso, em sexo vale tudo, ou seja, aquillo que caiba na cabeça de quem goze.
DISSONNETTO BOCAGEANO [0102]
Bocage me commove em dois momentos: No seu autoretracto, quando falla de pés ser bem dotado, o que arregala meus olhos de podolatra, olhos bentos, pois, num de seus rompantes rabugentos, o rei da putaria nos propala que addeus vae dando à puta e, ao dispensal-a, excolhe um cu mais proprio aos seus intentos: É o sesso dum garoto que elle enraba, sem pejo, demonstrando ter proveito, e assim sobe um ponctinho em meu conceito. Mas essa empolgação logo se accaba. O Mestre nada alem diz a respeito nem dessas adventuras mais se gaba, e eu fico aqui, gastando a minha baba, lambendo o cu de anonymo subjeito.
DISSONNETTO RODADOR [1001]
Palindromo perfeito é o “oroboro”, a cobra que devora o proprio rabo. Com esse talisman começo e accabo um thema que dos bruxos é namoro. Porem, como sou falto de decoro e de ser pornographico me gabo, engulo meu caralho, até me enrabo e rindo dessa dor gozo meu choro. Assim sempre vivi, junctando extremos, insomne em todo leito onde me deito, tirando da agonia meu proveito, casando maus anjinhos com bons demos. Erotico e autophagico é o conceito, portanto, do “oroboro”: nomeemos seu cyclo de “infinito”. Eis como vemos a cobra do palindromo perfeito.
DISSONNETTO FOLGADO [1103]
Eu gosto é de batter em quem não tem defesa nem excappa do castigo!
O cego é um bom exemplo do que digo: sem venda nem algema, appanha bem!
Que seja covardia! Não tô nem ahi! Supplique, implore, que eu nem ligo! Compare um cara invalido commigo: eu gozo da visão, e elle tá sem!
Que soffra! Vae levar relho no lombo, emquanto eu vou ficando de pau duro!
Assim é meu melhor orgasmo, juro! Si o cego ja viu antes, mais eu zombo!
Pergunto: quem mandou ficar no escuro?
Então mando: de quattro, que eu lhe arrombo o rabo! Na rasteira dou-lhe o tombo e empurro o pau no rego, um tesão puro!
SONNETTO SADOMITA [1105]
O coito anal é o symbolo mais vivo do sadomasochismo, pois, emquanto gargalha quem penetra, resta o pranto àquelle que assumiu papel passivo. Na mesma proporção em que me privo do maximo prazer e me quebranto em dores, sei que um penis eu levanto com meu gemido agonico e afflictivo. O macho que cavalga em mim me enraba; questão não faz siquer de vaselina: eu mesmo o pau lhe unctei com minha baba! Colloca-me de quattro, de menina me chama emquanto fode e, assim que accaba e exporra, ainda em minha bocca urina!
SONNETTO PALINDROMICO [1145]
A lingua inverte exemplos tão mundanos que, como no palindromo “É, de fato, [“fato” por “facto”] xoxota fede” (até mais que um sapato) ou “Sapata ama a tapas”, poupam pannos. Alguns me intrigam, como “Até cubanos mettem só na buceta”, onde constato que muito genital pincta-se um acto de foda: sempre a vulva e nunca um anus! Gustavo, um joven sadico, varia e allude a mim: “Ô, dá-me, Glauco, o cu, algemado”, provando que sabia: Alem de definir-me e expor-me a nu, o bom palindromista a poesia achou, por traz me pondo seu peru!
DISSONNETTO DO PESADELLO BIBLICO [1435]
Às margens do Mar Morto está Sodoma. Gomorrha fica perto. De má fama são ambas: quem não quer que alguem lhe coma o cu, la seus poemas não declama. Um bardo que conhesço e, de glaucoma ja cego, tem visões, cahiu da cama sonhando que la chega e logo toma no rabo, chupa rolla e nem reclama. Poemas recitou, só sobre thema sacana, que fetiches não sublima. Se expoz, accreditando que alguem tema um bardo bom de metro e bom de rhyma. Inutil! Suas glosas, de uma em uma, vaiaram! Não havia, mesmo, um clima... Agora, si lhe peço que resuma a historia, diz: “Gozei, ‘inda por cyma!”
DISSONNETTO DO TROVADOR PROVOCADOR [1464]
Accorda, minha amada, que te espero debaixo da janella! Mas ruido não faças, que teu mano é mui severo e, caso me descubra, estou fodido! Tambem, meu bem, a outra fui sincero e estive-lhe à janella... Mas bandido é seu troncudo irmão, e aqui nem quero lembrar quando pegou-me, alli, despido. Ao ver-me assim exposto, o marmanjão, na sua adolescente e verde edade, me fez logo chupar e, como não bastasse, me enrabou sem piedade! Por isso, meu amor, toma cuidado, pois corre grande risco quem se evade e, si teu mano pega-me pellado, Deus sabe la o que eu faça que lhe aggrade!
SONNETTO DA MORTE DE BOCAGE [1805]
Addeus às putas deu nosso poeta bem antes de pedir que lhe rasgasse os versos quem os lera. Sua meta, então, era foder algum rapace. Garotos enrabou quando da recta as putas lhe fugiram? Ou a classe das putas não é coisa que lhe affecta mais e ja não lhe dá tesão que as cace? Difficil é saber. Mas o que importa é ver que, sob a escada, attraz da porta, o nosso Manoel foi como sou. É pena que os sonnettos nada dizem, por mais que os gays, curiosos, os pesquisem, si foi elle chupado ou só enrabou.
DISSONNETTO PARA A TRADIÇÃO GREGA [1826]
Havia a differença: sodomita é quem toma no rabo. O pederasta appenas chupa rolla. Hoje se cita qualquer desses dois termos, e ja basta. O que seria a practica maldicta, ou seja, o coito anal, à baixa casta dos putos se reserva, e o rabo evita quem ao adolescente uma asa arrasta. Faz parte da ancestral litteratura: Dos jovens não queria o professor o cu foder, nem ser fodido: a dor de tal penetração ninguem attura! A coisa não ficou, comtudo, obscura, pois a bocca no penis do rapaz foi tão obrigatoria, que ja faz até parte, nos vasos, da gravura.
DISSONNETTO PARA A CASA DE LOTH [2303]
Cajados segurando, como quem segura o proprio pau, um peregrino e seu fiel parceiro, à noite, veem [vêm] pedir abrigo a Loth: era o destino. A porta elle lhes abre, ainda sem saber que um tal casal, tão masculino, seria um par de anjinhos que, do Alem, só vinham practicar seu dom divino.
Não tarda p’ra que, em furia, a turba accorra. La fora, a multidão ja clama a Loth:
“Queremos os calouros! Desse trote ninguem foge, em Sodoma nem Gomorrha!”
Não ha quem tal casal, alli, soccorra.
“Nos sejam (urra o povo de Sodoma) entregues, p’ra que a gente o cu lhes coma e a bocca lhes enchamos nós de porra!”
DISSONNETTO PARA UM LEÃO QUE NÃO SOSSEGA O RABO [2686]
Vestiu uma camisa toda, bem... “listada”. Ou é “listrada”? Tanto faz, ja que tirou do dedo, o tal rapaz, o annel, que é de doutor, e peso tem. Sahiu, no carnaval, feito um nenen, dizendo, pela rua, ser capaz de dar o cu, mammar, tomar por traz, de ser sodomizado por alguem. Bem sabe performar o seu mester de modo convincente e caprichado:
Pegou, no guardaroupa da mulher, calcinha e sutian. Phantasiado assim, foi ver si alguem seu rabo quer. Odeia que o confundam com veado, pois acha que, si sobrio elle estiver, jamais parescerá desmunhecado.
DISSONNETTO SOBRE UMA BOCCA ABERTA E OUTRA FECHADA [2963]
Não sei, gente, não quero nem saber! E tenho, mesmo, é raiva de quem sabe alguma coisa della! Não me cabe metter a colher torta no poder! Eu pago p’ra não ter o desprazer de virem me contar quem é que enrabe a moça ou si o cuzinho della accabe sangrando, quando a prega se romper! Não venham, por favor, me perguntar si a bocca della é larga e abriu-se a poncto de conseguir chupar um calcanhar, ainda que lhe demos um descompto! Fugindo ao mexerico mais vulgar, prefiro me calar! Não sou tão tonto nem minha indiscreção vae revelar que eu proprio, até, no lombo della monto!
A VOLTA DO MOTTE DO CU [3623]
Quem tiver prisão de ventre se prepare! Será duro sahir tudo que entrou, entre o que é verde e o que é maduro! Eu, por mais que me concentre, não consigo e passo appuro, nem depois que um bastão entre lambuzado de oleo puro! Mas tem gente que nem liga, nem se afflige, nem se accaba, pois se solta: mal mastiga, facil caga e até se gaba! Neste motte eu boto fé, incluindo quem enraba: “Em cu largo passa até rhabanete e betterraba”!
A VOLTA DO MOTTE DO BRUTO [3643]
Fode um “mano” o cu da “mina” e esta finge que se dóe na fraqueza feminina ante a sanha do seu boy. Elle entende “Ai! Me domina! Me perfura, meu heroe!” si ouve “Ai! Chega!” e, com voz fina, ella em dores se corroe.
Finalmente, ao ver que arromba a mulher, que se debatte, a sangrar do rabo à pomba, elle, rindo, affrouxa o engatte. Este motte eu não discuto
caso alguem do assumpto tracte: “Homem feio, burro e bruto ri só quando em alguem batte.”
HYPERMASOCHISMO (1/4) [3921/3924]
(1)
Vizinhos, dois meninos de “futuro” estão brincando. Um delles nome adopta de Adolpho, outro de Judas. Deste, a nota é o trumpho, ao qual se somma sempre um juro. [trunfo] Adolpho é “Hyper”; Judas, “Hypo”, e duro é o jogo que ambos jogam. Ja se nota, portanto, onde a victoria e onde a derropta se cruzam, si ninguem fica no muro. Nazista é, pois, Adolpho, que pretende vencer e dominar seu “inimigo”, mas este assim tão facil não se rende. Jogando um videogame estão. Não digo que seja o melhor jogo a quem descende de teutos e judeus em cada umbigo.
(2)
O premio ao vencedor, si quem decide é Hyper, será ter Hypo submisso, lambendo suas botas, e o serviço inclue a fellação, ninguem duvide! Si Judas for quem vence, seu revide será que Adolpho va mais fundo nisso, deixando-se enrabar pelo rolliço caralho circumciso, que abre e aggride. O jogo tem etapas. Numa dellas, quem vence é Judas. Sadico, este cobra de Adolpho a posição que é das cadellas. O nazi até relucta, mas se dobra: de quattro, não é scena das mais bellas aquella, sodomita, que lhe sobra.
(3)
Prosegue o jogo e Adolpho, ja enrabado, anxeia por vingança. Judas tenta vencel-o novamente, mas é lenta, agora, a sua mente, e é derroptado. Está por cyma Adolpho e delle é o brado de orgulho triumphal: a poeirenta botina do allemão só se contenta si for tambem lambida no solado.
Protesta Judas: era só por cyma que a bota deveria ser polida, segundo o combinado. Hyper se anima. Exige o nazi, e Judas se intimida: engraxa, com a lingua, mas não prima por dar na sola a sordida lambida.
(4)
Terá de obedescer, comtudo, e faz faxina de engraxate e de capacho. Mas Hypo irá vingar-se e, como macho, de novo enrabará, rindo, o rapaz.
Será? Judas triumpha, mas por traz não quer mais desforrar: quer esculacho egual ao que soffrera! “Eu não me aggacho de novo!”, pensa Adolpho, pertinaz. O jogo está accabado, todavia, e a Adolpho resta a lingua utilizar debaixo da rival sola judia. A scena futurista tem logar aqui. Por toda parte tripudia, porem, o mesmo algoz: scena exemplar!
IMPIEDOSO GOZO [4161]
Fazer soffrer é força requinctada que todos nós, alguma vez, usamos na vida, sobre alguem, cujos reclamos e rogos por clemencia dão em nada. Queremos é ver como se degrada alguem que nos supplica e que humilhamos, tal como a seus escravos teem os amos negado compaixão, dando risada. Si for nosso inimigo, o membro erecto nos fica quando o vemos supplicando emquanto o penetramos pelo recto. Melhor é si, a assistir, temos um bando. Alem desse sadismo mais concreto, tambem dá gosto usar-lhe a bocca quando, ainda que não seja um desaffecto, alguem reconhesceu nosso commando.
ACTIVO RELATIVO [4837]
O machão de quattro bota sua gatta e o cu lhe come. Pouco mette na chochota: por trazeiros tem mais fome. Sua tara tem um nome: sodomia. Mas adopta, só, tal nome caso tome de alguem masculo essa quota. Com pomada, até com baba, si comer o cu dum homem, tal como outros homens comem, elle admitte, então, que “enraba”. Si for ella a tal vagaba e for della o tal cuzinho, mesmo sendo sem carinho, da “comida” elle se gaba.
TREPADA TRESPASSADA (1/3) [4838/4840]
(1)
Pelo modo como a amiga me relata, eu não duvido que levar no cu castiga, pois é muito dolorido. Ella conta que não briga, si elle gosta: é seu marido. Mas não creio eu que consiga supportar si for comido. O que, aos machos, mais excita é saber que a periquita bem se allarga, e o recto não. De proposito elle mette no cu, para que o boquette limpe a rolla... Dá tesão!
(2)
Ella torce que elle goze na chochota e satisfaça de tesão a sua dose, mas o cara tem má raça. Elle ordena que ella pose de cadella. Achando graça, mesmo tendo uma phymose, nella monta, aggarra, abbraça. Minha amiga enxerga estrellas, enrabada, e, para vel-as, nem ser noite necessita.
Sente tanta dor que, quando elle tira, está chorando uma esposa exhausta e afflicta.
(3)
Ora, emquanto a mulher sente dor por dentro, que prazer seu marido, sorridente, vae curtindo ao lhe metter! Não bastasse, é bem frequente que elle queira, em seu poder, uma bocca em que a semente novamente va correr.
Faz, então, que ella lhe felle o caralho e que, da pelle, limpe a merda alli adherida.
Eu, ouvindo o que ella conta, no logar me vejo, prompta minha bocca à dura lida.
HEMORRHAGIA QUE ALLIVIA [4847]
Entrou tudo! Aquillo tinha mais centimetros, eu creio, que uma regua egual à minha, si, da infancia, à mente veiu. Mas entrou! A cadellinha, com aquillo bem no meio do seu rego, ja adivinha do que esteja seu cu cheio. Sim, soffreu hemorrhagia. Sim, é sangue! Entrou aquillo com tal força, que feril-o fatalmente, ao cabo, iria. Por ignobil ironia, ja nem grita, essa cadella! Gosta, até, si dentro della move a merda essa sangria!
NA RAIZ DA QUESTÃO [4977]
Não dizem mais que alguem “tomou no rabo”. Não usam phrases como “se fodeu”, “tomou no cu”, “levou ferro”, mas eu escuto appenas isto: “La vem nabo!”
“É nabo!” “Vae ser nabo!” Ainda accabo achando que esse nabo é o que o plebeu entende por seu damno, seu mal, seu problema, seu azar... Gosta o Diabo!
“Cenoura” não tem tanta força, nem “pepino” ou “mandioca”. Mas paresce que ao caso um vegetal melhor lhes vem à mente para aquillo que mais cresce.
O nabo maior força nisso tem.
É como si, fodido, alguem dissesse:
“Não posso acceitar isso! Ah, não! Ninguem meresce! Só commigo isso accontesce!”
RELENDO BASILIO DA GAMA [5146]
Luxenta, a tal Marphisia, que protela até ser enrabada por Basilio!
Protela até que, ao anus doce, humilhe-o a grossa e longa rolla, que ella fella!
Basilio não diz “anus”: falla della em termos commedidos, mas é filho da puta, remedeia com auxilio do velho trocadilho e ao chulo appella. Allude à “flor dos annos”, que não dura, e ao corpo, que envelhesce sob effeito do tempo, mas anal vejo a figura. Não digam que sou sujo e que approveito a deixa para achar o que procura qualquer tarado! Eu abro! Eu tenho peito!
TROCA-TROCA [5608]
Amigo meu, machão, me diz que evoca seus tempos, ja distantes, de creança e, rindo, um desaffio serio lança:
-- Quem é que não brincou de troca-troca? Assumpto mellindroso! Aquillo choca collegas de trabalho. Um segurança da firma de citar jamais se cansa a phrase do patrão que não se toca:
-- O cara até confessa que mais deu o cu do que comeu! Como que pode? Subjeito de respeito não se fode assim! Vergonha alheia vou ter eu? Mas, graça achando, o macho faz que seu rival mais ciumento se incommode, pois sabem quem fez barba, fez bigode, cabello quem fez. Sabem quem cedeu.
MISCELLANEA VENEREA [6047]
Quem tem mãe no puteiro, degenera. Tem filho “fididinho”, como diz o povo, a respeitavel meretriz. Qualquer coincidencia não é mera. A puta se perfuma, se produz, mas mãe é do mais sordido rapaz, um typo revoltado que, nos cus das bichas, vae à forra: foi capaz, depois de enrabar uma, tendo puz no pau, de entrar na bocca qual por traz.
O docil masochista que, attravés dos labios, se infectou, teve de, appós chupar puz com cocô, do chão ao rés prostrar-se e, sob as ordens duma voz chapada, lamber tudo que, nos pés fedidos, não lavou seu rude algoz.
SEM VASELINA [6274]
Glaucão, o conde Dracula fascina tambem quando o real delle se falla! Sim, por predilecção é que elle empala seus varios desaffectos! É roptina! Glaucão, empalação é mesmo fina e linda tradição! Vale exaltal-a! Em vez de ter logar só numa salla fechada, arma na praça a grande gala! A lança que enrabou o prisioneiro no solo desse espaço bem fincada está, para que o povo dê risada das suas contorções o tempo inteiro! Até que o gajo morra, vae, primeiro, sangrar devagarinho, como cada veado que se enrabe, caso nada viscoso lubrifique seu trazeiro!
MASTURBATORIOS SUPPOSITORIOS [6447]
Glaucão, eu, quando batto uma punheta, da practica cenoura faço um uso prosaico: no meu recto eu introduzo aquella raiz! Calma, não é peta! Perigo não ha! Basta que se metta a dicta com cuidado! Um parafuso não causa tal effeito, mas, confuso, cheguei a usal-o! Usei até proveta! Provetas são quebraveis! Quem tiver cu muito appertadinho, não é bom usar! O parafuso tem o dom de ser menor, maior, conforme der! Emquanto fui casado, uma mulher legal eu tive! Entrava fundo com um dildo, que sahia tão marron que, em breve, ella trocou por um clyster!
GLAMOUR [6731]
Glaucão, não ha glamour na sodomia! Quem leva ferro sente muita dor! Quem come cu se suja! Quando for tirar, nota que é exgotto onde se enfia! Glamour não ha nenhum, Glaucão! Um dia, dum gajo o cu comi! Dominador pensei ser, disciplina quiz suppor que impunha, que, bem sadico, o fodia! Pheijão tinha comido o gajo! Quando tirei o pau de dentro, coroado estava pelas cascas do virado! De quebra, veiu couve! Estou fallando! Lhe juro, cara! Assim, eu no commando não quero mais ficar! Me desaggrado com tanta porcaria! Só sou sado, agora, com você, cego nefando!
COCÔ NO PIPI DO VOVÔ [7236]
Chupei, sim, e depois de ser por traz fodida! Mas ganhei muito presente!
Ganhei um bumbum novo, um novo dente!
Agora tenho muito mais chartaz!
Amigas ja me invejam, Glauco, mas mais velho não quizeram ter cliente!
Azar dellas! Rirei de quem invente
fofocas! Zombarei das linguas más!
Concordo que engoli muito cocô grudado no caralho que chupei!
Mas era a minha merda! Chuparei de novo o meu “papae”... ou meu “vovô”!
É minha a bocca, porra! Até pornô
filminho fazer podem! Qualquer gay o mesmo faz bastante, isso bem sei!
Você ja fez tambem, que é cego, pô!
MOTTE GLOSADO [7245]
Pude illudir uma cega: dei-lhe uma foda no cu!
De jeito e sem dó me pega um marmanjo, que me enraba e depois me menoscaba:
“Pude illudir uma cega!”
E o coitado aqui lhe entrega a bocca ao chouriço cru!
Elle ri: “Chupa, chuchu!”
Sae, então, e a toda gente me apponcta e exclama, contente:
“Dei-lhe uma foda no cu!”
MOTTE GLOSADO [7255]
Si merda fosse dinheiro pobre nascia sem cu!
No seu cu sujo, eu a cheiro; com a lingua, a limpo e como, implorando a esmolla, como si merda fosse dinheiro!
Elle é um cabra zombeteiro: chama a seu cocô “tutu” e se diz “homem de Itu”!
Não fosse eu cobrir de baba o pau com que elle me enraba, pobre nascia sem cu!
MOTTE GLOSADO [7292]
Uma porra tamanha é dada aos burros, não é porra capaz de foder gente!
Com perdão dos sisudos e casmurros, é forçoso explicar por que mal chupo o rapaz para quem soffro um “estrupo”: uma porra tamanha é dada aos burros!
Si enrabasse, arrombava, arrancando urros; mas ao cu, felizmente, é indifferente: a garganta é que a galla allaga, quente!
Só quer mesmo o que alcanço abboccanhado: circumdar a cabeça, que o cajado não é porra capaz de foder gente!
TOLO CONSOLO (1/4) [8019]
(para Gabriel Limão Macchabeu)(1)
Um homem dando o cu para a mulher?
Pois é, minha mulher apparesceu em casa com a cincta que tem um cacete de borracha. Me comer queria! Navegando nessas redes estão nossas esposas... Fazer querem comnosco o que fazemos nós com ellas!
Comi socando forte? Quer vingança?
Brincando está? Seus olhos brilham quando no thema toca. “Deixa disso!”, digo.
Eu, dar o meu cuzinho virgem? Nada! Sou macho! Tenho pregas! Não, sem essa!
(2)
Sabendo que não faço o que ella quer, um video deu-me e disse que esse seu desejo virou moda bem commum! Até que ver machão, dando, um prazer tambem me dá, pois entre taes paredes eu proprio os comeria si me derem... Mas dar o meu, jamais! Nessas mazellas me ligo quando os vejo com a pança p’ra baixo, as mulheronas penetrando com gosto, caprichando no castigo...
Mas deve dar dorzinha bem damnada, alem de degradante ser à bessa...
(3)
Então ella provoca: “Quem disser que dóe, tá com frescura! Me comeu você e me segurei! Do seu bumbum agora tá com dó? Si não ceder, direi que tá com medo!” Vós, que vedes tal coisa, perdoae, Senhor! Esperem ahi! Para evitar novas querellas, cedi, mostrei ser macho. “Ella se cansa depressa!”, até pensei. Fui arregando o rego. Me fodi! Prum inimigo não quero o que senti! Dor que me invada assim, ah, nunca mais! “Tira depressa!”
(4)
Não topo nem do medico um clyster, magina si aguentei! Eu não! Não eu! Aquillo é muito duro, até meu pum bloqueia! Alem do mais, nenhum poder tem ella de sentir as minhas sedes! Nem sabe quando chega! Ah, como ferem as pregas taes consolos! As sequelas são como as de hemorrhoidas! Não! Quem dansa de novo não serei! Mas e si um bando de cornos nós ja formos? Eu me intrigo com isso... e vou topando outra trepada do typo... Mas menor comprei a peça.
DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE (1/2) [8073]
(1)
{Explica-me este poncto, si és capaz, meu caro Glauco, sobre coito anal. Quem come, de cocô suja seu pincto, concordas? Fica todo malcheiroso, borrado, quando o pau dalli retira, concordas? E quem dá, dores supporta, às vezes nem supporta, tão agudas que são! Tu não concordas? Poderá, talvez, até sangrar! E se mixtura o sangue ao excremento sobre a pelle do penis, Glauco! Puta que pariu! Por que diabos, Glauco, tem quem goste de tal penetração? Ninguem desfructa total, desse prazer de gosto tão, digamos, duvidoso! Que me explicas?}
(2)
-- Nem sempre o sexo anal, de Satanaz o coito predilecto, faz de tal maneira a porcaria. Não te minto si digo que evitado tenho o gozo anal, talvez por causa duma lyra oral que poetizo. Mas a torta visão que tens do rabo, não te illudas, em nada altera a graça p’ra quem dá, tampouco p’ra quem come, si tortura faz parte do tesão, caso alguem felle a rolla suja, appós o que sentiu no proprio cu, fodido por um poste. É sadomasochismo! Não discuta ninguem a dor alheia, a compulsão alheia, por trazeiros ou por piccas!
INFINITILHO DO PECCADILHO (1/2) [8112]
(1)
{Jesus fallou, Glaucão: nós não devemos uns ciscos apponctar em olho alheio si temos, bem no nosso, um pedregulho. Não disse exactamente nesses termos, mas quiz dizer: macaco que não olha o proprio rabo nunca poderá fallar dos outros. Nisso por fallar, meu rabo eu ando dando, Glauco! Sabe? Eu nunca tinha dado, só chupava! Agora descobri que dar o cu é muito dolorido! Si você se julga masochista, saber vae daquillo que lhe digo com franqueza! Então pergunto: como um peccador serei, si ja pagando pela dor estou? Quer me dizer, Glauco? Me diga!}
(2)
-- Ouvidos ando dando mais aos demos que aos anjos, mas em Christo tambem creio, pois disse muita coisa que barulho fará quanto mais della nos valermos. Que cada qual seu ganso, livre, molha é poncto claro. O mesmo, pois, se dá com nosso lindo rabo. Quem quer dar que dê. Você bem sabe quanto cabe de rolla dentro delle. Quem, escrava, a cara abra ao caralho, tal tabu nem teme, pois pinctinho de nenê não é bem o que leva quando cae de bocca num thalludo pé de mesa. Por isso não censuro quem quer pôr no rabo o piccolé dum fodedor. Sossegue, que com Christo não ha briga.
RHAPSODIA BILAQUIANA [8380]
Diziam que era adepto desse coito anal que ja chamaram “sodomita”, mas, sobre isso, não quero ser affoito. Lamento só que a chronica se ommitta. Não sei si elle molhava seu biscoito no alheio cu, si dava o seu. Não cita ninguem esse detalhe; de dezoito
maiores, si os prefere, si os evita. Ommitte, em “Penetralia”, até quaesquer dos nomes dos “amores”: é sigillo
aquillo que Bilac, então, mais quer. Não quero contestar, nem denegril-o.
Emilio de Menezes de mulher
não falla, mas diz “anus” ser aquillo que o bardo tem por intimo mester curtir, discretamente, a seu estylo.
Más linguas affirmavam que o poeta gostava de chupar e ser chupado, mas posso duvidar de quem tal setta desfere, desdenhoso ou despeitado. Prefiro accreditar que elle da recta tirou o seu e nunca a nenhum lado cedeu. Sim, punheteiro! É o que interpreta a forte intuição dum cego ousado.
LOGAR DE FALLA (1/3) [8523]
(1)
Estava accostumada a meretriz ao coito vaginal. Acha prudente jamais levar no rabo. Ai, que infeliz vivencia teve um dia! Algum cliente mais rico a convenceu. Ella então quiz saber si isso doia realmente. Foi como penetrar, ella assim diz, alguem por traz com grosso ferro quente! Agora nem fallar quer desses vis freguezes! Orificios, só os da frente!
(2)
O macho garanhão, que mui cortez nem era mas ganhava todas, mente accerca de seu caso, pois ja fez alguma concessão ao repellente peccado sodomita. Acham vocês que está traumatizado? Nada! Aguente alguem o que enrabou seu cu! Talvez por isso mais gostou: enormemente dotado foi o activo! Taes porquês segredos são. Ninguem sabel-os tente!
(3)
A bicha ja levou no cu, mas faz questão de só chupar, pois prazer sente “mental” e seu desejo satisfaz, conforme diz a todos francamente. Chamada ao thema em pauta, que ja gaz consome tanto à toa, disse: “Gente, só tem auctoridade nisso e paz propor pode a um assumpto tão urgente um homosexual, pois nossa assaz cabal vivencia anal é convincente!”
“Ó, DÁ-ME, GLAUCO, O CU, ALGEMADO!” [8551]
Às vezes é preciso que eu mais um pé metta, achando o decasyllabo até pequenino, ainda que este rhythmo manque qual perneta. Por isso usando estou o verso alexandrino.
Occorre que um palindromo, dos de proveta, causou-me especie. É o thema, claro, fescennino: “Até cubanos mettem só na buceta.”
Mas nelle comptei onze syllabas, previno. Importa pouco aqui tal metrica faceta, porem, pois quero atter-me ao caso feminino e ao coito vaginal, que chamo de careta, si formos comparar àquelle que imagino. É neste justo poncto que um rapaz cappeta
chegou e no palindromo mostrou ferino tesão, pois me brindou com um bordão porreta, daquelles que me calham por fatal destino. Masoca que sou, cego servo da punheta, na mente projectei caralho nada fino na marra me enrabando appós ter na chupeta me feito fellador do sadico menino.
LOBISMACHO [8894]
Ouvi fallar, Glaucão, dum corpulento subjeito que tem penis diminuto! Mas nelle, quando vira lobishomem, augmenta de tamanho o pau, a poncto de entrar rasgando o cu de qualquer macho! Ahi, pensei... Em vez da propaganda dar outra solução para augmentar um penis, basta assim dizer, Glaucão: “É facil! Virem todos lobishomens!” Mas, para conseguir isso, o coitado terá que ser por outrem enrabado! Somente pelo semen um humano em lobo se transforma! Agora, sim, eu quero ver a cara dessa turma que vive se queixando, no boteco, da falta de tesão, enchendo o rabo de pinga, accreditando nessas lendas!
GASTOS SUPERFLUOS [8934]
Eu tenho um pau enorme, gigantesco, Glauquinho, commentei ja com você! E, como tenho um corpo feminino, todinho seductor, quando os recrutas advistam-me, de longe ja se excitam! Nem fallo dum sargento ou dum tenente! Mas sabe, Glauco, o que elles tanto querem de mim quando percebem o tamanho do membro? Que eu enrabe seus cuzinhos! E sangram! Como sangram! Não entendo por que sem vaselina me preferem! Achei, por isso, urgente essa noticia da compra que fizeram os milicos de gel lubrificante, coitadinhos! Appenas me preoccupa que esse estoque encalhe nos quarteis por causa dum fetiche masochista anal, Glauquinho!
TROCA-TROCA? [9608]
Brinquei de troca-troca, sim senhor!
Chupei rolla, deixei-me enrabar, mas tambem os enrabei, os fiz chupar! Não, hoje sou machão, como fui sempre!
Appenas reconhesço que, de vez em quando, uma vontade extranha sinto de, dentro do meu anus, enfiar o dedo... Mas no banho, menestrel!
AUTHENTICADO? [9726]
Até Bilac occupa algum logar de duvida na praia dos machões, por compta de boatos que, maldosos, fallavam de episodios sodomitas... Mas, como o Olavo nunca assumiu seus poemas fescenninos, ninguem vae seu anus pôr em xeque, nem tampouco os rectos de suppostos personagens. Você não corre riscos, menestrel, pois sabe todo mundo quem compoz sonnettos tão podolatras, graphados na mesm’orthographia de Bilac!