[ TECNOLOGIA ]
A Pandemia Vai Acelerar a Adoção da Inteligência Artificial na Educação? O futuro da educação será tecnológico e conectado, mas jamais deixará de ser humano.
O
impacto da pandemia de COVID-19 na educação trouxe novas maneiras de pensar sobre a melhor forma de ensinar os estudantes. Nessa discussão, a Inteligência Artificial (IA) é apontada como uma das grandes tendências até 2030, segundo um estudo do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Uma das grandes apostas é o uso de sistemas tutores inteligentes para ensino personalizado. Questionado sobre o interesse crescente em IA como resultado do aumento do aprendizado remoto durante a pandemia, o professor da Unifesp e diretor acadêmico do Institute of Technology and Education (ITEDUC), Dr. Ismael Rocha, diz que a pandemia veio para sepultar definitivamente um modelo de ensino existente desde a segunda metade do Século XIX: o conteudista. “Nele, o estudante é um repositório de fundamentos e recebe passivamente o conhecimento, as salas de aula são formadas por carteiras enfileiradas com o professor à frente e os processos de avaliação são padronizados e com conteúdos enlatados”, completa.
30 | Arco43 em Revista nº 4 | 2020
Segundo ele, demorou para chegar ao Brasil o processo ativo de aprendizagem mediado por tecnologia, somado à visão de que o estudante é protagonista. Ainda assim, ele acredita que o uso de tecnologias no ensino veio para ficar. Nessa demanda, para o professor, a IA é fundamental para a construção de um novo desenho no campo da aprendizagem. “Este recurso, diferente do que muitos acreditam, não trará ao estudante uma preguiça mental, visto que muitas coisas já estarão prontas. O processo neural desta faixa etária está aberto a desafios, a pensar criticamente, a buscar coisas novas, a conhecer. Há um equívoco quando falamos de transferência de conhecimento, como se estivéssemos carregando em um HD uma série de arquivos que depois serão processados. Não se transfere conhecimento, se constrói conhecimento.” A máquina não vai ocupar o lugar dos professores, pois a lógica que se estabelece nela, por mais perfeita que seja, é cartesiana, pré-formatada, desenhada para responder perguntas e não para elaborá-las. Por isso,