TELHADO DE VIDRO
A nova alma do negócio
Escolas de administração e de economia de primeira linha incluem aulas de ética e de direitos humanos em seus cursos de graduação e pós-graduação. Por aqui, as instituições estão começando a rezar pela mesma cartilha por chico felitti ilustrações marina leme
U
ma sala de aula em uma faculdade de negócios. A balbúrdia dos alunos cessa na hora quando o professor dispara: “Quais foram os erros que destruíram Harvey Weinstein [conhecido produtor de cinema norte-americano que, no fim do ano passado, viu sua carreira ruir depois que várias atrizes vieram a público acusando-o de assédio sexual] em Hollywood e podem levar a empresa dele à falência?”. Um aluno levanta a mão antes de dizer: “Ele não conseguiu fazer todas as mulheres que o acusavam assinarem um acordo de sigilo”. Uma aluna retruca, sem pedir licença: “O erro dele foi abusar de dezenas de mulheres durante duas décadas”.
44 PODER JOYCE PASCOWITCH
A cena é ilustrativa, mas aconteceu, com algumas variações, nas salas de aula das melhores escolas de negócios do mundo. Tudo porque em cursos específicos para empresários e executivos, os professores passaram a gastar mais tempo (e saliva) discutindo temas como ética, assédio sexual e paridade salarial, só para citar alguns.“Esses profissionais não lidam apenas com crises financeiras. Também têm de responder por problemas éticos ou morais, que são tão importantes quanto qualquer outra questão corporativa”, diz Amy Wrzesniewski, professora de liderança em Yale, nos Estados Unidos. Amy conta que, à medida em que começaram a ganhar espaço na mídia e passaram a determinar o destino das corporações, esses assuntos se infiltraram mais