Revista Poder | Edição 113

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POLE POSITION por josé rubens d’elia

FOCO: A BASE DA

Na lista dos requisitos indispensáveis para sucesso e alta performance, certamente o foco é um forte concorrente ao pódio. Curioso é que, mesmo que a maioria saiba disso, pouca gente desenvolve essa habilidade. Que atire a primeira pedra quem consegue ficar sem checar e-mail, Face e WhatsApp mesmo quando está fazendo alguma coisa que exige total concentração. Com toda a complexidade e a quantidade de informações que circula atualmente, o mundo moderno é um convite permanente para interrupções. Em O Foco Triplo, uma Nova Abordagem para a Educação, livro que o psicólogo e pesquisador de Harvard Daniel Goleman escreveu em parceria com Peter Senge, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma vida bem vivida exige o domínio de três tipos de foco: o interno, o no outro e o externo. O interno conecta nossa intuição, valores e decisões; o foco no outro tem a ver com empatia e garante um bom relacionamento com as pessoas; e o ex-

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terno nos permite entender o mundo que nos cerca. Os estudiosos afirmam que os três são determinantes para conquistar equilíbrio, felicidade e sucesso. Por mais que pareça difícil e complicado, o negócio é não jogar a toalha. Os neurocientistas ensinam que o foco, que também chamamos de atenção, é uma espécie de músculo vital da mente. Se for utilizado da maneira correta, melhora e se amplia. Outro dado importante: nossa atenção está sempre em batalha contra distrações internas e externas. Consultores especializados no treinamento de líderes corporativos dizem que manter o foco é um dos maiores problemas desse público. Fazendo um recorte para o esporte, o cenário é mais ou menos o mesmo. O psicólogo sueco K. Anders Ericsson realizou vários estudos associando a atenção a uma forma inteligente de treinar. Para ele, o “segredo da vitória” é o treino intencional em que o especialista elabora exercícios que devem ser realizados pelo atleta com dedica-

ção e concentração total. O feedback sobre o que pode ser aperfeiçoado também é importante – praticar sem receber feedback impede a evolução. Quando o treinamento é realizado com o foco em outro lugar, o cérebro não reprograma o circuito relevante para a atividade em questão. Treinar vendo televisão, por exemplo, não melhora o desempenho. Quem atinge o estado de alta performance nunca para de evoluir – a menos que resolva abandonar o treino inteligente. Ericsson dá outra importante contribuição para quem deseja atingir o estágio de alto desempenho: é necessário descansar para recuperar a energia física e mental. O treino pesado deve corresponder a quatro horas diárias. Quando o cansaço extrapola o limite físico, o foco despenca. Retomando a ideia da atenção como músculo mental, é possível fortalecê-la por meio de exercícios. Um jeito é manter o foco em algo ou na própria respiração, por exemplo. Essa é a essência da meditação, aliás: quando a mente divaga, é importante trazê-la de volta. Portanto, fixar a concentração em um ponto é fundamental para atingir a atenção plena. n José Rubens D’Elia é fisiologista e treinador psicofísico de pilotos, atletas profissionais, empresários e executivos. Diretor da Pilotech – Clínica de Performance de Pilotos, em São Paulo

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM; FOTO ARQUIVO PESSOAL

ALTA PERFORMANCE


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