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VENTO
Primeira mulher a governar Nova York, Kathy Hochul já é vista como potencial candidata à Casa Branca em 2024. Democrata assume o cargo após a renúncia de Andrew Cuomo, acusado de assediar sexualmente 11 mulheres POR ANDERSON ANTUNES
“A
lguns são capazes de mudar seus partidos pelo bem de seus princípios, enquanto outros mudam de princípios apenas para salvar seus partidos.” A frase, atribuída ao histórico primeiro-ministro britânico Winston Churchill, serve para definir o atual momento político vivido por Kathy Hochul, a nova governadora de Nova York e primeira mulher a comandar o terceiro estado mais rico dos Estados Unidos em termos de PIB, atrás apenas do Texas e da campeã Califórnia. Se tornar a primeira em qualquer área já é um grande feito. Kathy tem nas mãos não somente um estado que gerou riquezas de mais de US$ 1,7 trilhão em 2020 – quase o mesmo gerado pelo Canadá, o vizinho nem um pouco incômodo dos EUA – como também, de certa forma, o próprio futuro do partido pelo qual se elegeu, o Democrata. Entre outras palavras, errar daqui para frente poderá ser fatal em termos políticos. Em baixa desde a onda conservadora que culminou com a eleição de Donald Trump, em 2016, a sigla chegou ao fundo do poço quando tentou fazer de Hillary Clinton a primeira presidente dos EUA, mas ironicamente pode voltar a reinar como o guardião da maior democracia do planeta, tal como já foi visto no passado recente, graças a Kathy, que tem no currículo uma passagem pelo Capitólio, como deputada, e era vice-governadora desde 2015. Kathy Hochul iniciou a carreira política após se formar em Direito pela Universidade Católica, em 1984, e é uma ad-
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vogada com longo histórico de defesa das mulheres, além de defender direitos de minorias como a população LGBTQIA+. Entre suas frentes, Kathy fundou, em 2006, ao lado da mãe, a Kathleen Mary House, um lar que acolhe mulheres e crianças vítimas de violência doméstica e, tempos atrás, liderou a campanha “Enough Is Enough”, que tinha como objetivo combater agressões sexuais nas universidades – justamente o motivo que a levou ao poder. Até o fim de 2022, como governadora, os problemas que terá que resolver não são poucos. Sede da Big Apple, maior cidade do mundo, Nova York é uma espécie de raio X de uma América que já não existe mais: aquela do sucesso fácil, na qual seus novos moradores são todos fortes candidatos a conquistarem o “sonho americano”. Com um sistema de saúde pública ineficiente, problemas de criminalidade em alta e até falta de investimentos em infraestrutura básica, o estado está longe de ser a Times Square cheia de luzes que sua maior metrópole passa como imagem para o resto do mundo. E há algo ainda maior acontecendo nos bastidores do governo, cujos políticos estão entre os mais machistas dos Estados Unidos. A própria Kathy, de certa forma, chegou ao poder porque seu colega e ex-governador Andrew Cuomo renunciou em razão de uma investigação que concluiu que ele assediou sexualmente 11 mulheres. E nunca é demais lembrar que é do partido do ex-presidente Bill Clinton, outro político envolvido em assédio, que estamos falando. “Poderá uma mulher salvar os democratas de seus pepinos criados basicamente por seus membros homens?”, questionou Luis-Ferré Sadurní, jornalista político do The New York Times, sobre o futuro de Kathy. Por enquanto, ninguém sabe dizer se tal desfecho está no destino da nova estrela do poder de 63 anos, mas muitos acreditam e, torcem, para que seja esse o caso. À exceção, talvez, de Kamala Harris, a primeira mulher eleita vice-presidente dos EUA na chapa encabeçada por Joe Biden, e provável candidata à Presidência em 2024, uma vez que o ocupante do Salão Oval no momento sempre deixou claro que não quer se reeleger. Se as duas eventualmente chegarem ao ponto de disputar a indicação à Presidência por seu partido no próximo pleito nacional americano, não seria surpresa vê-las firmando um
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