Opala Negra, de Marília Carreiro

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truíram nela. O dono, como era um político muito rico, mandou que ele desse fim à vida deles. Pagou um preço alto por isso. Outro estava envolvido com roubos na cidade onde estávamos e corríamos o risco de encontrá-lo. Justino avisou que se isso acontecesse, teria que atrasar um pouco a viagem, pois faria o serviço de uma vez. Dois estariam próximos à minha terra. Eram fugitivos. Traíram, cada um a seu modo, o fazendeiro para quem trabalhavam. E saíram corridos de lá, porque senão o próprio dono das terras se vingaria deles. Era um homem bravo e depositava toda sua confiança em Justino, tanto que pagou ainda mais dinheiro que o primeiro. Em alguns lugares do mapa, Justino tinha capangas que lhe amparariam no básico. Esses mesmos homens ajudavam-no a procurar não só os quatro últimos, mas todos da lista. Ele trabalhava sozinho, mas tinha amigos. E o último era o homem que matou seu irmão. Como a volta estava mais tranquila, paramos em um hotel de beira de estrada, alimentamos os cavalos e pedimos dois dormitórios. Numa das paredes da recepção tinha um cartaz anunciando um show no cabaré ali perto naquela noite. Decidimos ir. Arrumados, pontualmente estávamos lá. Os Strip-teases clareavam nossos olhos, alimentavam nossos corpos. Há tempos eu não ia a um lugar como aquele. Justino se ajuntou a uma das moças rapidamente. Eu demorei um pouco mais, mas também me virei. Precisava me distrair depois de toda a andança. E um jeito fácil era esse. Ir para lá, pagar, ter uma mulher e voltar para o hotel. E assim fizemos. Permanecemos no cabaré por algum tempo. Voltamos, dormimos, acordamos bem cedo e saímos em direção à vila.

Passando por um lugarejo, Justino avistou um de seus comparsas e perguntou-o como estavam as coisas. O ho32


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