Opala Negra, de Marília Carreiro

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Marília Carreiro Fernandes

vereador, da necessidade de alguém para ajudá-lo na campanha, da vontade de comprar as terras. Falou tanto que o homem, num impulso ganancioso, ofereceu a terra dele e disse que, saindo dali, poderiam visitá-la. Imaginou que a mala que Francisco portava já era o dinheiro para algum pagamento. Com a primeira parte do plano concluída, foram no carro do assistente político até o terreno que poderia ser a fazenda de Francisco. O homem preferiu dirigir, para ter certeza de que tudo não se passava de uma armadilha. Chegaram os dois até a terra. Justino os seguiu com o comparsa, de moto. Rapidamente o jagunço rendeu os dois e, com uma arma apontada para o corrupto, Francisco amarrou suas mãos e seus pés. O comparsa chegou logo em seguida, jogou uma muda de roupa velha em Francisco e disse que era para ele se trocar rapidamente. Olhou nos olhos do homem com as mãos amarradas, disse que só estava cumprindo ordens e que mandaram lhe dizer que aquilo era um pagamento por tudo o que tinha roubado. Justino cavava a cova e Francisco foi ajudá-lo. Quando terminaram, o comparsa disparou o primeiro tiro e, num impulso, Francisco virou o rosto para não ver. Mais dois tiros e, com o corpo ainda quente, desataram seus membros e arremessaram o homem para dentro do buraco. Francisco acabou de enterrar e socar a terra, evitando os vestígios maiores. Terminado o serviço, o comparsa recebeu sua quantia, agradeceu por ter participado e rumou para sua casa. Francisco, ainda meio abalado, entrou no carro e Justino os conduziu até o bar de Miguel. Francisco sentiu culpa depois de ter matado o homem. Tinha matado, para ele. Ter fingido ser político, seduzido com dinheiro e levado a vítima até a terra para 57


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