Opala Negra, de Marília Carreiro

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Marília Carreiro Fernandes

A volta para o centro Nunca fui adepto a religiões, mas tive vontade de voltar ao Centro, em busca de uma pista sobre a pedra da lenda. Tive vontade de voltar a me dedicar à lavra, motivo principal que me fez mudar para a fazenda. Só que a lavra até então tinha dado exatamente o que a mãe de santo havia me dito. Uma pedra no alto e outra maior que a primeira. Lembrei-me dela confirmando que havia uma terceira, ainda maior, na região. Chamei Justino e Francisco para me acompanharem na ida para o norte, mas dessa vez de carro. Gastaríamos um final de semana, indo ao sábado, dormindo por lá e voltando no domingo, após a cerimônia. Francisco não pode ir. O final de semana da viagem era o que ele tinha combinado com outro capanga de armarem a emboscada para o homem que tinha lhe acertado o tiro. Restou-me o Justino, que prontamente aceitou. Fazia tempos que ele não visitava o terreiro. Ajeitamos todas as coisas e saímos depois do almoço. Chegamos ao destino já era noite. Todos nos receberam ainda melhor do que da primeira vez. E, ao contrário da primeira, estávamos limpos e bem vestidos, comparação pela qual viramos alvo de brincadeiras. Sentindo-me em casa, já tirei do bagageiro do carro uma grande peça do boi abatido um dia antes e entregueia ao dono da casa. Ele agradeceu e cortou um pedaço, acendeu o fogo e fizemos um petisco para beliscarmos. Depois de bebermos e comermos, decidimos descansar. 69


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