GNARUS - 83
Artigo
O ESTREITAMENTO DAS RELAÇÕES DE INTEGRAÇÃO REGIONAL E A FORMULAÇÃO DO BRICS DURANTE O GOVERNO LULA COMO INSTRUMENTO DO AUMENTO DA RELEVÂNCIA DO BRASIL NA COMUNIDADE INTERNACIONAL Por Marcus Vinicius Vilanova Gralha RESUMO: A virada para o século XXI trouxe uma série de mudanças para o Brasil, tanto nas suas políticas internas, quanto em suas políticas externas. O Partido dos Trabalhadores (PT) esteve à frente do Governo brasileiro durante 14 anos, nos governos Lula e Dilma. Focado no populismo, o governo trouxe uma série de mudanças tanto no cenário interno quanto no cenário externo. No aspecto interno, pode-se observar o grande crescimento e desenvolvimento brasileiro através de políticas públicas que melhoraram os índices de saúde, educação e de erradicação da pobreza. Já no cenário externo, pode-se notar uma mudança no viés dos acordos e prioridades do governo brasileiro. A América Latina passa a ser a prioridade, principalmente o MERCOSUL, dando uma importância ao bloco que até então era pouca, e que tinha a concorrência da ALCA. Além do MERCOSUL, pode-se destacar o surgimento do bloco dos BRICS e da UNASUL. O presente artigo busca analisar como a mudança interna (do neoliberalismo ao populismo) e externa (dos países do considerado Primeiro Mundo para os países subdesenvolvidos) da política brasileira trouxeram o Brasil de volta a uma posição de destaque no cenário internacional. Palavras Chaves: Brasil; MERCOSUL; Política Externa; Lula; BRICS; UNASUL
Introdução
N
o final do século XX e no início do século XXI, a política externa brasileira começou a tomar novos rumos. Durante o Governo FHC, a política externa do Brasil foi redirecionada para o contexto neoliberal da globalização, no qual o cenário internacional estava amplamente aberto aos fluxos comerciais e financeiros. Já durante o Governo Lula, um novo viés para a política externa foi tomado: o Brasil reforçou a sua atuação no cenário internacional,
principalmente no organismos internacionais e também redirecionou o seu foco para nas parcerias bilaterais e multilaterais. Essa quebra com a vertente neoliberal do antigo governo vai de encontro com as posições do Partido dos Trabalhadores. As negociações comerciais se voltam agora para os países emergentes, como Índia, África do Sul, China e Rússia. Além disso, a América do Sul também terá um grande foco nas negociações do governo brasileiro entre os anos de 2002 e 2010. Mesmo com a grande discrepância entre as políticas adotadas durante os
Gnarus Revista de História - VOLUME XI - Nº 11 - OUTUBRO - 2020