ESPECIALISTA RESPONDE / ENDOCRINOLOGISTA
OBESIDADE INFANTIL Neste mês, o dia 03 trabalha a conscientização da sociedade contra a obesidade mórbida infantil. A doença é séria e agravou em tempos de pandemia. Você sabe o que o seu filho anda comendo? E isso lhe tranquiliza ou lhe preocupa?
Mônica Moura Rocha
Quando uma criança é considerada obesa? Por definição, a obesidade infantil é diagnosticada quando uma criança apresenta o peso desproporcional para sua estatura. Deve-se calcular o Índice de Massa Corporal desta criança dividindo seu peso pela altura ao quadrado. Este valor é colocado em gráficos de acordo com a idade e sexo da criança. É considerada obesidade quando o IMC estiver acima da curva de +2 desvios padrão da média em crianças maiores de 5 anos de idade e adolescentes ou quando estiver acima de +3 em crianças menores de 5 anos de idade. Portanto, precisa que o pediatra esteja atento a variações de peso que não acompanhem o crescimento adequado da criança.
A pandemia contribuiu de que forma para o aumento desta realidade? A pandemia contribuiu de forma alarmante para o aumento dos casos de obesidade infantil. O fato das crianças terem sido afastadas das suas atividades, tanto escolares quanto principalmente de práticas esportivas contribuiu muito para o sedentarismo. Além disso, as crianças foram expostas a um tempo de tela excessivo, através das aulas on-line, pelo uso abusivo de celulares, tablets e jogos eletrônicos. A permanência das crianças dentro de casa elevou o tempo ocioso e o nível de ansiedade o que proporcionaram o aumento pela procura de alimentos fora dos horários das refeições, principalmente de guloseimas e produtos industrializados. Todos estes fatores em conjunto contribuíram para o aumento de peso observado neste período. 62
Revista Líder
endocrinologista pediatra CRM-Pa: 10203 msfmrocha@gmail.com Arquivo Pessoal
A partir de quando interferir e tratar? Devemos intervir o quanto antes, mesmo antes da criança já estar obesa para prevenir este diagnóstico. O pediatra deve identificar quando a criança encontra-se com sobrepeso e já iniciar orientações para melhorar os seus hábitos de vida, estimulando o consumo de alimentos saudáveis como frutas e vegetais, evitar o consumo de alimentos industrializados muito calóricos, diminuir frituras e bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos artificiais. A prática de esportes deve ser sempre incentivada e inserida na rotina da criança. Mesmo em tempos de pandemia, devemos dedicar pelo menos 1 hora por dia para atividades físicas, que podem ser realizadas em família como andar de bicicleta, jogar bola, dançar, pular corda ou mesmo utilizar aplicativos que orientam a prática de atividades físicas, sem precisar de aparelhos só disponíveis em academias. Quando a obesidade já está instalada, esta criança deve ser acompanhada por profissionais especializados como endocrinologistas pediatras, nutricionistas e educadores físicos. Lembrando que a família tem um papel fundamental na reeducação alimentar desta criança e todos da casa devem mudar seus hábitos para que este cenário de ganho de peso possa mudar.
Quais os riscos da obesidade infantil? A obesidade deve ser tratada como uma doença de saúde pública. Uma criança obesa, se não tratada, será um adolescente obeso e muito provavelmente um adulto obeso. Não estamos falando de estética ou de discriminação apenas pelo peso elevado, mas sim de muitas doenças que estão ligadas diretamente ao excesso de peso e que estão cada vez mais sendo diagnosticadas precocemente, como Diabetes Melitus tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. A obesidade proporciona uma inflamação em todo o corpo e hoje em dia é um fator de risco importante até mesmo para o desenvolvimento de formas mais graves de infecções como o Covid-19 e alguns tipos de câncer. Além disso, sabemos que crianças obesas estão mais sujeitas a sofrerem problemas psicossociais por isolamento social, bullying e até por promover uma antecipação da puberdade. Por isso, devemos levar a sério o diagnóstico de obesidade infantil para poder instituir hábitos saudáveis, prevenir doenças e promover o bem estar das nossas crianças.◊
