Humanos
Marido da mãe-d’água Ele não tem nome, mas sua lenda é conhecida em muitos lugares do Brasil, pois a figura da Mãe-d’Água - ou lara - é bastante popular. O Marido da Mãe-d’Água era um pescador corajoso, porém muito pobre, que tentava, diariamente, encher o cesto de peixes. Cansado de suas dificuldades, certa vez ficou até tarde tentando pescar nem que fosse um só peixinho! De repente, começou a ouvir uma voz cantando lindamente e andou na direção daquele som para ver o que era. Foi quando viu, sentada na ponta de uma pedra, uma moça tão bela que mais parecia um anjo: cabelos longos e loiros, olhos azuis e pele alva. Achou que era uma alma penada, mas tomou fôlego perguntou à mulher quem era ela. A figura disse que era Mãe-d’Água e que estava ali para pedir ajuda a alguém, porque as pessoas sempre se aproximavam dela para lhe pedir algo e nunca para ajudá-la. Perguntou ao moço se ele tinha coragem de fazer o que ela lhe pedisse, ao que ele, sem titubear, respondeu que sim. A bela moça pediu a ele que pescasse naquele local, onde ela estava. Deveria vir sempre entre a meia-noite e o raiar do dia, todas as noites, até a lua quarto minguante. Assim ele fez. E passou a pegar tanto peixe que ficou bem de vida. Mas nunca esqueceu a Mãe-d’Água e teve vontade de revê-la. Em outra vez, ouviu de novo aquele canto e foi direto reencontrar a Mãe-d’Água, a quem agradeceu as fartas pescarias. A moça foi direto ao assunto: será que ele se casaria com ela? Claro! O pescador nem pensou muito. A Mãe-d’Agua, então, pediu ao pescador que viesse buscá-la na próxima lua, de quinta para sexta-feira, e lhe trouxesse roupas de cor branca, azul ou verde, sem nenhum alfinete, agulha ou coisa alguma que fosse de ferro. E pediu ao pescador que nunca, mas nunca mesmo, a renegasse ou zombasse dela ou de qualquer habitante do mar. O pescador aceitou as condições da Mãe-d’Água e eles se casaram. Foram felizes por três anos, ela era uma excelente dona de casa e o moço ficava cada dia mais próspero. Só que a moça começou a sentir saudades da vida no mar ao cair da tarde, ficava constantemente na janela, a suspirar. O rapaz ficava irritado com tanto suspiro e choradeira e começou a sair, procurando diversão em outro lugar. A moça, coitada, não reclamava de nada, mas não conseguia se esquecer de onde vinha... 38