Jornal Psicologia em Foco Nº 45 - ISSN 2178-9096
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Nathan de Souza Vendramini Nathan Vendramini é graduando em Psicologia pela PUCPR e estagiário pela Sensory Clin, no atendimento especializado com crianças dentro do espectro autista
SER ESTUDANTE NA PANDEMIA 1. Fale um pouco sobre você e como tem sido sua história. Acredito que hoje minha experiência com a psicologia é bem mais positiva se comparada com meu primeiro ano de graduação, onde "turbulências" causadas pela minha antiga instituição de ensino eram relativamente constantes. Já sobre a pandemia em específico, vejo que nossos professores tentaram ao máximo fazer com que as aulas ocorressem da melhor forma possível, ainda mais se tratando da Psicologia, um curso praticamente impossível de ser ministrado via EAD. Devo muito a eles por terem tirado o melhor dessa situação. Sobre hobbies, por causa do "tempo extra" que o “estudar em casa” nos proporcionou, eu pude focar um pouco mais em desenhar, escrever, ler e reler muita coisa, hobbies esses que me serviram como uma forma de auto regulação durante a pandemia. Então diante disso, e apesar de ainda existir um receio de que exista uma força a favor de manter esse sistema a distância por ser mais conveniente, acredito que hoje, perto do fim de 2021, eu estou mais motivado com a graduação e não estou mais naquele sentimento de "já que estou pagando, preciso fazer", além é claro de que finalmente podemos dizer que estamos chegando ao fim desse período pandêmico tão caótico. 2. Você, como um estudante da Psicologia, poderia compartilhar um pouco da sua experiência no contexto atual? Acho que durante a pandemia surgiu o estigma de que seria fácil estudar no conforto de nossas casas, algo que considero não ter respaldo na realidade, foi tudo difícil e desconfortável. Cheguei a ouvir comentários de que o ensino deveria permanecer assim por ser, em tese, mais “prático”, o que para mim é algo consideravelmente perigoso de se pensar, perdemos muito com relação ao contato social tão necessário no cotidiano e no contexto de aprendizagem. 3. Como você acha que as outras pessoas percebem o "ser estudante"? Existem clichês? Durante esse período de ERE (Ensino Remoto Emergencial), tenho sentido que as pessoas em geral vêm julgando ser muito fácil para nós estudantes estudar de forma remota, levando à falsa impressão de ser muito menos cansativo e mais prático. Acho que surge esse clichê da maior praticidade, algo que vai em sentido oposto ao que realmente sinto, onde manter-se focado, livre de distrações é um desafio cotidiano. Sinto medo em pensar na hipótese de isso se manter mesmo depois da pandemia. 4. Pandemia. Para você, o que mudou de antes para hoje? Devido a uma questão de saúde particular, (tenho asma), eu mantenho um cuidado diário, porém não estou em isolamento total, de segunda a sexta eu vou para um estágio presencial e, mesmo sabendo dos riscos, é uma experiência que eu estava sentindo falta de ter, logo assumi os riscos trazidos por consequência. Sobre vida social, as coisas são um pouco mais complicadas, não estou me sentindo seguro em locais públicos, sempre existe um certo medo em relação a isso. Lidar com essas mudanças trazidas pela pandemia é algo que já faz parte do nosso cotidiano.