Passando-se MDP

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M ATER IAL D IGITAL D O PROF ESSOR PASSANDO - SE

um movimento cultural que propunha a afirmação da arte criada por negros nos Estados Unidos. Como recurso dramático e estilístico, a autora empregou, para determinados trechos do livro, a narrativa epistolar, isto é, a troca de cartas entre as personagens. Ao contrário dos romances epistolares, no entanto, a autora não se furtou a expressar os sentimentos da personagem ao ler as cartas. PROJETO DE VIDA E PROTAGONISMO EM PASSANDO-SE De acordo com a Base Nacional Curricular Comum, é finalidade do Ensino Médio contemporâneo “valorizar os papéis sociais desempenhados pelos jovens, para além de sua condição de estudante, e qualificar os processos de construção de sua(s) identidade(s) e de seu projeto de vida”. Para a formação de seus educandos em sujeitos “críticos, autônomos e responsáveis”, é papel da escola oferecer-lhe “experiências que garantam as aprendizagens necessárias para a leitura da realidade, com seus desafios sociais e a tomada de decisões éticas”. Para formar esses jovens como sujeitos críticos, criativos, autônomos e responsáveis, cabe às escolas de Ensino Médio proporcionar experiências e processos que lhes garantam as aprendizagens necessárias para a leitura da realidade, o enfrentamento dos novos desafios da contemporaneidade (sociais, econômicos e ambientais) e a tomada de decisões éticas e fundamentadas. O mundo deve lhes ser apresentado como campo aberto para investigação e intervenção quanto a seus aspectos políticos, sociais, produtivos, ambientais e culturais, de modo que se sintam estimulados a equacionar e resolver questões legadas pelas gerações anteriores – e que se refletem nos contextos atuais –, abrindo-se criativamente para o novo. Em Passando-se acompanhamos a vida de duas estudantes do ensino médio, duas amigas, ambas de ascendência mista (negra e branca), mas cujas vidas irão traçar trajetórias diametralmente opostas. Irene, a narradora, que desfruta de uma posição social estável, identifica-se com a comunidade negra, para qual contribui com eventos sociais. Já Claire, para sair da pobreza, reinventa-se em uma identidade “branca”, casa-se com um homem rico e racista (que não sabe das origens da esposa). A reaproximação das duas, depois de muito tempo separada, dispara graves conflitos éticos com os quais a protagonista tem que lidar, evidenciados neste trecho:

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“Recuou da ideia de contar àquele homem, ao marido branco de Clare Kendry, nada que o levasse a suspeitar que sua esposa era uma negra.[…] Estava presa entre dois compromissos morais. Consigo mesma. E com sua raça. Raça! A coisa que a amarrava e a sufocava. Qualquer passo que desse, se viesse a dar algum passo, iria arrasar alguma coisa. A pessoa ou a raça. Nada, ela imaginou, era


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