20 magno e o quebra-cabeças
Magno saboreia um vinho enquanto assiste pela segunda vez um filme antigo com Basil Rathbone fazendo o Sherlock Holmes. Durval lhe falara desses filmes, que vira na juventude em branco e preto. Só agora, com o relançamento, Magno os pôde conhecer, já colorizados. Comprou a coleção completa. Está no início do filme, quando soa o telefone. Magno estranha. Do Instituto de Criminalística não chamariam num domingo, nem que a vítima fosse o presidente da República. Sua companheira saíra faz uma hora e já deve estar no trem, a caminho da casa da mãe em Pirituba. Pressiona o stop da tevê e atende o telefone de má vontade. — Senhor Magno da Silva Pereira? — Sim, quem fala? — Eu sou Júlia, a filha do engenheiro Durval, o senhor veio ao velório do meu pai quatro anos atrás... Magno se surpreende; perpassa-o a idéia de um telefonema que nunca se espera ao mesmo tempo em que sempre se esperou.