JornalCana 337 (Maio 2022)

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@canalProcanaBrasil

Maio 2022

Série 2

Número 337

www.axiagro.com.br

Crise de fertilizantes acelera inclusão de alternativas para o setor bioenergético

Opções vão de melhoramento genético, enriquecimento da vinhaça a aplicação de microrganismos




CARTA AO LEITOR

Maio 2022

índice MERCADO Safra 2021/22 encerra com moagem de 523 milhões de toneladas de cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Czarnikow aumenta estimativa de moagem de cana no Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Safra 2022/23 poderá ser uma das menos açucareiras dos últimos anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Para diretor da BP Bunge alta nos preços acirra disputa no mix de produção das usinas . . . . . . . . . . .6 Usinas do Centro-Sul comercializaram 27,53 milhões de litros de etanol na safra 2020/21 . . . . . . . . . .7 Embrapa projeta produção anual de 50 bilhões de litros de etanol na próxima década . . . . . . . . . . . .7 Usina de etanol de milho do Mato Grosso do Sul está pronta para operar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Produção de etanol de milho em Mato Grosso chega a 3 bilhões de litros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Com o etanol, o Brasil tem tudo para ser líder mundial na transição para a indústria de baixo carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 e 11 Motor híbrido amplia as perspectivas do etanol no processo de eletrificação . . . . . . . . . . . . . . .12 e 13 Etanol a solução para a crise energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 e 15 “A cana vai virar o novo petróleo” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 a 18 Brasil só aproveita 2% de sua capacidade de geração de biometano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Em 2021, 2,35 bilhões de Nm³ de biogás foram produzidos por 755 plantas em operação . . . . . . . . . .19 Crise de fertilizantes acelera inclusão de alternativas para o setor bioenergético . . . . . . . . . . .20 e 21 Usina Coruripe obtêm financiamento de R$ 193 milhões atrelado ao RenovaBio . . . . . . . . . . . . . . . . .22 Usina Coaf poderá emitir mais CBIOs com nova certificação socioambiental da ANP . . . . . . . . . . . . . .22

INDUSTRIAL Uma aula de planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Usina Furlan espera romper desafios na safra 2022/23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Os campeões de produtividade e eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24

USINAS Usina Santo Ângelo implanta nova UTE com 40 MW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 São Domingos prevê uma boa produção na safra 22/23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 Usinas Batatais e Cevasa devem moer 5,6 milhões de ton de cana na safra 2022/23 . . . . . . . . . . . . . . .26 Usina Lins deve moer 3,6 milhões de toneladas de cana na safra 2022/23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Usina Pindorama quebra recorde de toneladas de cana moída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Usina Açucareria Guaíra adota sistema de aplicação direcionada de vinhaça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

AGRÍCOLA Tecnologia viabiliza aplicação de Meiosi para reduzir custos na plantação . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 e 29 Crescimento e tecnologia: lado a lado no agronegócio brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Raízen amplia utilização de resíduos orgânicos nos canaviais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Usina Nardini inicia o uso de pré-maturador no canavial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

GESTÃO Siamig lança instituto de preservação ambiental e combate a incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 Usina Jacarezinho investe cerca de R$ 15 milhões em produtores de cana-de-açúcar locais . . . . . . .32 Atvos qualifica colaboradores de Goiás em operação de processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 Clealco investe na qualificação profissional de seus colaboradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

CERTIFICAÇÕES Cocal conquista certificação Bonsucro voltada para o açúcar e etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Adecoagro realiza a primeira emissão de certificados GAS-REC no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 RenovaBio-Social traz a questão social para o centro da transição energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

LOGÍSTICA Corredor Agrotecnológico de São Paulo busca soluções inovadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 Copersucar gerencia à distância descarga de açúcar no Porto de Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 COFCO International Brasil SA adquire novo terminal portuário em Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Preços de fretes marítimos seguem tendência de alta, elevação pode superar 20% . . . . . . . . . . . . . .39

GENTE Nova diretoria da Feplana toma posse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 Marcos Montes Cordeiro assume Ministério da Agricultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Após 45 anos Norberto Bellodi deixa diretoria da Usina Santa Adélia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

“Entregue os seus problemas ao Senhor, e Ele o ajudará; Ele nunca deixa que fracasse a pessoa que lhe obedece.”

carta ao leitor Andréia Vital - redacao@procana.com.br

Fertilizantes apontam um cenário desafiador para o setor bioenergético A guerra na Ucrânia impactou o agronegócio brasileiro, que enfrenta custos mais elevados, principalmente devido à alta do custo dos fertilizantes, tão necessários às nossas lavouras. Atualmente, o Brasil é o 4° maior consumidor global do produto, ficando atrás apenas da China, da Índia e dos Estados Unidos. Do total consumido no mundo, nosso país tem uma participação de 8% na demanda por fertilizantes, sendo que cerca de 80% dos fertilizantes utilizados no Brasil são de origem estrangeira. A alta dependência das importações do produto tem sido motivo de preocupação.“O planejamento se torna ainda mais importante para que os produtores possam encontrar as melhores soluções para suas culturas. Ao mesmo tempo, o momento abre novas possibilidades e olhares para o setor de fertilizantes brasileiro e para os formatos atuais, que tendem a sofrer uma transformação nos próximos meses”, afirma Bruno Fonseca, analista Sênior de Pesquisa e Análise Setorial para o mercado de insumos do Rabobank Brasil. Diante desse cenário desafiador, o JornalCana reuniu especialistas no assunto no 1º Warm Up CANABIO, realizado no dia 6 de abril, que teve como tema: Soluções sustentáveis para a crise de fertilizantes químicos. E as sugestões são o “mote” da matéria de capa desta edição. O Jornal destaca, ainda, o potencial do etanol quando se fala em mobilidade e descarbonização, pois o biocombustível “conversa perfeitamente com o sistema de eletrificação”, ressalta Thiago Sugahara, da Toyota, que afirma ainda que essa é uma grande oportunidade para desenvolver uma nova cadeia de autopeças no Brasil. Ainda sobre esse assunto, a edição de maio traz entrevista exclusiva com Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que, apesar de focado no setor de veículos elétricos, é um grande defensor do etanol. Também ganham destaque, nesta edição, as estimativas de moagem de cana−de−açúcar para a safra 2022/23 no Centro−Sul e as expectativas de algumas unidades em relação à temporada já iniciada. Além disso, é possível encontrar informações sobre as principais transações do mercado bioenergético e os investimentos realizados para a produção de etanol de milho e biogás. Na área agrícola, o/a leitora(a) encontra informações sobre a Meiosi, sistema que permite o plantio de uma cultura intercalar de ciclo mais curto, agregando receita aos produtores na mesma área e servindo ainda, em muitos casos, como adubo verde, o que propicia ganhos de produtividade nos próximos anos. Além disso, o Jornal mostra que as usinas estão ampliando a utilização de resíduos orgânicos nos canaviais. A medida contribui para redução do uso de fertilizantes e emissões de GEE. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

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ISSN 1807-0264

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MERCADO

Maio 2022

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Safra 2021/22 encerra com moagem de 523 milhões de toneladas de cana Produção de açúcar teve queda de 16,64% e a de etanol 9,31% A moagem acumulada da safra 2021/22 de cana no Centro−Sul atingiu a marca de 523,11 milhões de toneladas, encerrando o ciclo agrícola com retração de 13,6% frente à safra 2020/21. “O estado de São Paulo corres− ponde à maior retração registrada na região Centro−Sul, em que a queda em relação ao ciclo agrícola anterior foi de 16,5%. Desse percentual, 1,38% refere−se à redução da área colhida e 15,12% à queda de produ− tividade da lavoura”, explica o dire− tor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues.

Rodrigues acrescenta que “essa redução na produtividade é conse− quência do veranico prolongado nas regiões produtoras, das geadas que atingiram mais de 10% da área de co− lheita e dos focos de incêndio no mês de setembro”. A produção acumulada de etanol atingiu 27,55 bilhões de litros (− 9,31%). Compõe esse número a fabri− cação de 10,91 bilhões de litros de

etanol anidro (+12,57%) e 16,64 bi− lhões de litros de etanol hidratado (− 19,55%). A parcela do produto fabricada a partir do milho totalizou 3,47 bi− lhões de litros, com avanço de 34,33% em relação à safra 2020/21. Se considerada apenas a produção de etanol de cana−de−açúcar a re− dução foi de 13,36% em relação à safra 2020/21.

Quanto à produção de açúcar, a safra 2021/22 se encerra com 32,06 milhões de toneladas fabricadas do alimento (−16,64%). A segunda metade de março con− tou com 25 unidades produtoras em operação, sendo 16 usinas de cana e nove empresas que produzem etanol a partir do milho. No mesmo período, na safra 2020/21, havia 37 unidades industrial processando cana e 10 UPs fabricando etanol de milho. Rodrigues comenta que “o menor número de unidades na segunda quinzena de março e na primeira de abril é consequência dos eventos ad− versos da safra 2021/22, que têm le− vado as unidades à atrasarem o início da colheita com a expectativa da me− lhora da produtividade agrícola e qualidade da matéria−prima”.

Czarnikow aumenta estimativa de moagem de cana no Centro-Sul Usinas devem optar por maior flexibilidade em volumes ainda não contratados e precificados A Czarnikow, trading britânica de alimentos e serviços, aumentou a sua estimativa de moagem de cana−de− açúcar para a safra 2022/23 no Cen− tro−Sul, em 11 milhões toneladas, passando para 551 milhões de tonela− das de cana. Com esse volume, a pre− visão é que sejam produzidos 32.7 milhões de toneladas de açúcar e 25.3 bilhões de litros de etanol de cana. As chuvas do primeiro trimestre, que são essenciais ao bom desenvol− vimento do canavial, terminaram 20% abaixo da média nas regiões de cana do Centro−Sul. À primeira vista não parece um volume muito promissor, mas é bem melhor que o volume quase 40% abaixo registrado no mes− mo período de 2021. “A precipitação, embora menor que a média, é seguida de chuvas boas do último trimestre do ano passado o que traz alívio aos canaviais e deve ter um impacto positivo para a produti− vidade agrícola (TCH) no CS. No entanto, não acreditamos que o TCH

tenha um espaço muito grande para se recuperar. Outros fatores também de− terminam o bom desenvolvimento da cana, como idade e tratos culturais”, explica a consultora da trading, Cata− rina Junqueira. De acordo com ela, os canaviais neste ciclo estão mais velhos, já que o clima seco do ano passado impediu as usinas de darem continuidade aos pla− nos de renovação. “Um canavial mais velho é mais suscetível a um clima ad−

verso. Nossa estimativa no momento aponta para uma recuperação de pou− co mais de 7% no TCH para esta sa− fra, indo para 73.23 tc/ha. Devido a isso, elevamos nosso volume de moa− gem”, comentou. Com relação ao mix, a consultora ressalta que, a palavra desta safra é fle− xibilidade e não há como afirmar que teremos uma maximização do mix para açúcar, que parece perder espaço para o etanol. Com os preços do eta−

nol em alta e um câmbio mais valori− zado, o biocombustível está hoje cer− ca de 200 pontos acima do açúcar. Além disso, oferece maior liquidez (já que é pago geralmente D+1), e fica ainda mais atrativo para as usinas re− pensarem seu mix de produção. “Quando analisamos por estado, em algumas regiões o etanol hoje chega a oferecer quase 300 pontos acima do açúcar por conta do dife− rencial de frete. Mas isto é hoje, e a sa− fra mal começou”, disse Catarina. A consultora lembra que, atual− mente, as usinas já estão com mais que 70% do seu açúcar precificados e muitas unidades têm volumes de ro− lagens da safra passada, portanto, estão comprometidas a entregar este açúcar. Diferente do açúcar que é um produto normalmente hedgeável, no etanol o uso de contratos futuros é menos utilizado e quando usado um desconto é aplicado. “Será que os usineiros estariam dispostos a ficar exposto a volatilidade do etanol? Não somente a volatilida− de do preço, mas junta−se a isso a in− certeza política deste ano”, elucida. “Estamos estimando um mix de produção de 44.3% para as usinas no CS. Um mix um pouco menos açucareiro que vimos na safra 2021/22 de 45%.Mas longe de um mix max etanol como das safras 2018/19 e 2019/20”, pondera.


MERCADO

Maio 2022

Safra 2022/23 poderá ser uma das menos açucareiras dos últimos anos Porém, a evolução da arbitragem açúcar/ etanol ainda é incerta Conforme a hEDGEpoint Global Markets, empresa de gestão de risco e hedge de commodities agrícolas e energéticas, a previsão é de redução do “mix” da cana−de−açúcar destinada ao açúcar para 42,8%. Isso devido aos bons preços do etanol para as unida− des, além da recuperação na paridade com a gasolina. Com essa redução, as unidades do Centro−Sul do Brasil produzirão 1,1 milhão de toneladas a menos de açú− car, ficando a estimativa revisada para 31,4 milhões de toneladas, o que re− presenta uma queda de 2,2% em re− lação ao ciclo anterior, e a menor produção desde 2019/20 (26,8 mi− lhões de toneladas). A empresa de análise estima um cenário apertado a safra mundial que termina em outubro/setembro) com déficit de 0,9 milhão e de 0,5 milhão

de toneladas para a temporada 2022/23. Isso devido a uma produção maior do alimento no Hemisfério Norte que diminuirá o impacto da redução da produção do açúcar no Brasil. No caso do biocombustível, a pre− visão é de produção do hidratado de 17,7 bilhões de litros, representando um crescimento de 3,4 bilhões de litros ante a safra passada. Já a produção de etanol anidro deverá ter queda, ficando em 8,2 bilhões de litros em 2022/23 no Centro−Sul. Na safra 2021/22 a pro− dução do anidro ficou em 9,9 bilhões.

O Rabobank alertou que a guerra na Ucrânia e suas consequências para os preços do petróleo, assim como a po− lítica de preços da Petrobrás, ainda dei− xam incertezas sobre a evolução da ar− bitragem açúcar/etanol. Mas o banco prevê um mix de 45% para o açúcar, com uma moagem de cana de 560 mi− lhões de toneladas e uma produção de 33,6 milhões de toneladas de açúcar, o que representa um volume um pouco acima do ciclo anterior. Já a Archer Consulting ressalta que a safra 2022/23, no que diz respeito ao

açúcar, está equacionada, visto que há um alto volume de fixações, acima de 20 milhões de toneladas de açúcar, que devem se converter em exportação fí− sica do produto, pois existem contra− tos lastreando esses hedges. “A migração de açúcar para a produção de etanol hidratado, ainda que em parcela pequena, não pode ser descartada, por meio de washout, condição prevista na maioria dos con− tratos internacionais de commodities. Nela, o vendedor negocia a recompra do produto que não pode ou não quer entregar. O início da safra deve dimi− nuir essa possibilidade. Mas, vale ob− servar de perto”, explica Arnaldo Corrêa, diretor da consultoria. “Com tantas incertezas sobre a mesa e a preocupação acerca do custo de produção desta safra que se inicia com 80% do açúcar fixado a um preço médio de R$ 2,178 vis−à−vis um cus− to de produção da safra anterior de R$ 1,590 (base 31/janeiro), é apenas natu− ral que a 23/24 fique em espera até que os fragmentos formem uma figura mais nítida”, conclui o consultor.

Para diretor da BP Bunge alta nos preços acirra disputa no mix de produção das usinas Bom consumo dos estoques de açúcar nos últimos dois anos favorece as cotações, diz Com o início da nova safra, o di− retor Comercial da BP Bunge Bio− energia, Ricardo Carvalho, fez um breve panorama do setor para esse próximo ciclo, destacando que a alta dos preços, proporcionará uma dispu− ta do mix brasileiro entre açúcar e etanol. “O que a gente está olhando para este ano: um açúcar com preço muito forte o etanol também com preço muito forte disputando o mix brasi− leiro. O mundo consumiu boa parte dos estoques das sobras de açúcar nes− ses últimos dois anos, e isso é bom pa− ra o preço. E o etanol participa desse ambiente de combustíveis mais caros. Então vão disputar mix. A gente tem que ficar atento sobre qual é o melhor

mix, para qual usina, e para qual épo− ca do ano”, avalia Ricardo. Com relação à energia, ele prevê uma recuperação do preço no decor− rer da safra. “A energia elétrica, que normalmente é um mercado muito volátil, vem de teto ano passado, para

piso neste ano, e deve se recuperar ao longo da safra”. Para ele, diante da sequência de crises no panorama mundial e nacio− nal, com covid, seca, guerra, inflação e ano de eleições, o setor bioenergético desponta como solução para diversas

questões. “A gente entrega um ali− mento básico para o mundo se ali− mentar, um combustível limpo para as pessoas do Brasil e do mundo se mo− verem e uma bioeletricidade renová− vel para iluminar a vida, o trabalho e serviços que as pessoas utilizam”.


MERCADO

Maio 2022

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Usinas do Centro-Sul comercializaram 27,53 milhões de litros de etanol na safra 2020/21 Vendas de açúcar tiveram redução de 4,25% na temporada As vendas de açúcar no mercado interno alcançaram 8,42 milhões de toneladas, o que representa uma redu− ção de 4,25% sobre o montante apu− rado na safra 2020/21. Quanto aos volumes destinados ao mercado externo foram registrados 23,62 milhões de toneladas exporta− das do alimento, o que representa uma variação negativa de 18,37%.Ao todo, foram comercializados 32,05 milhões de toneladas de produto (−15,08%). Quanto às vendas de etanol, no ano safra que se encerra, as unidades pro− dutoras comercializaram um total de 27,53 milhões de litros (−10,67%), considerando tanto volumes destinados à exportação quanto consumo em mercado interno. O etanol anidro to− talizou 10,90 milhões de litros (+8,42%), enquanto o hidratado regis− trou 16,63 milhões de litros (−19,91%).

Quando aberto por mercado, o etanol hidratado registrou um volu− me de 1,02 bilhão de litros destina−

dos à exportação (−34,84%), frente à 616,05 milhões de litros de anidro (− 45,83%).Ao todo, foram vendidos ao

mercado externo um total de 1,63 bilhão de litros (−39,47%). Já a nível nacional, as vendas de etanol hidra− tado alcançaram 15,62 bilhões de li− tros na safra 2021/22, o que repre− senta uma redução de 18,69% sobre o ciclo agrícola anterior. O etanol anidro registrou variação positiva de 15,34%, com 10,28 bilhões de litros vendidos. Antonio de Padua Rodrigues, di− retor técnico da UNICA, comenta que “uma sólida recuperação nas ven− das de etanol hidratado marcou a se− gunda quinzena de março, que já vi− nha ensaiando uma recuperação. Na última quinzena da safra, as unidades produtoras registraram um aumento de 16,24% no volume comercializado quando comparado ao mesmo perío− do no ano anterior”. Por fim, na safra 2021/22 as usinas da região Centro−Sul comercializa− ram 1,23 bilhão de litros que foram destinados ao mercado com outros fins. Esse volume representa uma re− tração de 4,48% em relação à safra 2020/21.

Embrapa projeta produção anual de 50 bilhões de litros na próxima década Setor defende investimentos na produção e preços competitivos com a gasolina Em 2021 o Brasil produziu apro− ximadamente 27 bilhões de litros de etanol. Diante da necessidade global da redução de emissões de CO2, a expectativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é que até a próxima década, esse nú− mero possa dobrar, se aproximando da faixa de 50 bilhões de litros de etanol por ano. Segundo uma projeção do Insti− tuto Energia e Meio Ambiente (IE− MA), organização sem fins lucrativos de defesa do uso sustentável dos re− cursos naturais, a cada litro utilizado de etanol, 444 gramas de CO2 são emi− tidos, enquanto a cada litro de gasoli− na usado, são jogados na natureza 2,176 gramas de gás carbônico, ou se−

ja, quase 500% a mais de gases de efeito estufa. Marcelo Morandi, chefe−geral do setor de Meio Ambiente da Embrapa,

afirma que,seguindo as metas do progra− ma RenovaBio, o setor de produção de combustíveis pode reduzir em até 70% as emissões de gás carbônico até 2030. De acordo com o documento de metas para o ano de 2022, o setor de distribuição deve emitir um total de 35,98 milhões de CBIOs. No ano passado, 33 empresas não cumpriram a meta individual de descarbonização, o que foi adicionado aos desafios deste ano para essas distribuidoras. “A nossa meta é que até o fim da década, consigamos deixar de emitir mais de 90 milhões de toneladas de CO2. O objetivo para esse ano é que cerca de 25 milhões de toneladas dei−

xem de ser emitidas. Isso irá acontecer gradualmente, conforme o aumento da produção e utilização do álcool”, explicou Morandi em entrevista para a CNN. Segundo ele, a melhor forma de aumentar a produtividade das plantações cana−de−açúcar, é o in− vestimento em tecnologias que en− frentem principalmente a volatilidade das chuvas. Para a União da Indústria de Ca− na−de−açúcar (UNICA), a produção de etanol tem condições de crescer e uma grande frota flex para abastecer, mas necessita de previsibilidade eco− nômica e preços competitivos com a gasolina, como aponta o diretor téc− nico da entidade,Antônio de Pádua. “O que precisa é uma retomada de investimento no setor nas questões dos canaviais, da melhoria da produtivida− de agrícola. Nós temos uma capacida− de instalada ociosa, poderíamos au− mentar em mais de 100 milhões de toneladas de cana nossa produção, com a indústria pronta para ser processada e gerar um incremento positivo na oferta de etanol”, argumenta.


MERCADO

Maio 2022

Usina de etanol de milho do Mato Grosso do Sul está pronta para operar Unidade terá produção estimada de 400 milhões de litros do biocombustível por ano A primeira indústria de etanol de milho de Mato Grosso do Sul entrou em operação no dia 11 de abril, em Dourados. A licença de operação que possibilitou o início das atividades foi entregue ao vice−presidente da Inpa− sa Agroindustrial, Rafael Ranzolin, no final de março, por Jaime Verruck, ti− tular da Semagro (Secretaria de Esta− do de Meio Ambiente, Desenvolvi− mento Econômico, Produção e Agri− cultura Familiar), pelo diretor−presi− dente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges. A produção da primeira fase será de aproximadamente 400 milhões de litros de etanol ano, para um proces− samento de 1 milhão de toneladas de milho. Na segunda fase – cujas insta− lações devem estar prontas em julho – o volume da produção deve dobrar,

alcançando 800 milhões de litros de etanol, processando 2 milhões tonela− das de milho. Também serão expandidas as pro− duções de DDGS, chegando a 260 mil toneladas e 27 mil toneladas de óleo de milho e 452 mil mw/ano de ener−

gia elétrica. O investimento previsto é de R$ 2 bilhões, sendo R$ 100 mi− lhões oriundos de recursos do FCO (Fundo Constitucional de Financia− mento do Centro−Oeste). Na segunda etapa deverão ser agregados ao complexo industrial de

Dourados, três novos negócios. O pri− meiro deles é uma fábrica de refino de óleo com capacidade inicial de 210 mil toneladas ao ano, a partir do óleo bruto produzido em Dourados e, também, das demais plantas do grupo, com capacidade de expansão. O segundo negócio será uma usi− na fotovoltaica com geração de 13 mil mw/ano de energia elétrica, por meio de 11.500 placas solares, ocupando uma área de 10 ha.Também está con− templada, o 3º polo Inpasa de presta− ção de serviços com posto de com− bustíveis, restaurantes, lanchonetes, farmácias, lojas de conveniências, ser− viços mecânicos dentre outros. “A planta de Dourados vem para contribuir e transformar o Mato Grosso do Sul, em especial a cidade de Dourados, em um grande pólo de biocombustíveis e de bioeletricidade”, afirmou Ranzolin. A nova unidade em Dourados já emprega cerca de 400 profissionais di− retos e, de maneira indireta, envolven− do diversas cadeias produtivas e o ra− mo de suprimentos que abastece a in− dústria, abarca mais de 8 mil famílias

Inpasa Brasil dobrará capacidade de produção da unidade de Nova Mutum A Inpasa Brasil está prestes a ini− ciar a obra de ampliação da unidade de Nova Mutum que deverá dobrar a ca− pacidade de produção até o primeiro semestre de 2023. Ao todo, serão in− vestidos cerca de R$1 bi, gerando mais de 1500 empregos diretos e cerca de 3 mil indiretos.A construção deverá co− meçar em maio, após a liberação dos órgãos ambientais competentes. Atualmente, a indústria processa 1 milhão de toneladas de milho ao ano, capacidade que será duplicada em 2023. Com a ampliação, a unidade passará a produzir 900 milhões de li− tros de etanol hidratado ao ano, 480 mil toneladas de DDGS e 48 milhões litros de óleo de milho. A expansão impacta diretamente o recolhimento de ICMS para o gover− no estadual que também cresce de

R$122,7 milhões para R$245,6 mi− lhões, mais de 50%. Além da produção de etanol, DDGS, óleo de milho e energia elé− trica renovável, a unidade também conta com um polo de prestação de serviços diversos, tais como, posto de combustível, restaurante, lanchone− te, farmácia, lojas de conveniência, serviços mecânicos e outros, geran− do um total de 260 empregos dire− tos e indiretos. Para o vice−presidente da Inpasa, Rafael Ranzolin, o investimento na cidade demonstra a confiança no gru− po no desenvolvimento de toda ca− deira do milho. “Agradecemos ao município e ao estado pelo apoio na industrialização, esse é um passo mui− to importante e os frutos já podem ser vistos”, conclui.

Jaime Verruck, titular da Semagro; Rafael Ranzolin, vice-presidente da Inpasa Agroindustrial e André Borges, diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul)

Unidade de Nova Mutum que deverá dobrar a capacidade de produção até o primeiro semestre de 2023


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Produção de etanol de milho em Mato Grosso chega a 3 bilhões de litros Segundo Sindalcool ¾ da produção de etanol no estado é derivada do milho A produção de etanol em Mato Grosso cresceu 384,5% nos últimos 10 anos, conforme dados divulgados pe− lo Sindicato da Indústria de Fabrica− ção do Álcool (Sindalcool−MT). Em 2011, foram produzidos 0,84 bilhões de litros do produto. Já no ano passado as indústrias produziram 4,07 bilhões de litros, sendo 3 bilhões de− rivados do milho. Mato Grosso começou a produzir etanol de milho em 2013 e foi au− mentando a fabricação até igualar a quantidade produzida com etanol de cana, em 2019. Na época, a produção atingiu 2,43 bilhões de litros, sendo metade feita por meio da cana e me− tade por meio do milho. A partir disso, a fabricação do combustível passou a ser, em sua maioria, derivada do milho. Entre 2021 e o início deste ano, foram pro−

duzidos 3 bilhões de litros de etanol de milho e apenas 1,07 bilhão de litros a partir da cana. O aumento fez com que o estado saísse da 7ª posição na produção na− cional de etanol para a 3ª, ficando atrás apenas de Goiás (2ª posição) e São

Paulo (1ª posição). Segundo o presidente do Sindal− cool/MT, Silvio Rangel, o estado te− ve uma mudança na industrialização do setor sucroenergético e o etanol de milho responde hoje por ¾ da produ− ção. Somente duas das usinas instala−

das no Norte de Mato Grosso produ− zem, anualmente, quase 1,5 bilhão de litros de etanol de milho. O setor estima que entre 2022 e 2023 a produção de etanol no estado possa chegar a 4,61 bilhões de litros, um crescimento de 13,2%.


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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Com o etanol, o Brasil tem tudo para ser líder mundial na transição para a indústria de baixo carbono Avaliação é de Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)

Com o etanol, os demais biocombustíveis e as fontes renováveis de energia, o Brasil tem todas as condições para ocupar a liderança mundial na tran− sição para a indústria de baixo carbono. A avaliação é Adalberto Felicio Maluf Filho, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elé− trico (ABVE), também diretor de sustentabilidade, marketing e de novos negócios da chinesa BYD, fa− bricante de veículos elétricos. Apesar de focado no setor de veículos elétricos, Maluf, que é formado em Relações Internacionais pela USP, é um grande defensor do etanol. Nesta entrevista, ele comenta sobre o que acon− tecerá com o biocombustível ante o avanço dos elé− tricos e sobre tecnologias como a de célula de com− bustível a etanol. Jor nalCana − Que os veículos elétr icos chega− ram para ficar no Brasil é só questão de tempo. Em sua opinião, em quanto tempo os elétr icos puros e os híbr idos serão maior ia na frota circulante do país? Adalber to Maluf − Muitas projeções interna− cionais colocam o ano de 2026 como importante marco, onde a venda de veículos híbridos (com mo− tores a combustão e elétrico), híbridos plug−in (dois motores e cabo de carregamento) e 100% elétricos deverão superar as vendas de veículos a combustão. No caso brasileiro, provavelmente teremos um prazo um pouco maior, próximo de 2030. Isso pelo potencial dos veículos híbridos flex, que é uma grande vocação e o Brasil tem um super potencial de se consolidar como um líder na industrialização dos híbridos flex e no uso dos motores com o au− mento da porcentagem de etanol. Mas independente do contexto local, a partir de 2030, 2035 e 2040 certamente a maior parte de veí− culos no mundo deverá ter algum tipo de hibridi− zação ou eletricidade em suas composições. O que impede a rapidez nesse crescimento: a ca− pacidade de renda do brasileiro, a f alta de rede de eletropostos? Em sua avaliação, como os agentes (públicos e pr ivados) f azem a gestão dessa situação (renda e estr utura de pontos) e como dever iam f a− zer para ag ilizar? O que impede um crescimento mais significativo do mercado de veículos elétricos no Brasil é a ausên−

cia de uma política nacional para fomentar o setor. E não só uma política industrial, que aproxime o setor produtivo da academia, dos governos regionais, mas também políticas fiscais. Até hoje o veículo elé− trico paga mais Imposto Sobre Produtos Industria− lizados (IPI) do que um modelo a combustão. Infelizmente a gente não conseguiu criar um plano de incentivos para fazer a transição dessa in− dústria, em especial no caso das novas tecnologias com veículos 100% elétricos. O Brasil tem um potencial enorme com os hí− bridos flex. O etanol é o biocombustível mais bem sucedido em nível mundial, biocombustível susten− tável, renovável, que gera emprego e renda, além de reduzir a emissão de poluentes. Então o Brasil tem de trabalhar o etanol com o híbrido flex para fazer a transição de nossa indústria e, quem sabe, na inserção das nossas cadeias produ− tivas globais. Quando se fala em veículos elétr icos, o foco se− gue mais para a pessoa física. Como o sr. avalia o avanço desses modelos junto à iniciativa pr ivada (frotas de veículos e de caminhões) e à pública (ôni− bus etc)? O que primeiro se eletrificou em níveis mun− diais foram as frotas públicas, em especial os ônibus do transporte público em função de que eles, apesar de representarem menos de 1% das frotas das gran− des cidades, chegam a acumular 40% da emissão de poluentes. Por isso a redução na transição do diesel e a consequente transformação para ônibus elétricos foi um grande foco mundial, primeiro na China, depois na Europa e Estados Unidos. E o que se viu na sequência foi o crescimento da logística verde: caminhões de logística urbana e fur− gões. Esses e os ônibus integram duas áreas nas quais os prefeitos e governantes têm a caneta e podem re− gular políticas públicas de incentivo. É o caso brasi− leiro, onde o furgão elétrico tem isenção de IPVA e isso ajuda muito a viabilizar. É verdade que no mundo sempre prestamos atenção nos veículos para pessoas físicas, nos leves, na medida que estes estão em maior circulação. Os elétricos tiveram um salto mundial em 2021, quando saíram de 4% para 9%. Em mercados mais maduros, como China e Alemanha, eles já caminham para 20, 25% do mercado. É uma transição. Até 2020, o mundo vendeu quase 40% de todos

os ônibus elétricos. Vemos que na próxima leva [de venda de elétricos] os veículos leves, os caminhões e os de logística serão os que mais irão crescer. Motores a combustão: gestores de f abr icantes (Volks entre outras) relatam que a existência dessa frota no Brasil deverá perdurar no país. Qual sua opinião? Certamente os motores a combustão terão vida longa. Falamos de países grandes como o Brasil, com diferentes realidades e mesmo que o mundo faça a transição para e eletromobilidade, ainda teremos es− paço para os motores a combustão. Mas em um futuro próximo o combustível fós− sil estará cada vez mais caro e escasso. Então não faz muito sentido queimar o petróleo e os diferentes combustíveis em motores com tão baixa eficiência. Caminhamos para ter um mundo com cada vez mais eficiência no sentido de buscar a redução de emissão de poluentes. Mas acredito que, em especial no Brasil, e em outros lugares onde o biocombustí−


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Mas eu não acredito que no curto prazo o eta− nol tenha, como melhor solução, todo o investi− mento para célula de combustível, para gerar hidro− gênio. Até porque se fala em chegar ao mercado a partir de 2027, 2028, e daqui até lá já falamos em uma grande revolução tecnológica. Hoje a tecnologia muda muito rápido, e há muitos investimentos mundiais para acumuladores de energias, como as soluções eletroquímicas, em especial a bateria de lítio, além de outras que possam surgir. É importante o Brasil continuar a pesquisar este setor [etanol para produzir hidrogênio], mas não sei se podemos apostar todas as nossas fichas como se isso fosse a solução mágica para a eletromobili− dade mundial.

vel cresceu, os veículos a combustão terão espaço. Mas nas grandes cidades, em termos mundiais, provavelmente só veremos veículos elétricos. Seja porque de uma lado existe política ambientalista, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e por outro por conta de medidas dos governos para aumentar a qualidade de vida, reduzir ruído e am− pliar a segurança. Veremos um processo de aumento da régua da emissão e da segurança dos veículos a combustão, ao mesmo tempo em que os elétricos ganharão es− cala, enquanto os preços da bateria e dos demais componentes continuam a cair. Isso deverá viabi− lizar os elétricos na maior parte do mundo a par− tir de 2026 ou 2027. O sr. tem−se posicionado a f avor do etanol. Há espaço para ele com o avanço e consolidação da ele− tr ificação? Por quê? Sou um grande entusiasta do etanol. Ele é hoje o biocombustível mais bem sucedido em nível mundial. Sustentável, renovável, gera muito empre− go e renda no Brasil, e o país tem que aproveitar a nossa liderança no etanol para fazê−lo durante a transição para esta nova indústria, para a inserção das partes brasileiras nas cadeias produtivas globais. Temos vários países que também poderiam se beneficiar do uso do etanol, dos motores flex, como a Colômbia, África do Sul e a Índia, e o Brasil cer− tamente é um dos melhores posicionados para fazer essa transição. Hoje o etanol representa menos de 20% do consumo de combustível líquido do país. É preciso aumentar esta porcentagem porque, além de ser sus− tentável, o etanol gera emprego e renda. Por isso a necessidade dessa transição ao nosso parque produtivo, com os híbridos flex primeiro,

depois com os híbridos flex plug−in, e, à medida que o mercado for crescendo, com baterias maiores, te− nha−se opções de se usar dentro das cidades o elé− trico e o etanol para veículos elétricos e, nos pesa− dos, o elétrico puro na medida que o nosso princi− pal compromisso é reduzir o consumo de diesel. Tecnolog ias como célula de combustível a eta− nol (geradora de hidrogênio e, na sequência, eletr i− cidade) estão em desenvolvimento em instituições com apor te de fabr icantes de veículos. Mas a previ− são é de que essa novidade chegue ao mercado a par tir de 2027. Não é muito tempo? A rota tecnológica do etanol como fonte gera− dora de hidrogênio é uma rota importante onde o Brasil deve, sim, se estruturar para poder criar estes mercados. Porém o que se vê a nível mundial é que sem um grande financiamento, em especial subsídios a fundo perdido de governos, é muito difícil uma no− va tecnologia disruptiva ganhar espaço. O setor primário precisa atender a demanda de curto prazo. Ele tem ações em bolsa, precisa ter lu− cro e tudo no curto prazo. Então um desenvolvimento como este precisa− ria de uma liderança muito mais forte do governo brasileiro. Não só aproximando a indústria da aca− demia e do setor produtivo como um todo, mas es− timulando a compra de produtos, dando escala para se reduzir o preço dos insumos. Eu acredito que o etanol irá ocupar espaço. Quem sabe ele possa ser uma fonte geradora de hi− drogênio, mas ele pode ser viável com seu uso no motor, para gerar energia, e como etanol de segun− da geração. Temos um rol muito grande de produções tec− nológicas que certamente irão vir.

A Associação Brasileira do Veículo Elétr ico apoia qual rota tecnológ ica para eletr ificação? A Associação não escolhe uma rota tecnológica. Acreditamos que várias tecnologias deverão crescer e coexistir todas juntas. Mas cada vez mais acreditamos no potencial, no crescimento dos biocombustíveis, em especial no etanol no Brasil. Isso para ampliar e suprir a frota de veículos leves. A nível mundial, o que se vê é a eletrificação trabalhar muito para substituir o diesel. Hoje, mais de 40% dos ônibus do mundo são elétricos, e já vemos uma corrida para eletrificar os caminhões e os furgões. A meu ver, o Brasil deve, sim, apostar no etanol até para ampliar seu uso no veículo leve e também, cada vez mais, nos híbridos flex. Acredito que, em poucos anos, quase todos os veículos flex serão híbridos porque buscaremos ca− da vez mais a inserção de novas tecnologias para re− duzir emissões e dar eficiência aos motores a com− bustão. Então nada mais natural que os híbridos flex cresçam bastante em sua amplitude e tragam junto o aumento do consumo de etanol. Para finalizar, qual sua avaliação sobre as fontes renováveis de energ ia? O crescimento das fontes eólica, solar, de bio− massa, é um caminho sem volta a nível mundial. O Brasil está muito bem−posicionado para ser um grande líder dessa transição com os híbridos flex, com a ampliação do uso da energia solar para abas− tecer os híbridos flex plug−in, que devem vir no curto prazo. Então para que a gente mantenha o Brasil como importante centro da indústria de transformação mundial, ele que já foi sexto mercado de veículos le− ves − hoje é o nono −, ainda somos o quarto mer− cado de veículos pesados, é preciso que tenhamos cada vez mais políticas complementares e unifica− doras. É o caso do RenovaBio, do programa Com− bustíveis do Futuro. E precisamos também de uma plataforma, de um plano nacional da eletromobili− dade que possa ampliar o uso do biocombustível em complementaridade ao adensamento da cadeia pro− dutiva do lítio. Isso porque o Brasil tem uma gran− de reserva e todos os minérios estratégicos para es− sa revolução. O Brasil já é hoje o país que mais gera empre− gos em biocombustíveis em nível mundial. Somos líderes em energias renováveis na nossa matriz e, por isso, temos condições de sermos líderes nessa tran− sição para a indústria do futuro que virá na indús− tria de baixo carbono.


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Motor híbrido amplia as perspectivas do etanol no processo de eletrificação

Apesar do Brasil já ter consolida− do o etanol como uma alternativa limpa à gasolina, a indústria automo− bilística mundial passa atualmente por uma de suas maiores reinvenções e caminha para um futuro dominado pelo carro elétrico. Mas esse domínio pode não ser absoluto. O etanol tam− bém tem potencial para ocupar um lugar de destaque, quando se fala em mobilidade e descarbonização global. É nesse cenário que entra o de− senvolvimento de veículos híbridos elétricos com propulsor a combustão flex ou movido exclusivamente a eta− nol. A ideia envolve um sistema híbri− do, composto por um motor a etanol associado a um motor elétrico, e a perspectiva real do motor à célula de hidrogênio, gerado a partir do etanol. Seriam alternativas aos veículos elé− tricos, sem a necessidade de serem carregados na tomada e com a vanta− gem de ter uma pegada de carbono menor do que a dos veículos somen− te elétricos. Debater a viabilidade e o futuro desse carro híbrido, foi o tema central do seminário “Híbrido Etanol: O Motor do Futuro” realizado no dia 6

de abril, pela Federação dos Metalúr− gicos do Estado de São Paulo (FEM− CUT/SP), União da Indústria de Ca− na−de−Açúcar (UNICA) e pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados (CEMPQC). O primeiro painel “Rotas tecno− lógicas para a mobilidade sustentável”, contou com o professor universitário Wanderlei Marinho da Silva; Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen Região SAM (América do Sul, Amé− rica Central e Caribe); e Thiago Su− gahara, vice−presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e gerente de Assuntos Governamen− tais da Toyota do Brasil, com media− ção de Eduardo Leão, diretor−execu− tivo da UNICA. Em sua apresentação o professor Wanderlei Marinho, apresentou um panorama do processo de eletrificação. Em linhas gerais ele avalia que tecno− logicamente todas as montadoras já sabem o que fazer e a principal ques− tão é a de como inserir o Brasil nesse processo. Ele externou uma preocu− pação. “O que será embarcado nesses veículos híbridos, já que toda a pro− dução lá fora está voltada para o veí− culo elétrico”. Para Thiago Sugahara, da Toyota, essa é uma oportunidade para desen− volver uma nova cadeia de autopeças no Brasil. “O etanol conversa perfei− tamente com o sistema de eletrifica− ção. Iniciamos em Indaiatuba, com a produção do Corolla, o primeiro hí− brido flex do mundo. A expectativa é que o mercado de eletrificado deve dobrar nos próximos 2 anos. Em 2019

foram mais ou menos quase 2 mil veículos eletrificados; em 2020, ano de pandemia, foram quase 20 mil veícu− los eletrificados; em 2021 foram 35.000 veículos eletrificados, dos quais 60% foram de veículos fabricados aqui no Brasil. A expectativa da Associação Brasileira do Veículo Elétrico é que para esse ano a gente tenha um novo recorde de vendas no primeiro tri− mestre”. O grande desafio, segundo ele, será tornar essa tecnologia mais acessível. O CEO da Volkswagen Pablo Di Si defendeu uma digitalização dos carros híbridos flex, a fim de que o consumidor tenha realmente a opção de escolha. “Precisamos desenvolver a nossa própria tecnologia, não só

para o Brasil, mas para o mundo, pa− ra fora”. Para ele há a necessidade de implementar políticas públicas vol− tadas para todo o conjunto. “E para pensar no todo, precisamos pensar na matriz energética de cada país. Pre− cisamos pensar na parte social e eco− nômica de cada país. Quantas fábri− cas de motores existem no Brasil? Precisamos pensar numa fase de transição”, avaliou. O segundo painel abordou “O marco legal para o motor do futuro”, com Margarete Gandini, coordena− dora geral de Implementação e Fisca− lização de Regimes Automotivos do Ministério da Economia; Evandro Gussi, presidente da UNICA; e Erick Silva, presidente da Federação dos

Erick Silva

Evandro Gussi.

Margarete Gandini

Pablo Di Si

A expectativa é que o mercado de veículos eletrificados deve dobrar nos próximos 2 anos


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ro. Mostra que estamos abertos a to− das as tecnologias no Brasil, mas que não precisamos jogar fora o que a gente tem”, disse o presidente da UNICA, Evandro Gussi. “Não pre− cisamos andar nas ondas e modelos pré−fabricados por outros. Temos que mirar onde queremos chegar: governo, iniciativa privada e traba− lhadores pensando no melhor para o país”. Participantes do evento, a Toyota já tem veículos híbridos flex no Brasil e a Volkswagen planeja vá− rios lançamentos com essa alternati− va de motorização. Gussi disse que é necessário di− versificar a produção de etanol e in− Metalúrgicos do Estado de São Paulo. Gandini destacou a convergência de ações de organismos federais, en− volvendo Ministério do Meio Am− biente, Ministério de Minas e Ener− gia, Ministério da Economia, MAPA e todas as suas coligadas com o obje− tivo de nascermos convergência das diferentes políticas governamentais para uma mesma direção. “É a integração dos objetivos ini− cialmente do RenovaBio, do Procon− ve e do Rota 2030, que envolve tan− to as metas de eficiência energética, quanto a etiquetagem veicular. De− vemos lançar até 30 de junho, a parte relacionada aos corredores sustentáveis a gás natural e biometano, logísticos nas estradas e depois passamos as redes

de carregamento rápido para veículos. O Marco Legal está sendo construído dentro de uma lógica de que ao go− verno cabe dar a direção não dizer qual será a rota tecnológica”, explicou Gandini. Erick Silva, presidente da Federa− ção dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, inclusive questionou se oferecer subsídios a pessoas que têm a possibilidade de pagar mais caro por um veículo elétrico. “Veículo elétrico que custa caríssimo e não tem nada de tecnologia nacional, não paga IPVA. Quem custeia isso? Faz sentido?”, provocou Silva. “Temos uma oportunidade ím− par, nestes dois painéis trouxemos debate que nos projeta para o futu−

Thiago Sugahara

Wanderlei Marinho

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cluir na discussão, o biometano (90% que vem do setor sucroenergético) que já está substituindo o diesel. “Es− taremos daqui a 10 dias na Índia, que vem se consolidando como grande parceiro estratégico para a difusão do etanol no mundo”, adiantou. Segundo ele, a Indústria Automo− bilística trabalha com possibilidades de larga escala e poderá olhar o Brasil, América Latina e Índia como merca− dos para motores híbridos a etanol. Segundo o presidente da UNICA, Tailândia, Paquistão e alguns países africanos também têm potencial de explorar o etanol como combustível alternativo limpo à gasolina.


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Etanol a solução para a crise energética Seminário sobre mobilidade sustentável, debate o etanol como solução para o emprego, energia e meio ambiente Especialistas reunidos em um seminário sobre mobilidade sus− tentável, vislumbram que o mundo deve caminhar no sentido de pro− mover uma verdadeira revolução energética, em busca de fontes al− ternativas para fazer girar a roda da economia global, de forma a pre− servar o meio ambiente e as condi− ções de vida no planeta. Neste cenário, o etanol da ca− na−de−açúcar desponta com gran− de potencial de ser protagonista nesta mudança de matriz energéti− ca, desde que o mundo se conven− ça que a eletrificação dos veículos não seja a única solução. Para Alex Giacomeli, diretor do Departamento de Energia do Mi− nistério das Relações Exteriores, a preocupação global com a seguran− ça energética despertada pela guer− ra entre Rússia e Ucrânia, abre es− paço para a necessidade de diversi− ficar as fontes de energia. “É isso que o Brasil vem defendendo e vem fazendo muito bem. E nesse cená− rio que o etanol deverá ter um pa− pel significativo não só para o Bra− sil, mas para o mundo”. O professor da UNIFEI e pes− quisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da UNICAMP, Luiz Horta, afirma ser muito difícil, a curto prazo, substi− tuir todo o sistema energético ba− seado no gás natural, no carvão. “Mas certamente, estamos passando a viver um tempo novo nesse sen− tido, que reconheça que uma de− pendência tão concentrada de al− guns países é um risco, uma incon− veniência”, disse. Segundo ele, a médio prazo, e, talvez mais breve do que se ima− gina, pode surgir uma grande oportunidade para o Brasil ofere− cer seu combustível limpo, reno− vável, competitivo em ter mos de preço, além de mostrar todo seu Know how no segmento. “E nesse sentido, a guerra irá acelerar a transição energética na direção do etanol, entre outras fontes renová−

veis”, explica. Segundo o professor Paulo Sal− diva, titular do Departamento de Patologia da USP, a política de combustível, geralmente focada na questão do preço, também deve le− var em consideração os custos que os gases do efeito estufa provocam na saúde humana. “O etanol com tecnologia ade− quada é neutro, praticamente na emissão de gases de efeito estufa. Ele reduz a emissão de partículas, reduz a emissão de hidrocarbone− tos, reduz a produção de compos− tos, portanto, o etanol daria lucro e essa externalidade deveria ser con− sultada na discussão da matriz energética”, aponta o professor. O deputado federal Arnaldo Jardim, da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergé− tico, lembrou que setenta países no mundo já têm normas hoje de adi− ção do etanol ou de uso do etanol, portanto caracterizando um movi− mento que é internacional. “Desta− co a votação da legislação sobre o RenovaBio que desdobrou se em normas definidas pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) estabelecendo hori− zontes para que os CBIOs pudes− sem ser emitidos”, disse. Para o parlamentar, o etanol é a mais sofisticada moeda verde que o Brasil tem hoje. “Porque ela é transacionada na bolsa de valores, na B3, tem parâmetros de certifi− cação muito bem estabelecidos, auditados, portanto, criando uma possibilidade de exatamente quan− tificar e monetizar, esse aspecto das externalidades que são beneficia− das”, disse. Jardim também citou o lança− mento do plano decenal de expan− são de energias do MME, onde es− tá previsto para o biodiesel um

crescimento de 26,8% e 40,8% na produção de etanol, ou seja, o que pode nos consolidar internacional−

mente, como o país de vanguarda na produção de biocombustíveis”. Com relação à legislação, apesar

Alex Giacomelli

Luiz Horta

Paulo Saldiva


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países que deveriam estar consu− mindo muito mais etanol do que estão consumindo. Existem países que estão produzindo e exportan− do etanol de qualidade, e que ainda não usam uma gota, porque têm um preconceito plantado por interesses que defendem o status quo, para não usar etanol. Por isso que o que está acontecendo na Índia é muito interessante. Ela acelerou bastante o programa de etanol. Os indianos descobriram que estão atrasados e vão se arrepender de não ter toma− do antes essas medidas. Países da Ásia, da África, da América Latina podem ser grandes produtores de biocombustível para uso do plane− ta todo”, afirmou. Horta ressalta que o Brasil é hoje, no setor de transporte em termos das economias importantes do planeta, de longe a que mais in− troduziu energia renovável na ma− triz energética. “Somos o que os outros países pretendem ser com essa ilusão, com essa sereia do veí− culo elétrico. Quando você olha na Alemanha, por exemplo, mais de 80% da energia é produzida do carvão, de fontes fósseis, onde está a vantagem da energia elétrica? A energia elétrica que faz sentido é aquela que usa etanol para gerar eletricidade, é o veículo híbrido que são os que menos emitem no mundo”, constatou. O professor destaca ainda que, há cerca de 10 mil anos atrás fize− mos a revolução agrícola, evolução importantíssima na humanidade. “Nós deixamos de caçar e coletar alimentos e passamos a plantar, a criar animais, formando−se as ci− dades, os estados. Agora estamos vendo grande parte da humanidade usando energia estocada no subso− lo, causando problemas ambientais, problemas de segurança energética. É hora de fazer outra revolução, a revolução energética”, conclui. de considerar adequada, o professor Luiz Horta alegou que o Governo tem tido comportamentos um pouco erráticos nesse sentido. “O Governo definiu metas pa− ra o biodiesel, voltou atrás, e, não esclareceu isso. Então é muito im− portante que o Ministério de Mi− nas e Energia, que tem programas tão interessantes quanto o “Com− bustível do Futuro”, persista no ca− minho coerente de reforço da tran− sição energética”, cobrou. Horta entende que existem condições para que as metas de re− dução de emissões sejam cumpri− das. “Não é uma questão de ali− mentos ou bioenergia, é uma ques−

tão de produzir ambos, pois temos espaço para isso. Quem imagina que a eletricidade vai ser a solução para mover os automóveis em baterias está equivocado. É eletricidade com biocombustível. O Brasil hoje está usando uma fração da sua superfí− cie para produzir biocombustíveis. São 5 milhões de hectares, num país de 850 milhões de hectares. Situa− ção similar observamos em uma sé− rie de outros países tropicais como Colômbia, Guatemala e países na África”, ressaltou. Para o professor o que falta num sentido mais amplo, é uma certa vontade política. “Existe um gran− de nível de desinformação entre os


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“A cana vai virar o novo petróleo” As usinas caminham para substituir a petroquímica, afirma Thiago Lopes, que está à frente de pesquisa de tecnologia que gera hidrogênio a partir da vinhaça

Que a vinhaça é historicamente empregada como adubo na fertirriga− ção, não é novidade para ninguém do universo do setor sucroenergético. Aliás, também já é de conheci− mento geral saber que o resíduo ge− rado pela produção de etanol se torna biogás (energia elétrica) e, por exten− são, biometano (e substitui o gás na− tural ou gás encanado). A saber: pelo menos 10 empresas produtoras do setor possuem em− preendimentos em fases inicial e fi− nal de produção de biogás e de bio− metano. Mas a vinhaça gera uma nova tec− nologia que, embora tenha sido divul− gada em mídias especializadas, é uma novidade mesmo para os profissionais do setor. E que senhora novidade! A vinhaça possui 95% de água em sua composição e a proposta é pro− mover a quebra de moléculas do lí− quido para gerar oxigênio e hidrogê− nio verde. Essa operação é possível por meio de um reator eletrolítico em fase ini− cial de desenvolvimento no novo La− boratório de Células a Combustível, situado na Escola Politécnica da Uni− versidade de São Paulo (Poli−USP), em São Paulo. Por sua vez, o Laboratório integra o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), financiado pela Shell do Brasil e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). E à frente dele está Thiago Lopes, professor da Poli−USP, que o Jor− nalCana entrevista (confira entrevis− ta completa na página 18) para con− tar detalhes dessa tecnologia que promove um ciclo virtuoso e habi− lita novos mercados para o setor su− croenergético.

Custo e riscos Resíduo poluente, a vinhaça é empregada na fertirrigação também por ser rica em potássio. Mas trans−

portá−la até as plantações exige um processo caro e trabalhoso. Sem contar que, se mal aplicada, pode danificar a plantação e o solo, além de atingir os lençóis freáticos. Além do mais, ela é um dos nós que impedem usinas credenciadas no RenovaBio de melhorar suas notas de eficiência de produção do etanol, que são vitais na geração de créditos de descarbonização (CBios). Tem mais: essa nota da usina tam− bém é afetada conforme a quantidade de emissão de dióxido de carbono (CO2) pelo uso de óleo diesel em tratores e caminhões usados no trans− porte e gestão da vinhaça.

Hidrogênio verde Ele tem ampla aplicação e, no ca− so da nova tecnologia, pode ser utili− zado na produção da amônia, um dos integrantes da composição de fertili− zantes. Hoje a amônia é sintetizada com hidrogênio proveniente de gás natural, que por si só emite CO2. Portanto, o hidrogênio verde pro− veniente da vinhaça tem pegada zero de carbono. Outra aplicação: ele também po− de alimentar veículos com motor de célula a combustível, uma das moda− lidades de veículos totalmente elétri− cos que hoje circulam pelo mundo, sobretudo no Japão (leia mais a res−

peito em destaque neste conteúdo). Em tempo: a tecnologia de célula a combustível a etanol já está em cur− so na Unicamp, a partir de investi− mentos de instituições públicas e da Volkswagen. Já o oxigênio puro, decorrente da quebra das moléculas da água, pode ser utilizado para a combustão do bagaço da cana−de−açúcar.

duzido pelo Laboratório de Células a Combustível, em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a Empresa Brasi− leira de Pesquisa Agropecuária (Em− brapa). O hidrogel gerado ao final de to− do o processo de pesquisa será aplica− do no processo de plantio em forma− to de grânulos, que vão se degradar e liberar o carbono para ser armazena− do no solo.

Condensação da água

Vinhaça concentrada

Ao condensar a água, pode−se obter de forma fácil e econômica um CO2 puro para estocagem ou então para ser convertido em produtos. Um deles é o ácido oxálico, ele− mento que junto a um biomonôme− ro (açúcar e aminoácido) vai entrar na composição do hidrogel que está sen− do desenvolvido no âmbito do Pro− grama de Hidrogel, financiado pela Shell Brasil, com recursos da Cláusula de Investimento em P&D dos Con− tratos de Concessão da Agência Na− cional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e que envol− ve várias instituições de pesquisa da USP sob a liderança do RCGI, bem como da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Outra vantagem do reator é fazer com que a vinhaça fique mais con− centrada − e, lembremos, a cada um litro de etanol são produzidos cerca de 10 litros do resíduo. Daí vem o já citado custo de transporte e armazenagem. Já se estiver mais concentrada, li− vre de uma fração de água, a vinhaça vai ocupar menos espaço e demandar menos transporte.

Oxigênio puro

Hidrogel No caso, o ácido oxálico será pro−

Menos adubo sintético Em sua forma concentrada, a vi− nhaça também minimizaria a adição de adubo sintético à lavoura. É que a mistura do resíduo com adubo sinté− tico provoca maior emissão de CO2. Isso sem contar que, ao reduzir o vo− lume de água, evita−se que o excesso de líquido chegue ao lençol freático e polua os rios.


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pigmento que ao interagir com o ozônio emite luz. Isso promove o desenvolvimento de modelos nu− méricos avançados de célula a combustível e otimização topoló− gica das mesmas.

Célula a combustível Além de poder alimentar veícu− los com motor de célula a combus− tível, uma das modalidades de veí− culos totalmente elétricos já em circulação no Japão. Nesse motor, o hidrogênio rea− ge com o oxigênio que vem do ambiente. A energia elétrica libera− da alimenta o veículo e o processo gera como resíduos apenas calor e água pura. Atualmente, esse hidro− gênio é obtido em nível mundial por meio de gás natural, o que gera pegadas de CO2. Daí a importância de se desco− brir formas de produzir hidrogênio verde como o projetado por meio do concentrador eletrolítico de vinhaça.

Chegada ao mercado De acordo com o pesquisador, estima−se que por volta de 2040 a produção desse tipo de veículo deslanche no Brasil. Isso deve acontecer, sobretudo, em relação às frotas de ônibus e caminhões, porque um motor de célula a combustível é mais leve do que o motor de um veículo elétri− co a bateria, em particular para veículos que rodam mais de apro− ximadamente 450 quilômetros diários.

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Instituição inglesa A equipe transdisciplinar do labo− ratório, que conta com pesquisadores da Poli, do Instituto de Física (IF), do Instituto de Química e do Instituto de Meio Ambiente (IEE) da USP, vai tra− balhar em conjunto com o Imperial College London no desenvolvimento das diversas camadas que compõem as células a combustível.

Redução de custo

Técnica já desenvolvida

Tem aí um porém: para que isso ocorra a tecnologia precisa ser aper− feiçoada em termos de desempenho e custo. Outro objetivo do laboratório é justamente desenvolver peças mais eficientes e baratas para veículos com motor de célula a combustível. As camadas da célula a combustí− vel podem ser otimizadas através de modelos numéricos avançados e oti− mização topológica, por exemplo. So− mado, o catalisador, da camada catalí− tica, é feito de platina, metal raro, que vale mais do que o ouro e não existe no Brasil, e o desafio é encontrar op− ções mais acessíveis.

Para buscar essas soluções, o la− boratório vai utilizar uma técnica desenvolvida por Thiago Lopes du− rante temporada como pesquisador associado do Imperial College London, no Reino Unido, entre 2012 e 2014. O motor de um veículo de célula a combustível é alimentado de um la− do por oxigênio e de outro, por hi− drogênio. “No lado que passa o ar colo− camos uma mistura com cerca de 1000 ppm de ozônio. Já na camada catalítica, onde acontece a reação da célula a combustível, colocamos um

Materiais acessíveis A proposta é ir além. Por exemplo, “na camada catalítica a ideia é desco− brir se materiais mais acessíveis, como uma mistura a base de ferro, carbono e nitrogênio, podem substituir a pla− tina e serem utilizados pela indústria automotiva”, diz Lopes. “Trata−se de uma demanda mundial. Hoje há nos Estados Unidos um consórcio de pesquisa, nos mol− des do RCGI, voltado ao desenvol− vimento desses materiais. Mesmo porque não existe platina suficiente para trocarmos toda a frota mundial de veículos para célula a combustível. Nós, cientistas, temos muito trabalho pela frente”, conclui.


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Usinas irão substituir a petroquímica para reduzir custos de transporte? Sim. Assim, produziria fertilizante nitrogenado para o mercado e para a usina, pois a quantidade de hidrogênio seria suficiente para isso e com muito excedente. E tudo com matéria−pri− ma com pegada negativa de carbono.

Confira a entrevista com Thiago Lopes, professor da Poli−USP e que está à frente do Laboratório de Célu− las a Combustível do Centro de Pes− quisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI). Em linhas gerais, quando surg iu a proposta e qual é seu cronog rama? Thiago Lopes − Começamos em agosto de 2021 e a proposta é chegar− mos a uma prova de conceito. Ela se− rá a prova de que a tecnologia funcio− na já para aplicações práticas. A previ− são é de ter isso em seis anos. E d a í a t e c n o l og i a e n t r a r á e m testes? Sim. Eu vejo a solução chegando ao mercado em aproximadamente se− te anos [2028]. C o m o s e d á a c o n c en t ra ç ã o d a vi nha ça v ia re at or el et ro lít ic o? Ou ela é em preg ada para produzir fer ti− li zan t e, v ia hid rog ê ni o, o u co mo c o m b u s tã o p a r a g e r a r e l e tr i c i d a d e via oxig ênio? Todos são possíveis, e podemos ir muito além. Cite um exemplo. A usina hoje vende energia elétri− ca para a rede. Na média são 50 kilo− watts−hora (kWh) por tonelada de cana. Com a tecnologia em desenvol− vimento, usa−se estes 50 kWh para fazer a concentração da vinhaça. E, no final, você tem vinhaça concentrada e, de só evaporar e jogar fora a água, tem−se a quebra desta água e a con− sequente geração de hidrogênio e oxigênio. Além disso, com a mesma tonelada de cana consegue−se produ− zir mais energia elétrica.

Qual é a economia de despesas que se pode obter com a vinhaça concen− trada ante a vinhaça tradicional? Apenas com estes 50 kWh, a vi− nhaça concentrada gera uma econo− mia de custos em transporte e distri− buição de 20%. Dependendo do caso, essa economia já pagaria o Capex do investimento necessário para a tecno− logia, com uma safra apenas. A vinhaça concentrada é fruto do trabalho do Laboratór io que o senhor coordena. Quando estiver disponível, como uma usina produzirá essa ver são concentrada? De uma forma simplista e apenas ilustrativa, será um canal. De um lado sai hidrogênio, de outro sai oxigênio e, no meio, sai a vinhaça concentrada. Lembrando que o processo é alimen− tado por bioeletricidade, onde se o hidrogênio for empregado para pro− duzir fertilizante nitrogenado, será um produto de baixas emissões de carbo− no, ao contrário do fertilizante com hidrogênio feito de gás natural, gera− dor de emissões. Com a vinhaça concentrada, o in− dicado ser ia ter fábr icas de fertilizantes nitrogenados ao lado ou junto às usinas

Como é a ar mazenagem da vi− nhaça concentrada? Em princípio ela segue os mesmos caminhos da vinhaça tradicional, po− rém com bem menos impactos am− bientais. E com volume menor. Que mais se poderá ter com a tecnolog ia em desenvolvimento? Pode−se produzir amônia com o hidrogênio, além de metanol verde e etc! Ou seja: a usina terá um círculo virtuoso tão grande que terá condi− ções de idealmente substituir os pro− dutos da petroquímica. E o oxigênio liberado pela tecno− log ia? Thiago Lopes − Pode−se em− pregá−lo em oxicombustão (subs− tituição do comburente para oxi− gênio puro), por exemplo, com o bagaço atual. Com isso, se produzi− rá mais energia elétrica para venda à rede ou para concentrar ainda mais a vinhaça. E mais: ao se queimar, será gerado CO2 puro (após condensação da água). E, assim, todos os produtos da usina começam a ter uma pegada ne− gativa de carbono. Quando o sr. diz geração de CO2 puro, se ele for ‘ar mazenado’ poderá ajudar a zerar a pegada de carbono do País e ser vendido? Sim.

Sobre a tecnolog ia em desenvol− vimento na Unicamp de célula com− bustível a etanol (que emprega o bio− combustível para gerar hidrogênio e, assim, produzir eletr icidade para o motor híbr ido), o hidrogênio da vi− nhaça também poderá ser usado? O conceito de célula trabalhado [na Unicamp] usa o etanol direto. Aqui, produzimos hidrogênio e ele, sim, pode ser utilizado na célula. Mas em minha avaliação, se você precisa de hidrogênio descentralizado, deve usar o gerado pelo etanol. Ele já está dis− tribuído pelo território nacional. E no caso do hidrogênio da vi− nhaça? Ele é centralizado, com foco em escala industrial em plantas junto às usinas. É para gerar vários produtos da alcoolquímica que, com valor agrega− do, serão transportados. Em resumo: a cana irá virar o novo petróleo. Para finalizar, hoje já temos hidro− gênio verde. Qual sua avaliação? Ele é feito a partir da eletrólise (quebra de moléculas) da água pelo consumo de eletricidade. Fala−se muito sobre esse hidrogênio. Mas não se fala sobre de onde virá a água. Já vivemos situação de estres− se com a água. Ninguém irá pegar uma tubulação do pré−sal para ex− trair água do aquífero Guarani. Tem a dessalinização da água do mar, mas aí se adiciona uma etapa [consumo de energia elétrica e custos] ao pro− cesso global. Por isso, no caso do hidrogênio da vinhaça, ela habilita à usina um cír− culo virtuoso: habilita novos produ− tos a partir da cana, habilita novos mercados.


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Brasil só aproveita 2% de sua capacidade de geração de biometano Para especialista exploração do biometano pode levar o Brasil para a “Champions League” do jogo ambiental Segundo o especialista em agronegócio, Mar− cos Fava Neves, o Brasil aproveita só 2% daquilo que poderia, para geração de biogás e biometano. “Imagina trazer esses 98% desses produtos que, en− tre aspas apodrece, e que nós não estamos usando para nossa matriz energética. Imagine o benefício que isso não vai trazer para o Brasil. Nós passaría− mos a disputar a Champions League do jogo am− biental”, compara o especialista em alusão à prin− cipal competição continental entre clubes do fu− tebol europeu. Para Neves, o Brasil é muito bom de combustí− veis renováveis, é muito bom no uso das nossas fon− tes de eletricidade, e pode ficar melhor ainda, com o uso do biogás e biometano para essas finalidades. “É o empoderamento, porque o biogás é pro− duzido do lado de onde ele é consumido.Você não precisa movimentar petróleo a longas distâncias.Vo−

cê pode ter a sua própria fonte de energia. E para as empresas, só para concluir você imagina que inte− ressante para uma fazenda, para uma granja, se você tirar o custo da energia.Você não é obrigado a com− prar petróleo, comprar energia elétrica da rede e passa a ter a sua própria geração de energia com o biometano. Isso daria uma injeção na margem das

empresas, possibilitando até trazer redução de pre− ços para o consumidor final”. Segundo Neves este é momento para a expan− são de novas plantas de biogás. “Já está acontecen− do. Hoje as empresas olharem para esse setor com escala ou capacidade de investimento. O governo também precisa facilitar a questão dos tributos, so− bre os equipamentos que são usados para gerar energia e o despertar do empresariado, porque com o custo elevado da energia no mundo, todos estão de olho nessas fontes alternativas e o biometano aparece”, afirmou. Para ele, é impressionante como podemos me− lhorar a pegada Ambiental do Brasil, usando esse ti− po de energia, que vai baixar muito custo e vai pos− sibilitar inclusive, a geração de empregos por conta de uma maior competitividade. “As usinas de cana estão de olho nos projetos de biometano. As granjas também, porque você pode usar o esterco para produção de biometano e depois vira fertilizante que vai para as plantas. Então você diminui a necessidade de importação de fertilizan− tes, diminui a necessidade de importação de petró− leo e os investimentos estão aí estão começando a acontecer”, finaliza o especialista.

Em 2021, 2,35 bilhões de Nm³ de biogás foram produzidos por 755 plantas em operação Panorama do Biogás no Brasil traz os principais dados sobre as plantas de biogás e biometano no ano passado O Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) lançou a nova edição da Nota Técnica: Panorama do Biogás no Brasil. A apresentação do documento aconteceu na 4° edição do Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano em Caxias do Sul nos dias 12, 13 e 14 de abril. O documento corresponde ao ano de 2021 e traz diversos dados atualizados sobre as plantas de biogás e biometano e sua evolução no Brasil. Um dos dados mais representativos do Panorama refere− se à quantidade de biogás gerado. Só em 2021, 2,35 bilhões de Nm³ de biogás foram produzidos por 755 plantas em operação, gerando um aumento de 10% da produção em relação ao ano de 2020 (2,14 bi Nm³/ano), ou seja: aumento da descarbonização do ecossistema sustentável brasileiro a partir da gestão de resíduos. Para 2022, a estimativa é de crescimento de mais de 22%, com o início da operação de plantas que encontravam se em implantação e reforma no ano de 2021 (56 plantas), podendo ultrapassar os 2,8 bi− lhões de Nm³/ano de biogás. [“Esse aumento expressivo do mercado de bio− gás, revela a força da alternativa no país e como is−

so influencia o desenvolvimento de novas ideias fo− cadas na redução de emissões, mas também na ne− cessidade de reorganizar os processos focados na gestão de resíduos, visto que, apenas no último ano, as plantas em operação produziram 2,3 bilhões de Nm³ de biogás”, disse Rafael González, diretor− presidente do CIBiogás. Não tem como falar sobre biogás sem falar da geração de energia elétrica que atualmente é a prin− cipal aplicação energética realizada em plantas de biogás brasileiras. No ano de 2021, 87% das plantas em operação destinaram 71% do volume de biogás brasileiro para geração de energia elétrica. Felipe Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, reforça que o agrupa− mento dos dados contribui fortemente para a visua− lização clara do que está acontecendo no setor de energia. “Há muito para ser explorado! A partir das

informações presentes no Panorama é possível per− ceber o crescimento do setor. Mais plantas e mais biogás em usos energéticos no Brasil. Os negócios verdes estão acontecendo! O setor se amplia e se consolida como estratégico para o Brasil”. Dentro desses números, o documento expõe a atuação do setor agropecuário, que possui maior representatividade quanto ao número de plantas que realizam esta prática sustentável, sendo respon− sável por 80% das plantas de biogás em operação no ano de 2021. Oportunidades para gerar biogás atualmente é o que não falta. Além do Sul do Bra− sil, os estados ao Norte do país também têm de− monstrado potencial e interesse na gestão de resí− duos e geração de energia a partir do biogás. Em 2021, foram registradas as primeiras plantas de bio− gás com aproveitamento energético nos estados de Rondônia e Alagoas.


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Crise de fertilizantes acelera inclusão de alternativas para o setor bioenergético Opções vão de melhoramento genético, enriquecimento da vinhaça a aplicação de microrganismos A alta do custo dos fertilizantes no ano passado já havia acendido a luz amarela. O conflito entre Ucrânia e Rússia, principal fornecedor deste insu− mo, fez disparar a luz vermelha do país, quanto à necessidade de rever a sua de− pendência na importação deste produ− to e enfrentar os cenários desafiadores que vem surgindo desde o ano passado. Em 2021, o Brasil importou 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes, somando US$ 15,1 bilhões, sendo só da Rússia, 9,3 milhões de toneladas de fertilizantes. Apenas em janeiro de 2022, foram compradas 2,3 milhões de toneladas do insumo, número 15,2% inferior ao mesmo período no ano passado, aponta a plataforma Comex Stat, do Ministério da Economia. A agricultura nacional possui uma grande dependência da importação de fertilizantes, cerca de 80% dos fertili− zantes utilizados no Brasil são de ori− gem estrangeira. Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial no con− sumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utiliza− do pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo, com 33% do consumo total de ferti− lizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, formam a sigla NPK, tão uti− lizada no meio rural. Dentre as cultu− ras que mais demandam o uso de fer− tilizantes estão a soja, o milho e a ca− na−de−açúcar, somando mais de 73%

do consumo nacional. “O contexto atual é extrema− mente desafiador e, por isso, o plane− jamento é ainda mais importante pa− ra que os produtores possam encon− trar as melhores soluções para suas culturas. Ao mesmo tempo, o mo− mento abre novas possibilidades e olhares para o setor de fertilizantes brasileiro e para os formatos atuais, que tendem a sofrer uma transformação nos próximos meses”, afirma Bruno Fonseca, analista Sênior de Pesquisa e Análise Setorial para o mercado de insumos do Rabobank Brasil. O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado em março pelo Go− verno Federal, é uma referência para o planejamento deste setor para os pró− ximos 28 anos (até 2050). Além da re− dução da dependência externa, o PNF ainda apresenta oportunidades em re− lação a produtos emergentes como os fertilizantes organominerais e orgâni− cos (adubos orgânicos enriquecidos com minerais, por exemplo) e os sub− produtos com potencial de uso agrí− cola, os bioinsumos e biomoléculas, os remineralizadores (exemplo, pó de ro− cha), nanomateriais, entre outros. O setor bioenergético já vem buscando suas alternativas, não só pa− ra minimizar essa dependência, mas também para fortalecer a produção com a utilização de práticas mais sus− tentáveis. A convite do JornalCana es− tiveram reunidos no dia 6 de abril,

Carlos Crusciol

Gaspar Korndörfer, professor e pro− dutor de cana; Carlos Crusciol, pro− fessor titular da UNESP de Botucatu; Mário Dias, gerente Corporativo de Desenvolvimento Agronômico da BP Bunge Bioenergia e Pedro Henrique Castro, gerente Agrícola da Araporã Bioenergia, para participar do primei− ro Warm UP CANABIO com o te− ma: Soluções Sustentáveis para a Cri− se de Fertilizantes Químicos. O melhoramento genético foi uma das alternativas apresentadas pe− lo professor Carlos Crusciol. Segundo ele, uma das formas de manter ou au− mentar a produtividade é aprimorar a capacidade de captura de carbono, buscando plantas mais resistentes a condições adversas. “Numa situação de crise, dificil− mente eu vou conseguir mudar as va− riedades de cana. Mas eu tenho o me− lhoramento genético. Uma ferramen− ta que pode melhorar a aquisição de nutrientes pela planta. A água vem de graça, o carbono CO2 vem de graça, o oxigênio vem de graça então se fi− zermos com que a planta seja mais eficiente na aquisição de água ela vai fazer mais carboidrato, e vai produzir mais com a mesma dose de adulto”, explicou o professor. Crusciol também destacou entre as alternativas, a correção de acidez do solo, a utilização de fontes nacionais de nutrientes, organominerais e orgâni− cos (Fósforo, Potássio, Torta de Filtro,

Estercos, Lodo Esgotos), utilização de microrganismos e ainda a utilização de bioestimulantes para aumentar a ab− sorção de nutrientes pelas plantas. Para o professor e produtor de ca− na, Gaspar Korndörfer, a redução de adubação, quando houver, deve ocor− rer prioritariamente onde o impacto dessa redução na produtividade, é me− nor, devendo−se levar em considera− ção que o preço dos adubos e corre− tivos produzidos localmente (calcário, rochas potássicas, adubos orgânicos e organominerais, etc) não subiram na mesma proporção dos importados. Gaspar defendeu a otimização do uso dos recursos próprio (cinza, vi− nhaça, torta de filtro, composto), fon− te de nutrientes, na substituição prin− cipalmente dos fertilizantes importa− dos; o uso da torta de filtro como fonte de P, N e Ca na cana planta (área total e sulco); a maximização do uso da vinhaça como fonte de N e K e tam− bém como veículo na aplicação de outros nutrientes na adubação da so− queira (VPE&L); o uso da cinza de caldeira como corretivo de solo e também fonte de K e Si; e ainda a uti− lização do composto (cinza/torta/ba− gaço/cama de frango, etc) na mistura com fertilizantes minerais para produ− ção de organominerais, visando redu− ção nas doses de NPK. “Além de, em geral, serem ferti− lizantes de maior eficiência agronô− mica, são mais baratos e com gera−

Gaspar Korndörfer


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ção de crédito de carbono para a usina e para o fornecedor de cana (RenovaBio)”, disse. Para Mário Dias, gerente Corpo− rativo de Desenvolvimento Agronô− mico da BP Bunge Bioenergia, a pa− lavra de ordem é racionalizar. “Plane− jar um método de trabalho, reduzin− do perdas e tornando−o mais eficien− te e produtivo”. O trabalho de Miti− gação de perdas de insumos, para ob− tenção de mais perfilhos prevê: plan− tio sem falhas; irrigação; manejo de mitigação de déficit hídrico; zero pi− soteio e zero arranquio de soqueira.

Na melhora da raiz: controle de pra− gas de solo, correção de solo em pro− fundidade e qualidade na descompac− tação do solo. A usina também investe na am− pliação do uso da vinhaça, rotação de culturas, compostagem e utilização de biológicos. Nos últimos três anos a BP registrou um aumento de 388% na utilização deste tipo de insumo, em quase 1 milhão de hectares. “Conta− mos com 3 campos experimentais nos estados de SP, MG e GO com mais de 60 tratamentos x 4 repetições. Como resultado tivemos um aumento de

Mário Dias

17% de TAH, redução de 100% do N no plantio e melhores resultados em área de vinhaça com oportunidades de 25 kg de N / há”, contou. Avançar forte no esquecimento da vinhaça localizada é uma das es− tratégias adotadas na Araporã Bio− energia, informou o gerente agrícola Pedro Henrique Castro. “Para 2022, quase 100% da cana soca da unidade está sendo tratada com essa tecnolo− gia, que proporciona menor depen− dência de fertilizantes e oportuniza a utilização de outras fontes no enri− quecimento (ex.: nitrato x uréia);

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evitando ou diminuindo a aquisição de KCL”, afirmou. Castro chama atenção, no entanto, para a necessidade de sempre estar se calculando a viabilidade levando em conta a eficiência, qualidade e custos, através da avaliação do impacto das distâncias (diesel, etc). A técnica da compostagem também adotada pela usina permite a otimização e maior independência de insumos; fonte de M.O., Fósforo e outros nutrientes; ga− nho de TCH; retenção de água no so− lo. Como foco em cana planta ele destaca a possibilidade de melhoria quantitativa e qualitativa com acrésci− mo de outros produtos (ex.: cama de frango, gesso agrícola, etc.). Castro também destacou o uso de corretivos de solo como oportunida− de de redução de dose de calcário e gesso, com aplicação localizada na li− nha versus área total à lanço. Com relação aos remineralizado− res ele acredita que o fator logístico é importante ser avaliado no custo em função da distância das fontes, ficando atento para a tendência de alta atrela− da às fontes tradicionais. Ele lembrou também da rotação de culturas que possibilita a redução de fertilizantes (soja, amendoim, crotalária, etc). Segundo o gerente agrícola, a usi− na vem trabalhado com microrganis− mos eficientes na fixação de nitrogê− nio; mineralização e ciclagem de nu− trientes; proteção de plantas (solo e/ou folhas); e proteção contra pragas. Para Castro diante das dificulda− des, é preciso procurar pensar diferen− te, tentando fazer um negócio bem− feito e de qualidade. “Essas crises de ordem mundial nos provocam a fazer diferente, ser criativos. Criatividade em uma palavra de ordem”, finalizou.

Pedro Henrique Castro


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Usina Coruripe obtêm financiamento de R$ 1 3 milhões atrelado ao RenovaBio Recurso deverá ser utilizado para alongar operações de curto prazo A Usina Coruripe obteve junto ao BNDES um financiamento de R$ 193 milhões. O recurso foi obtido através do programa de Apoio direto por meio de crédito ASG (Ambiental Social e Governança) para o setor de biocombustíveis, no âmbito da políti− ca RenovaBio, com incentivo para melhoria na eficiência energético am− biental e da certificação da produção. Essa linha de financiamento espe− cífica para as empresas certificadas no RenovaBio foi criada em 2021 pelo banco de fomento com o objetivo de ampliar sua atuação no contexto do crédito ASG. A Coruripe foi uma das primeiras usinas no Brasil a se certificar no pro− grama RenovaBio. Há dois anos a companhia gera e comercializa seus CBIOs de forma contínua e tem en− vidado esforços no sentido de melho−

rar sua Nota de Eficiência Energéti− co−Ambiental. “Esta importante operação veio coroar um ano em que trabalhamos fortemente a reestruturação da dívida da companhia, com operações a mer− cado (Bond, Debêntures Incentivadas e CDCA) e agora com esta captação de R$ 193 milhões junto ao BNDES”, comemorou o diretor−financeiro da Usina Coruripe, Thierry Soret.

Segundo Soret, trata−se de uma operação de longo prazo com exten− são de 7 anos e 2 anos de carência. Ele explica que o recurso não é carimba− do e deverá ser utilizado para alongar as operações de curto prazo, possibilitan− do assim, finalizarem o funding plane− jado para a safra 2021/22, melhorando significativamente o duration médio da dívida companhia e reforçando o cai− xa para o início da safra 2022/23.

“Em uma safra muito desafiadora por conta da seca, pressão inflacioná− ria e onda de covid 19, mantivemos nosso foco e disciplina para cumprir nosso objetivo estratégico de fechar a temporada com uma nova configura− ção do fluxo da dívida e liquidez da companhia, aumentando o prazo mé− dio da dívida e reduzindo a exposição em US$ com a efetivação de instru− mentos de hedge”, conclui o diretor.

Usina Coaf poderá emitir mais CBIOs com nova certificação socioambiental da ANP Empresa passa a ter eficiência energética/ambiental na ordem de 56,85 gCO2eq/MJ A Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana de PE (Coaf) recebeu nova certificação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre a produção eficiente de biocombustível. Foi elevada a nota ambiental da cana utilizada na fabricação do etanol hidratado, crescendo, também, o fator que de− termina a emissão de Crédito de Descarbonização (CBIOs). A usina da Coaf passa a ter efi− ciência energética/ambiental na or− dem de 56,85 gCO2eq/MJ. Isso re− presenta um crescimento de mais de 22% do volume elegível. Assim, se− gundo a nova certificação, a unidade eleva o seu fator para a emissão de

CBIOs de 6,943111E−04 para 9,150405E−04 tCO2eq/L), confor− me a nota técnica 47/2022/SBQ−

CGR/SBQ/ANP−RJ. A recertificação permitirá que a Coaf possa emitir mais CBIOs com

base na reclassificação socioam− biental da sua produção de etanol hidratado a partir do cultivo ao transporte da cana dos seus coope− rados utilizada na fabricação na usi− na em Timbaúba. Na safra 2021/22, a unidade fabricou 40 milhões de litros de etanol e, a partir disso, po− de emitir 28 mil CBIOs, os quais 100% deles serão repassados aos seus fornecedores de cana. A Coaf é uma das poucas usinas no Brasil a fazer tal distribuição de CBIOs aos canavieiros, já que o RenovaBio ainda não regulamentou a questão. Na última semana, não à toa, a Federação dos Plantadores de Ca− na do Brasil (Feplana) se reuniu com o presidente Bolsonaro e cin− co ministros, solicitando o apoio junto ao Congresso Nacional para a aprovação de um Projeto de Lei onde estabelece a distribuição pro− porcional de CBIOs também para o produtor de biomassa dos bio− combustíveis brasileiros.


INDUSTRIAL

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Uma aula de planejamento estratégico Julimar Souza tem uma visão estratégica que merece respeito Com passagens bem−sucedidas como alto executivo em empresas co− mo Cofco Intl., BP Biocombustíveis, Lindsay e Yara Fertilizantes, o paulista Julimar Souza tem uma visão estraté− gica que merece respeito. À frente das operações do Grupo Usacucar (Santa Terezinha) no Paraná, como COO desde 2018, Julimar apoiou os acionistas no desenho de um plano estratégico moderno, e aca− bou convidado para liderar o plano de transformação do grupo, denominado de Projeto Transforma. Mesmo em recuperação judicial e, claro, enfrentando as anormalidades de que este tipo de situação proporciona, o Projeto Transforma vem sendo muito bem executado pela empresa, com o apoio das equipes de gestão e dos colaboradores, e os resultados operacionais apareceram. Nos últimos 3 exercícios, o grupo Usacucar saiu de um EBIT negativo para cerca de R$ 400 milhões anuais, gerando mais de R$ 1 bilhão de Lucro

Operacional para a empresa. E esta conquista veio a despeito da queda no volume de moagem, parte mínima de− vido à otimização das operações e mui− to por conta dos anos seguidos de seca no norte do Paraná. E estes resultados

ajudam a quebrar um velho paradigma sobre a importância da escala e volume de moagem como principais fatores no resultado econômico das usinas. Dando sequência à série de webi− nares “ESG NAS USINAS”, o Jor−

nalCana vai realizar no dia 11 de maio, o episódio sobre "O Planejamento Estratégico como Fator de Competi− tividade" e espera compartilhar deta− lhes deste case de transformação e verdadeira aula de estratégia.


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INDUSTRIAL

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Usina Furlan espera romper desafios na safra 2022/23 Através da plataforma S-PAA, a usina otimiza gestão dos seus recursos operacionais Na safra 2021/22, o grupo Furlan, de Avaré (SP), alcançou alto grau de eficiência industrial, expandindo sua capacidade de moagem. Segundo Tia− go Afonso, gerente industrial da com− panhia, a eficiência industrial propor− cionou resultados expressivos. “Fize− mos um trabalho forte em disponibi− lidade industrial, eliminando grandes problemas identificados nas safras an− teriores e com ferramentas de gestão conseguimos eliminar a causa raiz de mais de 80% das paradas de moenda”. Para este ano safra, segundo Afon− so, com maior quantidade de cana, o desafio será ainda maior, porém a re− ceita continua a mesma, ou seja, in− vestir em tecnologia. “O grande dife− rencial esse ano, é integrar todas as áreas e melhorar nossa planta. Com o S−PAA teremos o controle em tem−

po real de todas as malhas e vamos conseguir aumentar significativamen− te nossa geração de energia, rendi− mentos, controles, estabilidade de processo e otimizar nossos equipa−

mentos de forma ímpar como nunca feito antes”, afirmou Afonso. Com mais de 100 anos no merca− do sucroenergético, a Usina Furlan conta com uma planta com capacidade

para moer 2 milhões de toneladas de cana/safra, uma produção de 600 mil litros de etanol hidratado por dia, 20 mil sacas por dia de açúcar VP, e geração de 45.000 kwh de energia por safra.

Os campeões de produtividade e eficiência Usina Uberaba foi campeã brasileira de Produtividade Agrícola na Safra 21/22

Marcus Paulo Pereira Lima e Vicente Tadeu Machado da Usina Uberaba e Josias Messias da ProCana Brasil

Uma honra ser recebido na Usina Uberaba por esses cam− peões de produtividade e efi− ciência, Marcus Paulo Pereira Lima e Vicente Tadeu Machado, respectivamente gerentes agrí− cola e industrial da unidade. Apesar de contar com am− bientes C em 66% de sua área, graças à competência de sua equipe que consegue fazer o “arroz com feijão” bem−feito, a Usina Uberaba sagrou−se re− centemente como Usina Cam− peã Brasileira de Produtividade Agrícola na Safra 21/22, pro− duzindo 15,6 TAH. Já na indústria, apesar de só fabricar etanol, sem produzir açúcar ou exportar energia, a Uberaba é benchmarking em eficiência industrial.


USINAS

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Usina Santo Ângelo implanta nova UTE com 0 MW E amplia acionamento elétrico em mais 2 ternos da moenda O Road Show Usina 4.0, que promove a Transformação Digital e tecnologias 4.0 nas usinas, passou pelo Usina Santo Ângelo, se− diada na cidade de Pirajuba, em Minas Ge− rais. O gerente industrial da usina, José Apa− recido Sanches, recebeu o CEO da Pró− Usinas, Josias Messias e apresentou a nova UTE da Santo Angelo, que começa a ope− rar nesta safra. A nova UTE contempla um turbogera− dor de 40MW, com uma turbina a vapor de contrapressão e, somada às 2 UTEs existen− tes, totaliza uma capacidade instalada de ge− ração de 86MW na Santo Ângelo. “Esse projeto inclui a instalação de acio− namento elétrico em mais 2 ternos da moenda, ficando agora com todos os acio− namentos da moenda e desfibrador eletrifi− cados. Isso faz parte do plano de melhoria da eficiência energética e aumento da nossa ca− pacidade de exportação de energia”, expli− ca Sanches.

São Domingos prevê uma boa produção na safra 22/23 E mostra que usinas independentes também podem estar na vanguarda tecnológica Reconhecida pelo turnaround eco− nômico e produtivo obtido nas últimas safras, a Usina São Domingos, localiza− da em Catanduva (SP), também vem se destacando pela inovação e Transforma− ção Digital em seus processos. Comemorando seus 70 anos, a São Domingos prevê uma boa produção para a safra que se inicia em 20 de Abril, estimando uma moagem de 2,5 milhões toneladas de cana, 165 mil toneladas de açúcar e 112 mil M3 de etanol total. “A Safra 22/23 é uma sa− fra de recuperação na qual iniciamos a pavimentação de nosso plano para atingir a moagem de 3 milhões de to− neladas nos próximos anos”, informa Walter Di Mastrogirolamo, diretor in− dustrial da Usina.

Os diretores da São Domingos, André Sanches, diretor executivo, Vicente Sanchez Neto, diretor executivo, Fred Polizello, diretor agrícola, Igor Calefi, diretor administrativo e financeiro, e Walter Di Mastrogirolamo, receberam o CEO da Pró-Usinas, Josias Messias, responsável pelo Road Show Usina 4.0, que promove a Transformação Digital e tecnologias 4.0 nas usinas

Os diretores da São Domingos, André Sanches, diretor executivo,Vi− cente Sanchez Neto, diretor executi− vo, Fred Polizello, diretor agrícola, Igor Calefi, diretor administrativo e financeiro, e Walter Di Mastrogirola− mo, receberam o CEO da Pró−Usi− nas, Josias Messias, responsável pelo

Road Show Usina 4.0, que promove a Transformação Digital e tecnologias 4.0 nas usinas. “Ao incubar o desenvolvimento de tecnologias inteligentes e integradas, como a AxiAgro – plataforma de oti− mização das operações agrícolas a par− tir de telemetria e monitoramento em

tempo real com Inteligência Artificial, a São Domingos demonstrou que, com estratégias simples e equipes compe− tentes, as unidades independentes também podem estar na vanguarda tecnológica e usufruir dos amplos be− nefícios proporcionados pela Transfor− mação Digital”, afirma Messias.


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USINAS

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Usinas Batatais e Cevasa devem moer 5, milhões de ton de cana na safra 2022/23 Esta será a primeira safra completa com as duas usinas integradas Com boas expectativas para a sa− fra 2022/23, a Usina Batatais deu iní− cio à atual temporada nesta segunda− feira (4) e a Cevasa iniciará o seu ci− clo no próximo dia 11. A previsão de moagem para a Usina Batatais é de 3.500.000 milhões de toneladas de cana−de−açúcar e 2.100.000 milhões para a Usina Ce− vasa, totalizando 5.600.000 milhões de toneladas. O número representa uma estabi− lidade em relação à moagem da safra passada, que fechou em 5.609.429 ton de cana moída, 8.409.532 sacos de açúcar, 203.737.368 litros de etanol produzidos e 108.786 MWh de ener− gia vendida. A estimativa inicial para 2022/23 é que sejam produzidos, nas duas usi− nas, 8.620.000 sacos de açúcar de 50 kg e 188.430.000 litros de etanol. A Usina Cevasa planeja comercializar

127.000 MWh de energia e o térmi− no da safra está previsto para meados de novembro. A Usina Batatais adquiriu a Usina Cevasa e assumiu sua gestão, a partir de julho de 2021, e esta será a primeira safra

completa com as duas usinas integradas. A companhia conta hoje com mais de 3.300 colaboradores entre próprios e terceiros, mantendo−se como uma das maiores empregadoras da região de Batatais e Patrocínio

Paulista, no interior de São Paulo. “Responsabilidade Socioambien− tal e Segurança no Trabalho são valo− res que integram a cultura e permeiam a conduta das Usinas Batatais e Ceva− sa”, conclui a empresa.

Usina Lins deve moer 3, milhões de toneladas de cana na safra 2022/23 Expectativa é de aumento de 11% em relação à safra anterior A Usina Lins prevê uma moagem de 3,8 milhões de toneladas na safra

2022/23, o que representa um aumen− to de 11% em relação à temporada pas− sada, quando produziu R$ 3,2 milhões. A atual safra deve apresentar a re− cuperação da produtividade agrícola, que foi fortemente castigada pelas con− dições climáticas na safra 2021/22 com ocorrências de incêndios, geadas e seca.

Nesta safra, a empresa estima pro− duzir 5.460.513 sacos de açúcar e 136.055 litros de etanol, representan− do um mix de 55% para açúcar e 45% para etanol. Em dezembro de 2021, foi inaugurada a Fábrica de Leveduras com capacidade de produção de 30 toneladas/dia, que passou a compor o

portfólio de produtos da empresa. A atual temporada celebra tam− bém os 15 anos de operação da usi− na, completados no dia 10 de mar− ço, uma trajetória marcada por grandes investimentos buscando sempre o equilíbrio econômico, so− cial e ambiental.


USINAS

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Usina Pindorama quebra recorde de toneladas de cana moída bater mais um recorde na próxima moagem, que tem previsão de ser ini− ciada em meados de agosto deste ano.

Pelo segundo ano consecutivo a usina supera a marca de 1 milhão de toneladas de cana processadas Usina Pindorama, em Coruripe − AL, encerra a safra 2021/22 com um novo recorde de moagem. Pelo se− gundo ano consecutivo a usina supe− ra a marca de 1 milhão de toneladas no processamento de cana, chegando ao número de 1.052.071,730. Além do recorde de toneladas de cana moída, a quantidade de álcool e de açúcar pro− duzidos também foi superada. 51.145.848 litros de álcool foram fa− bricados, enquanto o açúcar somou 1.051.757 sacas de 50kg totalizando 52.587.850 de quilos. O presidente da Cooperativa Pin− dorama, Klécio Santos, comemorou o resultado da moagem pelo prisma da dedicação de cada membro envolvido na cadeia produtiva. A utilização de

Venda direta de etanol

produtos biológicos, vinhaça localizada, avanços no sistema de irrigação e con− sultoria técnica foram vitais para o au− mento da produção e da qualidade da cana−de−açúcar cultivada em terras dos associados de Pindorama, de acordo com Danilo Wanderley, gerente agrícola da Cooperativa.A usina também inves− tiu na utilização de drones, ampliando a área de abrangência na aplicação de adubos foliares e maturadores, além do combate de pragas e doenças. A safra 2021/2022 da Usina Pin− dorama foi iniciada no dia 21 de

agosto do ano passado, e encerrada na última terça−feira, dia 29 de março, com uma duração de 8 meses e um dia. Em reconhecimento aos esforços empreendidos durante a safra, a Coo− perativa Pindorama premiou vários trabalhadores do campo através da realização de sorteio de 70 televisores de led de 32" e um fogão, além do bi− ngo de uma moto 0km. Com o início do período de en− tressafra, as instalações da usina passa− rão por reparos, com o objetivo de dar sequência à evolução na produção e

A Cooperativa Pindorama iniciou a comercialização direta do etanol pro− duzido por sua usina a postos de com− bustíveis, sem a necessidade do inter− médio de distribuidoras. O primeiro a receber o produto foi o Posto Pindo− rama, que fica localizado à margem da Rodovia AL−105, ponto de intersec− ção entre os municípios de Coruripe e Penedo, e via que liga várias outras ci− dades e regiões do estado de Alagoas. De acordo com Márcio Anacle− to, gerente do Posto Pindorama, a venda direta do etanol permitiu re− duzir o preço do combustível em quase 6% em relação ao valor prati− cado anteriormente. O etanol saia da Usina Pindorama, passava por distri− buidora e retornava ao posto da pró− pria cooperativa, quando era vendi− do ao preço de R$ 5,00 o litro. Com a venda direta, o litro do álcool está custando R$ 4,70.

Usina Açucareria Guaíra adota sistema de aplicação direcionada de vinhaça Companhia investe em fábrica de enriquecimento da mesma A Usina Açucareira Guaíra, com− prometida com a melhoria contínua e com o uso de práticas sustentáveis, adota sistema de aplicação de vinhaça direcionada e investe na construção de uma fábrica automatizada para dilui− ção de fertilizantes e enriquecimento da vinhaça, com capacidade de pro− dução de composto organomineral para adubação de cobertura de apro− ximadamente 35.000,00 ha. A fábrica na entressafra será res− ponsável pela produção de fertilizan− te foliar para o canavial e cultivo da soja, semeada nas áreas de reforma. A vinhaça, considerada o principal resíduo orgânico da produção de eta− nol, possui altos teores de potássio, além de outros minerais e compo− nentes orgânicos. Este resíduo enri− quecido vai potencializar o desenvol−

vimento do canavial, fazendo desse subproduto, um fertilizante diferen− ciado para uma adubação mais com− pleta e com maior aproveitamento. O método de aplicação da vinha− ça localizada acontece na linha da ca− na e na quantidade certa, não ultra− passando 30 m³ por hectare. Este mé−

todo proporciona uma maior homo− geneidade da aplicação, garantindo que os nutrientes sejam igualmente distribuídos por todo canavial. Alguns estudos relatam ganhos de 3 a 5 toneladas/ha em determinadas circunstâncias e características dos ambientes de produção, apenas pelo

fato desta operação existir. Outro fa− tor positivo é a possibilidade de ex− pandir a área fertirrigada e aumentar a distância econômica, podendo assim atingir canaviais mais distantes, que antes não eram contemplados com a aplicação de vinhaça. Além dos benefícios agronômicos e maior economia no uso de insumos e na operação, este sistema consiste na adoção de tecnologias menos agressi− vas ao meio ambiente, mais eficientes no processo produtivo e possibilitará que a usina leve estes nutrientes a to− da a sua lavoura com segurança e efi− cácia na aplicação, eliminando riscos ambientais de erosão, imprecisão na dosagem e carreamento acidental de material orgânico aos corpos de água. A usina segue rigorosamente os critérios previsto em legislação para aplicação de vinhaça no solo. O planejamento para início de funcionamento da instalação e alte− ração do modo de aplicação de vi− nhaça de aspersão para aplicação lo− calizada é segunda quinzena de maio do ano corrente.


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AGRÍCOLA

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Tecnologia viabiliza aplicação de Meiosi para reduzir custos na plantação Impulsionada pela tecnologia, a técnica criada há 38 anos pelo engenheiro agrônomo José Emílio Teles de Barcelos, volta a integrar o cenário canavieiro

Pesquisa realizada em 2021 pelo Instituto Agronômico (IAC), com 77 empresas, totalizando mais de 340 mil hectares em áreas de renovação em todo o Brasil (1 de Alagoas, 1 da Ba− hia, 8 de Goiás, 2 do Mato Grosso, 4 do Mato Grosso do Sul, 11 de Minas Gerais, 15 do Paraná, 3 de Pernambu− co, 31 de São Paulo e 1 de Tocantins), aponta que 77% dos produtores pes− quisados disseram que utilizaram Meiosi (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente) repre− sentando 26% das áreas de renovação em 2021. Segundo a pesquisa, 53% das áreas de utilizaram MPB (Mudas Pré− Brotadas), para garantir maior sanida− de e eficiência de multiplicação. Segundo os pesquisadores, na

maioria dos casos, essas áreas vão ge− rar plantios sem falhas e com boa bro− tação que por sua vez irão produzir canaviais mais vigorosos e sadios. Além disso, a Meiosi permite o plantio de uma cultura intercalar de ciclo mais curto, agregando receita aos produto− res na mesma área e servindo ainda, em muitos casos, como adubo verde, o que propicia ganhos de produtividade nos próximos anos. Criado em 1983/1984, época em que a internet não havia chegado ao Brasil, não havendo ferramentas como o GPS, o Método Intercalar−rotacio− nal Ocorrendo Simultaneamente (Meiose), encontrou dificuldades em se propagar pelo país. Como o sistema

depende da precisão na marcação das 2 linhas de cana e, posteriormente, dos sulcos nos espaços usados para a rota− ção de cultura, a falta dessas tecnolo− gias, dificultavam sua implantação. Nos anos 90/2000 as tecnologias de posicionamento nas máquinas, ain− da não eram acessíveis a todos. Mas recentemente, essas barreiras tecnoló− gicas, vem sendo rompidas e a meio− se vai ganhando espaço e se firmando como grande aliada dos produtores trazendo vários benefícios, além da redução dos custos no plantio. Outro ponto importante foi a popularização dos MPBs (Mudas pré−brotadas) que faz com que seja possível levar para novas áreas material de qualidade sem a necessidade de tratamento dos col− mos para montagem de viveiros.

Como tudo começou Para o professor e engenheiro Agrônomo, José Emílio Teles de Bar− celos, desde quando foi criado em 1983, a Meiosi já trazia importantes apelos em seu favor: rotação de cultu− ras, produção de mudas sadias, econo− mia no transporte de mudas, econo− mia com a produção de alimentos, economia na instalação da lavoura. “Na época ela também passaria a mensagem de minimizar as ‘cobranças’ da sociedade sobre os impactos da ‘monocultura’ canavieira, introduzin−

do a produção de alimentos nessas áreas. Tendo ainda apelo ambiental com a cobertura verde e redução da compactação do solo pelas legumino− sas (soja, amendoim e crotalaria). De acordo com o professor Bar− celos, no ano de 1983, a Estação Ex− perimental de Cana−de−Açúcar do IAA−PLANALSUCAR no Triângu− lo Mineiro, onde atualmente está lo− calizada a Fazenda Água Limpa, da Universidade Federal de Uberlândia, foi a primeira área onde o sistema de Meiosi foi instalado. “Na ocasião, as sementes de soja, a plantadeira e o operador foram cedidos pelo Grupo Algar de Uberlândia, em troca pela colheita dos grãos na área plantada", recorda Barcelos. O trabalho ganhou uma publi− cação na edição de março de 1984, da Revista Saccharum (Revista Tec− nológica da indústria açucareira al− cooleira). No período de 1984 a 1990 o professor Barcelos realizou o Mestra− do na UNESP−Jaboticabal−SP, tendo como Orientador o professor Dr. Ail− to A. Casagrande. Nesse período, no segundo semestre de 1984, a meiosi, como projeto de pesquisa do Mestra− do, foi instalada na Fazenda Santa Isa− bel, no município de Guaíba − SP, de propriedade de Roberto Rodrigues, ex−ministro da Agricultura. Na oca−


AGRÍCOLA

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Crescimento e tecnologia: lado a lado no agronegócio brasileiro Por Ricardo Almeida, CEO no Brasil e Mercosul da Netafim

sião foram estudados tratamentos com cana/soja; cana/amendoim e cana/pousio. No ano de 1990, o professor Barcelos fez a defesa do te− ma em sua Dissertação de Mestrado. De acordo com Barcelos, no princípio não houve muita aplicação prática, com o projeto ficando basi− camente restrito aos anais do trabalho escrito. “Tivemos uma primeira di− vulgação na Revista Saccharum, em 1984 e posteriormente o experimen− to de mestrado foi desenvolvido na Fazenda Santa Isabel (do Dr. R. Ro− drigues) e o complemento do plantio da área com Meiosi pelos administra− dores (José Ap. Coelho e José Bício); Eles continuaram plantando−a nos anos seguintes. Até que a Globo Ru− ral ‘descobriu’ e fez uma reportagem em rede nacional”, conta. “Em seguida levamos a ideia da Meiosi à Usina São Martinho. O engenheiro Agrônomo Júlio Cam− panhão se encarregou de instalá− la e divulgá−la por meio de “dia de campo” e outros eventos. Na Usi− na Colorado plantaram cerca de 2.500 ha com Meiosi em 1993−94 sob orientação do técnico José Mauro G. Ferreira (que havia acompanhado junto conosco a primeira instalação da Meiosi em Uberlândia em 1983−84 pelo IAA−Planalsucar)”, explicou. O sistema também foi imple− mentado pela Cooperativa de Assis − SP, Usina São José da Estiva − SP, e muitos outros (produtores, empresas, cooperativas, usinas, IAC, entre ou− tros). Em 1996, a Meiosi foi apre−

sentada em um Congresso Interna− cional em Miami – EUA. O professor Barcelos elencou al− gumas considerações sobre o sistema: “A Meiosi (com leguminosas e outras culturas) nas áreas de reforma dos canaviais, permite um ganho considerável na produção de ali− mentos dentro da própria área cana− vieira; se presta para a multiplicação de mudas de cana no próprio local de plantio, ao mesmo tempo em que contribui para se obter aumentos na produção de alimentos nas áreas ca− navieiras; promove uma economia muito grande no transporte de mu− das de cana para o plantio; promove uma redução nos custos de instala− ção de uma lavoura de cana, da or− dem de 30−35%, em relação ao plantio convencional; facilita a rea− lização do ‘ROGUING’ para elimi− nar possíveis doenças e/ou misturas varietais nas Linhas Duplas de cana garantindo melhor fitossanidade pa− ra todo o canavial. As linhas duplas de cana da Meiosi exercem um controle de erosão para a cultura em rotação entre elas”, destacou Barce− los, que vê com muita satisfação o atual processo de expansão da téc− nica por ele criada há 38 anos. “Considero que a meiosi, em 83/84, foi um ‘chute' muito bem− intencionado, que graças a Deus e à participação de muitos em ‘lapidá− la’, vem proporcionando excelentes resultados; o que nos deixa muito feliz”, finaliza o professor José Emí− lio Teles de Barcelos.

Para mitigar impactos climáticos, atender a pauta de sustentabilidade e garantir que haja lucro no final da co− lheita, agricultores buscam incessan− temente produzir mais utilizando me− nos recursos. Quando se fala em irri− gação, a Netafim é a líder e pioneira e, há mais de 50 anos, oferece um com− pleto portfólio de produtos e soluções inovadoras de irrigação por goteja− mento que contribuem com o uso eficiente da água. Um dos meios para que o agri− cultor conheça novidades do merca− do são as feiras que, após o impacto da pandemia, voltam a acontecer presen− cialmente. De 25 a 29 de abril, em Ribeirão Preto, a Netafim estará pre− sente na principal feira da América Latina, a Agrishow. O evento está em sua 27ª edição e há mais de 20 anos a Netafim participa com suas novidades. Este ano iniciativas em Grãos, Cana, Café,Varejo e Serviços estarão em ex− posição no estande da empresa. Quando se fala em Cana−de− açúcar, por exemplo, usinas e forne− cedores já contabilizam resultados po− sitivos em relação à longevidade, que se refere ao número de cortes possí− veis a serem realizados durante o ciclo da cana. Esse resultado é determinan− te na relação Produtividade x Retor−

no e é altamente dependente do ma− nejo realizado na cultura e das condi− ções climáticas ocorridas durante os ciclos produtivos. Com o gotejamento e a fertirri− gação, os fatores que reduzem a lon− gevidade dos canaviais, como tráfego intenso de máquinas com compacta− ção do solo, preparo e adubação ina− dequada e déficit hídrico, por exem− plo, são neutralizados, garantindo tranquilidade e retorno ao produtor. Na feira, a Netafim também anuncia um lançamento inédito: o Netafim Services, um novo modelo de negócio de ponta a ponta que garan− te soluções para quem já é irrigante e para quem quer ser. São diversas modalidades de servi− ços para garantir o máximo aproveita− mento dos projetos. A proposta é ofe− recer ao agricultor um sistema com− pleto de irrigação, através de uma mensalidade ou anuidade, similar aos serviços por assinatura. Logo, não há a necessidade de adquirir um sistema, sendo possível transformar o Capex em Opex, além de simplificar as operações. Em 2021, o Brasil registrou o maior crescimento da história e aumentou aproximadamente 350 mil hectares em áreas irrigadas. Ainda há potencial para irrigar 400 a 500 mil hectares novos por ano. E 2022 apresenta ao produtor oportunidades de aumentar sustenta− bilidade de produções com baixo con− sumo de água e energia, aliado às altas produtividades, desde que com as fer− ramentas corretas.


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AGRÍCOLA

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Raízen amplia utilização de resíduos orgânicos nos canaviais produtividade para a companhia”, esclarece Lopes.

Medida contribui para redução do uso de fertilizantes e emissões de GEE A Raízen está intensificando o uso de vinhaça e torta de filtro em suas la− vouras a fim de reaproveitar a maior quantidade possível de seus resíduos nos canaviais. Desta maneira, a com− panhia vislumbra ser possível alcançar mais produtividade e economia, tor− nando−se menos dependente da apli− cação de fertilizantes. “A Raízen entende que a melhor utilização dos resíduos garante mais eficiência aos processos. A inovação e a sustentabilidade são valores com os quais fomentamos cada vez mais o conceito de economia circular, que prevê a reutilização, recuperação e re− ciclagem daqueles resíduos que são inevitáveis em nosso processo produ− tivo. É por isso que ano a ano estamos ampliando o uso da vinhaça e da torta de filtro no manejo dos nossos cana− viais. Na última safra já utilizamos este subproduto em 60% da nossa área cul− tivável. Na próxima, nossa meta é fazer a aplicação em cerca de 80% das nos− sas lavouras e, na outra, devemos nos

Na prática, como funciona?

aproximar dos 100%”, explica Ricardo Lopes, diretor agrícola da Raízen. A empresa também estruturou um sistema que permite a utilização da torta de filtro compostada, enriqueci− da com minerais e microorganismos em boa parte de seus 550 mil hectares de canaviais. Com esse adubo organo− mineral, a companhia substitui a apli− cação de fertilizantes de origem mi− neral e fóssil, assim, adota um manejo mais sustentável: na prática, com a aplicação da vinhaça e da torta de fil− tro em 80% das áreas cultiváveis a par−

tir da próxima safra, a empresa utili− zará cerca de 20% a menos de fertili− zantes em sua operação agrícola, o que permite uma redução de aproximada− mente 3% na pegada de carbono. “O uso deste tipo de ferramen− ta tem nos proporcionado um ma− nejo mais efetivo dos canaviais, com interferências químicas em menores proporções, e ainda assim, com mais eficiência. A gente vem trabalhando desta forma continuamente, e se− guimos fazendo evoluções a cada safra, gerando mais economia e

O ponto de partida é a nossa ma− téria−prima, a cana−de−açúcar, da qual produzimos açúcar, etanol e bio− eletricidade. Apostamos nela por ser uma das fontes mais eficientes de conversão de energia solar em bio− massa acessível. Seus subprodutos, como o bagaço, vinhaça, cinzas e torta de filtro, são reinseridos no sistema produtivo — extraindo o máximo possível do valor de nossa matéria−prima por meio de novos produtos ou nutrição do campo. A inovação é essencial no modelo de economia circular e está presente inclusive nos processos de plantio. Aplicamos no campo, como fertili− zantes naturais, a vinhaça, resíduo do processo de destilação do caldo da ca− na; a torta de filtro, proveniente da fil− tração desse caldo; e a cinza, resultan− te da queima do bagaço. Ao serem reaproveitados, esses in− sumos reduzem o uso de fertilizantes sintéticos e voltam para a terra, fe− chando um círculo nutritivo. Na safra 2020/21, o uso da vinhaça represen− tou uma redução de 35 a 40 mil to− neladas de fertilizante pela Raízen em suas áreas cultivadas.

Usina Nardini inicia o uso de pré-maturador Operação ajuda na redução do amido e maturação do canavial O aumento de amido no caldo pode estar associado às elevadas quan− tidades de impurezas vegetais (folhas, palmito e bainhas) que são processa− das juntamente com o colmo da ca− na−de−açúcar. Atualmente, essas im− purezas são ainda maiores com a proi− bição da queima e o avanço da co− lheita mecanizada da cana. Com os altos índices pluviomé− tricos (medição do volume de chuva em uma determinada área) e conside− rando as estimativas de um período de pré−safra chuvoso, tende−se a um au− mento nos teores de amido. Uma solução para amenizar esse provável problema, é a utilização de fertilizante nutricional com a presen− ça de fósforo na composição, como

alguns pré−maturadores. Nesse caso, a operação atende às duas finalidades, a redução de amido e maturação do canavial. “Com o atual cenário de aumen− to de custos, devemos buscar novas tecnologias que auxiliem no ganho de

produtividade e, consequentemente, minimizem os impactos ocasionais pelos custos elevados”, comenta o su− pervisor de Operações Agrícolas da Nardini, André Luiz Marques Parra. O supervisor salienta que, com a aplicação dos pré−maturadores no

canavial, a usina busca também me− lhorar a qualidade da matéria−prima produzida, reduzindo o teor de amido e aumentando a produção de TAH (Toneladas de Açúcar por Hectare), gerando assim um maior retorno eco− nômico para a empresa.


GESTÃO

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Siamig lança instituto de preservação ambiental e combate a incêndio Ímpar foi lançado durante o II workshop de meio ambiente e sustentabilidade O lançamento do Instituto Mi− neiro de Preservação Ambiental Ru− ral (Ímpar), que se dedica à temática ambiental no setor, foi um dos desta− ques do segundo dia do II Workshop de Meio Ambiente e Sustentabilida− de do Setor Sucroenergético de Mi− nas Gerais – Desenvolvendo um Fu− turo Sustentável, promovido pela Sia− mig (Associação das Indústrias Su− croenergéticas de Minas Gerais) em parceria com a Gaia Consultoria Ambiental, em Belo Horizonte, nos dias 30 e 31 de março. Durante os dois dias de evento, mais de 80 pessoas das empresas liga− das a cadeia produtiva do setor su− croenergético mineiro debateram so− bre assuntos estratégicos da área am− biental, como licenciamentos am− biental e agrícola, ESG, relatório de sustentabilidade, incêndios rurais, aná−

lise de CAR/PRA, soluções de con− flitos ambientais, estudo sobre a evo− lução do uso e ocupação do solo em Uberaba/MG, entre outros. Segundo o presidente da SIA− MIG e do Conselho Empresarial de Meio Ambiente do Sistema FIEMG, Mário Campos, o primeiro foco do Impar será um trabalho muito for− te na prevenção e combate aos in− cêndios, principalmente, no perío− do mais seco.

Licenciamento ambiental

A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus− tentável (Semad), Marília Carvalho de Melo, foi uma das palestrantes do workshop, no painel Avanços na Le− gislação Ambiental em Minas Gerais. Ela discorreu, especialmente, sobre o contexto do aprimoramento do li− cenciamento ambiental, da moder− nização de ferramentas de desburo− cratização do licenciamento am−

biental e de ações estratégicas pre− vistas por sua pasta. “Agora, vamos agilizar grandes projetos de licenciamento ambiental que estão no estado há 8, 10, 12 anos, à espera de avaliação”, afirmou. A se− cretária evidenciou ainda o trabalho conjunto que a Semad vem desenvol− vendo com a FIEMG, de revisão de normas, com vistas a racionalizar a análise dos projetos de licenciamento ambiental em Minas.


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GESTÃO

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Usina Jacarezinho investe cerca de R$ 15 mi em produtores de cana-de-açúcar locais Pequenos e médios agricultores do norte do Paraná e sul de São Paulo recebem suporte do departamento de Produtores Integrados de Cana (PIC) Desde a criação do departamento de Produtores Integrados de Cana (PIC), em 2016, a Usina Jacarezinho, empresa do Grupo Maringá, que pro− duz açúcar e etanol, e provém bio− massa para a produção de energia, já investiu cerca de R$ 15 milhões para o desenvolvimento de pequenos e médios produtores de cana−de− açúcar na região do norte do Paraná e sul de São Paulo. Criado exclusivamente para aten− der às demandas dos produtores locais, em apoio à usina, o PIC oferece todo o suporte técnico a cerca de 300 agri− cultores de 18 municípios, desde a sis− tematização da área, o planejamento varietal, preparo de solo, plantio da cana−de−açúcar, tratos culturais, re− comendação de insumos, levanta− mento de pragas e doenças até o pla− nejamento da colheita no momento ideal do ciclo da cultura. A Usina Jacarezinho também tem uma parceria com as cooperativas da região, entrando como avalista na aquisição de insumos. Com isso, o produtor consegue produtos com me− lhores condições e quitação do em−

préstimo somente na colheita da cana. Assim, os produtores têm capital para investir em melhorias de infraes− trutura do canavial com contratos de longo prazo e juros mais baixos do que os do mercado, o que garante es− tabilidade financeira. Já a usina ganha a fidelização de produtores e a produtividade e qualidade da cana−de−açúcar. Isso movimenta a economia local, o que se reverte em mais qualidade de vi−

da da comunidade. “Somos comprometidos com nossas comunidades e acreditamos no potencial de nossos parceiros”, diz o diretor de Operações da Usina Jaca− rezinho, Condurme Aizzo. Graças ao atendimento dessa equipe, somado aos trabalhos dos pró− prios produtores, em 2021, o PIC en− tregou mais de 1,5 milhão de tonela− das de cana, cultivada em 17.149 hec− tares, o que significa média de 87,47

toneladas por hectare. Além disso, a média de açúcar por tonelada de cana foi de 136 quilos, considerado bom para região. “O departamento de Produtores Integrados de Cana é um diferencial da Usina Jacarezinho. Desde a criação do PIC, já ampliamos em 11,14% o volume de Açúcar Total Recuperado [ATR] e em 2,62% a taxa de Tonela− da de Cana por Hectare [TCH]“, co− memora Condurme Aizzo.


GESTÃO

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Atvos qualifica colaboradores de Goiás em operação de processos Capacitação técnica foi feita em parceria com o SENAI A Atvos promoveu uma capacita− ção em operação de processos para 85 integrantes das unidades Morro Ver− melho e Água Emendada, localizadas nas cidades goianas de Mineiros e Pe− rolândia, respectivamente. Os treina− mentos aconteceram em parceria com a unidade local do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), por meio do programa Bolsa Qualifi− cação – Fundo de Amparo ao Traba− lhador (FAT). Com uma grade curricular estru− turada pela empresa, contabilizando uma média de 230 horas de aulas teó− ricas e práticas, o curso teve como objetivo o aperfeiçoamento de habi− lidade profissionais e de competências técnicas, comportamentais e de segu− rança. Treinamentos de CTT (Corte, Transbordamento e Transporte) e de manutenção agrícola com foco em

caminhões de comboio foram minis− trados pela equipe de multiplicadores das duas plantas agroindustriais. “O objetivo da Atvos com essas ações é levar para o campo profissio− nais ainda mais qualificados na opera− ção, por meio do desenvolvimento de uma visão mais integrada de produti− vidade e qualidade, associada a uma prática que tenha como premissa a se− gurança do trabalho, a proteção do meio ambiente e o atingimento de

metas”, afirma Leonardo Fadigas, ge− rente de Pessoas & Organização do Polo Goiás da Atvos. Michele Souza, que trabalhava como confeiteira em Mineiros e há quatro anos atua como operadora de trator pleno da Unidade Morro Ver− melho, foi incentivada pelo seu líder a fazer a qualificação. “Consegui apro− veitar bem os aprendizados do curso antes do começo da safra. Os conhe− cimentos transmitidos me proporcio−

naram novas perspectivas e mais segu− rança sobre o que quero para a minha carreira. Hoje almejo o cargo de ope− radora sênior, que lida com a colhe− dora, uma máquina mais complexa e que exige uma atenção ainda maior de quem opera”, projeta a profissional. Estimular que os participantes re− forcem seu foco em seus planos de carreira, possibilitando crescimento profissional e, consequentemente, um incremento de renda, é, também, o propósito da empresa ao investir em qualificações internas. Todas as ações de capacitação desen− volvidas pela empresa integram o MO− VA – ModeloVivo de Aprendizagem da Atvos –, que embasou os treinamentos de forma pedagógica e didática. “Para nós, a conclusão dessa ini− ciativa é de extrema importância e re− força o compromisso da empresa de incentivar que nossos colaboradores progridam pessoal e profissionalmen− te, contribuindo, assim, de forma in− direta para o desenvolvimento socioe− conômico da comunidade em que es− tão inseridos”, finaliza Fadigas.

Clealco investe na qualificação profissional de seus colaboradores Formatura do maior programa de treinamento da empresa contou com a presença do governador Rodrigo Garcia O Programa Clealco Qualifica − Lay Off formou no dia 11 de abril, mais de mil pessoas em cursos de en− tressafra. A iniciativa é realizada em modelo de parceria público privado com o Governo de São Paulo há mais de 11 anos, garantindo a manutenção de postos de trabalho durante a en− tressafra canavieira e proporcionando desenvolvimento e qualificação pro− fissional neste período. Desde 2010, mais de seis mil empregos foram mantidos. A solenidade contou com a par− ticipação de algumas autoridades de estado, entre elas, Rodrigo Garcia, atual governador de São Paulo; Viní− cius Camarinha, deputado Estadual e

Líder da Assembleia Legislativa de São Paulo; Profª Laura Laganá, diretora Superintendente do Centro Paula Souza e Marina Bragante, secretária de Desenvolvimento Econômico. Tam− bém marcaram presença prefeitos da região, incluindo o anfitrião Rodrigo da Silva, de Queiroz, município onde a formatura foi realizada. Nesta entressafra a Clealco atingiu um marco histórico, realizando sua maior programação de treinamentos com aproximadamente 2 mil colabo− radores participando de cursos de

qualificação profissional, executados pelo Centro Paula Souza, como cursos de Operador de Máquinas Agrícolas, Assistente de Operação em Processos de Açúcar e Etanol, Auxiliar de Logís− tica e Almoxarife e Estoquista. Durante a visita do governador, a Clealco também negociou a liberação de uma classe descentralizada do cur− so técnico em Agronegócio na região, visando ampliar as oportunidades e a empregabilidade. “Em nome da Clealco, agradeço ao Governador Rodrigo Garcia, o pri−

meiro Governador que participou de uma solenidade do Programa Clealco Qualifica desde sua implementação, há mais de onze anos. E agradeço em es− pecial a parceria do deputado Estadual e Líder da Assembleia Legislativa de São Paulo,Vinícius Camarinha, que possi− bilitou a viabilização de mais de 700 vagas para treinamentos aos nossos co− laboradores, mantendo assim os postos de trabalho e a renda para estas famílias durante o período de entressafra”, dis− se Carlos Furlaneti,VP de Pessoas e Ju− rídico da companhia. “Para que tudo isso seja realidade, as ações conjuntas dos setores público e privado são fundamentais, por isso temos buscado cada vez mais parcei− ros que estejam alinhados ao mesmo propósito que o nosso: transformar vidas através da qualificação profissio− nal colocando em primeiro lugar a Segurança, que é o nosso maior valor. Esta será uma Safra histórica para a Clealco”, concluiu Furlaneti. Ao todo, foram mais de 300 horas de treinamento por pessoa nesta edição do Programa, que durou cinco meses.


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CERTIFICAÇÕES

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Cocal conquista certificação Bonsucro voltada para o açúcar e etanol Área industrial da empresa em Narandiba recebeu o certificado A Cocal acaba de entrar para o grupo global de empresas com cer− tificação Bonsucro, padrão que ava− lia os impactos da produção de ca− na−de−açúcar, açúcar, etanol e energia na biodiversidade, no ecos− sistema e nos direitos humanos, além do cumprimento às exigências legais e a melhoria contínua nos processos de produção. De acordo com a empresa, a con− quista representa os investimentos nos últimos anos da empresa na imple− mentação da cultura ESG dentro da sua produção e comercialização do açúcar e do etanol, além da crescente busca por fontes limpas e renováveis para descarbonização da matriz ener− gética brasileira. “Decidimos buscar a certificação Bonsucro para mostrar ao mercado que estamos cientes da sustentabilida−

de dos nossos processos produtivos. O selo Bonsucro nos permite ser reco− nhecidos mundialmente como uma empresa que adota boas práticas pro− dutivas e socialmente engajadas”, afir− ma o diretor superintendente da Co− cal, Paulo Zanetti.

A certificação Bonsucro foi audi− tada pela empresa Control Union com resultado divulgado na última semana de março, possui 3 anos de validade e ocorrerão auditorias anuais para ma− nutenção do certificado. A outra área industrial da empresa, em Paraguaçu

Paulista, também participa do proces− so de certificação. “Com quatro décadas de ativida− des, a Cocal continuará seus planos investindo em inovação, com foco no meio ambiente, no social e nos seus colaboradores”, conclui Zanetti.

Adecoagro realiza a primeira emissão de certificados GAS-REC no Brasil A fonte para emissão do certificado é o biogás produzido a partir da vinhaça concentrada A Adecoagro anunciou a primei− ra transação de Certificados de Gás Natural Renovável, os chamados GAS−REC, para a Metso Outotec. Ao todo, foram emitidos 25 mil cer− tificados nesta primeira negociação, que correspondem a 1 milhão de BTU por certificado (equivalentes a 29,4Nm³ de metano). A planta de biogás da Adecoagro, instalada na Usina Ivinhema no Mato Grosso do Sul em parceria com a Methanum, foi a primeira unidade do Brasil a ser certificada pelo Instituto Totum no Programa de Certificação de Gás Natural Renovável. Este pro− grama realiza o sistema de rastreamen− to por meio de entradas e saídas, e as− segura que não existe dupla−contagem

(nem duplo beneficiário) do atributo ambiental do biogás ou biometano. De acordo com a Adecoagro, a fa− bricação de biogás é realizada através da vinhaça concentrada, destinada a um aquecedor que troca calor com a água da turbina de condensação, ge− rando menor consumo de vapor e uma exportação de energia adicional

de 6 mil MWh/ano. A companhia conta ainda com um acordo com a GEF Biogás Brasil, liderado pelo Mi− nistério da Ciência,Tecnologia e Ino− vações (MCTI), e implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNI− DO), com foco em iniciativas de in− teresse da área agroindustrial relacio−

nadas à produção de biogás. Segundo a direção da empresa, “essa primeira negociação abre um caminho para um novo mercado na− cional, unindo empresas que desejam vender os certificados e outras que desejam reduzir suas pegadas de car− bono, num mercado onde o lucro é a sustentabilidade de todos”.


CERTIFICAÇÕES

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RenovaBio-Social traz a questão social para o centro da transição energética A nova certificação, ainda em gestação, levanta a bandeira da justiça social na produção dos biocombustíveis O Instituto Escolhas promoveu no dia 31 de março, um debate para a apresentação de um estudo que cria uma nova certificação para o setor dos bio− combustíveis. Trata−se do RenovaBio−Social, que de acordo com seus elaboradores vem para incluir a jus− tiça social no processo de transição energética. “Nossa proposta está inserida no contexto do programa RenovaBio, parte da política nacional de biocombustíveis visando o atendimento das metas de emissões de CO2 e que prevê emissão certificado de descarbonização (CBIOs). A atual legislação do RenovaBio trata principal− mente de aspectos ambientais relativos às questões das emissões de carbono, mas ainda não há qualquer menção sobre uma certificação a respeito dos im− pactos sociais associados à produção de biocombus− tíveis. É essa conexão que queremos atacar nesse projeto, trazendo essas questões sociais relevantes a serem tratadas por uma certificação social”, explicou Juliana Siqueira, gerente de projetos do Instituto Es− colhas, ao apresentar o RenovaBio−Social. Arilson Favareto, responsável pela coordenação técnica do projeto, detalhou alguns aspectos da no− va certificação que está sendo proposta, que teve co− mo base o SBS (Selo para produção de biodiesel, que incentiva a inclusão da agricultura familiar e o Re− novaBio. “O Selo RenovaBio −Social, aborda a questão social dos biocombustíveis. Precisamos ten− tar mesclar o que tem de melhor nas certificações já

existentes, buscando responder a duas perguntas: que ganhos adicionais uma nova certificação pode trazer e o que um novo selo acrescenta perante outras cer− tificações já existentes”, disse. Ele cita que essas questões foram transformadas em cinco parâmetros que vão nortear essa nova cer− tificação: Flexibilidade, Complementaridade, Coor− denação, Diálogo e construção coletiva e Aderência à narrativa ESG. Favareto explica que a nova certificação terá seus principais critérios divididos em quatro temas: Di− reito dos Trabalhadores; Impactos nas comunidades (a maior parte das certificações existentes trabalha

menos com esse tema); Responsabilidade com clientes e por fim Saúde e Segurança. O selo deverá contar com 3 níveis de escalona− mento (Nível Básico, para os que atenderem pelo menos 6 de um total de 20 critérios); nível Inter− mediário, para os que atenderem entre 8 e 12; e ní− vel Avançado para os que atingirem entre 15 e 20. Favareto explica que a viabilidade do selo passa pela construção de um sistema de incentivos: repu− tacionais; vantagens em crédito/financiamento; dis− criminação positiva/caráter mandatório); prêmios sob a forma de preços ou outras compensações mo− netárias de mercado; e incentivos fiscais. Para Fábio Vinhado, diretor de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, o projeto con− tribui para a internacionalização do RenovaBio. “Para a gente tentar internacionalizar o nosso CBIO/RenovaBio, além dos critérios ambientais rigorosos é importante o aspecto social. Então isso é muito importante para expandir para o nosso pro− dutor, para a sociedade brasileira, mas também jun− to ao mercado global”, disse. A gerente Brasil da Bonsucro, Livia Ignácio, des− tacou que o RenovaBio, lançado em 2017, já tem aí cinco anos de tração e as políticas sociais também carecem de renovação. “É importante tentar desta− car os custos/benefícios sociais que essas políticas podem adquirir. No caso desta proposta, existe uma série de benefícios intangíveis, que nem sempre são destacados como os comerciais, que são mais fáceis de serem mensurados”. Para Lívia é importante es− tabelecer um sistema métrico de evolução, até para fortalecer o interesse na cadeia de consumo. Para o ex−ministro do Desenvolvimento Agrá− rio, Miguel Rosseto, o novo selo é uma agenda fun− damental, e faz parte de um esforço de transição energética, “A questão socioambiental requer ur− gência e faz parte do debate político nacional, para que os governantes futuros anunciem seus projetos nessa área”, concluiu.


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TECNOLOGIA

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Corredor Agrotecnológico de São Paulo busca soluções inovadoras O corredor engloba as cidades de Jaguariúna, Campinas, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto A integração e compartilhamento de tecnolo− gias e busca por soluções inovadoras são alguns dos objetivos a serem alcançados pelo Corredor de Ino− vação Agropecuária do estado de São Paulo, que se encontra em vias de implantação. Em live promovida pelo deputado Federal Ar− naldo Jardim, na segunda−feira última, dia 28, esti− veram reunidos representantes do Ministério da Agricultura, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, integrantes da Embrapa e também di− rigentes de startups. O Corredor de Inovação Agropecuária do esta− do de São Paulo é um ecossistema consolidado e ações de mobilização e articulação em prol de uma agenda integrada para a região tem sido executada com as principais instituições da região. O projeto teve verba de R$ 19,5 milhões aprovada por depu− tados federais paulistas no início do ano e está em li− nha com o planejamento estratégico da Embrapa. Com apoio do Ministério da Agricultura (MA− PA), no ano de 2021 foi realizado um estudo preli− minar dos ecossistemas de inovação nas cidades de Jaguariúna, Campinas, Piracicaba, São Carlos e Ri− beirão Preto. Só nestas cidades, são mais de 3 milhões de pessoas, cerca de 1 mil profissionais de ciências agrárias formados anualmente, 112 instituições de ensino e pesquisa, 52 ambientes de inovação, cinco unidades de pesquisa da Embrapa e 168 agtechs,

Arnaldo Jardim: corredor possibilitará um salto de qualidade nas pesquisas em andamento

mapeadas pelo Radar AgTech 2021. A ideia do corredor de inovação é promover o desenvolvimento regional, com foco na conexão dos ambientes de inovação e instituições de pesquisa na região. Essa região conta com universidades, insti− tuições de pesquisa públicas e privadas, aceleradoras e startups que atuam no setor agropecuário. Numa visão mais ampla, esse esforço visa forta− lecer e expandir o desenvolvimento tecnológico e o crescimento do setor agropecuário no Brasil e po− sicionar a região como referência global em inova− ção e empreendedorismo tecnológico na agrope− cuária. Para isso, o Corredor de Inovação buscará o compartilhamento de recursos presentes no territó−

rio para impulsionar a inovação aberta e o em− preendedorismo e com isso fortalecer as ações de cooperação com os principais hubs de inovação no Brasil e no mundo. De acordo com o deputado Arnaldo Jardim, o Corredor terá um efeito extraordinário sobre toda a pesquisa e a inovação no setor agro, particularmen− te para o setor de bioenergia é muito favorável. “Te− mos muitas pesquisas inovadoras em andamento neste setor, como o desenvolvimento de novas cul− tivares de cana−de−açúcar, etanol de segunda gera− ção, outras também no plano de biodiesel. Pensan− do no futuro, temos também várias iniciativas para pesquisa no setor de célula de combustível, ou seja, quando pudermos aglutinar força, criar maior siner− gia, nós poderemos ter nestes campos e em outros mais, um salto de qualidade muito grande para a efi− cácia dessas pesquisas”, argumentou. Para Fábio de Angelis, CEO da Agrorobótica, “atuamos através de uma plataforma de inteleigên− cia que consegue mensurar dados para o mercado de carbono. Numa primeira onda, focamos o mer− cado global e numa segunda etapa, vamos focar no mercado brasileiro. Só tinha um sonho e fomos acolhidos pela Embrapa. Então esse centro é fun− damental para o desenvolvimento de soluções tec− nológicas“, disse. Para Sílvia Masshura, pesquisadora da Embrapa e articuladora de relacionamento do AgroHub de Inovação SP, “cada vez mais as tecnologias digitais são fatores determinantes para agregar valor, trazer mais transparência e atender ao novo perfil de con− sumidor, muito mais exigente e preocupado com a nutrição e a saúde. A ideia é ampliar isso, para levar− mos essa ação para todo Brasil.”



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LOGÍSTICA

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Copersucar gerencia à distância descarga de açúcar no Porto de Santos Modernização dos terminais exige aprimoramento constante dos profissionais portuários As tecnologias no mundo empre− sarial vêm se desenvolvendo em uma velocidade exponencial, e na área portuária este cenário é bem seme− lhante, tornando−se cada vez mais um diferencial nos processos. Uma das peças−chave desta evolução é a auto− mação, sendo que sua aplicação e de− senvolvimento estão contribuindo para o aumento da produtividade, se− gurança e, principalmente, agilidade nas operações. O Centro de Controle Operacio− nal (CCO) do Terminal Açucareiro Copersucar, localizado no Porto de Santos, monitora todas as etapas, da chegada até a saída de açúcar e grãos, por meio de uma moderna mesa ope− racional que registra em tempo real toda a movimentação no local. Para garantir que o operador consiga rea− lizar as atividades estando em qualquer área do terminal, foi instalado um sis− tema de controle e aquisição de dados. Hoje, já é possível monitorar a

descarga de caminhões, por exemplo, a qualquer distância, sem nenhum prejuízo na execução das tarefas. “O operador pode estar em outra cidade que consegue ter uma visão clara do que está ocorrendo, podendo geren− ciar todas as ações necessárias”, co− menta Marcelo Reis Latrova, gerente de manutenção e engenharia da Co− persucar. Mas para alcançar esta moderni− zação, não bastava ter um apenas sis− tema em nuvem que espelhe as telas do CCO, foi preciso aplicar outras tecnologias ao longo de toda a opera−

ção logística. Uma das inovações pro− duzidas para o terminal da Copersu− car que foi fundamental para ter os dados a um clique de distância foi o desenvolvimento e implementação de um sistema de lacres que protege a carga, desde o carregamento na usina de cana−de−açúcar até o descarrega− mento no terminal em Santos, sendo rastreados por um código diferencia− do. Quando caminhão é recepciona− do no terminal, a integridade das in− formações e do sistema é averiguada, garantindo segurança e confiabilidade para o comprador final.

Algumas ferramentas implantadas recentemente também contribuíram para a operação. É o caso dos softwares que fazem a gestão do acesso ao siste− ma e registram o histórico das opera− ções de forma gráfica, que permitiram que a equipe conseguisse verificar todas as ações realizadas nas descargas e em− barques. Desta forma, a padronização e aprimoramento contínuo dos processos ganharam mais um impulsionador. E a companhia implantará um medidor de vazão por radar, uma tec− nologia alemã que permitirá registrar com exatidão a quantidade do produ− to retirado dos armazéns, elemento primário de um sistema de controle de vazão das linhas de embarque. A ino− vação garantirá maior eficiência, pre− cisão e otimização de recursos. “Os avanços e a modernização dos terminais portuários vêm ocorrendo de forma muito rápida e constante. E todas essas inovações exigem uma constante atualização tecnológica dos equipamentos e também dos profis− sionais da companhia, não apenas na questão de performance dos disposi− tivos de automação, mas principal− mente, em relação à segurança da in− formação. E neste cenário, o treina− mento e aprimoramento da equipe se transforam ainda mais em diferencial”, conclui Latrova.


LOGÍSTICA

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COFCO International Brasil SA adquire novo terminal portuário em Santos Com a concessão, ampliará a sua capacidade portuária no Brasil para 14 milhões de toneladas A COFCO International Brasil SA venceu a licitação do STS 11 e terá direito à concessão por 25 anos do novo ter− minal agrícola de granéis sólidos vegetais, que será um dos maiores no Porto de Santos. Uma vez totalmente operacional em 2026, o terminal STS11, ampliará a capacidade portuária da empresa no Bra− sil para 14 milhões de toneladas e apoiará os planos de au− mentar as exportações do país. Como parte do contrato de arrendamento, a COFCO in− vestirá na modernização e expansão das instalações do termi− nal. O investimento proporcionará mais opções aos agricul− tores e criará novas oportunidades para a companhia coope− rar com parceiros da indústria local e empresas de logística. A COFCO já origina commodities agrícolas de mais de 7.000 agricultores e apoia ativamente o desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento de soja totalmente rastreável e livre de desmatamento e conversão. “A COFCO International Brasil SA continuará compro− metida com o desenvolvimento sustentável da agricultura, produtores e comunidades brasileiras a longo prazo”, afirmou a empresa, que espera iniciar as operações na STS11 em 2025/2026.

Fretes marítimos seguem tendência de alta, elevação pode superar 20% No cenário doméstico, o valor dos fretes rodoviários continua em movimento de alta Os preços praticados no mercado para o transporte marítimo de cargas apresentam tendência de alta que po− de superar 20% a depender da rota e do produto a ser transportado. De acordo com o Boletim Logís− tico, divulgado recentemente pela Companhia Nacional de Abasteci− mento (Conab), para os fertilizantes removidos da Europa para o Brasil, a elevação foi em torno de 10%, pas− sando de 46 para 50 dólares por tone− lada. Todavia, se a origem dos produ− tos é o Egito, o aumento passa de 20%, chegando a 12 dólares por tonelada. “A subida nos preços do frete ma− rítimo é explicada não só pelo au− mento nos valores do barril de petró− leo, que impacta no combustível, mas também pela menor quantidade de rotas disponíveis, principalmente na

região do Mar Negro. Com isso há uma maior demanda por outros per− cursos, além de uma menor disponi− bilidade de navio”, explica o superin− tendente de Logística Operacional da Companhia, Thomé Guth. O boletim também destaca uma expectativa de maior pressão na de− manda por frete no país, principal− mente no segundo semestre, período em que o volume de embarques dos produtos para exportação é maior. “Desta feita, há certa tendência de au− mento do volume de exportação do milho brasileiro, o que impactará na

movimentação de cargas para as prin− cipais rotas de exportação. Se obser− varmos temos indicação de alta nos valores do prêmio de porto para o ce− real, tanto em Santos quanto em Bar− carena, para o mês de julho. Isto mos− tra um cenário de forte interesse dos importadores pelo milho brasileiro, sobretudo diante das incertezas dos efeitos da guerra”, ressalta Guth. “Como já se espera volume re− corde de exportação de milho para a safra atual, de acordo com o último levantamento de safra da Conab, de 35,0 milhões de toneladas, um novo incremento pode ocasionar demanda ainda maior por frete, bem como maior movimentação nos portos na− cionais, inclusive nos portos do Arco Norte, visto que boa parte do volume exportado tende a ter origem no Ma− to Grosso”. Mercado Interno – No cenário doméstico, o preço dos fretes rodoviá− rios continua em movimento de alta. Dentre os motivos para a valorização estão a menor disponibilidade de veí− culos, diante do avanço da colheita da

soja no país, bem como a elevação nos preços dos combustíveis, diante do aumento do barril de petróleo no mercado externo. “Em Mato Grosso, a colheita da soja atingiu seu pico em fevereiro. O que se verifica é que o expressivo flu− xo de caminhões para o porto de Mi− ritituba (PA) tem provocado o estran− gulamento na descarga, gerando lon− gas filas para desembarque, aumentan− do o tempo de espera. Essa maior es− tadia está sendo compensada com o aumento do frete”, diz. Segundo o boletim, a dinâmica de preços para os terminais ferroviários nos municípios de Rondonópolis e Alto Araguaia também seguiu a linha de incremento. “Devido à baixa ofer− ta de frete−retorno, o que torna a ro− ta pouco atrativa, a elevação no valor praticado para a remoção ocorre para que o transporte da soja seja mantido. Dessa maneira, a junção entre colhei− ta e a dinâmica de escoamento para exportação deve manter os preços elevados durante boa parte de março”, pondera o superintendente.


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GENTE

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Nova diretoria da Feplana toma posse Paulo Leal assume Presidência da entidade e conta com Alexandre Lima como vice No dia 30 de março, em eleição por aclamação na sede em Brasília, a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) passa a ter novo presiden− te, o paranaense Paulo Leal. Ele assume no lugar do produtor pernambucano Alexandre Andrade Lima, que ficou no cargo por dois mandatos desde 2016. A diretoria conta ainda com o carioca Tito Lí− vio na 2ª vice−presidência. O ministro do Turismo, Gilson Machado representou o presidente Jair Bol− sonaro na cerimônia de posse, e muitas outras auto− ridades, realizada logo após o processo eleitoral. A primeira e segunda secretaria da Feplana é formada por José Inácio, presidente da Associação Canavieira da Paraíba, e por Nádia Gomieri, à frente da entidade em Catanduva/SP, respectiva− mente. Luís Henrique Sacabello, presidente da As− sociação em Araraquara/SP, na 1ª tesouraria. O 2° tesoureiro é Luís Carlos Dalben, líder da entidade no Meio Tietê/SP. O evento festivo, que foi realizado no restauran− te Coco Bambu do Lago, em Brasília, contou com vários representantes do Governo Federal, como o secretário adjunto da Presidência, Zezeco, e o pre− sidente da Embratur, Carlos Brito. Além de políti− cos e representantes de frentes parlamentares, a exemplo do deputado federal Domingos Sávio. E também as entidades do setor canavieiro, re− presentando 10 estados produtores de cana no Bra− sil, além da presença de Roberto Holanda, diretor executivo do Fórum Nacional Sucroenergético. “Temos expectativas positivas para esse man− dato que acaba de começar. Trabalharemos pela

consolidação, no cotidiano, da venda direta de eta− nol pelas usinas aos postos, pleito da Feplana já atendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas o tra− balho seguirá no Congresso Nacional em buscas de outras demandas, com destaque a garantia do

CBIOs do RenovaBio também para os fornece− dores de cana”, falou Leal, que se mostrou con− fiante, sobretudo diante de tantas lideranças e ór− gãos presentes na posse, todas colocando−se à dis− posição da nova direção.


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Marcos Montes Cordeiro assume Ministério da Agricultura Tereza Cristina vai concorrer ao Senado Federal pelo estado do Mato Grosso do Sul O ex−prefeito de Uberaba, Marcos Montes, as− sumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas− tecimento (MAPA). Ele substituiu Tereza Cristina, que deixou o comando da pasta para concorrer ao Senado Federal pelo estado do Mato Grosso do Sul. Montes assume o Ministério com uma políti− ca de continuidade da gestão implementada nos últimos três anos, de uma gestão focada nos pro− dutores rurais brasileiros. “Hoje, com as nossas en− tidades e as nossas secretarias começamos a cons− truir um momento diferente e levamos isso com programas maravilhosos ao mundo inteiro. E isso é uma demonstração clara de que o governo quer olhar o pequeno, aquele que realmente precisa de dignidade”, destacou ao citar programas como o AgroNordeste e a entrega de títulos de regulari− zação fundiária. Marcos Montes é médico e produtor rural. Desde fevereiro de 2019, ele ocupava o cargo de se− cretário−executivo do MAPA. Montes já foi depu− tado federal por três mandatos e presidente da Fren− te Parlamentar da Agropecuária (FPA) e da Comis− são de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e De− senvolvimento Rural da Câmara.


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GENTE

Maio 2022

Após 5 anos Norberto Bellodi deixa diretoria da Usina Santa Adélia A mudança az parte do processo de profissionalização de gestão da companhia Através de uma nota oficial, a Usina Santa Adélia comuni− cou nesta semana, a saída de Norberto Bellodi, que ocupa− va o principal cargo da direto− ria Executiva da Companhia. Segundo a nota, a saída de Bellodi finaliza o programa de profissionalização dos níveis de Gestão Executiva da Usina Santa Adélia. Em seu lugar as− sume Josmar Verillo, que até então atuava como conselhei− ro independente da Adminis− tração da Companhia. De acordo com a nota, ao longo de sua trajetória, de quatro décadas e meia a frente da Santa Adélia, Bellodi mul−

tiplicou o tamanho da usina “criando relevante valor para os acionistas e para a socieda− de, sendo reconhecido e ad− mirado por parceiros, fornece− dores de cana e colaboradores que tiveram a oportunidade de trabalhar ao seu lado e apren− der com toda sua experiência”. Ainda sob a sua gestão, em março deste ano, a Santa Adé− lia obteve junto ao Banco Mundial, a liberação de um empréstimo de US$ 50 mi− lhões, que serão usados para bancar projetos de investimen− to do grupo e financiar um novo sistema de irrigação de cana−de−açúcar. O Grupo também fez sua primeira emissão de debêntures incen− tivadas no valor total de R$ 200 milhões. Bellodi deixa a diretoria, porém continuará contribuin− do com a Usina, atuando no Conselho de Administração, que passa a ser presidido por Renata Bellodi.




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