Pode condicionar produção de vinho
Presidente da CVR Dão preocupado com a seca na região O presidente da Comissão Vitivinícola da Região do Dão (CVR Dão) mostra-se preocupado com a falta de chuvas. “Se não chover até Junho, vai haver problemas complicados no Verão”, diz Arlindo Cunha, admitindo que, se assim for, este ano “não é bom” para a produção de vinho. “Só chuva intensa em Março poderá mudar as previsões”, admitiu.
O presidente da CVR do Dão diz que 2022 “não vai ser bom” para a produção de vinhos, “caso se mantenha a falta de água ou venha em excesso”, salientando que “o ideal é ter muita chuva em Março, isso seria muito bom, porque viria antes da floração das videiras”. Arlindo Cunha diz que, neste período, “as videiras estão dormentes, ou seja, no chamado repouso vegetativo, e, por isso, ainda não é possível avaliar, porque vai depender do que vier de água, se pouca ou em excesso”. Isto porque “as duas situações não são boas”, tendo em conta “o impacto que pode ter na videira”. Por isso, Arlindo Cunha defendeu que, “se não chover até Junho, vai haver problemas complicados no Verão, por duas razões”. “Primeiro, porque há poucas reservas hídricas nos solos. E nas vinhas do Dão, que são sequeiros, como de um modo geral em todo o país, em algumas zonas mais áridas podemos ter problemas de stress hídrico das plantas”, explicou. Um problema que afeta “uma das principais variedades” da região do Dão, como é o caso da Touriga Nacional, que “é bastante sensível ao stress hídrico”, pois “as plantas quando ficam em stress hídrico não amadurecem as uvas, porque não tem reservas hídricas para isso”. “Com o stress hídrico começa a cair a folha e não amadurecem os cachos e esta é uma situação para a eventualidade de não chover ou de chover muito pouco daqui até ao Verão”, referiu o presidente da CVR Dão. A outra razão, explicou, “é a situação contrária, se chover demasiado, principalmente no fim da Primavera, ou seja, em fins de Abril e Maio, sobretudo se chover muito em Maio, porque é o período da floração das videiras”. “Já aconteceu em alguns anos haver semanas a fio de chuva e como é período de floração das videiras, para depois se transformar em fruto, com o excesso de chuva a flor pode apodrecer e não se transformar em fruto”, explicou. Neste sentido, Arlindo Cunha considerou que “o ano não vai ser bom, quer se mantenha a falta de chuva, quer venha em excesso” e, por isso, disse que a “esperança é que, em Março, caia muita chuva, para ser antes da floração” das videiras.
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