AZUL FUNDO DO MAR O mesmo é diferente do azul que estamos habituados a ver à superfície, por incrível que pareça, e tudo devido à refracção da luz que, àquela profundidade, torna todas as cores diferentes à percepção humana. Por outras palavras, o vermelho, o verde, o azul, entre outras cores, a trinta e tal metros de profundidade assumem um tom diferente. Nem mais bonito nem mais feio do que à superfície, mas apenas diferente. Mas enfim, tudo isto em jeito de introito ao filme “Le Grand Bleu” no qual dois mergulhadores de apneia competem na senda de uma vitória esmagadora que imponha ao outro a certeza de quem era, afinal, o melhor de entre os dois. O filme tem um início esmagador, com os dois mergulhadores, crianças no mediterrâneo, já a competir um com o outro na tentativa de apanhar as moedas propositadamente atiradas para a água por turistas.
Um dos mergulhadores, Jacques Mayol, assiste à morte do seu pai, escafandrista profissional, enquanto este trabalha no mar, pois, aquele equipamento, à época, tinha tudo o que era necessário para derivar num grandessíssimo desastre. O rapaz, desde esse momento, pouco ou nada falou de tão grande que foi o trauma, mantendo, todavia, um magnetismo especial para com os animais marinhos, como se estes lhe reconhecessem o direito a pertencer ao mar, face ao drama que vivenciou. O filme desenrola-se neste registo, com a competição a desenvolver-se até um momento em que um dos dois morre vítima da profundidade, o que sucede inevitavelmente como se tal estivesse escrito nas estrelas. Neste caso, não nas estrelas do céu, mas sim nas estrelas do mar e, neste caso não com Jacques Mayol mas com o seu amigo e rival, Enzo Maiorca
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