FOLCLORE ANGOLANO – O FOLCLORE, FACTOR SOCIAL INDÍGENA JOSÉ REDINHA Folclore angolano – O folclore, factor social indígena - Folclore.PT
I Congresso de Etnografia e Folclore – Resumos
“Para além dos aspectos mais comuns, populares e externos, como sejam as manifestações artísticas, coreográficas, corais, musicais e outras, o folclore indígena necessita ser visto e considerado em uma sua feição, de longe a mais importante, que é a social. Nela se inscrevem quatro grandes sectores de folclore, a saber: o do trabalho, o didáctico, o recreativo e o religioso. No primeiro é evidente o seu emprego pelos indígenas como elemento abstractivo e amenizador da monotonia e do esforço penoso das actividades humanas, mediante o ajustamento de músicas e cantares aos movimentos de variadas tarefas, aos esquemas biomecânicos das diversas actividades profissionais, constituindo, a bem dizer, uma psico-técnica natural do trabalho, facto este da maior importância na sua fisiologia. No segundo ou didáctico encontramos uma fonte tradicional, perene, instrutiva e educativa, de alcance cívico e moral, de significação jurídica, teológica e outras, largamente sociais. No folclore recreativo, nomeadamente no batuque indígena, é evidente, entre outros, a actuação dum curioso fenómeno psico-orgánico derivado da influência do ritmo sobre o temperamento ritmo-sensivel dos indigenas, facto muito importante na sua vida sexual e afectiva, e em outras manifestações físicas e morais dai derivadas. Quanto à importância do folclore religioso, bastará dizer que, entre os indígenas, não há rito sem ritmo. Nestes termos, como factor fisiológico, psico-orgânico, lúdico, instrutivo, educativo, cívico, ético e espiritual, o folclore é um importantíssimo elemento sociológico, em muitos casos vital. Pela sua alta função na vida do homem e da comunidade indígena, o folclore angolano merece estudo cuidado, não apenas cultural, mas também biológico, ecológico, económico e outros. Ele exige, finalmente, medidas tendentes a protegê-lo e a exortá-lo.” Pelo Prof. Doutor José Redinha, do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos Fonte: “Guia oficial do I Congresso de Etnografia e Folclore” – Braga e Viana do Castelo – 22 a 25 de Junho de 1956 (texto editado e adaptado) | Imagem encontrada na net, de site desativado