Magazine 60+ 31

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Curiosamente, o Natal que lembro sempre com maior nitidez ocorreu nos meus 7 ou 8 anos, estando doente e acamada com febre. No dia de Natal os meus pais trouxeram-me algo que pedia há muito, uma boneca toda vestida, com meias, touca, sapatinhos e tudo! O que me faz assomar uma lágrima saudosa e agradecida quando o recordo é o semblante alegre dos meus pais e o facto de terem sido eles que costuraram toda a roupinha para a boneca. Outros tempos, em que o significado era maior que o produto em si. Longe do consumismo de hoje, das prateleiras sem fim das grandes superfícies e do ar “blasé” e enjoado das crianças que têm tudo. Natais modernos Mais tarde, importou-se a árvore e o pai natal. Já não era supostamente o menino Jesus que punha os presentes no sapatinho, mas sim o velhote rotundo de barbas que descia pela chaminé e fazia a distribuição. A minha filha passou a receber desde barbies a toda uma panóplia de bonecas. Muitas vezes, pais mais ausentes durante uma parte do dia devido aos seus afazeres profissionais compensam com muitos presentes. Quando já escrevia, a “carta ao pai Natal” era reformulada várias vezes, porque a publicidade já era agressiva na altura. Ainda fizemos o presépio com a figurinhas da minha meninice durante anos. Mas ao lado a árvore também fazia a sua aparição. Também era um grande momento a sua decoração, o pinheirinho na base do qual passamos a vislumbrar os presentes. Fiz sempre questão de colocar umas pequenas pinhas pintadas pelo meu pai com purpurina ou tinta brilhante, mesmo depois de ter partido. Também guardei durante muitos anos o menino Jesus e todos os bonequinhos de barro que continuaram a fazer parte do presépio. Lembram-me os natais da minha infância e as pessoas que, entretanto, desapareceram, porque o natal para mim é agora também nostalgia. Mantendo a tradição do presépio Interessantes são os presépios em sal. Decerto nunca ouviu falar – fazem-se nas salinas de Rio Maior, sobre as quais já escrevi antes. Os salineiros, com sal, fazem presépios maravilhosos onde lá estão as figurinhas características. Os carneiros, os pastores, as figuras centrais, presépios brancos que se desdobram por diferentes lojas e locais. Claro que também há árvores de Natal, renas e o ancião de barbas e vestes vermelhas, mas isso é outra história.

magazine 60+ #31 - Janeiro/2022 - pág.28


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