OPINIÃO
E agora África? Bruno Dias • Business Consulting Partner - EY
O
mundo mudou em Março de 2020! De forma muito rápida, a pandemia asfixiou sistemas de saúde levando-os a um ponto de ruptura, causou um hiato na economia mundial e transformou radicalmente as normas de interacção social. Aconteceu um “reset global” em que muitos de nós fomos compelidos a adoptar trabalho remoto, aprendizagem virtual e realizar compras online. O interessante é que esta mudança, em muitas situações, provou ser mais eficiente e sustentável. E, meus caros, é muito provável que prevaleça e se torne sustentável no longo prazo. À medida que a sociedade se adapta a este “novo normal”, vão emergir oportunidades de repensar e alterar o futuro. Para identificar o caminho correcto, as organizações terão de pôr em causa pressupostos sobre a experiência de clientes, as estratégias associadas à sua força de trabalho, quem é e será a concorrência e de onde virá o seu crescimento. Algumas questões pairam agora sobre nós que aqui vivemos: E África? O que se passará em África? Será este contexto uma ameaça ou uma oportunidade? Esta questões foram alvo de reflexão no nosso relatório “EY Megatrends 2020” e trago-vos algumas ideias ali partilhadas e algumas outras que gostaria de acrescentar. Têm sido realizados grandes prognósticos sobre África nos últimos anos, credíveis no geral, enunciando títulos como “Porque é que África pode prosperar como a Ásia” ou “África está a tornar-se a nova China ou Índia”, e fazem o apanágio do enorme potencial que tem este continente. Até agora estes prognósticos têm-se revelado incorrectos, ou muito optimistas, mas acredito que podem estar
a ser criadas agora condições, neste contexto, para um outro desfecho. Mas porque será diferente desta vez? Porque a economia de África está a evoluir numa era de mobilidade acentuada, em que a combinação de tecnologia, globalização e demografia tem o potencial de aumentar substancialmente a sua produtividade e permitir à sua economia saltar degraus na sua trajectória normal de crescimento. Para as empresas, esta trajectória dita muitas oportunidades e também desafios. Existe, sem dúvida, uma oportunidade para tirar partido de sinergias e da capacidade de 1,2. biliões de pessoas para desenvolver soluções inovadoras, não só para este continente, mas para o resto do mundo. As estratégias empresariais de sucesso passam por encontrar modelos de negócio sustentáveis para elevar o tecido empobrecido em África e torná-los em clientes com potencial de médio/longo prazo. Na EY, em Moçambique, temos feito deste desígnio uma máxima e desenvolvemos, em 2020, a génese de uma equipa de entrega de serviços “nearshore” de IT. Prevê-se que esta equipa cresça até a um mínimo de dez elementos até ao final de 2021, e focar-se-á na entrega de serviços de cibersegurança, “data & analytics”, automação de processos e desenvolvimento de aplicações. Numa primeira instância, estará focada nos mercados português, angolano e moçambicano, mas o desígnio é mais alargado. Neste momento, os actuais cinco elementos desta equipa têm feito projectos em recorrência nestas três geografias e em todos os domínios técnicos mencionados, fundamentalmente de forma remota, e, sim, meus caros, com muito bons níveis de qualidade atestados quer pelos clientes,
As estratégias empresarias de sucesso passam por encontrar modelos de negócio sustentáveis para elevar o tecido empobrecido em África e torná-los em clientes com potencial de medio-longo prazo. Na Ernst & Young, em Moçambique, temos feito deste desígnio uma máxima
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www.economiaemercado.co.mz | Julho 2021