VIVENCIE: PLURALIDADE E INCLUSÃO (CADERNO) - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I - UMC

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MICHAEL CORDEIRO DOS SANTOS RGM: 11171503929

Vivencie: Pluralidade e Inclusão A influência da Arquitetura, da Pedagogia e dos Sentidos na Educação Infantil.

Mogi Das Cruzes, SP 2021


MICHAEL CORDEIRO DOS SANTOS RGM: 11171503929

Vivencie: Pluralidade e Inclusão A influência da Arquitetura, da Pedagogia e dos Sentidos na Educação Infantil.

Trabalhado de conclusão de curso I apresentado à Universidade de Mogi das Cruzes para o curso de Arquitetura e Urbanismo como parte dos requisitos para a conclusão do curso.

Prof.ª Micheli de Sá Vieira

Mogi Das Cruzes, SP 2021


MICHAEL CORDEIRO DOS SANTOS RGM: 11171503929

Vivencie: Pluralidade e Inclusão A influência da Arquitetura, da Pedagogia e dos Sentidos na Educação Infantil.

Trabalhado de conclusão de curso I apresentado à Universidade de Mogi das Cruzes para o curso de Arquitetura e Urbanismo como parte dos requisitos para a conclusão do curso.

Aprovado em:_______________________________________

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________ Profº Orientadora: Michele de Sá Vieira UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES – UMC

________________________________________________________________ Profº. Fernado Claret Oliveira UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES – UMC

________________________________________________________________ Convidado: Lucas Moura da Fonseca Filho


Dedico este trabalho aos meus pais, Sueli e Gilvan, muito obrigado pelo amor, dedicação, e apoio, sem vocês nada disso seria possível.


A Deus, por ter dado saúde, e forças para superar todas as adversidades; Aos meus familiares e amigos que acreditaram em meu potencial; Aos meus amigos de jornada: Kelly Hungria, Lara Gomes, Nathália Flores e João Terra, por toda força, apoio, incentivo e cumplicidade; A todo corpo docente, que me fez enxergar o mundo com uma nova perspectiva; A todos que direta e indiretamente, contribuíram a minha formação acadêmica, obrigado.


“Eu sei o preço do sucesso: dedicação, trabalho duro, e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer" Frank Lloyd Wright


RESUMO O presente trabalho tem como tema conceber um anteprojeto de uma escola infantil inclusiva, no bairro da Vila Virginia, no município de Itaquaquecetuba, com a finalidade de oferecer assistência as crianças em seus primeiros anos de vida, tida como, a fase mais importante do desenvolvimento humano, e ainda, promovendo a inclusão através de soluções sensoriais e promover o respeito a pluralidade, integrando as mesmas, sem distinguir sua condição física, intelectual, social ou financeira. De modo que, contribua para a melhoria da qualidade de vida das crianças e das famílias, uma vez que, na área de intervenção não há equipamentos públicos, voltados a esses usuários, embora haja uma alta demanda. Dessa forma, foram desenvolvidos alguns estudos divididos em: o histórico do tema, a organização espacial do espaço, consulta e análise de normas reguladoras, análise de estudos de casos, como também, estudos e análises sobre a área de intervenção e desenvolvimento dos esquemas estruturantes.

Palavras

chave:

Itaquaquecetuba.

Pluralidade,

Inclusão,

Escola

Infantil,

Educação,


ABSTRACT The present work has as theme to conceive a preliminary project of an inclusive kindergarten, in the neighborhood of Vila Virginia, in the city of Itaquaquecetuba, with the purpose of offering assistance to children in their first years of life, considered as the most important phase of development human, and also, promoting inclusion through sensory solutions and promoting respect for plurality, integrating them, without distinguishing their physical, intellectual, social or financial condition. So that it contributes to improving the quality of life of children and families, since, in the intervention area, there are no public facilities aimed at these users, although there is a high demand. Thus, some studies were developed, divided into: the history of the theme, the spatial organization of space, consultation and analysis of regulatory norms, analysis of case studies, as well as studies and analyzes on the intervention área and development of structuring schemes.

Key words: Plurality, Inclusion, Kindergarten, Education, Itaquaquecetuba.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Primeiras escolas brasileiras ........................................................... 19 Figura 2 - Casa dos Exposto do bairro do Pacaembu em São Paulo .............. 20 Figura 3 - Uma das primeiras creches de São Paulo, localiza próximo a uma fábrica têxtil ...................................................................................................... 21 Figura 4 - Fachada da Escola Benedito Vieira Mota ........................................ 22 Figura 5 - Gráfico com a porcentagem de população com algum tipo de deficiência ........................................................................................................ 28 Figura 6- Linha do tempo - Principais marcos da educação inclusiva .............. 30 Figura 7 - Escola com sala dispostas com corredor lateral .............................. 32 Figura 8 - Modelo de escola sugerido por Kendall ........................................... 33 Figura 9 - Exemplo de sala de aula sugerida por E. R. Robson ....................... 33 Figura 10 - Exemplo de sala de aula para 300 pessoas .................................. 34 Figura 11 - Modelo de planta escolar do Estados Unidos ................................ 34 Figura 12 - Imagem da escola com planta livre de Richard Neutra .................. 35 Figura 13 - Escola Morada da Luz ................................................................... 36 Figura 14 - Centro de Educação Unificada (CEU) em São Paulo .................... 37 Figura 15 - Linha histórica do tempo – ............................................................. 38 Figura 16 - Dimensionamento rampas - Vista superior .................................... 42 Figura 17 - Dimensionamento rampas - Vista lateral ....................................... 42 Figura 18 - Fachada ......................................................................................... 47 Figura 19 – Detalhes Fachada ......................................................................... 48 Figura 20- Detalhe transparência ..................................................................... 48 Figura 21 – Detalhe conforto ambiental ........................................................... 49 Figura 22 – Planta Térreo ................................................................................ 49 Figura 23 – Planta - Primeiro Pavimento .......................................................... 50 Figura 24 -Planta Segundo Pavimento ............................................................. 50 Figura 25 – Setorização – Planta Térreo .......................................................... 51 Figura 26 - - Setorização – Planta Primeiro Pavimento .................................... 51 Figura 27- Setorização – Planta Segundo Pavimento ...................................... 51 Figura 28- Fachada .......................................................................................... 53


Figura 29- Detalhe aberturas............................................................................ 53 Figura 30- Detalhe área externa....................................................................... 54 Figura 31- Planta térreo ................................................................................... 55 Figura 32 – Setorização – Planta térreo ........................................................... 55 Figura 33- Detalhe – Sala de Aula ................................................................... 56 Figura 34- Área externa ................................................................................... 56 Figura 35- Fachada .......................................................................................... 57 Figura 36- Fachada interage com a vegetação ................................................ 58 Figura 37- Sala de aula .................................................................................... 58 Figura 38- Interação com a vegetação ............................................................. 59 Figura 39- Passarelas permitem as crianças explorarem o ambiente .............. 59 Figura 40- Esquemático microclima ................................................................. 60 Figura 41- Planta térreo ................................................................................... 60 Figura 42- Setorização – Planta térreo............................................................. 61 Figura 43- Diagrama explodido – Estrutura ...................................................... 62 Figura 44 - Mapas explodidos - Isométrica ...................................................... 64 Figura 45 - Mapa de Localização ..................................................................... 65 Figura 46 - Imagem da Igreja Matriz, no séc. XIV ............................................ 66 Figura 47 - Rodovia Ayrton Sena, déc. de 70................................................... 67 Figura 48 - Prefeitura de Itaquaquecetuba, déc. de 80 .................................... 67 Figura 49 - Panorama da cidade atualmente ................................................... 68 Figura 50 - Mapa área de intervenção ............................................................. 69 Figura 51 - Terreno de Intervenção .................................................................. 69 Figura 52- Diagrama do terreno ....................................................................... 70 Figura 53 - Imagem terreno - Rua Camaçari .................................................... 71 Figura 54 – Imagem terreno ............................................................................. 71 Figura 55 - Perspectiva com indicações das imagens ..................................... 71 Figura 56 - Imagem terreno -Rua Baltazar ....................................................... 71 Figura 57 - Imagem terreno Rua Camaçari ...................................................... 71 Figura 58 - Recorte Mapa de Zoneamento ...................................................... 72 Figura 59 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo ................................................ 74 Figura 60- Mapa de Cheios e Vazios ............................................................... 75 Figura 61- Mapa Gabarito de Alturas ............................................................... 75 Figura 62 - Mapa Sistema Viário ...................................................................... 76


Figura 63 -Mapa Transporte Público ................................................................ 76 Figura 64 - Perspectiva do Local de Intervenção ............................................. 77 Figura 65 - Diagrama - Diretrizes Projetuais .................................................... 79 Figura 66 - Organograma ................................................................................. 85 Figura 67 - Fluxograma .................................................................................... 86 Figura 68 - Diagrama - Estudo de Massa e Setorização .................................. 87 Figura 69 - Diagrama | Ventos e Insolação - Em relação a edificação ............. 88 Figura 70 - Diagrama | Ocupação do terreno ................................................... 88 Figura 71 - Diagrama | Materialidade ............................................................... 89 Figura 72 - Diagrama | Altura do entorno ......................................................... 89

LISTA DE TABELAS Tabela 1- Comparativo de Métodos ................................................................. 26 Tabela 2- Análise de Aspectos e Objetivos dos Estudos de Casos ................. 63 Tabela 3 - Índices Urbanísticos ........................................................................ 73 Tabela 4 - Índices Urbanísticos Adotados ........................................................ 73 Tabela 5 - Programa de Necessidades ............................................................ 82


SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14 REVISÃO HISTÓRICA DO TEMA.................................................................... 17 Educação no Mundo ........................................................................................ 18 Educação no Brasil .......................................................................................... 18 História da Creche e Pré Escola no Brasil ....................................................... 20 História da Educação Infantil em Itaquaquecetuba .......................................... 22 O Método Montessori ....................................................................................... 23 Maria Montessori .............................................................................................. 23 O Método.......................................................................................................... 24 Arquitetura dos Sentidos .................................................................................. 27 Educação Inclusiva .......................................................................................... 27 REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA ESCOLAR .......... 31 Linha Do Tempo ............................................................................................... 38 LEGISLAÇÃO................................................................................................... 39 ESTUDOS DE CASOS .................................................................................... 46 Estudo 1- Berçário Prime Time ........................................................................ 47 Estudo 2 - Jardim de Infância SMW ................................................................. 53 Estudo 3 - MMG Escola Infantil Montessoriana ................................................ 57 LOCAL DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 64 Itaquaquecetuba - Perfil ................................................................................... 65 História de Itaquaquecetuba............................................................................. 65 Análise do Terreno ........................................................................................... 69 Estudos de Insolação e Ventilação .................................................................. 70 Levantamento Fotográfico ................................................................................ 71 Legislação - Terreno ........................................................................................ 72 Análise do Entorno ........................................................................................... 74


Mapa | Uso e Ocupação do Solo ...................................................................... 74 Mapa | Cheios e Vazios.................................................................................... 74 Mapa | Gabarito de Alturas............................................................................... 75 Mapa | Sistema Viário ...................................................................................... 76 Mapa | Transporte Público ............................................................................... 76 Perspectiva....................................................................................................... 77 ESQUEMAS ESTRUTURANTES..................................................................... 78 Perfil do Usuário ............................................................................................... 79 Conceito ........................................................................................................... 79 Partido Arquitetônico ........................................................................................ 80 Partido Urbanístico ........................................................................................... 81 Programa de Necessidades ............................................................................. 81 Estudos de Massa e Volumetria ....................................................................... 87 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 90 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 92 ......................................................................................................................... 92


INTRODUÇÃO A educação básica infantil é de suma importância no desenvolvimento de uma criança, e é na infância onde ocorrem os primeiros contatos com o mundo, onde elas se entendem como indivíduos, a inserção das crianças nas escolas, tem total influencia no indivíduo e no cidadão que essa criança irá se tornar.

A cidade de Itaquaquecetuba/SP, representa uma das maiores cidades do Alto Tietê, como aponta o IBGE (2020) e sofre com a falta de vagas em creches, segundo uma reportagem do Jornal de Arujá (2020) apesar da cidade possui 52 creches e aproximadamente 5.000 mil crianças matriculadas, há um déficit de 2.000 mil vagas na cidade, logo a demanda para inserção de equipamentos públicos voltados a educação básica, se mostra de grande relevância.

Outro ponto, é que o ambiente educacional tem grande influência no processo de aprendizagem de uma criança, Kowaltowski (2011), pontua que há um crescente número de estudos sobre a relação direta que o espaço construído tem sobre a aprendizagem dos alunos. “de organizar e promover relações entre pessoas de diversas idades, promover mudanças, escolhas e atividade e [...] potencial de despertar diferentes tipos de aprendizado social, cognitivo e afetivo” (Sanoff, 2001, apud Kowaltowski, Doris C. C, p 162, 2011).

Há criação de um espaço que receba todos os usuários com equidade, através da pluralidade de culturas, com experiências individuais diferentes, construímos um lugar onde, respeita as individualidades de cada um. Espaços que sejam vivos, humanizados, dinâmicos e estimulantes, que propiciem o processo de aprendizado. A educação é a essência do agente de mudança que é o cidadão, quanto mais pessoas tiverem acesso a ela, sem distinção de origem, condição social, mental ou física, mais a cidade cresce e se potencializa.

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O objetivo deste trabalho é desenvolver um anteprojeto para a implantação de uma Escola Infantil Inclusiva, com o intuito de oferecer educação básica,

incorporando

o

conceito

de

inclusão,

através

de

soluções

multissensoriais, aliado ao método pedagógico Montessori, que valoriza o aprendizado através das sensações e experiências, para as crianças do bairro da Vila Virginia, em Itaquaquecetuba/SP.

Desenvolvendo assim, um projeto conceitual através de referências arquitetônicas, teorias e métodos pedagógicos, para que assim possa estabelecer uma proposta que atenda às necessidades dos usuários; projetando ambientes agradáveis, humanizados, que despertem os sentidos, a curiosidade, inclusão, a criatividade e que respeitem individualidade das crianças, e promovendo a integração entre as áreas externas e internas, explorando o contato com a vegetação, bem como, prover a permeabilidade da comunidade local nas áreas externas do espaço.

As políticas públicas de ensino no Brasil ainda permanecem focadas em métodos e espaços tradicionais, ignorando o fato, que cada criança é diferente, não levam em consideração a diversidade e a individualidade de cada um. Logo se faz necessário um ensino sem limitações, centrado na criança, não importando sua origem, sua condição mental ou física.

A educação básica infantil, é um dos maiores problemas da cidade, que sofre com a falta de creches, logo, a falta de vagas, o projeto da escola infantil inclusiva, visa contribuir para a diminuição de vagas, oferecendo ensino básico de qualidade, gratuito, inclusivo e multissensorial.

De acordo com Kowaltowski (2011) a arquitetura de um espaço escolar possui grande influência na aprendizagem dos alunos, assim como os professores, as diretrizes pedagógicas e o material didático. A sala de aula tradicional, muitas vezes, não colabora para o desenvolvimento de certas pedagogias, além de que, o professor deve ter a possibilidade de alterar os cenários dentro da escola. Outro problema é a padronização do mobiliário, cores

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e materiais construtivos, promovida nas escolas públicas, que parecem ser capazes de influenciar o aprendizado do aluno.

A educação pode trazer benefícios em aspectos sociais, culturais e econômicos e o acesso à escola, apesar de ser direito de todos, ainda não acontece de forma universal. Devido a isso, um aumento dos investimentos na melhoria das escolas e a construção de novas unidades deve ser uma meta da administração pública. Outro ponto em questão, é a estagnação e a falta de estrutura das edificações escolares, que não oferecem condições mínimas de conforto, segurança, acessibilidade e bem-estar aos usuários.

O lote escolhido para a implantação da Escola Infantil Inclusiva, está localizado na Vila Virginia, o lote não possui equipamentos públicos voltados a educação infantil em suas intermediações, sendo de grande valia para a consolidação da área e para a população do entorno. A qualidade do espaço pode determinar como a criança interage com o mundo e com o outro, a criança exposta a diferentes estímulos, experiências e vivências, possui instrumentos para vivenciar o mundo de forma mais plena.

Pra o desenvolvimento deste trabalho, será realizado pesquisas bibliográficas em teses, artigos científicos, livros e acervos digitais, voltadas para a interferência do ambiente escolar na educação, a compreensão e principais características do Método Montessori e sobre o tema da arquitetura sensorial, gerando assim, referencial teórico para o embasamento do projeto.

Em seguida será realizado uma análise do local de intervenção, compreendendo não só o lote escolhido, como as variáveis do entorno, gerando mapas de uso do solo, equipamentos urbanos, gabarito, viário, entre outros. Serão realizados também estudos de caso, legislações que incidem sobre o tema, e por fim, o desenvolvimento dos esquemas estruturantes; contendo perfil do usuário, conceito, partido, organograma, fluxograma, programa de necessidades, e os estudos de massa e volumetria.

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CAPÍTULO 1 REVISÃO HISTÓRICA DO TEMA

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Educação no Mundo A educação é vista como uma passagem dos valores, ou seja, é a história da sociedade e seu desenvolvimento social, cultural e político. As mudanças que ocorrem nas escolas, seja tecnológica ou a forma de ensino, é resultado de conhecimentos adquiridos de acordo com cada geração, que transformam a forma de ensinar e aprender. De acordo com Kowaltowski (2011) as primeiras ideias surgiram na Grécia, influenciando assim, a educação e a cultura ocidental. “Da Grécia veio a base da educação formal da história ocidental. A palavra pedagogia tem sua origem na Grécia, a partir de PAÍDOS (criança) e de AGOGÔS (condutor). Assim, o trabalho do pedagogo seria de “condutor de crianças” ou, mais amplamente, aquele que ajuda a conduzir o ensino. Portanto, a pedagogia está vinculada ao ato de conduzir ao saber ou à sua construção”. (KOWALTOWSKI, 2011, P.14)

A história da educação em várias épocas está diretamente ligada as religiões dominantes, com a educação acontecendo em igrejas ou templos, formando assim um ensino formal, tendo o homem, acesso as Sagradas Escrituras, logo, a educação começou a ser acessível a determinados setores da sociedade, pois as novas dinâmicas sociais obrigavam as pessoas a saberem ler, para desempenhar atividades, tais como, a leitura de cartas cartográficas para navegação (KOWALTOWSKI, 2011).

Educação no Brasil De acordo com historiadora Lorena Castro Alves (2015) a história da educação no Brasil se iniciou no séc. XVI, em Salvador (Fig. 1), com a chegada dos padres jesuítas com a missão de catequizar e alfabetizar a população indígena, seguindo o modelo de ensino europeu. Homens brancos e cristãos frequentavam não só o colégio, como eram preparados para o ensino superior, entretanto, negros e escravizados não tinham o mesmo direito. Com a independência do Brasil, a escola se tornou uma responsabilidade do Estado, a

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educação primaria e secundaria, eram de responsabilidade das províncias, e o ensino superior da união.

Figura 1 - Primeiras escolas brasileiras Fonte: https://www.colegioweb.com.br/curiosidades/evolucao-da-educacao-das-criancas-brasil.html

No começo da república, a educação sofreu grande influência da “Escola Nova”, movimento surgido na Europa e que depositava na educação o caminho para a resolução dos problemas sociais. O forte crescimento urbano e industrial no início do século XX interferiu na criação de um modelo educacional que atendesse as necessidades do mercado socioeconômico. A teoria da Escola Nova, era fundamentada nas as reformas educacionais, que deveriam ser realizadas com base em uma educação capaz de formar profissionais qualificados a trabalhar nos diversos setores da sociedade, foi neste período que foi criado um sistema de ensino seriado, a qual os alunos seriam agrupados em turmas de acordo com a idade (ALVES, 2015). Segundo Alves (2015) A primeira LDB (Lei de Diretrizes e Bases) foi criada somente em 1961, a segunda em 1971 e a terceira de 1996 em vigor até os dias de hoje. Uma das grandes conquistas é a obrigatoriedade do Estado em garantir o atendimento de crianças entre zero e seis anos, a educação infantil passa a ser a primeira etapa da educação básica, seguida pelo ensino fundamental e ensino médio. No entanto, um dos desafios da Lei de Diretrizes e Bases está em defender uma educação de qualidade capaz de colaborar para o desenvolvimento integral do cidadão e atenuar as desigualdades geradas por fatores socioeconômicos.

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História da Creche e Pré Escola no Brasil No Brasil, as creches tinham como objetivo atender não somente os filhos das mães que trabalhavam na indústria, mas também os filhos das empregadas domésticas. A Casa ou Roda dos Expostos (Fig. 2), ficou marcada como o início das instituições de assistência a infância, no local era oferecido assistência a órfãos, crianças não desejadas, entre outros. Alguns grupos de mulheres com maior poder aquisitivo, organizavam por meio de ações religiosas, a criação de várias instituições para o mesmo fim (KUHLMANN,1998)

Figura 2 - Casa dos Exposto do bairro do Pacaembu em São Paulo Fonte: https://app.museudofutebol.org.br/pacaembu/c/0/i/16540626/o-asilo-dos-expostos

A creche começou a ser defendida por sanitaristas preocupados com as condições de vida da população operária, após enormes pressões por reivindicações por parte dos operários. As creches eram inseridas próximas ou dentro das indústrias (Fig. 3), havendo poucas fora deste contexto, as mesmas tinham caráter assistencialista-protetor, com a preocupação alimentar, de higiene e segurança física. Com o aumento das mulheres no mercado de

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trabalho, a demanda por creches aumenta, principalmente as que atendiam crianças em período integral (OLIVEIRA, 2007).

Figura 3 - Uma das primeiras creches de São Paulo, localiza próximo a uma fábrica têxtil Fonte: https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/10.119/3473

No ano de 1961, ocorre a primeira aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 4024/61) a qual propôs a inclusão dos jardins de infância no sistema de ensino, as creches ainda mantinham a sua característica assistencialista. Nos anos 1980, a educação pré-escolar são sofria com a ausência de uma política universal, a falta de sinergia entre programas educacionais, falta de profissionais qualificados, falta de programas inovadores e falta da participação da família e da sociedade. De acordo com a Constituição de 1988, a educação pré-escolar é vista como necessária e de direito de todos, além de ser dever do Estado e deverá ser integrada ao sistema de ensino, tanto para creches como para escolas. A partir de então, tanto a creche quanto à pré-escola é inclusa na política educacional, seguindo uma concepção pedagógica, complementando a ação familiar, e não mais assistencialista, passando a ser um dever do Estado e direito da criança. E a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) Lei 8.069/90, defende que os municípios também são responsáveis pela infância e adolescência, criando as diretrizes municipais de atendimento aos direitos da criança e do adolescente. Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998), a educação infantil é considerada a primeira etapa da educação, tendo como base o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, bem como,

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define as creches, para crianças de zero a três anos e as pré-escolas para as de quatro a seis anos, sendo ambas consideradas como instituições de Educação Infantil. A distinção entre ambas é feita apenas pelo critério de faixa etária. Em 2014 foi aprovado a Lei nº 13.005/2014 que sanciona o Plano Nacional de Educação, que propõe desde metas, diagnósticos, diretrizes e estratégias para o desenvolvimento da educação no Brasil, tem como objetivo: a erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria na qualidade do ensino, formação para o trabalho, entre outras. Tendo o atual plano a vigência de 10 anos.

História da Educação Infantil em Itaquaquecetuba De acordo com a Prefeitura de Itaquaquecetuba (2015) em 1953 Itaquaquecetuba se tornou um município e suas escolas estavam em estado precário. No final da década de 50 e início da década de 60, com a criação da Lei nº 4.024, primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, trouxe avanços na distribuição dos recursos federais, com isso foram implantados ginásios orientados para o trabalho e o atendimento a analfabetos com mais de dez anos de idade. A cidade passou então a ter escolas estaduais, ou como eram chamadas, as antigas escolas primárias ou grupos escolares que também passaram a ser ginasiais, sendo dessa época a Escola Primária Benedito Vieira de Mota (Fig. 4). A principal característica da cidade nessa época é a de ser cidade-dormitório.

Figura 4 - Fachada da Escola Benedito Vieira Mota

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Fonte: Acervo de Ângelo Guglielmo, retirado do site http://estudodohistoriador.blogspot.com/2009/12/memoria-e-historia-da-escola-benedito.html

Somente a partir da década de 70, com a crescente industrialização do município, começou a ganhar corpo à reivindicação por mais escolas e isso se dá pela crescente população que chega à cidade em busca de emprego; a maioria constituída por migrantes de baixa renda e com grande índice de analfabetismo. A Educação Infantil, sob a supervisão da Secretaria Municipal de Promoção Social passa a ser a primeira experiência de municipalização de ensino, sendo pioneiras nesse trabalho a Creche Nossa Senhora D’Ajuda e a Creche Rosalina Flora de Camargo. Em 1986 a Creche Clélia Moneia Chapina também foi agregada a cidade. (PREFEITURA DE ITAQUAQUECETUBA, 2015)

A Educação Infantil até 1990 era oferecida em Escolas Municipais de Educação Infantil - EMEI’s e presente por algumas classes isoladas, em diversos bairros da cidade. A partir de 1995, com a Secretaria de Educação e Cultura mais organizada, teve início no município, o desenvolvimento da educação infantil, com a rede física estruturada na modalidade infantil em prédios próprios, cedidos ou alugados. Em 04, de junho de 2013 houve a renomeação da Secretária Municipal de Educação para Secretária Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação – SEMECTI.

O Método Montessori

Maria Montessori Segundo Hermann Rohrs, autora do livro Maria Montessori (2010), Maria Montessori (1870-1952) foi uma médica psiquiatra italiana e uma das primeiras mulheres a se formarem em Medicina na Itália. No final do séc. XIX, as condições de vida e tratamento de crianças com deficiências internadas em instituições psiquiátricas era péssima, e Montessori, em parceria com um colega, se uniram para transformar essa realidade, e oferecer às crianças, chances de um desenvolvimento completo e uma melhor qualidade de vida. (ROHRS, 2010)

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Para isso, criaram a Escola Especial, cuja base eram textos de antropologia pedagógica e os métodos didáticos desenvolvidos por Édouard Séguin. Os resultados do trabalho do trio foram surpreendentes, e algumas das crianças conseguiram aprender mais na Escola Especial do que as crianças sem deficiências aprendiam nas escolas regulares da época.

Logo, voltou a estudar novos cursos e práticas, que a levaram a inaugurar uma escola na periferia da França, onde ali, experenciava novos formatos de ensino, o espaço se chamava Casa da Criança, lá as crianças eram alfabetizadas, e se tornavam, gentis, concentradas e disciplinadas. Assim, nasceu a Pedagogia Cientifica, uma abordagem que se transforma a partir da observação do professor, enquanto as crianças vivenciam o ambiente com liberdade fazendo tudo que contribuem para um bom desenvolvimento. (ROHRS, 2010)

O Método Segundo Rohrs (2010) O Método Montessori pode ser definido como um conjunto de teorias, práticas e materiais, didáticos, que são resultados das experiências realizadas pela médica em creches infantis e nas primeiras classes elementares.

A proposta tem como objetivo promover a criatividade da criança, associando a vontade de aprender. As práticas consideram diferentes fases de aprendizado, preocupando-se com o corpo, espirito e a adaptação da vida pelo aluno. Os principais fundamentos são: Atividade, Liberdade e Individualidade. (ROHRS, 2010)

O Método Montessori leva em consideração o estudo de três aspectos: a criança, educador e o ambiente, com o objetivo de proporcionar uma “educação para a vida”, para educar é preciso saber observar a criança e entender suas necessidades, respeitando seu ritmo e seu interesse, a figura do professor é apenas como um guia.

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As salas de aula tradicionais eram vistas com bons olhos por Montessori, dizia que pareciam coleções de borboletas, com cada aluno no seu lugar. Em uma sala de aula Montessori as crianças ficam espalhadas, sozinhas ou em pequenos grupos, concentradas nos exercícios. (ROHRS, 2010)

Ainda de acordo com Rohrs (2010) o ambiente possui um papel importante no desenvolvimento do Método, o mesmo, precisa ser confortável, convidativo, que desperte o interesse do aluno e suas manifestações, os espaços precisam permitir flexibilidade e valorizar a mobilidade das crianças. A flexibilização é exemplificada pela importância do mobiliário escolar, com mobiliários com a altura das crianças, próximas ao chão, trazendo liberdade para a criança desloca-la por onde for, em um primeiro momento, será desordenado, porém as próximas vezes em que for realizar a atividade, poderá se corrigir e se aperfeiçoar.

Com essa linha de raciocínio, uma série de cinco grupos de material didático foi desenvolvido por Montessori, permitindo o desenvolvimento da atenção, da iniciativa, da disciplina, da educação e dos sentidos e do senso de percepção., materiais simples, mas atrativos, desenhados para estimular o raciocínio. (ROHRS, 2010)

A escolha das atividades é livre, valorizando a independência e o esforço individual, porém o método não desconsidera a ação coletiva, pois, a união está nas atividades domésticas, ao organizar os brinquedos na escola, por exemplo. O Método Montessori tem sido utilizado não só em escolas do mundo todo, desde o berçário até o ensino médio, como também em lares, clinicas e escolas especiais.

Nota-se que, como dito até aqui, que existe grande diferença entre os Métodos Montessori e o Tradicional. Logo, para facilitar a compreensão, o site da ABEC - Associação Brasileira de Educação e Cultura, apresenta algumas comparações entre os dois métodos (tabela 1).

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Tabela 1- Comparativo de Métodos

Fonte: ABEC, s.d - Alterada pelo autor.

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Arquitetura dos Sentidos Segundo Kowaltowski (2011) “A interação do homem com o meio causa efeitos diretos, que irão nortear seu modo de vida”. A autora reflete ainda, que a psicologia ambiental envolve questões relativas à sociologia, ergonomia, antropologia, do planejamento da arquitetura. Maria Montessori defendia que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que as crianças exploram e decodificam o mundo ao seu redor "A criança ama tocar os objetos para depois poder reconhecê-los", disse certa vez. (NOVA ESCOLA, 2008)

Maria Montessori, defendeu a ideia do aprendizado pelas sensações, criou diversas soluções educacionais, com a função de estimular os sentidos naturais das crianças, como já relatado, em suas escolas, os objetos e mobiliários possuíam a mesma proporção da criança, estendo tais soluções, para todo o ambiente escolar.

Para Martau (apud PALLASMAA, 2005) Pallasma ressalta em seu livro, uma arquitetura de experiências multissensoriais, oposta da arquitetura “visual” que se apresenta na maioria dos espaços. O autor defende que os sentidos devem estar presentes na expressão e experiências arquitetônicas.

Martau (apud PALLASMAA, 2005) defende que nossa percepção sobre o mundo está diretamente ligada nas informações que recebemos através dos cinco sentidos: Visão, Tato, Audição, Olfato e Paladar, e que ambos devem ser explorados. A arquitetura deve equilibrar-se entre a funcionalidade, conforto e os sentidos, de modo que motive a imaginação e a emoção.

Educação Inclusiva A Constituição Federal garanti que a educação é um direito de todos, e a Resolução da CNA/CNE nº2/2001, define que as escolas do ensino regular devem matricula todos os alunos em suas classes comuns, com os apoios

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necessários, sem diferenciação. Definindo que todas as escolas devem estar preparadas para receber qualquer criança e oferecer todo o suporte necessário, e qualquer escola, seja ela pública ou particular, que se negue a matricular o aluno com deficiência comete crime, com pena de reclusão de um a quatro anos (Art. 8º da Lei nº 7.853/89).

Em 2016 o Estatuo da Pessoa com Deficiência foi atualizado e se tornou Lei Brasileira de Inclusão (LBI). A Lei visa garantir de forma mais abrangente a inclusão de todas as crianças em escolas públicas, exigindo igualdade de oportunidades e tendo obrigação de fornecer toda e qualquer ajuda necessária a todo o tipo de aluno.

Figura 5 - Gráfico com a porcentagem de população com algum tipo de deficiência Fonte: IBGE, 2010

De acordo com o do IBGE (2010) no Censo realizado em 2010 (Fig. 5), 46 milhões de pessoas afirmaram ter algum tipo de deficiência, se trata de um número alto, a LBI busca garantir os direitos dessas pessoas pelo acesso a educação, e garantir que as diferenças não sejam um obstáculo.

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A inclusão escolar possibilita aos alunos com deficiência ou outra condição, compartilhar o mesmo ambiente social educativo que os demais e estimula a aprendizagem colaborativa. O restante dos alunos obtém a oportunidade de trocar experiências, convivendo com o outro, valorizando a sensibilidade, a tolerância e o respeito ao próximo. A educação inclusiva deve qualificar o ambiente acadêmico e equiparar as oportunidades para todos os estudantes.

Segundo o MEC (2008) é importante destacar que a inclusão educacional não é sinônimo de deficiência. O perfil da educação inclusiva é constituído por três grupos: os alunos com deficiência, que possuem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual, ou sensorial; alunos com transtornos globais do desenvolvimento ou transtorno do espectro autista, são aqueles que possuem alterações de interações socais e na comunicação, com interesses restritos, e por fim os alunos com altas habilidades ou superdotação, que são alunos com alto potencial nas áreas intelectuais, acadêmica, liderança e artes. A utilização da educação inclusiva não ignora as particularidades, e valoriza as diferenças, interpretadas como pluralidade.

Essa pluralidade proporciona inúmeros benefícios, os alunos incluídos possuem o acesso à educação e os outros estudantes tem a oportunidade de aprender a vivenciar as diferenças, desenvolvendo habilidades como empatia, respeito ao próximo e senso de colaboração, fatores que colaboram com os princípios da metodologia Montessori.

Para melhor compreensão dos avanços da educação inclusiva no Brasil, foi desenvolvida uma linha do tempo (Fig. 6), com os principais fatos, baseados na consulta e análise do arquivo de Políticas Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. (MEC,2008)

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Figura 6- Linha do tempo - Principais marcos da educação inclusiva Fonte: Autoral, 2021

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CAPÍTULO 2 REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA ESCOLAR

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Na idade média, as escolas se formavam através de uma sala única com crianças de várias idades juntas, que recebiam o mesmo nível de ensino, a moradia do professor era integrada à escola, e o sótão abrigava crianças carentes (LANGE, 1998, apud KOWALTOWSKI, 2011, 65). A divisão das salas de aula por idade foi defendida por Comenius, sendo aplicada pelos jesuítas como organização educacional na arquitetura escolar, salas de aula dispostas em corredor lateral ou com corredor central, como é possível observar (Fig. 7):

Figura 7 - Escola com sala dispostas com corredor lateral Fonte: Livro Arquitetura Escolar (2011)

As turmas ainda se dividiam por sexo e por idade, e até mesmo, por classes sociais. Essas tipologias seguiam o programa de necessidades de salas de aula por seres de ensino que continham caraterísticas disciplinares.

NO século XVIII, Henry Kendal, um estudioso que abordava o assunto, defendia que as salas de aula deveriam ter grandes janelas para ventilação e iluminação, com suas aberturas voltadas ao norte, melhorando as condições do ambiente, saúde e bem-estar dos usuários, seguindo ainda um estilo arquitetônico gótico, como ilustra (Fig. 8):

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Figura 8 - Modelo de escola sugerido por Kendall Fonte: Livro Arquitetura Escolar (2011)

A partir de 1870, a Inglaterra amplia os investimentos na educação pública e fica a cargo do arquiteto E.R. Robson a função de projetar diversas edificações escolares em Londres. A arquitetura de Robson era caracterizada pela divisão das salas de aulas entre meninos e meninas, pé-direito alto, janelas altas, plantas baixas simétricas e pequenos espaços para recreação. Em geral, os seus modelos de escolas, eram robustas, mas sem estímulos educacionais (Fig. 9).

Figura 9 - Exemplo de sala de aula sugerida por E. R. Robson Fonte: Livro Arquitetura Escolar (2011)

Segundo Kowaltowski (2011) O período pós primeira guerra mundial trouxe um hiato no desenvolvimento da arquitetura escolar, no entanto, no mesmo período, de pós guerra, surgiram novos conceitos de modernismo nas artes e arquitetura. As escolas da Alemanha tornaram o país o mais influente devido ao seu modelo de ensino, o modelo prussiano de salas de aulas, que consistiam, em separação por meio de um hall de entrada, o dimensionamento

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da sala era determinado pela lotação, de 40 a 60 crianças, podendo chegar em alguns casos a 300 alunos por sala, vide a figura 10.

Figura 10 - Exemplo de sala de aula para 300 pessoas Fonte: Imagem retirada do livro Arquitetura Escolar, 2011.

De acordo com BRUBAKER, 1998 citado por Kowaltowski (2011), nos Estados Unidos, já no século XIX havia uma certa preocupação com o planejamento do espaço escolar, as edificações escolares ocupavam espaços pequenos, onde havia apenas o prédio com espaços livres reduzidos para atividades de intervalo, não havia preocupação com o paisagismo do local, a linguagem arquitetônica era clássica, com fachada principal com detalhes simples. A partir do fim do século, os projetos das escolas se transforaram, as escolas ocuparam lotes maiores, as escolas foram inseridas nos subúrbios, com estilo menos formal, o auditório é um novo ambiente do projeto escolar, e o ginásio de esportes é incorporado a edificação educacional.

Figura 11 - Modelo de planta escolar do Estados Unidos Fonte: Imagem retirada do livro Arquitetura Escolar, 2011

Acima imagem (Fig. 11) da planta das escolas, com as mudanças ocorridas na sua organização, que levava em conta a estética e o bem-estar dos

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usuários, as escolas aderiram auditório, quadro de esportes, sala multiuso, laboratórios de ciências e artes, entre outros.

No entanto, a crise econômica dos anos 1920, interrompe o desenvolvimento da arquitetura escolar nos Estados Unidos, retornando apenas após o fim da segunda guerra mundial, para atender o aumento da população escolar, as formas arquitetônicas eram sem ornamentos e com aparência de ‘caixa de sapato’, surgiram também escolas com fachadas de cortina de vidro, sem preocupações de conforto térmico e ambiental, como aponta BRUBAKER (1998) citado por Kowaltowski (2011).

Algumas escolas americanas projetadas por Frank Lloyd Wright no começo do século XX possuíam vertentes do pluralismo, onde se preocupa com o planejamento dos espaços, seus detalhes construtivos de qualidade, a estética e o bem estar dos usuários. Introduzindo a flexibilidade dos espaços multifuncionais com iluminação natural, destacando as linhas horizontais nas formas e repetições de esquadrias, no interior, as volumetrias expostas são exploradas pelos alunos para despertar a percepção espacial dos mesmos.

Outro projeto de destaque, é o do arquiteto Richard Neutra na cidade de Los Angeles, Califórnia. Valorizando maior integração de atividades no interior e exterior de um prédio escolar, com salas de aula com terraços, privilegiando a circulação horizontal e o conceito de planta livre (Fig. 12), propiciando o conceito de liberdade ao usuário (KOWALTOWSKI, 2011).

Figura 12 - Imagem da escola com planta livre de Richard Neutra Fonte: Imagem retirada do livro Arquitetura Escolar, 2011.

A disposição da maioria das salas de aula no Brasil ainda segue os padrões tradicionais, com carteiras enfileiradas e o professor em frente ao

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quadro negro. O planejamento, projeto e construção se baseiam na evolução da arquitetura paulista.

A partir de 1920 a arquitetura escolar brasileira seguia uma linha neoclássica, com arquitetura imponentes, a maioria dos prédios ficavam próximos a praças, se destacava ainda a simetria da planta, uma das escolas que mais se destacam nesse período é a Modela da Luz (Fig. 13), projetada por Ramos de Azevedo, que segue as principais características arquitetônicas, bem como, respeita as principais diretrizes do primeiro Código Sanitário do Estado de São Paulo.

Figura 13 - Escola Morada da Luz Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra21518/escola-modelo-da-luz-g-e-prudente-de-moraes

Com a revolução industrial na década de 30, os prédios escolares, aos poucos, passaram a ser menos compacto, extinguindo a separação por sexo, a implantação apresentava características mais flexíveis e com uso de pilotis, deixando o térreo livre para atividades recreativas.

A partir da obrigatoriedade do Estado em investir 10% de sua arrecadação tributária em educação, regido pela primeira Constituição, as construções escolares passaram a retratar a condição socioeconômica e política do Brasil, ocasionando em uma grande escala de construção de escolas, no entanto, não era levada em consideração a qualidade do projeto, mas sim a quantidade.

A arquitetura das escolas evolui com o passar dos anos, ficou mais moderna, passando a demonstrar o crescimento educacional, econômico, social e também político do país, como sugere Kowaltowski (2011). Sendo assim, o

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Fundo para o Desenvolvimento da Educação, em 1998, foram abordados pontos importantes para a organização das escolas, elas deveriam ser mais claras, amplas e possuir melhores condições de conforto térmico de acordo com o FDE (1998) citado por Kowaltowski (2011).

Em um contexto mais atual, entre os anos de 1990 e 2010, observa-se a padronização das escolas, que possuem blocos monolítico, com três pavimentos. Alguns projetos saíram do convencional, em São Paulo, foram fundadas as primeiras escolas contemporâneas, com utilização de estruturas metálicas e inserção de bibliotecas, teatros, quadras poliesportivas e atividades culturais que otimizam os espaços educacionais (KOWALTOWSKI, 2011). A evolução arquitetônica realizada por João Figueiras Lima, trouxe um novo contexto visual no setor de ensino, porém, não deixando de ser funcional, apenas buscando novas estratégias para que houvesse a possibilidade de sair da convencional padronização do sistema, com novas distribuições e formatos irregulares nos acessos para os ambientes fornecidos nas escolas.

Segundo Kowaltowski (2011), o atual cenário da arquitetura escolar pública brasileira é caracterizado pela padronização dos projetos, que geralmente são contratados através de licitações e escolha do menor preço, gerando espaços escolares inadequados, com problemas de conforto ambiental e possuindo um padrão mínimo de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e o Fundo para o desenvolvimento da Educação (FDE).

Figura 14 - Centro de Educação Unificada (CEU) em São Paulo Fonte:https://saopaulosao.com.br/conteudos/outros/2630-calor-e-piscinas-publicas-saiba-onde-serefrescar.html

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Existem alguns projetos que buscam fugir dessa padronização, propondo integração entre os programas arquitetônico e pedagógico, com oferta de escolas de período integral, profissionalizante e que integra comunidade ao ambiente escolar, como os Centros de Educação Unificada – CEU (Fig. 14), escolas que integram parte da rede de ensino público de São Paulo.

Nota-se atualmente, que os modelos de escolas seguem um padrão, com programas de necessidades padronizados, levando em conta, apenas a economia e a produção em massa dessas escolas, priorizando a relação de quantidade ao invés de oferecer espaços públicos qualificados

Linha Do Tempo Para a compreensão do processo histórico trilhado desde os primeiros ambientes escolares brasileiros até a legitimação do ensino infantil, foi desenvolvido a linha do tempo a seguir (Fig. 15), baseada nas informações coletadas no trabalha de pesquisa de Kuhlmann (1998), Oliveira (2007), Alves (2015) e Kowaltowski (2011).

Figura 15 - Linha histórica do tempo – Fonte: Autoral, 2021.

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CAPÍTULO 3 LEGISLAÇÃO

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O presente capítulo visa analisar as legislações municipais, estaduais e federais pertinentes ao desenvolvimento da tipologia arquitetônica proposta nesta monografia, obedecendo os parâmetros e diretrizes previstas. A nível municipal o e o Código de Obras, a nível estadual o Código Sanitário e a nível nacional: as NBR’s 9050, 9077 e 5626.

SALAS DE AULA

Segundo o Código de Obras de Itaquaquecetuba (Lei nº509/1970), as salas de aula, quando de forma retangular, deverão ter o comprimento igual a no mínimo, uma vez e meia a sua largura, as portas das salas de aula devem possuir largura mínima de 0,80m e altura de 2,10m, e a área das salas de aula deverá ser correspondente a no mínimo, a um metro quadrado por aluno lotado em carteira dupla, e a 1,35m² quando em carteira individual, o pé direito da sala de aula não será inferior a no mínimo, em qualquer ponto, de 2,70m.

BERÇARIO

De acordo com o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº12.342), as creches são espaços apropriados para vigilância, assistência e de cuidados com os filhos de mulheres que não mantem um convenio nos termos da legislação federal, logo, é necessário que os berçários possuam uma área mínima de 6,00 m², seguindo o dimensionamento mínimo de 3,00 m² por criança, os berços devem apresentar uma distância mínima de 0,50 m entre eles e a alvenaria/parede. O código determina que o número de leitos dos berçários deve ser proporcional ao 1 leito para cada grupo de 30 mães, com idades de 16 a 40 anos. Logo, se faz necessário a inserção de uma sala de amamentação, que deverá dispor de dimensão mínima de 6,00 m² e com a disponibilização de poltronas para que as mães possam amamentar seus filhos de forma adequada e confortável. O espaço deve ter também, uma cozinha dietética com no mínimo 4 m², para que seja possível realizar o preparo das mamadeiras ou suplementos dietéticos para as crianças ou para as mães (LEI SANITÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - DECRETO Nº 12.342).

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SANITÁRIOS

Segundo o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342) as escolas deverão ter compartimentos sanitários, devidamente separados para uso de cada sexo. Esses compartimentos, deverão ser dotados de bacias sanitárias em número correspondente, no mínimo, a uma para cada 25 alunas (os); um mictório para cada 40 alunos; e um lavatório para cada 40 alunos ou alunas. Deverão, também, ser previstas instalações sanitárias para professores que deverão atender, para cada sexo, à proporção mínima de uma bacia sanitária para cada 10 salas de aula; e os lavatórios serão em número não inferior a um para cada 6 salas de aula. É obrigatória a existência de instalações sanitárias nas áreas de recreação, na proporção mínima de 1 bacia sanitária e 1 mictório para cada 200 alunos; uma bacia sanitária para cada 100 alunas e um lavatório para cada 200 alunos ou alunas. Quando for prevista a prática de esportes ou educação física, deverá haver também chuveiros, na proporção de um para cada 100 alunos ou alunas e vestiários separados, com 5,00 m², para cada 100 alunos ou alunas, no mínimo. Segundo o Decreto 12.342 de saneamento a dimensão mínima de um compartimento sanitário contendo bacia sanitária e lavatório deve ser de 1,50 m², os sanitários quando contendo, bacia sanitária, área para banho, com chuveiro e lavatório, deverão ter no mínimo 2,50m² com dimensão mínima de 1,00m. Dos boxes acessíveis, a NBR 9050 prevê que as dimensões do sanitário devem garantir espaço de um círculo de 1,50 m, para um giro de uma pessoa na cadeira de rodas e ter dimensões mínimas de 1,50 m por 2,00 m. As portas devem abrir para o lado externo do sanitário ou boxe e, em caso de instalação em locais de prática de esportes, as portas devem ter um vão livre mínimo de 1,00 m. Junto à bacia sanitária, devem ser instaladas barras para apoio e transferência sendo uma barra reta com comprimento mínimo de 0,80 m,

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posicionada horizontalmente a 0,75 m de altura do piso acabado além de uma barra reta com comprimento mínimo de 0,70 m, posicionada verticalmente.

CIRCULAÇÃO VERTICAL

Segundo a NBR 9077/2001, as escadas deverão ser dimensionadas pela fórmula de Blondel (63 cm ≤ 2h+ b ≤64 cm), sendo cada espelho entre 16 cm e 18 cm e pisadas entre 28 cm e 32 cm. O comprimento dos patamares deve ser dado pela fórmula p = (2h + b) n + b.

Ainda segundo a NBR 9050/15, a largura mínima para escadas em rotas acessíveis é de 1,20 m. As escadas devem ter no mínimo um patamar de 1,20 m a cada 3,20 m de desnível e sempre que houver mudança de direção. Os corrimãos laterais devem prolongar-se pelo menos por 0,30 m pós o fim dos degraus. Os corrimãos intermediários devem garantir faixa de circulação com largura mínima de 1,20 m.

Figura 16 - Dimensionamento rampas - Vista superior Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015).

Figura 17 - Dimensionamento rampas - Vista lateral Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015).

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A inclinação das rampas, deve ser calculada com a fórmula i (inclinação) = h (altura) x 100 / c (comprimento), devendo ter largura mínima de 1,50 m. Os patamares das rampas devem ter dimensão longitudinal mínima de 1,20 m, como é possível observar na figura 16 e 17.

CORREDORES E ROTAS DE SAÍDA

O Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342) determina que os corredores quando de uso comum ou coletivo tenham 1,20 m de largura e pé-direito mínimo de 2,50 m já a NBR 9050/15, a largura mínima para corredores de uso público e grande fluxo de pessoas é de 1,50 m.

Para as rotas de saída, a NBR 9077/2001 determina que as larguras mínimas devam ser as de 1,10 m (duas unidades de passagem) como é possível notar na figura 16, de 55 cm para as ocupações em geral e de 2,20 m para permitir a passagem de macas, camas e outros; as portas utilizadas nas rotas devem ser de 80 cm, 1,0 m e 1,50 m, valendo por uma, duas e três unidades de passagem respectivamente.

Na NBR 9050/15 aponta que, nas áreas de resgate em rotas de saída, deve ser previsto no mínimo um módulo de 1,20 m por 1,50 m a cada 500 pessoas de lotação, por pavimento.

RECEPÇÃO

Segundo o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342), uma recepção deve ter no mínimo 10 m² e pé-direito de no mínimo 3,0m com área iluminante de 1/5 da área do piso e a de ventilação natural ser a metade da superfície de iluminação natural. SALAS DE ESCRITÓRIOS OU SERVIÇOS. (Secretaria, Direção, Coordenação, Sala dos Professores, Sala de Supervisão)

De acordo com o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342), as salas destinadas a escritórios, comércio ou serviços devem ter área

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mínima de 10,00 m², com pé-direito de, no mínimo, 3,00m em pavimentos térreos e 2,70m em pavimentos superiores. A área iluminante de 1/5 da área do piso, e a de ventilação natural deverá ser a metade da superfície de iluminação natural, no mínimo.

SALAS DE SERVIÇOS (Sala de manutenção e Almoxarifado) Segundo o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342), as salas destinadas a escritórios, comércio ou serviços devem ter área mínima de 10,00 m², com pé-direito de, no mínimo, 3,00m em pavimentos térreos e 2,70m em pavimentos superiores. A área iluminante de 1/5 da área do piso, e a de ventilação natural deverá ser a metade da superfície de iluminação natural, no mínimo.

VESTIÁRIO PARA FUNCIONÁRIOS

O Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342), defende que os vestiários devem ter área mínima de 6,00 m², pé-direito de, no mínimo 3,00 m para pavimentos térreos e 2,70 m em pavimentos superiores. A área iluminante deve ser no mínimo 1/8 da área do piso, com o mínimo de 0,60 m², e a área de ventilação natural deverá ser, no mínimo, a metade da superfície de iluminação natural. De acordo com a NBR 9050/15, os boxes comuns devem ter dimensões mínimas de 0,90 m por 1,20 m. Os boxes de chuveiros acessíveis devem ter dimensões mínimas de 0,90 m por 0,95 m. PÁTIO COBERTO O Código de Obras de Itaquaquecetuba (LEI nº509/1970) sugere que a ia a construção de recreio coberto nas escolas primarias ou ginasiais, com área correspondente no mínimo de 1/3 da soma das áreas das salas de aula, e no Máximo de 1/3 da área não ocupada pela edificação PÁTIO EXTERNO Segundo o Código de Obras de Itaquaquecetuba (LEI nº509/1970), os edifícios escolares destinados a cursos primários, ginasiais ou equivalentes, deverão ter comunicação direta obrigatória entre a área de fundo e logradouro

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público, por uma passagem de largura mínima de 3m e altura mínima de 3,50m e as edificações destinadas a escolas primarias, ginasiais ou equivalentes, não poderão ocupar área superior a 1/3 da do lote, excluídos os galpões destinados a recreios cobertos.

De acordo com a NBR 9050, todos os mobiliários urbanos presentes na escola devem ser acessíveis, tendo previsto a instalação de 50% dos bebedouros acessíveis por pavimento, respeitando o mínimo de um, localizados em rotas acessíveis com altura mínima de 0,73m do piso.

ENFERMARIA

Segundo o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.342), os ambientes de recepção e triagem devem ter área mínima de 10 m². O pédireito deve ter no mínimo em pavimentos térreos 3,00 m, e em pavimentos superiores 2,70 m. A área iluminante deve ser 1/5 da área do piso e a de ventilação natural deverá ser, no mínimo, a metade da superfície de iluminação natural. ESTACIONAMENTO

De acordo com a NBR 9050/15, as vagas destinadas a deficientes físicos devem contar com um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20 m de largura quando afastadas da faixa de travessia de pedestres e percurso máximo entre a vaga e o acesso à edificação ou elevadores de no máximo 50 m. O estacionamento deve ter faixa de circulação de pedestre com largura mínima de 1,20 m até o local de interesse. RESERVATÓRIOS DE ÁGUA

De acordo com a NBR 5626, e de acordo com o Código Sanitário do Estado de São Paulo, os reservatórios de água relacionados a consumo de escolas, devem ter capacidade adicional à que for exigida para combate a incêndio, não inferior a correspondente a 50 litros por aluno.

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CAPÍTULO 4 ESTUDOS DE CASOS

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Estudo 1- Berçário Prime Time

Figura 18 - Fachada Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011.

Ficha Técnica Projeto: Berçário Prime Time Arquiteto:

Marcio

Área construída: 870 m² Kogan

Área do terreno: 900 m²

|StudioMk27

Estrutura: Concreto

Localização: Vila Andrade – São

Ano: 2007

Paulo/SP

CONCEITO Segundo o ArchDaily (2011) o projeto está inserido em uma área nobre da cidade de São Paulo, o projeto possui um conceito lúdico e abstrato e integração com a natureza, influenciando o desenvolvimento de crianças de até 3 anos, através do relacionamento humano. O espaço conta com capacidade para até 75 crianças. Ao observar a fachada (Fig. 18), a sua forma, o uso de materiais, como o vidro, e sua estética elegante, em nada lembra uma escola.

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Figura 19 – Detalhes Fachada Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

PARTIDO Para a estrutura do projeto foi utilizado o concreto armado (Fig. 19), que permitiu vencer grandes vãos, muito presente no projeto, o concreto imprime uma robustez, contraponto com uma grande parede amarela, tornando o ambiente lúdico e a madeira insere a sensação de aconchego. (ArchDaily, 2011)

Figura 20- Detalhe transparência Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

SOBRE O PROJETO

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O projeto valoriza a circulação vertical realizada por rampas, integrando os 3 andares do prédio, inserindo materiais que contribuem para o conforto térmico-acústico, como pisos absorventes de impacto, foi utilizado também mobiliários com proporções semelhantes à de uma criança, influenciando a independência das mesmas (Fig. 21).

Além da utilização de materiais naturais, as cores, amarelo, laranja e vermelho foram selecionadas para criar uma atmosfera estimulante em sintonia com a demanda apresentada pelos clientes.

Figura 21 – Detalhe conforto ambiental Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

PROGRAMA ARQUITETÔNICO

Figura 22 – Planta Térreo Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

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Figura 23 – Planta - Primeiro Pavimento Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

Figura 24 -Planta Segundo Pavimento Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011.

O programa arquitetônico do projeto é distribuído por 3 andares (Fig. 22, 23 e 24), conectados por rampas, o bloco principal apresenta a fachada com fechamento de vidro e a grande parede amarela, quase todos os ambientes estão para a face norte, que receberam painéis perfurados, criando varandas, sem colocar em risco a segurança dos usuários. composto por praça de acesso, portaria, recepção, biblioteca, casa de bonecas, atividades com água, pátio descoberto e coberto, refeitório, cozinha, sala multiuso, palco, sanitários, ambulatório, salas administrativas, lactário e lavanderia. (ArchDaily, 2011)

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Figura 25 – Setorização – Planta Térreo Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

Figura 26 - - Setorização – Planta Primeiro Pavimento Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

Figura 27- Setorização – Planta Segundo Pavimento Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2011. Alterada pelo autor

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MATERIALIDADE O projeto possui o concreto armado, como principal componente da sua estrutura, foi utilizado fechamentos de vidros, painéis perfurados, pisos de alto impacto, e muxarabis de madeira. (ArchDaily, 2011).

PONTOS POSITIVOS O projeto do Berçário Prime Time foi escolhido como referência por inserir uma nova estética para na fachada das escolas, bem como, a ousadia no uso das cores no projeto, a circulação vertical realizada por rampas propiciando a acessibilidade e o programa arquitetônico desenvolvido no edifício.

PONTOS NEGATIVOS O projeto apresenta pouca interação com o paisagismo, a área de pátio externa aparenta ser bem limitada.

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Estudo 2 - Jardim de Infância SMW

Figura 28- Fachada Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019.

Ficha Técnica Projeto: Jardim de Infância SMW

Área: 822 m²

Arquitetos: HIBINOSEKKEI, Youji no

Ano: 2018

Shiro

Localização: Kanagawa, Japão

Figura 29- Detalhe aberturas Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019. Alterada pelo autor

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CONCEITO De acordo com o ArchDaily (2019), o projeto do Jardim de Infância SMW foi concebido para que as crianças explorassem e cultivassem a sua independência, de forma criativa, fugindo dos padrões, uma vez que, nos métodos de ensino tradicionais, os alunos são condicionados a uma rotina rígida, com pouca autonomia (Fig. 29).

Figura 30- Detalhe área externa Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019. Alterada pelo autor

PARTIDO O projeto apresenta grandes aberturas (Fig. 30), permitindo a integração com o jardim por todas as entradas e favorecendo a entrada de iluminação natural, há também pequenas “montanhas” dispostas no jardim, criando um elemento para que a criança explore e estimule a autonomia e a curiosidade em explorar o ambiente externo. (ArchDaily, 2011)

PROGRAMA ARQUITETÔNICO O programa é distribuído em uma edificação térrea (Fig, 31 e 32), composto por 05 salas de aula, setor administrativo, setor de serviços e se concentra na entrada da escola. A área externa (Fig. 34) é composta por área de água, jardins e salas de jogos. O mobiliário é acessível, e permiti ser deslocado de acordo com a necessidade do aluno ou atividade proposta.

54 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 31- Planta térreo Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019. Alterada pelo autor

Figura 32 – Setorização – Planta térreo Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019. Alterada pelo autor

MATERIALIDADE O sistema construtivo utilizado é o Steel Frame, com fechamento com panos de vidros e tijolos, a área interna do espaço (Fig. 33) é revestida com madeira, imprimindo uma sensação de aconchego, outra solução interessante, é a utilização de diferentes tipos de iluminação, criando cenários diferentes em cada espaço.

55 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 33- Detalhe – Sala de Aula Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019. Alterada pelo autor

Figura 34- Área externa Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2019. Alterada pelo autor

PONTOS POSITIVOS O projeto explora a curiosidade das crianças ao propor diferentes tipos de soluções, e brincar com os materiais, texturas e iluminação. A interação promovida pela área interna e externa, contribui para o bom desenvolvimento do aluno, reforçando os três pilares do método Montessori com o aprendizado sensorial, a autonomia e o contato social e com a natureza.

PONTOS NEGATIVOS O projeto não apresenta soluções de acessibilidade.

56 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Estudo 3 - MMG Escola Infantil Montessoriana

Figura 35- Fachada Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020.

Ficha Técnica Projeto:

MMG

Escola

Infantil

Arquitetos: HGAA

Montessoriana

Área: 600 m²

Localização: Ha Long City – Quang

Ano: 2020

Ninh – Vietnã

Montessori é um método educacional originário da Europa no início do século XX, e nos últimos tempos tem se desenvolvido consideravelmente no Vietnã. Segundo o site ArchDaily (2020), o projeto está implantado em uma área residencial na cidade de Han Long City, Quang Ninh, a cidade apresentou nos últimos anos, um grande crescimento.

57 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 36- Fachada interage com a vegetação Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020.

CONCEITO De acordo com o ArchDaily (2020), A MMG é uma escola infantil Montessoriana, e foi projetada pelo escritório HGAA que junto com seus investidores criaram, em uma área de 600m² um jardim natural (Fig. 36), para as crianças e salas de aula entre as árvores e plantas, valorizando a integração entre a natureza e as crianças (Fig. 37).

Figura 37- Sala de aula Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

PARTIDO O terreno onde está inserida, foi arrendado pelo prazo de 5 a 10 anos, logo, foi necessário utilizar um sistema construtivo simples, rápido e eficaz, capaz de ser realojado com facilidade, caso haja a necessidade. (ArchDaily, 2011).

58 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 38- Interação com a vegetação Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

SOBRE O PROJETO

Para a realização do projeto, foi utilizado como solução uma estrutura em aço, para 02 blocos rodeados por jardins e hortas. A edificação possui um sistema de 3 escadas de ferro e passarelas aéreas (Fig. 39), formando um circuito de circulação contínuo, ligando os 02 jardins e propiciando a interação da criança com a natureza, podendo usufruir de todo o espaço, para correr, brincar, o espaço também proporciona o aprendizado relacionado ao plantio de frutas, legumes e flores.

Figura 39- Passarelas permitem as crianças explorarem o ambiente Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

Como podemos observar, os fechamentos de vidro proporcionam a integração com o meio interno e externo, mesmo com as portas fechadas. O jardim ao redor da 59 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


sala de aula também cria um ambiente fresco e tranquilo, colaborando para o microclima do ambiente (Fig. 40), atraindo iluminação natural e ventos, enquanto oferece vistas para todas as salas.

Figura 40- Esquemático microclima Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

PROGRAMA ARQUITETÔNICO

Embora o terreno possua dimensões enxutas, com aproximadamente 600m², os responsáveis pelo investimento e projeto, buscaram dedicar 50% do local ara gerar ambientes de aprendizado próximo a natureza, inserindo ao projeto, uma interação com a natureza, não muito frequente em escolas regulares.

Figura 41- Planta térreo Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

60 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


O programa é composto por 04 salas de aula que podem ser integradas (Fig. 41 e 42), que possuem fechamentos em vidro nas aberturas e nas divisórias de parede, promovendo a interação entre os alunos de todos os ambientes. A escola possui 02 sanitários de apoio, cozinha, jardim de infância aos fundos, e um jardim por todo o perímetro dos dois blocos. O mobiliário é acessível, estando na altura das crianças, o mesmo acontece com objetivos, materiais de apoio, etc., como sugere o Método Montessori, logo, as cadeiras e mesas, podem ser facilmente deslocadas, de um canto ao outro, de acordo com a necessidade do aluno ou atividade proposta. Nota-se ainda espaços vazios nas salas de aula, para que a criança explore as formas de brincar.

Figura 42- Setorização – Planta térreo Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

MATERIALIDADE O sistema construtivo utilizado foi o Steel Frame (Fig. 43), possuindo uma estrutura de aço, tendo como fechamento paredes de vidros e tijolos, o método é conhecido por sua versatilidade, rapidez e sustentabilidade, ao prover uma obra mais limpa, outro ponto importante, é que o projeto foi desenvolvido para que sua estrutura permite-se ser desmontada com facilidade, caso for necessário.

61 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 43- Diagrama explodido – Estrutura Fonte: Site de pesquisa ArchDaily Brasil, 2020. Alterada pelo autor

PONTOS POSITIVOS O projeto abordado, busca por soluções arquitetônicas simples, mas ousadas, que contribuem para melhorar a qualidade dos espaços de educação, com destaque para a integração com a natureza, que o mesmo proporciona. O conforto térmicoambiental inserido no projeto é de grande relevância, criando um microclima agradável no ambiente. O projeto torna a criança livre e protagonista da sua história, como o método Montessori sugere.

PONTOS NEGATIVOS O projeto não apresenta soluções de acessibilidade.

62 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Afim de ilustrar os aspectos aproveitados e os objetivos inspirados nos estudos de casos realizados, foi desenvolvida uma tabela com os mesmos (tabela – 2). Tabela 2- Análise de Aspectos e Objetivos dos Estudos de Casos

Fonte: Autoral, 2021

63 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


CAPÍTULO 5

LOCAL DE INTERVENÇÃO

Figura 44 - Mapas explodidos - Isométrica Fonte: Autoral, 2021

64 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Itaquaquecetuba - Perfil O terreno escolhido para implantação da escola infantil, encontra-se no município de Itaquaquecetuba, ou Itaquá, como é conhecida, é um município brasileiro do estado de São Paulo (Fig. 45). Pertence à microrregião de Mogi das Cruzes, à mesorregião metropolitana de São Paulo, está localizado na Região Leste Metropolitana de São Paulo. A cidade faz divisa com outros sete municípios: Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Poá, São Paulo e Suzano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2020), a população estimada era de 321.770 habitantes, o que resultava numa densidade demográfica média de 3.895,24 habilitantes por km2.

Figura 45 - Mapa de Localização Fonte: Autoral, 2021

História de Itaquaquecetuba A origem do Município de Itaquaquecetuba na época, Taquaquecetuba, regressa a uma das onze aldeias fundadas ao entorno de São Paulo de Piratininga, pelo Padre José de Anchieta, responsável pelo projeto do cinturão das aldeias, em sua permanência no Brasil. Segundo o historiador Renato Ignácio da Silva, autor do livro Viver e Reviver (2000), a tribo de origem guarani, falava o tupi-guarani. No dia 08 de setembro de 1560, foi criada Itaquaquecetuba, pelo então presidente da província, Bernardo José Pinto Galvão Peixoto, com o nome de Vila Nossa Senhora D’ajuda, sendo estabelecida a beira do Rio Tietê, para catequizar os Guaianases da aldeia de Taquaquecetuba. O nome dado à nova povoação deriva da abundância de uma

65 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


vegetação (bambus) que cobria a região e que em tupi-guarani que significa “abundância de taquaras-bambuas – que cortam como faca”.

Segundo a Prefeitura de Itaquaquecetuba (2015), até o ano de 1761, documentos de controle de feitos pelos padres da igreja Nossa Senhora D’Ajuda, demonstram que ainda não havia sido acrescentado a letra “i” ao nome da aldeia. As terras do Município estiveram sob a tutela da Igreja Católica (Fig. 46), até o primeiro quartel do Século XX, até ser agregado ao município de Mogi das Cruzes, na qual, pertenceu até a emancipação política em 1953.

Entretanto, nas décadas de 10 e 20 do século XVII, a aldeia ficou quase deserta, a população recomeçaria a crescer apenas no ano de 1624, quando o padre João Álvares, decidiu levantar em sua propriedade, localizada bem ao lado da aldeia de Itaquaquecetuba, uma capela, marcando o início da povoação, que logo viria a se fixar ao seu redor, com o nome de Nossa Senhora da Conceição D’ajuda.

Figura 46 - Imagem da Igreja Matriz, no séc. XIV Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/itaquaquecetuba/historico

O primeiro censo realizado na Aldeia de Nossa Senhora D’ajuda, em 1765, apresentou os seguintes resultados: 59 “jogos” que eram habitados por 109 mulheres e 117 homens. Com a inauguração da linha Variante da EFCB – Estrada de Ferro Central do Brasil em 1925, Itaquaquecetuba começou a crescer. O nome Itaquaquecetuba vem desde o século XIX segundo documentos, ocorreu de meio oficial em meados do Século XX.

66 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Um fator importante que atraiu os primeiros moradores é o local onde a cidade está situada: uma região procurada por tropeiros e aventureiros que se dirigiam à região de Minas Gerais. Era também um local de passagem para pessoas oriundas, majoritariamente do Vale do Paraíba e do litoral Paulista (Fig. 47). A economia da época, era impulsionada pela agricultura, e a extração da madeira, abundante na região. Itaquaquecetuba também foi famosa pelas suas olarias (Prefeitura de Itaquaquecetuba, 2021).

Figura 47 - Rodovia Ayrton Sena, déc. de 70 Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/itaquaquecetuba/historico

Após sua autonomia administrativa, em 1953, a cidade passou a fazer parte do “cinturão verde” que abastece os grandes centros urbanos. Sua vocação rural fez com que surgissem bairros com essas características e população empregada no campo.

Figura 48 - Prefeitura de Itaquaquecetuba, déc. de 80 Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/itaquaquecetuba/historico

A partir de 1970, se iniciou um processo de urbanização com o surgimento de comércio e de indústrias. Assim, ao final da década, em 1979, a cidade passou a ser considerada perímetro urbano, favorecendo o adensamento demográfico.

67 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Seu desenvolvimento inicial foi acelerado, mas desordenado (Fig. 49), o que ocasionou vulnerabilidade social que ainda hoje afeta a cidade, assim como, a especulação imobiliária e a falta de infraestrutura para atender à população migrante de outros locais para Itaquaquecetuba, em busca de oportunidade de emprego e de terrenos de baixo custo.

Figura 49 - Panorama da cidade atualmente Fonte: https://noticiasdemogi.com.br/confira-a-programacao-do-aniversario-de-itaquaquecetuba-celebrado-nodia-8/

Itaquaquecetuba caracteriza-se como uma cidade-dormitório, com altas taxas de desemprego e indicadores que expressam um quadro de pobreza e vulnerabilidade social, impactos causados pelo alto índice populacional surgido pela migração.

68 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Análise do Terreno

Figura 50 - Mapa área de intervenção Fonte: Google Earth, 2021. Alterado pelo autor

O Terreno escolhido está localizado entre as ruas Camaçari e rua Baltazar Antônio Saraiva, Vila Virginia - Itaquaquecetuba, o bairro localizado próximo ao centrosul da cidade, e um dos mais adensados, entretanto, o recorte do bairro escolhido (Fig. 50), não possui em seu raio boa oferta de equipamentos públicos, em principal, equipamento públicos educacionais.

Figura 51 - Terreno de Intervenção Fonte: Imagem autoral, baseada em levantamento realizado no Google Earth e DataGEO, 2021.

69 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


O lote escolhido é de esquina, como é possível visualizar na imagem acima (Fig.

51).

Suas

dimensões

aproximadas

é

100,00,00x44,00x98,00x38,00m

(AxBxCxD), com uma área aproximada de 4.000m² e seu perfil topográfico possui um leve declive, situado na Zona de Uso em Consolidação – ZUEC.

Estudos de Insolação e Ventilação

Figura 52- Diagrama do terreno Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

É possível observar, através do diagrama de insolação e ventilação (Fig. 52) que o terreno está inclinado em relação ao norte geográfico, logo, a fachada leste do terreno, recebe grande incidência solar, embora seja uma insolação mais branda, deve-se adotar de soluções para propiciar um bom conforto térmico, nos ambientes que ali estarão dispostos; ou ainda, alocar alguns ambientes externos, neste setor; a fachada oeste apresenta vegetação em seu perímetro, criando uma barreira, amenizando a insolação no período da tarde, proporcionando um microclima.

Na maior parte do ano, os ventos predominantes são oriundos do Leste, portanto, pode-se adotar em soluções de ventilação cruzada, para que favoreça o microclima do local.

70 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Levantamento Fotográfico

Figura 53 - Imagem terreno - Rua Camaçari

Figura 54 – Imagem terreno

Fonte: Google Earth, 2021

Terreno Fonte: Autoral,2021

Figura 55 - Perspectiva com indicações das imagens Fonte: Google Earth, 2021. Alterado pelo autor

Figura 56 - Imagem terreno -Rua Baltazar Fonte: Google Earth, 2021.

Figura 57 - Imagem terreno Rua Camaçari Fonte: Google Earth, 2021

71 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Legislação - Terreno A legislação que rege o uso de ocupação de Itaquaquecetuba é a Lei complementar nº 156, de 10 de julho de 2008. Ela discorre sobre as normas e padrões construtivos em determinados usos. No artigo 7º são apresentados os tipos de usos e suas categorias, que posteriormente serão apresentados os dados construtivos associados ao uso e local escolhido. As atividades a escola infantil se encaixam no inciso IX:

IX - Instituições Diversificadas (E2) - Estabelecimentos, espaços ou instalações destinadas à educação, saúde, lazer, cultura, assistência social, culto religioso ou administração pública, que tenham ligação direta, funcional ou espacial com o uso residencial, obedecendo as seguintes disposições:

a) área construída máxima de 2.500m² (dois mil e quinhentos metros quadrados); b) capacidade de lotação máxima para 500 (quinhentas) pessoas. O Terreno inserido na Zona de Uso em Consolidação (ZUEC)

Figura 58 - Recorte Mapa de Zoneamento Fonte: Prefeitura de Itaquaquecetuba - Alterado pelo autor

72 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Índices Urbanísticos Tabela 3 - Índices Urbanísticos

Fonte: Prefeitura de Itaquaquecetuba, 2008 - Alterado pelo autor

De acordo com a tabela (tabela 3), a taxa de ocupação do terreno (TO) é de 70%; o Coeficiente de Aproveitamento (CA) é de 2,50, devendo ser multiplicada pela área do terreno e a Taxa de Permeabilidade (TP) é de 20% da área total do terreno. Ainda segundo a tabela, deve-se adotar como parâmetros de recuos, frontal de 5,00m, recuo lateral de 2,0m (em edificações com até 2 pavimentos). Para melhor compressão foi desenvolvido uma tabela (tabela 4) com os parâmetros adotados. Tabela 4 - Índices Urbanísticos Adotados

Fonte: Autoral

73 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Análise do Entorno Mapa | Uso e Ocupação do Solo

Figura 59 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

Com o levantamento realizado (Fig. 59), nota-se uma grande evidência de um uso residencial na localidade, no entanto, alguns pontos como a Av. Marginal I e Marginal II, à uma predominância de usos mistos ao longo de todo o percurso, (Comércios, industrias e serviços). Nessa região a maior parte da população vivendo de 2 a 4 salários mínimos.

Mapa | Cheios e Vazios Ao analisar o recorte feito para a intervenção do projeto (Fig. 60), há uma grande parte desses terrenos e quadras já sendo habitadas e adensadas, porém nota-se quadras sem nenhum tipo de uso ou designação. A área destacada é o lote onde será implantado o projeto que atualmente é uma das áreas sem alguma edificação.

74 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 60- Mapa de Cheios e Vazios Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

Mapa | Gabarito de Alturas

Figura 61- Mapa Gabarito de Alturas Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

Observando o mapa (Fig. 61), em todo o recorte a uma grande área de predominância de gabarito de térreo e 1 pavimento, devido ser um bairro predominantemente residencial, mesmo havendo um uso misto desses espaços como comércios, industriais e serviços.

75 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Mapa | Sistema Viário

Figura 62 - Mapa Sistema Viário Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

As ruas do entorno do lote (Fig. 62) são predominantemente locais, a área de intervenção, há ainda, vias coletoras e arteriais, como a antiga Rodovia São PauloRio, importante via que faz a ligação de Itaquá, com a cidade de São Paulo e cidades da região do Alto Tietê.

Mapa | Transporte Público

Figura 63 -Mapa Transporte Público Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

76 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


A área de intervenção possui uma oferta razoável de pontos de parada de ônibus público (Fig. 63), com linhas interurbanas e intermunicipais, as duas estações de transporte público ferroviário mais próximas (Estação Eng. Manoel Feio e Estação de Itaquaquecetuba) estão situadas à 2km. do terreno.

Perspectiva

Figura 64 - Perspectiva do Local de Intervenção Fonte: Google Earth, 2021 - Alterado pelo autor

Nota-se na perspectiva (Fig. 64), que o terreno possui um fácil acesso, as principais vias, a escola municipal de ensino fundamental, está a uma distância de 700m, a estação de trem da CPTM mais próxima está localizada a 2,2km do local, logo, trata de uma área com alta densidade, com pouca oferta de equipamentos públicos.

77 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


CAPÍTULO 6 ESQUEMAS ESTRUTURANTES

78 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Perfil do Usuário A escola infantil inclusiva tem como público alvo, crianças de 0 a 5 anos, do berçário à pré-escola, sem distinguir sua condição física, mental, social ou econômica, com o intuito de oferecer a elas, um espaço efetivamente qualificado, com metodologia pedagógica diferenciada, através do método Montessori, inserindo a inclusão através de soluções de arquitetura sensorial, promovendo um ambiente com pluralidade e inclusão, levando em consideração, o respeito a individualidade de cada criança, enriquecendo seu desenvolvimento e sua vivencia.

A escola também comportará colaboradores, responsáveis pela alfabetização, gestão, organização e manutenção escolar, além de oferecer espaços compartilhados com a comunidade, fomentando a permeabilidade urbana.

Figura 65 - Diagrama - Diretrizes Projetuais Fonte: Autoral, 2021.

Conceito O conceito do projeto gira em torno do objetivo da escola, que é promover a pluralidade e a inclusão, valorizando a versatilidade e funcionalidade dos espaços, a integração e a interação com a área externa, inserindo elementos da arquitetura 79 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


sensorial como ferramenta de inclusão, agregando ainda, soluções lúdicas, que favoreçam o desenvolvimento e o sentimento de pertencimento dos usuários, incentivando o convívio, através da permeabilidade urbana dos moradores do entorno, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e bem-estar dos usuários da escola infantil e da comunidade, para evidenciar o conceito, foi desenvolvido um diagrama com as diretrizes projetuais (Figura 65).

Partido Arquitetônico O partido arquitetônico pretende estabelecer as diretrizes e o conceito do projeto já apresentados, através de espaços amplos e diferenciados, possibilitando diferentes organizações de mobiliário e uso, utilizando o pátio como articulador de espaços ao integrar as salas de atividades, criando uma transposição entre o interno e o externo, reforçando a ligação entre os espaços, ambientes que explorem os sentidos das crianças, como: visão, tato, audição, etc. através da arquitetura sensorial, provendo assim, a inclusão.

Outro ponto, é valorizar a vegetação existente no terreno, explorando as relações visuais, promovendo a interação, entre a escola, a vegetação, o entorno e a comunidade, ao doar parte do terreno para inserção de uma praça-jardim, inserindo uma maior permeabilidade urbana ao projeto.

Para a forma projetual da escola infantil, pretende-se adotar elementos da arquitetura contemporânea com linhas retas e simples, valorizando a distribuição e setorização dos ambientes, inserindo elementos lúdicos, tornando os ambientes atrativos para as crianças e demais usuários.

Utilizando como materialidade construtiva, concreto armado e madeira laminada colada, vidro translucido, esquadrias em PVC, brises articulados desenvolvidos com material reciclado, piso vinílico, tinta termos-sensível, telhado com cobertura metálica, telhado verde, painéis fotovoltaicos, além de cisterna para captação de águas pluviais para reuso, visando uma melhor qualidade em eficiência energética e conforto térmico-ambiental da escola.

80 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Partido Urbanístico Através das análises da área de intervenção realizadas no capítulo 5, visando a permeabilidade da comunidade e a melhora da qualidade de vida e percepção visual do local, será proposto uma Praça-Jardim, inserida em parte do terreno, aproximadamente 650m² doada pela escola, com horta comunitária, playground, jardim sensorial e espaços contemplativos, garantindo assim vivencia, com pluralidade e inclusão.

Programa de Necessidades O programa de necessidades foi baseado no Fundo Nacional do Desenvolvimento e Educação (FNDE), que disponibiliza cartilhas com diretrizes e parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação Infantil (2006).

A escola infantil foi dimensionada para comportar 15 crianças em cada uma das 6 salas de aula, embora o FNDE recomende o número máximo de 20 crianças por sala, adotou-se uma quantidade menor priorizando a qualidade, e o método Montessori que sugeri um número reduzido de alunos, inserindo mais liberdade e maximizando o desenvolvimento escolar das crianças.

Logo a escola, tem possibilidade de abarcar 90 crianças em período integral, com atendimento educacional para crianças de 0 a 5 anos, do berçário à pré-escola. Abaixo na tabela 5 é possível visualizar o programa de necessidades desenvolvido para a escola infantil inclusiva, dividido em 4 setores: Administrativo, Pedagógico, Serviços e Convívio.

81 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Tabela 5 - Programa de Necessidades

PROGRAMA DE NECESSIDADES CRECHE E PRÉ ESCOLA - SEIS MESES À 6 ANOS DE IDADE | CAPACIDADE 80 ALUNOS - PERÍODO INTEGRAL SETOR

AMBIENTE

FUNÇÃO

MOBILIÁRIO

QTD.

Nº DE USUÁRIOS

Espera

Mesa, cadeira, banco

1

Indefinido

Guardar documentos, arquivar, receber pais e alunos

Mesa, cadeiras, computadores e armário

1

Indefinido

Reunir professores

Mesa e cadeiras

1

Receber pais e alunos e funcionários

Mesa, cadeiras e computador

1

1

Atendimento a alunos

Mesa, cadeiras e computador

1

1

Realizar refeições

Mesa, cadeiras, bancada, micro-ondas, refrigerador

1

1

Guardar documentos

Prateleiras

1

Indefinido

BERÇARIO 1

Espaço designado para o cuidado e ensino de bebes

15 berços

1

15 Crianças

BERÇARIO 2

Espaço designado para o cuidado e ensino de bebes

15 berços

1

15 Crianças

HALL/RECEPÇÃO

ADMINISTRATIVO

SECRETÁRIA SALA DOS PROF. DIRETÓRIA SALA PSICOLOGIA COPA

PEDAGÓGICO

ALMOXERIFADO

82 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


SOLÁRIO FRALDÁRIO LACTÁRIO SALA MULTIUSO ATELIE DE ARTES SALA DE ATIVIDADES SALA DE INFORMÁTICA SALA DE REPOUSO BANHO ALUNOS

SERVIÇO

VEST. FUNC. BANHO. FUNC.

ENFERMARIA COZINHA

Local para banho de sol

-

2

15 Crianças

Local para troca de fraldas

Trocadores

2

Indefinido

Preparo de mamadeiras e alimentos das crianças

Cadeira, geladeira, microondas e pia

1

Indefinido

Espaço designado para ensino

Carteiras, mesas

1

15 Crianças

Espaço designado para o ensino prático

Carteiras, mesas

1

15 Crianças

Espaço designado para ensino pedagógico

Carteiras, mesas

4

60 Crianças (15 cada sala) + 2 professores por sala

Praticar pesquisas e atividades

Mesas, cadeira e computadores

1

Indefinido

Espaço para descanso dos alunos

Carteiras, mesas

1

15 Crianças

Higiene pessoal

Pia, vaso sanitários e duchas

4

Indefinido

Local de trocas das vestes

Armários e banco

2

Indefinido

Higiene pessoal

Pias e vasos sanitários

2

Indefinido

Espaço para atendimento médico aos alunos e funcionários da instituição

Mesa, cadeira, maca, armário e pia

1

Indefinido

Preparo de refeições

Pia, Fogão, Refrigerador, armário

1

Indefinido

83 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Armazenamento alimentos e utensílios em geral

Prateleiras

1

-

Lavagem de roupas

Tanque, Armário, Lava roupas

1

-

Lavar/Limpeza

Prateleiras e tanque

1

-

Guarda de roupas

Armário

1

-

Guarda de veículos

-

1

-

Armazenamento de lixo e gás

Lixeiras

1

-

PÁTIO INTERNO

Brincar e realizar atividades e eventos extras de sala de aula

Bancos, brinquedos e bebedouro

1

Alunos e funcionários da escola

PÁTIO EXTERNO

Brincar e realizar atividades e eventos extras de sala de aula

1

Alunos e funcionários da escola

DESPENSA LAVANDERIA DML ROUPARIA ESTACIONAMENTO

CONVIVIO

DEPÓSITO LIXO E GÁS

Praticar culturas de plantio

Hortaliças, arvores e plantas frutíferas, espaço com terra viva

1

Indefinido

Área de alimentação dos alunos

Mesas e cadeiras, lixeira

1

Todos os alunos da escola

Realizar eventos e atividades extras

Poltronas e projetor

1

Indefinido

HORTA E POMAR REFEITÓRIO ESPAÇO MULTIMIDIA

Fonte: Autoral, 2021

84 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Organograma De acordo com a definição apresentada, a escola infantil, é um local que fornece assistência social, alimentação, ensino pedagógico e cuidados, a crianças de 0 a 5 anos. Para que a proposta obtenha um excelente desempenho é necessário um estudo organizacional, para conhecer seus fluxos e a importância dos os ambientes que o compõe, para que a distribuição seja de forma adequada.

Podemos dividir as atividades da escola infantil em quatro setores, sendo eles: Pedagógico, onde as crianças são alfabetizadas; o setor administrativo, onde ocorre toda área de gerenciamento da escola; no setor de convívio, as crianças, os funcionários e a comunidade, tem a opção de espaços recreativos e por fim o setor de serviços, que presta todo o apoio organizacional para a edificação.

Figura 66 - Organograma Fonte: Autoral, 2021

A organização (Fig. 66) visa privilegiar as áreas de convívio da escola, permitindo a permeabilidade alguns espaços pela comunidade, usufruindo de áreas externas e de recreação da escola, claro, assegurando a segurança das crianças, funcionários e da própria comunidade.

85 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Fluxograma

Figura 67 - Fluxograma Fonte: Autoral, 2021

O fluxograma (Fig.67) é um recurso gráfico de análises das inter-relações dos ambientes do programa de necessidades, caracterizando as relações funcionais pelo grau de afinidade das ligações existentes entre os elementos do programa, ou seja, não expressa nada relacionado com a ligação que será adotada como solução arquitetônica, incluindo a disposições dos elementos no terreno, as distancias entre os espaços, informando apenas se os mesmos estão com algum tipo de interação ou não.

86 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Estudos de Massa e Volumetria Com base nas definições apresentadas até o momento no capitulo 6, tais como: perfil de usuário, conceito, partido arquitetônico e urbanístico, programa de necessidades, fluxograma e organograma, foi desenvolvido estudos de massa e volumetria, para que possam ser utilizados como norte, para o desenvolvimento da proposta projetual da escola infantil inclusiva.

Os diagramas a serem apresentados, destacam a área de ocupação da escola e da área a ser doada para a implantação da praça-jardim, estudos de insolação e ventilação, diagrama de setores, materialidade e altura de gabarito.

Figura 68 - Diagrama - Estudo de Massa e Setorização Fonte: Autoral, 2021

Visando a interação com a área externa e com a vegetação existente, a ser apropriada em parte por uma praça, o volume do setor pedagógico, foi disposto na orientação oeste/norte e leste, como é possível notar na figura 68, sendo necessário o uso de brises e vegetação como barreira, na porção oeste, propiciando um melhor conforto térmico e acústico, favorecendo também a ventilação cruzada, como é analisado na figura 69, o setor pedagógico está inserido no térreo e o pavimento superior, os setores administrativo, de serviços e de convívio foi inserido no pavimento térreo, através da distribuição dos volumes, criou-se um pátio central interno, que integra e interage com os demais setores da escola.

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Figura 69 - Diagrama | Ventos e Insolação - Em relação a edificação Fonte: Autoral, 2021

Figura 70 - Diagrama | Ocupação do terreno Fonte: Autoral, 2021

Com o objetivo de promover a permeabilidade da comunidade no local, foi proposto uma praça em parte do terreno da escola, inserida em uma área de aproximadamente 650m², como é possível visualizar na figura 70, tomando partindo da vegetação existente, a intenção é promover a ocupação e apropriação desses equipamentos pela comunidade.

88 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


Figura 71 - Diagrama | Materialidade Fonte: Autoral, 2021

Para exemplificar a utilização de materiais a serem utilizados no projeto, foi realizado um diagrama, como mostra a figura 71, destacando alguns deles, tais como: a placa fotovoltaica, com o objetivo de fornecer maior eficiência energética a edificação, bem como, a utilização de telhado verde e brises, sugerindo uma melhoria nas condições de conforto térmico dos ambientes, há também, a inserção de tinta termo sensível em alguns pontos da escola, para que torne esses locais mais lúdicos, ao deixar por exemplo, as marcas da mãos das crianças, logo, fazendo da mesma uma ótimo solução para a arquitetura sensorial.

Figura 72 - Diagrama | Altura do entorno Fonte: Autoral, 2021

Com o objetivo de elucidar a relação da escola infantil inclusiva com as edificações existentes e seu gabarito de altura, foi idealizado o diagrama acima (figura 72). 89 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Como foi apresentado ao longo desta pesquisa, a educação infantil é de suma importância para o desenvolvimento do ser humano, e que deve ser inclusiva e plural, respeitando sua individualidade, sem distinguir a condição física, mental, social ou financeira de uma criança, logo, o espaço físico é diretamente ligado ao processo de aprendizagem, entretanto, na maioria das escolas, em suma, escolas públicas, possuem ambientes padronizados, e pouco qualificados, seja em parâmetros de conforto ambiental, acessibilidade, mobiliários, entre outros, fatores que afetam diretamente o a qualidade de vida escolar e o desenvolvimento das crianças.

O método Montessori tem como objetivo integrar o espaço físico e o processo de aprendizagem, com ambientes idealizados na visão e percepção das crianças, respeitando sua individualidade, ao propor seu desenvolvimento independente e ainda assim, promovendo o senso de comunidade e pluralidade. A arquitetura dos sentidos tem papel fundamental ao incluir soluções multissensoriais, afim de promover a inclusão das crianças e dos usuários em geral, impactando a produtividade e o comportamento dos usuários.

Conforme os as análises e mapas abordados (Cap. 6), o terreno escolhido para implantação da escola infantil, está inserido em um bairro com alta densidade, com predominância de construções residenciais, térreas e sobrados, bem como, alguns comércios e industrias, no entanto, no recorte da área de intervenção, é possível notar que, não há uma boa oferta de equipamentos públicos voltados à educação infantil, sendo uma das reivindicações dos moradores do bairro da Vila Virginia.

Logo é de suma importância a implantação de um equipamento público de educação infantil nesta área, além disso, o município de Itaquaquecetuba, assim como grande parte das cidades brasileiras, sofrem com a falta de vagas. A inserção de uma escola infantil inclusiva, tem como objetivo também, desfazer a padronização das escolas infantis, que não oferecem qualidade efetiva em seus espaços, a falta de inclusão e o respeito a pluralidade das crianças.

Portanto, com todos os dados e análises pesquisados, tem-se uma base para iniciar o desenvolvimento do projeto pretendido para uma escola infantil inclusiva.

91 Vivencie: Pluralidade e Inclusão


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