Influenza Aviária: desafios e oportunidades para o Brasil
Nutrição de precisão em foco
Nutrir um animal significa fornecer os nutrientes necessários em quantidade e qualidade para atender as exigências de produção, mantença e reprodução. Nesse cenário a nutrição de precisão maximiza o desempenho das aves, evita que o excesso de nutrientes seja eliminado no ambiente, melhora o ganho de peso e a conversão alimentar, além de proporcionar maior rentabilidade ao sistema produtivo
Produção global de ração animal atinge 1 bilhão de toneladas em 2022
Caro leitor
2023 começou com grandes expectativas para o setor de avicultura e muitos desafios também. A Influenza Aviária chegou na América do Sul e países fronteiriços ao Brasil já confirmaram casos de IA de alta patogenicidade na produção industrial, como é o caso da Argentina. Autoridades brasileiras, como o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a ABPA e especialistas, já se pronunciaram, todos confirmam que a situação exige atenção e que o Brasil deve redobrar os cuidados para se manter livre da enfermidade. Por isso, nesta edição a Revista do AviSite conta com dois conteúdos especiais abordando os desafios da IA no mundo e os possíveis riscos e oportunidades para o Brasil.
Nutrição de precisão é nossa pauta especial e será explorada nos artigos exclusivos: “Os desafios da nutrição de precisão na avicultura” e “Nutrição de Precisão na Produção de Aves”.
Ainda, a produção global de ração animal atinge 1 bilhão de toneladas em 2022, cenário é de estabilidade. Relatório internacional aponta aumento em várias regiões, incluindo a América Latina (1,6%), América do Norte (0,88%) e Oceania (0,32%). O setor de aves de corte cresce 1,3%.
Assumindo protagonismo no combate contra a falsificação de medicamentos veterinários, o Sindan investe em campanha para conscientizar produtores, tutores e sociedade sobre os riscos da prática e incentivar denúncias. Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan, fala sobre a campanha “Olhos Abertos” em bate papo com a Revista do AviSite.
E muito mais.
Boa leitura!
Glaucia Bezerra
06
Eventos
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As + lidas do AviSite
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Estatísticas e preços
Mundo
Publicação Trimestral nº 142 | Ano XV | Março/2023
10
Destaques AviSite: Profissionais, Empresas & Instituições
16
Destaque AviSite: Produção de ração 2022
22
Destaque AviSite: Adriano Bailos
26
Destaque AviSite: Evonic
Publisher Paulo Godoy paulo.godoy@mundoagro.com.br
Redação Glaucia Bezerra (MTB 80373/SP) imprensa@mundoagro.com.br
José Carlos Godoy imprensa@mundoagro.com.br
Comercial Natasha Garcia, Paulo Godoy e André Di Fonzo (19) 3241 9292 | (19) 98963-6343 comercial@mundoagro.com.br
Diagramação e arte Gabriel Fiorini gabrielfiorini@me.com
Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br
Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br
De “Olhos Abertos” contra a pirataria na saúde animal
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Nutrição de Precisão
Os desafios da nutrição de precisão na avicultura
36 48 58 68
Nutrição Animal
Cálcio e Fósforo: Um equilíbrio necessário em dietas de frangos de
Saúde Animal
Influenza Aviária
Ameaça ou oportunidade para o
Ciência & Tecnologia
Brasil está na vanguarda no desenvolvimento de carne cultivada
Entrevista 42 54 62 74
Nutrição de Precisão
Nutrição de precisão na produção de aves
Saúde Animal
Impactos da influenza aviária no mercado
Bem-Estar Animal
A certificação em bem-estar animal para integrar a confiança e saúde única pelo consumidor
Ponto-Final
Três novos ministérios para um antigo desafio: manter o protagonismo do agro brasileiro
MARÇO
Congresso de Ovos
14/03 a 16/03 – Ribeirão Preto/SP
34ª Reunião CBNA
Aves, Suínos e Bovinos
21/03 a 23/03 – Campinas/SP
ABRIL
23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura
04/04 a 06/04 – Chapecó/SC
MAIO
Agrishow 2023
01/05 a 05/05 – Ribeirão Preto/SP
Conferência FACTA WPSA - Brasil 2023
10/05 a 11/05 – Campinas/SP
JUNHO
Avicultor Mais 2023
frangos, ovos & peixes
14/06 e 15/06 - Belo Horizonte/MG
4ª Conbrasul Ovos 2023
18/06 a 21/06 – Gramado/RS
SETEMBRO
6ª Feira da Avicultura e Suinocultura do Nordeste
19/09 a 21/09 – São Bento do Una/PB
Aves & Suínos 360º - Summit 2022
19/09 e 20/09 – Curitiba/PR
OUTUBRO
8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
25/10 e 26/10 – São Paulo/SP
As + lidas do AviSite 1 2
Influenza Aviária: possíveis áreas de risco no Brasil
Recente matéria jornalística enfocando a chegada da Influenza Aviária à Bolívia e os riscos de sua introdução no Brasil colocou foco, particularmente, no estado de Rondônia. Na verdade, porém, são quatro os estados brasileiros fronteiriços à Bolívia. Na Região Norte, além de Rondônia, o Acre; e, no Centro-Oeste, dois estados grande produtores e exportadores de carne de frango: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Leia na íntegra:
Na União Europeia, mais de 80% da produção de carne de frango está concentrada em 9 dos 27 integrantes do bloco
Em 2023 – projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) – os 27 paísesmembros da União Europeia devem produzir perto de 11 milhões de toneladas de carne de frango. Os 10,970 milhões/t previstos no momento continuam aquém dos 11,030 milhões/t de 2020 e, se alcançados, representarão aumento anual muito limitado, de menos de meio por cento em relação aos 10,920 milhões/t de 2022.
Leia na íntegra:
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Desempenho exportador das carnes nas três primeiras semanas de fevereiro
Nas três primeiras semanas de fevereiro (1 a 18, 13 dias úteis), as exportações das carnes suína e de frango mantiveram o bom ritmo anterior. Ou seja: somente a carne bovina continuou apresentando desempenho inferior ao de um ano atrás ou, mesmo, de um mês atrás, situação que agora deve se agravar com a interrupção dos embarques para a China, devido a caso de EEB no Pará.
Leia na íntegra:
Estatísticas e preços
Milho registra queda de 11,4% no primeiro bimestre
A estimativa de safra recorde para o presente ano tem contribuído para que os preços do milho apresentem retração significativa em relação ao primeiro bimestre do ano passado. No período, o preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, atingiu cotação de R$89,25, equivalendo a queda de 11,4% sobre a média alcançada pelo grão no mesmo período do ano passado, enquanto em relação ao mesmo período de 2021 apresenta aumento de apenas 3,3%.
Valores de troca
Milho/Frango vivo
No frango vivo (interior de SP) o preço médio acumulado nos primeiros 02 meses alcançou R$4,92 kg, atingindo valorização anual ínfima de 0,1% e incremento de 12,6% sobre o mesmo intervalo de 2021. Assim, com a melhor valorização no preço do frango vivo em relação ao milho, o avicultor melhorou seu poder de compra. Neste ano foram necessários 302,6 kg de frango vivo para se obter a tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume significou melhoras de 12,9% e 9% no poder de compra em relação aos mesmos períodos do ano passado e retrasado, respectivamente.
Preço médio Milho
R$/saca de 60 kg, interior de SP
Farelo de soja aumenta 4,9% no decorrer do ano
Ao contrário do milho, o preço do farelo de soja (FOB, interior de SP) apresentou evolução no acumulado do ano. O preço médio do primeiro bimestre alcançou R$2.976,00 a tonelada, significando incremento de 4,9% sobre o mesmo período do ano passado quando a cotação média atingiu R$2.837,00. A comparação com o mesmo período de 2021, por sua vez, apontou aumento de 4,6%.
Valores de troca
Farelo/Frango vivo
Com a valorização do farelo de soja acima da alcançada no frango vivo em relação ao ano passado, houve perda no poder de compra do avicultor. No período foram necessários 605,5 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 4,6% no poder de compra em relação ao mesmo período de 2022 quando 577,6 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do farelo. Porém, a relação de troca foi favorável ao avicultor em relação ao mesmo período de 2021, quando foram necessários 651,6 kg, significando melhora de 7,6% no poder de compra.
Preço médio Farelo de Soja
R$/tonelada FOB, interior de SP
Eddy van Lierde assume novo desafio na Aviagen
Eddy van Lierde foi nomeado diretor Global de Serviços de Incubação da Aviagen, função que ocupa desde o dia 2 de Janeiro. Eddy substituirá Dinah Nicholson, em transição para a aposentadoria. Em sua nova posição, Eddy liderará a equipe global de incubação da Aviagen, que tem como missão fornecer suporte a todos os clientes do mundo, assim como os incubatórios da Aviagen e operações internas.
Smurfit Kappa beneficia milhares de pessoas com ações sociais em 2022
Com o intuito de promover o desenvolvimento social das comunidades em que atua no Brasil, a Smurfit Kappa beneficiou milhares de pessoas com ações voltadas à assistência social, meio ambiente, educação, saúde e cultura nos municípios de Bento Gonçalves (RS), Maranguape (CE), Uberaba (MG), Pirapetinga (MG) e São Paulo (SP). Aproximadamente 12 mil pessoas e 17 instituições foram atendidas nas praças em que a Smurfit Kappa mantém unidades fabris no Brasil.
Globoaves colabora com o crescimento do setor avícola do Paraná
AGloboaves foi premiada pela Cobb-Vantress por alcançar o melhor lote em 2021. A premiação leva em consideração critérios técnicos e objetivos, e servem como indicadores para incentivar e motivar a melhoria da produção das empresas e de seus produtores. Foram produzidos, em 2021, 194,24 ovos por fêmea alojada. “Este
reconhecimento reflete a qualidade com que a Globoaves cuida das aves que recebe da casa genética e coroa todo um empenho de trabalho em equipe, lideranças e de estrutura em suas granjas”, comenta o consultor corporativo de Avicultura da empresa, Marcos Adriano Scalco.
Cobb-Vantress promove
Lucas Schneider Especialista de Frango de Corte
Lucas Schneider é o novo Especialista de Frango de Corte da CobbVantress na América do Sul. Ele assume a nova posição com o desafio de contribuir com melhorias de resultados de clientes em todo o território nacional através de sua experiência em campo. Na Cobb desde 2019, ele já atuou como gerente Regional, integrando a equipe de Serviços Técnicos em Minas Gerais, em Goiás e no Paraná.
Omédico-veterinário
Destaques AviSite: Profissionais, Empresas & Instituições
Fornari Indústria e Sanovo Technology investem na avicultura da América do Sul
Durante
participação na Exposição Internacional de Produção e Processamento (IPPE) 2023, em Atlanta, nos Estados Unidos, a empresa catarinense Fornari Indústria formalizou uma importante parceria com a dinamarquesa SANOVO Technology Group. Agora, as duas marcar buscam ampliar a atuação na América do Sul na fabricação e comercialização de equipamentos para a indústria
de ovos e incubação de aves. Com a consolidação da parceria, as marcas fortalecerão sua posição no mercado, apresentando novas soluções tecnológicas para o setor produtivo mediante as demandas em toda a América do Sul. Tudo isso, focando sempre na qualidade e eficiência dos produtos e na segurança da sanidade na avicultura mundial.
Nova vacina da Zoetis com imunomodulador protege aves contra cinco doenças
Focada em desenvolver as melhores soluções para produtores, a Zoetis desenvolveu uma vacina inovadora com um componente imunomodulador, a Poulvac® Maternavac® Ultra 5, que aplicada entre 14 e 22 semanas da ave, irá protegê-la contra cinco doenças: Reovírus, Gumboro, Bronquite, Newcastle e Pneumovírus.
“A Poulvac Maternavac Ultra 5 chega ao mercado
como um marco na avicultura, pois com uma simples aplicação conjuga imunogenicidade e inocuidade, produz uma resposta imunológica sólida com ausência de reações adversas em função da formulação ampla potencializada pelo bioimunoestimulante”, disse o gerente Técnico e de Pesquisa Aplicada de Aves da Zoetis, Eduardo Muniz.
Aleris apresenta soluções funcionais para performance e bem-estar animal
Daniel Nazarian de Morais, CEO da Aleris Animal NutritionAtenta
aos desafios e tendências da cadeia de produção de proteína animal a companhia desenvolveu a linha
Provillus, aditivos moduladores de microbioma originados de compostos naturais bioativos que se utilizam do BIG Data e da Inteligência Artificial para a entrega de resultados assertivos visando performance e bem-estar. De acordo o CEO da Aleris Animal Nutrition, Daniel Nazarian de Morais, os produtos da linha representam o compromisso da empresa no fornecimento de produtos eficientes e superiores para maximizar a expressão genética de aves e suínos. “A Aleris é uma companhia voltada à pesquisa e desenvolvimento que ao longo de sua trajetória ressignificou o valor e a aplicabilidade do uso das leveduras, matérias-primas base das nossas soluções”.
Márcio Utsch é o novo CEO da Mantiqueira
Membro do conselho da Mantiqueira desde 2019, Utsch assume a Mantiqueira em meio a uma acelerada expansão dos negócios, marcado pela paulatina migração para o modelo de produção com galinhas livres, pela diversificação dos canais de vendas e por aquisições. A Mantiqueira encerrou 2022 como líder em vendas de ovos comerciais no país, com faturamento de R$ 1,5 bilhão, 4% provenientes de exportações, e pretende manter essa liderança em 2023, com a expectativa de chegar a R$ 2 bilhões.
Leandro Pinto, que fundou a empresa e desde então comandava o dia a dia das operações, deixou o cargo de CEO e se dedicará a outras funções no grupo, inclusive à frente do conselho de administração.
Destaques AviSite: Profissionais, Empresas & Instituições
A4ª Conbrasul (Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos) vai reunir lideranças da cadeia produtiva de 18 a 20 de junho em Gramado, no Rio Grande do Sul. Promovido por Asgav, a Associação Gaúcha de Avicultura, o evento é consagrado pelo elevado nível dos debates e debatedores, além de reunir os principais formadores de opinião do setor.
O objetivo é discutir os principais desafios e oportunidades da cadeia produtiva, além das perspectivas de produção e comercialização de ovos com representantes de todos os elos da cadeia produtiva, desde a produção de genética avícola, passando por produtores, médicos veterinários, zootecnistas, dirigentes de associações do setor em nível global, e empresários de segmentos como equipamentos, saúde animal, nutrição animal até a indústria de processamento.
AICC está reforçando seu time de vendas internacionais, no México. Para isso, contratou Paulo Freitas, médico-veterinário com mais de 15 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais. Graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Freitas é mestre em produção animal pela mesma instituição e possui formação complementar em gestão de marketing no agronegócio. Em sua jornada profissional, atuou no desenvolvimento de projetos técnicos e comerciais para BRF, Cargill, De Heus, Yes e Uisa no Brasil e na América Latina.
4ª Conbrasul vai debater desafios, oportunidades e perspectivas da cadeia produtiva de ovos
ICC anuncia novo gerente de negócios para o MéxicoJosé Eduardo dos Santos, presidente Executivo da Asgav Paulo Freitas, gerente de negócios para o México ICC
Ceva Saúde Animal comemora 15 anos da Cevac Transmune
IBD
Lançada no mercado nacional em 2006, a evolução da Cevac Transmune IBD, tecnologia exclusiva da Ceva Saúde Animal, caminha lado a lado com a história deste importante segmento econômico e social a fim de contribuir para a manutenção da segurança alimentar de milhares de mesas no Brasil e no mundo. “Se a biosseguridade é o maior patrimônio da avicultura industrial nacional, nós da Ceva Saúde Animal assumimos a reponsabilidade com o setor dispondo toda a nossa expertise global em saúde veterinária traduzida em soluções contidas no nosso portfólio, programas de vacinação e serviços técnicos em fina sintonia aos desafios da indústria avícola”, enaltece Tharley Carvalho, gerente Aves de Ciclo Curto da Ceva Saúde Animal.
Agroceres Multimix participa de curso sobre Influenza Aviária
Aequipe técnica da Agroceres Multimix participou do curso “Influenza Aviária: cenário, riscos, prevenção e contingenciamento”, que aconteceu em Cascavel (PR). Segundo Marcelo Torretta, que é gerente nacional de aves da empresa, a ação fortalece ainda mais o preparo da equipe que assiste e orienta produtores avícolas do país todo.
“Consciente dos riscos da Influenza Aviária, o setor avícola brasileiro tem um histórico e uma expertise de trabalho conjunto com o poder público, que tem garantido ao nosso país o status de livre desta enfermidade”, salienta Torretta.
“Mantermo-nos atualizados sobre as mutações do vírus, como nos prevenir e conhecer as bases do plano de contingência do nosso país é extremamente importante para seguirmos livres deste mal”, completa.
de estabilidade
Produção global de ração animal atinge de toneladas em 2022, cenário é
Relatório internacional aponta aumento em várias regiões, incluindo a América Latina (1,6%), América do Norte (0,88%) e Oceania (0,32%). Setor de aves de corte cresce 1,3%
Aprodução global de ração permaneceu estável em 2022, apesar dos desafios macroeconômicos significativos que afetaram toda a cadeia de suprimentos. A Europa sentiu o peso do impacto, incluindo desafios significativos de doenças, clima severo e os resultados da invasão da Ucrânia.
A pesquisa Perspectivas do Setor Agroalimentar da Alltech, divulgada no fim de janeiro de 2023, estima que a tonelagem global de ração totalizou 1,266 bilhão de toneladas métricas em 2022, uma queda de menos da metade de um por cento em relação às estimativas de 2021. A pesquisa, agora em seu 12º ano, inclui dados de 142 países e mais de 28.000 fábricas de ração.
De acordo com os dados disponibilizados, a produção de ração aumentou em várias regiões, incluindo a América Latina (1,6%), América do Norte (0,88%) e
Oceania (0,32%). Como resultado de melhorias na escala e precisão no Oriente Médio, os números de produção de ração em 2022 nessa região foram quase 25% maiores do que em 2021. O aumento no Oriente Médio também se deve, em parte, a uma iniciativa do governo da Arábia Saudita para expandir a produção de frangos de corte para atender às metas de autossuficiência do país. A produção de ração na Europa diminuiu 4,67% e 3,86% na África. A produção na região ÁsiaPacífico caiu 0,51%.
Globalmente, foram relatados aumentos na produção de ração nos setores de aquicultura, aves de corte, aves de postura e alimentos para animais de estimação, enquanto quedas foram relatadas nos setores de bovinos de corte, bovinos de leite e suínos. Embora tenha experimentado uma pequena redução na produção, a China continua sendo o maior produtor de ração do mundo, seguido pelos Estados Unidos e Brasil.
Principais desafios para a produção de ração
A inflação e o estado global da economia – particularmente o aumento dos preços das matériasprimas, rações e alimentos – foram os maiores desafios que afetaram o setor agroalimentar em 2022, segundo a pesquisa. O estado da economia continuará sendo um dos maiores fatores que influenciam o sucesso da indústria. Mudanças nos hábitos de consumo, como ponto de venda e tendências alimentares, também estão causando impacto.
As interrupções da cadeia de abastecimento continuam sendo um obstáculo para a indústria agroalimentar em todas as regiões. Muitas regiões relataram que as tensões geopolíticas –particularmente a invasão da Ucrânia – afetaram as importações e exportações, a cadeia de
atinge 1 bilhão estabilidade
abastecimento e os preços das matérias-primas. O impacto direto da guerra foi relatado na Moldávia e na Ucrânia, onde a produção de ração caiu mais de 35%. A invasão da Ucrânia também afetou indiretamente a produção de ração em todo o resto do mundo.
Influenza Aviária e Peste Suína
Africana: o impacto da crise sanitária
As doenças que acometeram os animais no ano passado interromperam a produção de ração em mais de 80% dos países, aponta o relatório.
A gripe aviária (IA) afetou a produção de ração de todas as regiões em 2022. Na África, a doença se manifestou mais significativamente no Egito, Marrocos e África do Sul. Na Ásia,
quase todos os países foram afetados. Na Europa, os países afetados incluíram Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, França, Irlanda, Moldávia, Holanda, Polônia, Rússia, Sérvia, Turquia, Reino Unido e Ucrânia.
Na Europa, a peste suína africana (PSA) afetou mais significativamente a Irlanda e os países do Leste. Nas Américas, a República Dominicana foi afetada de forma mais significativa. Na Ásia, a PSA desempenhou um papel significativo na China, Indonésia, Malásia, Mianmar, Nepal, Filipinas, Cingapura, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnã. Na África, Quênia, Moçambique e Namíbia foram
afetados. A febre aftosa foi um problema na África, particularmente no Egito, Moçambique, Namíbia e África do Sul. Na Ásia, Indonésia, Mongólia, Coreia do Sul e Tailândia foram afetadas. Finalmente, nas Américas, a febre aftosa foi um problema na Bolívia.
A gripe suína foi um problema na Namíbia, China, Mianmar, Bélgica e EUA. No geral, a América Latina e o Oriente Médio não relataram muitos casos de interrupção devido a doenças que acometem os animais.
Enfermidades que afetaram a demanda de ração em 2023
Peste Suína Africana
Febre Aftosa
Gripe Aviária
Gripe Suína
Estimativas da produção para ração animal por setor em 2022
Globalmente, a produção de ração aumentou nos setores de aves de corte, aves de postura, aquicultura e alimentos para pets. O crescimento do volume de ração para animais provém predominantemente do setor dos
alimentos para aves de corte. Em termos percentuais, o maior crescimento foi observado em alimentos para pets. Os setores de suínos, bovinos de leite e bovinos de corte tiveram queda na quantidade de ração produzida.
Avicultura de corte
Embora a produção global no setor de aves de corte tenha aumentado cerca de 1,3%, a pesquisa identificou diferenças significativas entre os países. No geral, o crescimento da produção de ração no setor de aves de corte foi relatado principalmente no Oriente Médio, América do Norte e América Latina.
Espera-se que os mercados globais de aves permaneçam fortes em 2023, mas podem sofrer algumas oscilações de preço e volume em todas as regiões.
O setor de frango de corte teve a maior produção global de ração, com quase 364 milhões de toneladas métricas*Milhões de toneladas métricas **A América Latina inclui todos os países da América Central e o México A América do Norte inclui o Canadá e os EUA.
Um olhar mais atento
África: Houve aumentos na produção de ração para frangos de corte em alguns países, mas eles foram compensados por uma grande redução no Quênia, onde a produção de ração caiu mais de 44%.
Ásia-Pacífico: A produção de ração para aves de corte diminuiu na China, mas aumentou no Vietnã. Na China, a produção foi afetada pela fraca demanda do mercado e pelos altos preços das commodities. Na Índia, o aumento dos preços da ração para aves de corte continua a
comprometer as margens da indústria e a limitar o crescimento da capacidade. A gripe aviária afetou a Índia, o Japão, a Coreia e o Vietnã. A produção de ração nas Filipinas aumentou consideravelmente, devido à mudança da suinocultura para a criação de aves de corte, em decorrência da peste suína africana (PSA).
Europa: A produção avícola na Europa foi duramente atingida pela gripe aviária e pelos elevados preços das matérias-primas e da energia.
América Latina: Brasil e México, que respondem pela maior parte do mercado de aves de corte na
América Latina, tiveram números estáveis de 2021 a 2022.
Oriente Médio: Na Arábia Saudita, a produção local de aves de corte está aumentando para reduzir a dependência do país das importações de frangos.
América do Norte: A produção de ração para aves de corte aumentou mais de 3% e as exportações permaneceram estáveis. A produção de aves de corte cresce lentamente a cada ano e provavelmente continuará nesse ritmo.
Oceania: A produção de ração aumentou mais de 2%.
Espera-se que os mercados globais de aves permaneçam fortes em 2023, mas podem sofrer algumas oscilações de preço e volume em todas as regiões
BRASIL
• A produção total de ração aumentou 0,87%
• A produção de ração para bovinos de leite diminuiu 3%
• A produção de ração para bovinos de corte aumentou 3%
• A produção de ração para aves de postura diminuiu 4%
• A produção de ração para frangos de corte aumentou 1%
• Tecnologia: a compilação/análise de dados tem tido o maior impacto na agroindústria
• Tendências de consumo: os preços dos produtos/economia estão afetando a agroindústria
• Desafios: dificuldades na cadeia de suprimentos, condições climáticas severas, eventos geopolíticos.
• Perspectivas: otimistas de que a produção de ração crescerá em 2023
Os dados completos da pesquisa “Perspectivas do Setor Agroalimentar”, com informações de outras proteínas, podem ser conferidos no site: www.alltech.com/agri-food-outlook
O crescimento da produção de ração no setor de aves de corte foi relatado principalmente no Oriente Médio, América do Norte e América Latina
Como a consultoria independente na incubação industrial transforma estratégia em resultados
Adriano Bailos, consultor particular especialista em Incubação Industrial, Automação e Climatização de Incubatórios, explica que com incubatórios cada vez maiores e mais tecnificados, pequenas falhas tendem a se transformar em grandes problemas
Com uma cadeia de produção extremamente exigente em busca de melhores resultados e da maior qualidade dos produtos, a avicultura brasileira tem demonstrado cada dia mais a necessidade de se trabalhar dando atenção aos mínimos detalhes. Ou seja, encontrar com rapidez e precisão o ponto ideal de atuação é essencial em todos os setores e no incubatório não é diferente.
Para economizar tempo e dinheiro, as empresas têm optado cada dia mais pelas consultorias personalizadas, assim é possível trabalhar com foco na necessidade específica de cada companhia, buscando aplicar ações que tragam um retorno positivo imediato.
Com mais de 23 anos de experiência na área de incubação de ovos, Adriano Bailos, consultor particular
especialista em Incubação Industrial, Automação e Climatização de Incubatórios, explica que a incubação industrial é uma fase muito importante da produção avícola. Bailos acredita que com incubatórios cada vez maiores e mais tecnificados, pequenas falhas tendem a se transformar em grandes problemas. “Sabemos que a margem de erro na avicultura é cada dia menor e em se tratando da área de incubação estamos falando de um setor que ganha a cada dia mais importância no resultado como um todo”.
Na prática: maior precisão e melhores resultados
Foi procurando a melhor forma de aumentar a produtividade dos incubatórios em que atuou, que Bailos iniciou uma busca por conhecimento e inovações, tanto no mercado nacional quanto internacional, que o fizeram identificar uma carência de informações técnicas sobre o processo de construção de novas plantas de incubação e, também, quais eram as ações ideias para se conseguir os melhores resultados em incubatórios mais antigos.
“Analisando profundamente identifiquei que o Brasil tinha uma carência de consultores de incubação independentes, existem grandes profissionais no ramo da incubação industrial, mas na sua grande maioria são colaboradores que representam uma marca ou uma companhia. Essa consultoria independente precisava surgir para que, de forma imparcial e somado ao conhecimento dos colegas especialistas da área que atuam ligados as companhias, pudesse ajudar no resultado e na parte técnico gerencial dos incubatórios. Por isso, após anos de estudos e prática nos incubatórios nacionais e internacionais, em junho de 2021, comecei a atuar como consultor independente direto no Brasil e no exterior”.
O atual trabalho de Bailos consiste na resolução de problemas ou no fornecimento de soluções para determinadas necessidades das empresas como, por exemplo, a construção de novos incubatórios e a implantação de novas tecnologias em incubatórios mais antigos.
Neste cenário, o especialista salienta que existem dois focos, o primeiro sendo o de construção de novas plantas com as últimas tendências do setor e o segundo foco que é a melhoria e a manutenção de resultado.
“No primeiro foco de construção de um incubatório novo é possível fornecer para as empresas que optam pela consultoria todas as informações para que possam construir uma planta de incubação totalmente atualizada”, afirma o especialista.
Estas informações abrangem desde a escolha da propriedade até o processo final, montagem das equipes, cálculos de investimentos em equipamentos até os cálculos de produtividade, passando pela definição da melhor climatização, melhor custo-benefício de automação, da montagem do organograma, do treinamento das pessoas, dos cálculos de investimento em cima de todos os equipamentos adquiridos, dos dimensionamentos de salas, máquinas, melhores tipos de equipamentos e incubadoras, nascedouros e classificadoras de ovos.
No foco de consultoria técnica para a resolução de problemas e entregas de soluções, as empresas buscam um consultor que esteja habilitado a realizar um diagnóstico completo da sua área de incubação, auxiliando a equipe na busca dos melhores resultados zootécnicos de eclosão e qualidade das aves, com o fornecimento de ferramentas de gestão adequadas a cada companhia, é possível não só buscar, mas também manter os melhores resultados de eclosão, mortalidade e ganho de peso das aves.
Destaque AviSite - Adriano Bailos
“Na construção de uma nova planta de incubação, atualmente se gasta em média 8 reais para cada mil ovos incubados/mês para construir um incubatório. Por exemplo, em um incubatório de 10 milhões de ovos, a empresa irá gastar 80 milhões de reais. É um investimento muito alto para que se corra risco de errar na hora de fazer esse investimento”, explica Bailos.
Em ambos os cenários, a consultoria de Bailos é capaz de trazer maior segurança para a empresa que está realizando esse investimento totalmente independente. “As escolhas na hora de construir um incubatório devem ser feitas corretamente, pois uma pequena falha em um investimento desse tamanho pode acarretar milhões em prejuízo sem que seja percebido até a conclusão da obra ou até que que o incubatório comece a operar”.
Já, no segundo foco “contratação para definir melhor o resultado ou correção de problemas”, o especialista toma como exemplo um incubatório de 10 milhões de ovos, 1% de eclosão representa 100 mil aves no fim do mês. O que resulta em torno de 250 a 300 mil reais de lucro ou prejuízo. “Nessa realidade, a consultoria traz uma melhora substancial na eclosão e no aproveitamento de ovos, bem como na qualidade das aves, que se refletirá no campo em melhor conversão alimentar, mortalidade e ganho de peso”, explica Bailos.
“Estamos envolvidos em um sistema de produção em que o volume é destaque, falamos de incubatórios hoje com 15 milhões de ovos por mês, já tive melhora na eclosão em torno de 2, a 3, 5%, melhoras de mortalidade de aves no campo na primeira semana, até os 7 dias de alojamento, em torno de 1,5 a 2%, e isso representa um
montante financeiro muito grande para as empresas que obtém essa melhoria através da consultoria”, acrescenta Bailos.
Informação que muda o jogo
Focado em levar este conhecimento para mais perto dos avicultores, Bailos se dedica cada dia mais ao fomento de informação nas redes sociais. Nos últimos anos, seus artigos, dicas e vídeos tem feito sucesso na internet e levado a marca Bailos a novos patamares, sendo um fenômeno da incubação no Linkedin e Instagram.
“Encontrei nas redes sociais uma forma de levar informação de qualidade, gratuita e acessível para diferentes públicos, com uma linguagem dinâmica e simples. A minha missão é que as pessoas possam ter acesso a informações reais, fiéis a nossa realidade no Brasil e América do Sul, de uma forma simples, sem a mesma dificuldade que tive. Somos exemplo em avicultura, precisamos ser exemplo também em compartilhamento de conhecimento”.
Para ter acesso ao conteúdo disponibilizado, gratuitamente, por Bailos basta acessar suas redes sociais e fazer parte dessa comunidade.
Adriano Bailos tem mais de 23 anos de experiência na área de incubação de ovos, sendo especialista em Incubação Industrial, Automação e Climatização de Incubatórios
Evonik mostra otimismo para a avicultura em 2023
Com uma cadeia produtiva resiliente, avicultura brasileira deve enfrentar neste ano desafios de custos, de acesso a aditivos importados e de manutenção do status sanitário privilegiado e oportunidades de aumento da eficiência produtiva e sustentabilidade na produção
Evonik
Apesar do cenário de incertezas com relação ao desempenho da economia mundial e seus impactos na produção animal, as perspectivas para este ano ainda são otimistas, defende o vice-Presidente Regional da Linha de Negócios de Nutrição Animal da Evonik para a Região Américas, Paulo Teixeira. “A diversidade de países atendidos com produtos brasileiros é algo único mundialmente. Portanto, temos alternativas para escoamento de nossas proteínas se enfrentarmos um mercado local desaquecido e uma China menos atuante como importadora. Passamos por várias
crises ao longo das últimas décadas e sempre encontramos alternativas de crescimento, o que tornaram o segmento mais forte e mais eficiente”, pontua. “Não acreditamos em crescimento agressivo, pois o mercado aponta ainda para um ano difícil em muitas regiões, mas esperamos volume de produção acima de 2022, pois a recessão global que muitos aguardavam, ao que tudo indica, não será tão grave assim”, complementa.
Do lado dos desafios para 2023, o executivo destaca os custos de produção em patamares elevados,
instabilidade no acesso aos aditivos importados, essenciais para o bom desempenho da produção, a manutenção do status sanitário privilegiado da avicultura brasileira, livre das principais enfermidades, especialmente falando dos casos de influenza aviária que surgem cada vez mais próximos do Brasil, e, finalmente, a sustentabilidade de toda a cadeia de produção. “Temos de estar preparados e trabalhar na busca da neutralidade das emissões de carbono, pois, se isso não acontecer, a tendência é de termos acesso cada vez mais restrito a mercados e todo o setor pode sofrer com isso”, afirma Teixeira.
De acordo com ele, este quadro exige eficiência cada vez maior do avicultor e ainda traz ao segmento a oportunidade de alcançar novos recordes de produtividade. “Se de um lado temos o desafio de reduzir custos, aumentar a eficiência produtiva e buscar uma produção sustentável, de outro lado temos uma vasta gama de soluções para contribuir nestas questões. Acreditamos que podemos colaborar com o setor no enfrentamento dos desafios mais importantes deste ano não apenas com nossos produtos, mas também com serviços e conhecimentos de nossos especialistas. Temos uma equipe altamente qualificada para auxiliar
no ganho de eficiência, seja através da melhoria da qualidade de matérias-primas, seja na redução dos custos da ração ou mesmo no aumento da eficiência operacional dos sistemas produtivos. Além disso, temos um compromisso com a produção de proteína animal sustentável e por isso nos empenhamos em oferecer ao mercado produtos e soluções capazes de reduzir o impacto ambiental da produção animal”, disse.
Uma produção mais sustentável
Para o head de Sustentabilidade da Evonik na América Latina, Nei
Arruda, a produção de proteína animal sustentável é o maior desafio global que enfrentamos. “Uma população mundial em crescimento significa uma crescente demanda por alimentos, especialmente proteínas. Alimentar tantas pessoas com alimentos de qualidade requer uma produção alimentar eficiente e responsável”, disse o especialista apontando um levantamento das Nações Unidas que projeta uma população mundial de 9,7 bilhões de pessoas até 2050, o que representa um aumento de 25% em relação a 2020.
Diante deste quadro, ele destaca o
“Passamos por várias crises ao longo das últimas décadas e sempre encontramos alternativas de crescimento, o que tornaram o segmento mais forte e mais eficiente” -
Paulo Teixeira, vice-Presidente Regional da Linha de Negócios de Nutrição Animal.
desempenha um papel muito importante no compromisso de alimentar a população global em ascensão. No entanto, ameaças globais, como as mudanças climáticas, a escassez de água e a perda de biodiversidade têm sido considerados como pontos críticos e vêm sendo amplamente discutidos. Como produzir alimentos de forma eficiente e ao mesmo tempo reduzir a pegada ambiental? Este desafio alimentar
a produção alimentar sustentável”, salientou Arruda.
De acordo com “Our World in Data”, a produção de alimentos representa 26% de todas as emissões de gases de efeito estuda (GEE). Deste total, 31% vêm da pecuária. Neste cenário, Arruda defende que, para limitar o aquecimento global a 1,5 graus, é necessário tornar a agricultura mais eficiente e conseguir uma produção alimentar mais sustentável. “Em
mais com menos. E a nutrição tem um impacto significativo na produção animal”.
Uma análise de ciclo de vida (ACV) realizada na produção avícola americana menciona que 60% das emissões são ocasionadas pela alimentação das aves. Dessa maneira, a nutrição desempenha um papel fundamental para uma produção eficiente e sustentável através da otimização de custos de
“O Brasil desempenha um papel muito importante no compromisso de alimentar a população global”Nei Arruda, head de Sustentabilidade da Evonik na América Latina
formulação, do atendimento aos requerimentos nutricionais dos animais e da redução da pegada ambiental da produção, ressaltou. “Uma redução proteica da dieta das aves com uso de aminoácidos cristalinos reduz a excreção de nutrientes, como o nitrogênio, além da redução de emissão de GEE. O mesmo vale com outros aditivos inovadores, como as enzimas, que proporcionam melhor aproveitamento dos nutrientes, reduzindo sua excreção
Para Arruda, a rápida tomada de decisão com controle de qualidade, com uso de tecnologias como NIRs, levam a uma importante economia nas formulações, além de um melhor aproveitamento das matériasprimas, que também tem sido uma prática muito bem trabalhada pelos nutricionistas e alinhada com uma produção sustentável. “O uso de alternativos aos promotores de crescimento, como probióticos, atende a essa necessidade do mercado e é condizente com uma
Ele salienta que a mensuração de pegada ecológica é uma das tendências mais importantes da produção avícola e uma necessidade do momento com o propósito de tornar a sustentabilidade mais tangível. “Ferramentas de cálculo da pegada estão sendo trabalhadas. Elas utilizam ACV das matériasprimas das dietas, a origem, os dados de desempenho, além de outras informações, como o processo fabril das dietas. Essa transparência de medida e comunicação faz parte da marca inoSUST® da Evonik Nutrição Animal, que combina soluções e expertise dos profissionais da área de negócios para uma produção animal eficiente e sustentável”.
Investimentos para os desafios de 2023
Com o objetivo de contribuir com a cadeia como um todo, a companhia anunciou investimentos em uma nova unidade de produção de metilmercaptano em Mobile, Alabama, nos Estados Unidos, com inauguração prevista para 2024. Teixeira explica que, com a integração reversa do metilmercaptano, a Evonik vai produzir todos os intermediários necessários para a produção de DLMetionina em Mobile - como já é o caso nas demais plantas de produção de metionina da empresa na Antuérpia e Singapura. “Este investimento reforça a expansão do mercado global da DL-metionina e enfatiza o claro compromisso da Evonik com a indústria. É uma medida que nos torna menos dependentes das variações do mercado, garantindo a importante segurança de fornecimento de DLMetionina aos nossos clientes nas Américas e no restante do mundo”, reforçou.
Segundo Teixeira, outro benefício desta expansão é que “ela reforça a posição de liderança em custos, o que viabiliza aumentos de capacidade de produção da metionina para apoiar o crescimento dos nossos clientes”, salientou o executivo lembrando a importância cada vez maior de se adotar estratégias nutricionais capazes de melhorar a eficiência produtiva do plantel animal, ou reduzir o custo da ração, que ainda despontam entre as preocupações de empresas e produtores.
Melhoria de desempenho
Para a avicultura, setor onde a nutrição representa até 80% dos custos de produção, é estratégico
lançar mão de uma dieta equilibrada, com o menor custo, produzindo ovos e carne que atendam aos requerimentos do consumidor moderno, maximizando o lucro e atendendo às exigências ambientais e de bem-estar animal, pontua o executivo.
Ele destaca que a energia é responsável por aproximadamente 50% do custo da ração, o que significa um terço de todo o custo da produção de aves. “A energia já é o nutriente mais caro na formulação de dietas de aves e isso é improvável de mudar dada a forte concorrência por fontes de energia disponíveis para alimentação humana”, afirmou.
Assim, Teixeira salienta que especialistas da companhia defendem uma estratégia nutricional com uso de ácido guanidinoacético (GAA), precursor da creatina. “Estudos conduzidos em diversos países mostraram benefícios não apenas no campo, como também no abatedouro. O GuanAMINO® contribuiu com uma importante redução dos custos da ração, manteve o desempenho das aves no campo, melhorou o rendimento de peito e reduziu a incidência de miopatias no frigorífico”, anunciou.
Neste cenário, ele reforça que os clientes da Evonik conhecem bem a empresa e a veem como um parceiro confiável e com o qual podem contar nesses momentos desafiadores. “A Evonik é mundialmente conhecida por sua confiabilidade e excelência no atendimento aos clientes e assim continuaremos em 2023, sempre buscando oferecer as melhores soluções e uma parceria de longo prazo que seja benéfica para todos”.
De “Olhos Abertos” contra a pirataria na saúde animal
Assumindo protagonismo no combate contra a falsificação de medicamentos veterinários, o Sindan investe em campanha para conscientizar produtores, tutores e sociedade sobre os riscos da prática e incentivar denúncias
Glaucia BezerraBuscando conscientizar a sociedade sobre os riscos do uso de produtos animais piratas, sejam eles falsificados ou contrabandeados, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) lançou, em fevereiro, a segunda fase da campanha “Olhos Abertos”.
A ação tem como objetivo informar os consumidores sobre os perigos oferecidos pelos medicamentos falsificados e ajudar a combater o comércio ilegal no Brasil. “Todo o nosso empenho visa garantir que tutores e produtores tenham total confiança nos
medicamentos oferecidos aos seus animais”, explica Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan.
De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), em 2021, os produtos falsificados movimentaram cerca de R$ 290 bilhões no Brasil. Na lista de mercadorias ilegais estão diversos medicamentos produzidos com matérias-primas de baixa qualidade, que não apresentam estudos adequados de bioequivalência e nem o selo de aprovação do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Ainda, segundo Emílio Salani, a compra desses produtos veterinários falsos é uma ameaça à saúde animal porque eles não são analisados pelos órgãos responsáveis, portanto, não possuem garantia de qualidade, segurança e eficácia. “Isso faz com que na sua composição possam ser encontrados ingredientes tóxicos. Além do impacto negativo para a saúde e o bem-estar dos animais, o uso desses produtos também traz prejuízo aos produtores devido à perda de produtividade e a baixa qualidade do produto-final”, explica o executivo.
Atualmente no Brasil não existe uma legislação específica para a punição da venda de medicamentos veterinários falsificados. Essas infrações são enquadradas no artigo 184 do Código Penal, em que toda aquisição, venda ou distribuição de produto pirata ou falsificado é considerada crime.
Além de informar, a campanha “Olhos Abertos” também abre um canal de denúncias para estimular os consumidores a enviar seus relatos, de forma anônima, sempre que desconfiarem de alguma procedência. Após esse primeiro passo, o Sindan assume a responsabilidade no repasse das informações às autoridades competentes.
Em entrevista para a Revista do AviSite, Emílio Salani, fala sobre os perigos do mercado ilegal de medicamentos para a saúde dos animais. Acompanhe:
REVISTA DO AviSite: Pensando no produtor, como ele pode identificar (sozinho) produtos falsificados?
EMÍLIO SALANI: Em primeiro lugar, desconfiar de preços muito abaixo da média do mercado. Os chamados “piratas” englobam produtos falsificados, contrabandeados e cargas roubadas. Esses últimos tendem a ser produtos originais, porém, fruto de ilícitos que podem configurar crime de receptação aos produtores. No mais, é sempre importante avaliar a qualidade das embalagens, as informações nas bulas, que devem estar em português, além de checar o número de registro e o selo de aprovação do Ministério da Agricultura.
Quais ações podem ser tomadas para evitar a compra de produtos falsificados? Qual o melhor caminho?
Cada vez mais os consumidores têm optado por compras on-line. Esta é uma tendência que deve ser reforçada nos próximos anos. Atualmente, boa parte do comércio de produtos piratas se dá nos marketplaces, onde há um controle menor. Uma dica é sempre comprar de um fornecedor confiável, preferencialmente nos canais oficiais das revendas agropecuárias ou mesmo dos laboratórios.
sindan.org.br/olhosabertos
O formulário para denúncias está disponível no site do Sindan (acesse aqui).
Como identificar um fornecedor confiável?
Em muitos marketplaces os vendedores recebem avaliações por parte dos consumidores. Este é um bom método, mas não infalível, já que as avaliações também podem ser forjadas. O melhor caminho é a compra por meio dos revendedores oficiais, ainda que via canais digitais.
Quais certificações comprovam a idoneidade dos medicamentos?
Todos os medicamentos veterinários comercializados no Brasil necessitam do selo de aprovação do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Mas em muitos casos, os piratas também estampam um selo falsificado.
Quais são os principais riscos para a saúde animal com consumo de produtos falsificados?
Os medicamentos veterinários são como os remédios para humanos. Os perigos vão desde o risco de os medicamentos não fazerem efeito (placebos) até a
utilização de matérias-primas de baixa qualidade, não testadas pelas autoridades competentes. O perigo é muito grande tanto para os animais de produção quanto para os animais de companhia. Para os animais de produção pode levar uma perda de produtividade, perda dos animais e até a contaminação por resíduos nas carnes.
Em caso de consumo, quais caminhos o produtor precisa seguir?
Após o consumo o produtor não tem muita opção. É importante acompanhar o animal e buscar imediatamente o auxílio de um médico-veterinário, que receitará o tratamento mais adequado.
Em
O Ministério da Agricultura e Pecuária possui um canal de denúncias através do e-mail produtosveterinarios@agricultura.gov.br. Outra ferramenta é a campanha Olhos Abertos, do Sindan.
caso de compra de lotes falsificados quais autoridades precisam ser acionadas, qual o procedimento?
“Os perigos vão desde o risco de os medicamentos não fazerem efeito (placebos) até a utilização de matérias-primas de baixa qualidade, não testadas pelas autoridades competentes”Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan
Em qualquer suspeita do consumidor, ele pode preencher o formulário no site sindan.org.br/ olhosabertos informando sua cidade, o produto, onde foi adquirido e qual a suspeita. A partir disso, o Sindan recebe a denúncia, encaminha para empresas e para as autoridades que vão fazer a investigação.
O que está sendo feito hoje no Brasil para se inibir a venda de produtos falsificados?
Existem inúmeras ações promovidas pelas autoridades, como o Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), ligado ao Ministério da Justiça, e também pelo Ministério da Agricultura. Por parte do Sindan, a Campanha Olhos Abertos é uma iniciativa que visa conscientizar a sociedade sobre os perigos do uso de medicamentos veterinários falsificados.
Como funciona a campanha de Olhos Abertos?
A campanha Olhos Abertos tem como objetivo alertar os consumidores sobre os riscos do uso de medicamentos piratas. Por meio da conscientização, esperamos reduzir a demanda por este tipo de medicamento, o que indiretamente impactaria numa redução da oferta. A campanha, até então veiculada apenas nos canais digitais do Sindan, empresas associadas e entidades parceiras, será expandida em 2023, chegando também às revendas agropecuárias, pet shops e produtores.
Consulte a legislação brasileira relativa aos Produtos Veterinários.
Na produção de proteína de origem animal, a nutrição sempre esteve em destaque nos pilares zootécnicos. Nutrir um animal significa fornecer os nutrientes necessários em quantidade e qualidade para atender as exigências de produção, mantença e reprodução.
Cada categoria animal tem exigências nutricionais diferentes, que variam conforme a idade, o peso e com a atividade por ele desenvolvida, seja produção de carne, leite ou ovos (Ghormade et al., 2011). Para que o organismo animal mantenha seu bom desempenho e saúde, é indispensável que a nutrição
nutrição
adequada seja ofertada. A alimentação inadequada pode resultar em doenças, perda de peso, baixa produtividade e prejuízos para o produtor rural.
Primordialmente, a nutrição dos animais baseava-se na quantidade e composição dos alimentos a serem fornecidos, sendo estabelecida com base na exigência animal, valor nutricional e custo dos ingredientes disponíveis para formulação das rações.
Atualmente os conceitos aplicados na nutrição das espécies, estão evoluindo, principalmente com o avanço da zootecnia de precisão. Esta é caracterizada, como o
manejo da produção animal utilizando princípios e tecnologias de engenharia de processos, buscando reduzir as perdas e aumentar o controle dos sistemas produtivos dos animais de interesse zootécnico (Nääs et al., 2020).
Dessa forma, utilizando-se ferramentas tecnológicas aplicadas pela zootecnia de precisão é possível o gerenciamento efetivo e em tempo real de aspectos produtivos, nutricionais, reprodutivos, de saúde e bem-estar das espécies, contribuindo para a sustentabilidade dos sistemas de produção agropecuários.
Neste contexto, tem-se o advento
Os desafios da nutrição de precisão na avicultura
da nutrição de precisão, que consiste no uso de informações e tecnologias (modelos matemáticos, softwares e equipamentos) para a formulação de dietas precisas e que garantam o fornecimento de nutrientes de forma exata a cada indivíduo.
Conforme Garcia e Gomes (2019), o conceito “nutrição de precisão” consiste na utilização dos conhecimentos sobre as necessidades nutricionais dos animais aliada ao conhecimento do valor nutritivo dos alimentos, o que permite o fornecimento de uma ração balanceada, com um custo baixo e um máximo desempenho dos animais,
diminuindo assim o desperdício de nutrientes, que posteriormente são eliminados no ambiente.
Nutrigenômica
Dentre as aplicações na nutrição de precisão está a nutrigenômica que se baseia nos avanços das biotecnologias, tecnologias genômicas e bioinformática (Nowacka, 2020). A nutrigenômica pode ser definida como a interação da genética com componentes específicos das dietas que podem alternar a expressão de genes, transcrição de enzimas e proteínas do organismo animal. As ferramentas da nutrigenômica
permitem avaliar a regulação do metabolismo, considerando os efeitos pós-nutrientes e estratégias nutricionais (Fischer et al., 2020).
A nutrigenômica visa elucidar como os nutrientes dietéticos podem interagir com genes que afetam os fatores de transição, expressão do RNA e proteínas, homeostase celular e produção de metabolitos através das ferramentas genoma, transcriptoma, proteoma e metabolôma (Ghormade et al., 2011).
Em humanos, as ferramentas “ômicas” estão sendo usadas para elucidar o papel das dietas e seus comportamentos específicos para
compreender lacunas das doenças como obesidade, cardiovasculares e câncer em humanos. Já na produção animal o uso destas ferramentas “ômicas” permite um melhor entendimento da fisiologia animal e suas associações com as dietas e seus componentes, para que desta forma, sejam desenvolvidas técnicas para que a nutrição ofertada consiga explorar o máximo potencial genético dos animais de produção.
Com o uso destas ferramentas, objetiva-se a longo prazo promover uma faixa de estimação das experiências nutricionais, assim como na qualidade dos produtos de origem animal. Esta sintonia pode englobar o desenvolvimento de uma dieta específica para o genótipo, sendo que o desenvolvimento destas dietas visa maximizar a saúde e processos fisiológicos específicos daquele animal (Bonaparte et al., 2014).
Desta forma, conforme o genótipo do animal, pode ser recomendada determinada estratégia nutricional com uso de suplementos e aditivos específicos, considerando exigências dos tecidos e células nas diferentes situações produtivas esperando-se as melhores respostas produtivas em cada fase especifica da vida produtiva do animal ou em outras ocorrências como estresse e doenças (ul Haq et al., 2022).
Técnicas da nutrigenômica aplicadas na avicultura
Especificamente na avicultura, as técnicas da nutrigenômica vem sendo usadas para estudar a interação da dieta com o sistema imune intestinal e assim podemos adotar melhores estratégias nutricionais.
Neste sentido estudos de transcrição genética e expressão genética vem sendo usados para elucidar os mecanismos de proteção e imunidade do trato gastrointestinal, quando usados aditivos nas dietas, especialmente os aditivos alternativos aos antibióticos. Notase a possibilidade da aplicação da nutrigenômica no estudo da eficiência do uso de aditivos alternativos aos melhoradores de desempenho, com resultados bastantes promissores.
Em estudos com probióticos e aditivos fitogênicos incluídos nas dietas de aves foi possível observar efeitos sobre a expressão genética e no proteoma dos enterócitos. Estes aditivos reduziram a velocidade do turnover celular e consequentemente, proporcionaram melhor uso dos nutrientes das dietas para o
Especificamente na avicultura, as técnicas da nutrigenômica vem sendo usadas para estudar a interação da dieta com o sistema imune intestinal e assim podemos adotar melhores estratégias nutricionais.
crescimento (Wagle et al., 2020).
Quanto ao proteoma, foi verificada expressão de proteínas relacionadas a imunidade e sistemas antioxidantes, indicando menor uso de nutrientes para promover imunidade em situações de desafio sanitário.
Outra possibilidade de utilização é com relação a minimização dos impactos das micotoxinas presentes em dietas de aves e que causam efeitos deletérios ao fígado das aves ao nível celular, nos hepatócitos. Seus efeitos são pronunciados também quanto ao sistema imune e desempenho das aves.
A utilização da nutrigenômica pode ser uma alternativa para elucidar mecanismos de mitigação dos efeitos sobre os genes dos hepatócitos (Bonaparte et al., 2014).
O uso de aditivos nas dietas, além dos adsorventes, pode ser benéfico, aumentando o potencial antioxidante e de biotransformação frente as toxinas. Assim, o uso das técnicas de nutrigenômica podem auxiliar na escolha de aditivos eficazes para esta função.
Quanto a produção de carne de frangos de corte, a ocorrência de miopatias peitorais vem causando perdas de qualidade da carne produzida e consequente condenações ou aproveitamento condicional deste corte nobre, sendo considerado um problema para a indústria (Castilho et al., 2021).
Os mecanismos genéticos e fisiológicos envolvidos nesta ocorrência não estão completamente elucidados, bem como as influências das dietas no
seu desenvolvimento. Neste caso, as técnicas da nutrigênomica podem auxiliar na elucidação da fisiologia e vias metabólicas responsáveis, e por consequência na busca por estratégias nutricionais mais adequadas para reduzir miopatias peitorais em frangos de corte.
Outras ferramentas da nutrição de precisão
Conforme Moraes et al., (2020) o uso de aminoácidos industriais (AA) é uma das ferramentas integrantes da nutrição de precisão. Com o recorrente uso dos conceitos de proteína ideal, que visam a redução da proteína bruta das dietas garantindo a redução da excreção de nitrogênio no meio ambiente, o uso de AA industriais ganhou ainda mais importância na nutrição de aves.
A dieta formulada com base nos valores de AA digestíveis para todos os ingredientes contribuem para o fornecimento da proteína ideal nas dietas e para a precisão da formulação. De acordo com Garcia e Gomes (2019), o uso do conceito de proteína ideal se tornou praticável, pois os principais aminoácidos limitantes, a citar, lisina, metionina, treonina, triptofano e valina, estão disponíveis no mercado e os custos destes aminoácidos estão cada vez mais acessíveis em comparação aos aminoácidos presentes nos alimentos.
Uma ferramenta de manejo relativamente recente, chamada de nutrição in ovo, que consiste na
oferta de nutrientes extras durante a formação embrionária da ave, com o intuito de corrigir possíveis carências nutricionais e proporcionar, assim, benefícios para as aves ao nascer (Miranda et al., 2021). A prática possibilita uma melhor condição nutricional ao nascimento, trazendo vantagens extras nos primeiros períodos após a eclosão, etapa em que a ave está sujeita a elevado nível de estresse creditada à mudança de ambiente e frequente manipulação.
Entre os pontos positivos listados, destaca-se o aproveitamento de nutrientes na alimentação com mais eficiência, diminuição nas taxas de mortalidade dos pintinhos, estímulo da resposta imune efetiva e precoce e ganhos no desenvolvimento muscular e rendimento de peito, reduzindo-se o custo produtivo por quilograma de carne produzida.
Considerações finais
A nutrição de aves é uma ciência bastante estudada e por consequência possui elevada eficiência, principalmente pela possibilidade do uso de estratégias nutricionais com uso de aminoácidos sintéticos que permitem o atendimento preciso das necessidades das aves, com uso do conceito de proteína ideal.
Alguns pontos ainda precisam ser aprofundados para melhoria da nutrição das aves. Os ajustes agora podem ser realizados a nível genético com o aumento do uso das biotecnologias disponíveis que permitem conhecer melhor a fisiologia e o metabolismo das aves. Com isso, será possível nortear a escolha de ingredientes, aditivos e estratégias nutricionais baseadas nas respostas específicas das diferentes categorias animais expostas as mais diversas situações produtivas.
principalmente devido aos seus benefícios técnicos e econômicos. Além disso, o melhor aproveitamento dos nutrientes e a máxima expressão do potencial genético das aves reduz o impacto ambiental da atividade avícola, tornando a atividade mais rentável, sustentável e atrativa a mercados cada vez mais exigentes.
Nutrição de precisão na produção de aves
Conceito maximiza o desempenho das aves, evita que o excesso de nutrientes seja eliminado no ambiente, melhora o ganho de peso e a conversão alimentar, além de proporcionar maior rentabilidade ao sistema produtivo
No sistema industrial de produção avícola, independentemente da região ou sistema de criação, o custo de alimentação representa aproximadamente 70% dos custos totais. Apesar de toda a evolução em
genética, sanidade, manejo, ambiência, com altos investimentos em automatização; mão de obra; melhoria das dietas e matériasprimas, a produção avícola é muito competitiva e possui uma estreita margem de lucro. Assim, formulações
voltadas à nutrição de precisão que busquem o ajuste mais preciso entre as exigências de nutrientes e o fornecido nas rações aos animais, podem contribuir para aumentar a margem de lucro e diminuir a excreção de nutrientes ao ambiente.
Em que se baseia a nutrição animal?
Por muito tempo, as pesquisas em nutrição foram voltadas no estudo de três aspectos principais, ou seja, na composição nutricional e digestibilidade dos ingredientes; nas exigências nutricionais dos animais; e na resposta animal em relação à utilização e excreção de nutrientes. E o que significa exigência nutricional? Quando falamos em exigências de um nutriente podemos entender como a quantidade de nutrientes necessária para atingir o máximo desempenho em termos de ganho de peso, produção de ovos e conversão alimentar.
Com base nesses aspectos produtivos, os programas nutricionais são estabelecidos pelo balanço entre a quantidade de nutrientes presentes nas rações e as exigências nutricionais de cada espécie animal, fornecendo um número sucessivo de dietas com o objetivo de atender as exigências em função das diferentes fases de criação, levando sempre em consideração variáveis como uniformidade do lote, estado sanitário, sexo e fatores climáticos no momento da tomada de decisão em relação aos níveis nutricionais que serão utilizados em cada fase. Entretanto, a intensificação produtiva tem levado a indústria e a área técnica a desenvolverem estratégias nutricionais que busquem outros objetivos de produção além apenas do máximo desempenho.
Nesse sentido, surgiu o conceito de “Nutrição de Precisão”, que se baseia em conhecer as exigências
nutricionais de cada lote e cada fase de criação, além da determinação e acurácia das matrizes nutricionais dos ingredientes utilizados, permitindo que o nível nutricional da formulação corresponda à realidade de cada ingrediente que será utilizado nas rações. Essa prática proporcionará benefícios como:
• Maximizar o desempenho das aves;
• Evitar que o excesso de nutrientes seja eliminado no ambiente;
• Formular rações de custo mínimo;
• Melhorar o ganho de peso e a conversão alimentar;
• Proporcionar maior rentabilidade do sistema produtivo.
Nutrição de precisão ao “pé da letra”
Para se alcançar uma nutrição de precisão, o nutricionista deve coletar todas as informações necessárias para definir os níveis nutricionais que serão trabalhados. Para isso, existem aplicativos que ajudam na coleta dessas informações, assim como programas de modelagem abastecidos com diversas variáveis e com equações que refletem a realidade de cada criação também auxiliam na definição da estratégia nutricional que será utilizada.
O conhecimento dos ingredientes disponíveis para as rações e a correta amostragem definem a representatividade do que se
realmente tem na fábrica. Um plano de amostragem deve ser definido baseado na quantidade, no número de fornecedores, e na frequência de entrega das matériasprimas. A utilização do NIRS (Near Infra Red Spectrometry) e um laboratório para controle de qualidade são ferramentas essenciais para se garantir um banco de dados de nutrientes, possibitando ao nutricionista um número confiável de informações que poderão ser trabalhadas no momento de se estabelecer uma nutrição de precisão.
O controle de qualidade de uma fábrica de ração está, tanto no processo de planejamento, ajudando a construir a matriz nutricional, quanto na rotina de execução de uma fórmula. Análises rápidas, como: classificação do milho, urease do farelo de soja, peróxidos em farinhas de origem animal e óleos, ajudam muito a restringir a entrada de ingredientes de baixa qualidade na fábrica, possibilitando, inclusive, a elaboração de um ranking de fornecedores, ajudando no direcionamento de compras, mantendo a qualidade do produto acabado. Pode-se dizer que a fábrica de ração é o “coração” de uma integração de frangos de corte, na criação de aves de postura e matrizes, sendo capaz de contribuir com o sucesso ou fracasso de toda a operação.
As Boas Práticas de Fabricação (BPF) auxiliam na manutenção desse processo em conformidade com os padrões pré-estabelecidos. Todo cuidado deve ser tomado desde a recepção da matéria-prima, no processo de armazenagem, na moagem dos ingredientes, na
pesagem e na qualidade de mistura, na expedição e no transporte das rações até o destino.
Assim, diante de tal complexidade, o propósito nutrição de precisão é que se procure a perfeição naquilo que se formula como alimento para os animais, sendo fundamental que se considere que, depois de definir os níveis nutricionais que devem ser fornecidos aos animais, que se tenha uma formulação precisa através do conhecimento de cada ingrediente que se utiliza dentro das rações, tendo o real conhecimento dos inúmeros desafios para que esta condição “ideal” seja alcançada.
Vantagens e desafios no atendimento deste conceito
Como foi dito anteriormente, além dos benefícios técnicos e econômicos, este conceito vem fortemente atrelado aos princípios básicos de sustentabilidade do meio ambiente. Um conjunto de nutrição, formulação e alimentação precisos faz com que os animais
sejam mais eficientes, consumindo menos alimento por unidade de ganho de peso (conversão alimentar) e, consequentemente, consumindo menos água e produzindo menos dejetos.
A redução na produção de dejetos promove, por consequência, uma redução de excreção de nitrogênio e de fósforo, dois elementos químicos muito poluentes ao ambiente. Além disto, esta eficiência faz com que a produção de equivalente CO2 seja menor, por unidade de produção. Por exemplo, em um cálculo, comparando duas dietas à base de milho e de farelo de soja, com diferença de 1% de proteína bruta, onde os animais apresentavam o mesmo desempenho zootécnico, a redução da proteína permite a redução de equivalente CO2 em 6,9%.
Claro que esta precisão esperada, traz um benefício econômico relevante pois quando se conhece a proposta nutricional e a qualidade dos alimentos que serão empregados, toda e qualquer margem de segurança empregada em outras situações, poderá ser descartada.
Em princípio, é importante ressaltar que o conceito de nutrição de precisão vai se tornando mais complexo, à medida que a densidade de criação vai aumentando, ou seja, é impossível nutrir um grupo de animais como se fossem indivíduos, pelo menos com as tecnologias atualmente disponíveis. Em uma população, sempre existirão animais melhor transformadores de energia e de nutrientes em produto do que outros, menos eficientes. Por esse motivo, garantir um “excesso” de nutrientes, por vezes, permitirá que todos os animais expressem a sua máxima resposta em populações heterogêneas.
Portanto, com base nessa complexidade, serão considerados alguns fatores indispensáveis, quando se pensa em nutrição, formulação e alimentação de precisão.
Formulações voltadas à nutrição de precisão que busquem o ajuste mais preciso entre as exigências de nutrientes e o fornecido nas rações aos animais, podem contribuir para aumentar a margem de lucro e diminuir a excreção de nutrientes ao ambiente
1. Qualidade das matérias primas e tabelas de composição nutricional de alimentos
Para que se tenha segurança na aquisição de ingredientes de qualidade, o primeiro passo é conhecer e qualificar os fornecedores. Para isso, fundamental auditá-los com uma frequência definida, e estabelecer, criteriosamente, o que deve ser esperado de todo o produto recebido. Quando essas especificações não são atendidas, abre-se um protocolo de não conformidade, o produto é rejeitado e devolvido ao fornecedor. Quando a empresa possui laboratório de bromatologia próprio, a certificação da qualidade e a verificação das especificações técnicas do que se recebe, ganha agilidade e garante maior segurança ao processo. Para isso, o grau de sofisticação do laboratório deve ser compatível com as análises de rotina que serão implementadas.
Depois da viabilização da tecnologia NIR, as análises de rotina se tornaram mais acessíveis, empregando curvas de equações de predição robustas e confiáveis, desenvolvidas no próprio laboratório através de dados coletados na rotina de análises, ou também serem obtidas de fornecedores que prestam esse tipo de serviço.
As tabelas de composição nutricional dos alimentos são ferramentas utilizadas pelos nutricionistas que através de equações, ajustam os valores das análises obtidas com os valores esperados. Através destas equações, são feitos ajustes de energia e de digestibilidade dos aminoácidos. Neste caso, a tecnologia NIR se torna indispensável ao fornecer equações de predição qualificadas para oferecer informações que não constam nas tabelas de composição de ingredientes.
2. Formulação e produção de ração em tempo real
Um grande passo em direção à nutrição de precisão foi a utilização do “NIR in Line”, onde o equipamento que é acoplado na linha de passagem do ingrediente, analisa sua composição antes de chegar ao misturador. De acordo
com os resultados obtidos das análises dos ingredientes, o sistema permite a reformulação em tempo real e a próxima batida de ração será ajustada através da real composição nutricional dos ingredientes, garantindo formulações mais uniformes e com precisão nutricional muito maior. Em outras palavras, a ração que chega no comedouro terá os níveis nutricionais muito próximos aos formulados pelo nutricionista, para cada espécie e fase da vida do animal. Como benefícios, além do melhor desempenho, espera-se a redução nos custos da ração através do melhor aproveitamento dos ingredientes e uso racional de recursos na produção e consequentemente menor impacto ambiental.
3. Diferenças genéticas e número de fases de produção
Quando se trata de nutrição e alimentação de precisão, esses pontos ganham muita relevância.
Existem diferenças significativas nas recomendações nutricionais propostas pelas diferentes genéticas, inclusive variações dentro das fases de produção. Para os produtores que usam mais de uma genética e não têm
Os programas nutricionais são estabelecidos pelo balanço entre a quantidade de nutrientes presentes nas rações e as exigências nutricionais de cada espécie animal
condições de formular dietas diferentes, a recomendação é que se formule para a genética que tem a maior representatividade dentro do plantel ou também que se formule para a genética mais exigente nutricionalmente. Entretanto, ambos os casos acarretam maiores custos nas formulações, além de gerar aumento na excreção ou perdas de nutrientes para o meio ambiente.
Sabe-se ainda, que além das diferenças genéticas, dentro de uma mesma genética e nas diferentes fases de produção, existem animais mais eficientes do que os outros. Neste sentido, as recomendações nutricionais podem ser adequadas para atender aos animais de maior desempenho ou para a média de desempenho do lote, dependendo do número de fases e do modelo matemático utilizados. Quanto maior o número de fases, especialmente em animais em crescimento, menores serão as perdas nutricionais e os custos de produção. Além disso, quando falamos em modelos matemáticos, os não lineares permitem adequar as
Sobre os autores
formulações conforme o que se espera do produto final, considerando as recomendações das diferentes genéticas objetivando o preço do quilo do produto na plataforma assim como a margem que o mesmo deixará para o negócio, entre outros. Quando se fala em resultado econômico do processo nem sempre a ração “mais barata” promoverá o melhor retorno econômico.
4. Outros aspectos que interferem na nutrição de precisão
Além do que foi descrito anteriormente, existem aspectos não menos importantes que devem ser considerados quando o assunto é nutrição de precisão. Dentre eles, o DGM dos ingredientes, o processamento das rações, a qualidade, quantidade e temperatura de água, o tipo de
instalação, a ambiência, a sanidade do lote, entre tantos outros, são aspectos que influenciam positivamente na busca do conceito de nutrição, formulação e alimentação de precisão.
Considerações finais
Nesse sentido, pode-se concluir que o maior avanço está relacionado com uma melhor compreensão dos mecanismos que determinam a utilização dos nutrientes pelos animais. Com a relevância desses aspectos, produtores e nutricionistas estão reavaliando os programas nutricionais atuais, para alcançarem uma nutrição mais precisa, reduzindo custos com maior sustentabilidade, mantendo ou melhorando o desempenho zootécnico e garantindo a qualidade do produto final.
Além dos benefícios técnicos e econômicos, a nutrição de precisão está fortemente atrelada aos princípios básicos de sustentabilidade do meio ambienteKarina Ferreira Duarte, PhD em zootecnia; Dpto de nutrição da Vaccinar Nutriçao Animal; Sebastião Aparecido Borges, DSc em zootecnia; Dpto de nutrição da Vaccinar Nutriçao Animal. Referências bibliográficas com os autores.
Cálcio e Fósforo: Um equilíbrio necessário em dietas de frangos de corte
Vitor Hugo BrandalizeAtravés do melhoramento genético, a taxa de crescimento de um frango de corte e o peso corporal ideal aceleraram ao longo dos anos, o que requer uma revisão regular das
formulações nutricionais. Além disso, a pesquisa está fornecendo mais informações sobre as interações complexas dos componentes da alimentação nos níveis macro e molecular no trato gastrointestinal.
Na formulação de rações, considerando as interações sinérgicas e antagônicas dos ingredientes, pode otimizar as formulações para promover o desempenho e apoiar a saúde e o bem-estar animal.
Cinco dos minerais (Cálcio, Fósforo, Sódio, Cloro e Potássio) que são suplementados nas dietas de frangos de corte são importantes reguladores da homeostase e envolvidos na sinalização celular. O cálcio e o fósforo também são importantes no desenvolvimento, força e manutenção do esqueleto.
Ca e P estão amplamente localizados nos ossos e são dois dos minerais mais abundantes no corpo. As consequências de proporções desequilibradas ou deficiências de Ca ou P em dietas de frangos de corte incluem desempenho de crescimento reduzido, eficiência alimentar aumentada, mineralização óssea deficiente ou, em casos graves, morte (5,15,16). A digestibilidade de aminoácidos e a disponibilidade de P também podem diminuir quando o excesso de Ca está presente na dieta (1).
Estudos indicam que o excesso de Ca pode ter um impacto negativo na digestão porque se complexa com ácidos graxos para formar sabões, reduzindo a disponibilidade dessas fontes de energia (30). O Ca também pode ser perdido porque se complexa com o Fitato (fonte orgânica de P) e, sem enzimas exógenas para liberar os minerais, o Ca e o P serão excretados (21,22,25). O calcário, uma fonte comumente usada de Ca, pode tamponar os ácidos aumentando o pH na moela, o que afeta a disponibilidade potencial de P e nitrogênio.
Uma razão pela qual os níveis de inclusão de Ca não foram enfatizados é porque o Ca é barato, em relação ao P. No entanto, os
impactos negativos do desequilíbrio desses minerais estão sendo compreendidos e a necessidade de otimizar os níveis está sendo priorizada.
Desenvolvimento embrionário
Durante o desenvolvimento embrionário, o P é armazenado principalmente na gema, enquanto o Ca é armazenado na gema e na casca do ovo. Foi relatado que as concentrações de P na gema no Dia 0 são reduzidas pela metade no Dia 17 (6,12,13). Por outro lado, as concentrações de Ca na gema quase dobram no mesmo tempo. O aumento do Ca ocorre porque ele é absorvido da casca do ovo para o sistema circulatório embrionário e então depositado na gema (Figura 1). No entanto, P está limitado à quantidade que foi depositada na gema. Vale ressaltar que outros minerais, além do P, são limitados em oferta, o que torna a nutrição das galinhas um fator importante para o bom desenvolvimento do pintinho (32,34).
O embrião usa as reservas de Ca e P para a construção óssea durante a incubação. Na eclosão, apenas os depósitos vitelinos desses minerais estão disponíveis. Além da mineralização óssea, Ca e P também são necessários para outros processos celulares e metabólicos. Se os estoques de gema forem insuficientes ou os pintinhos forem privados de ração por muito tempo, os ossos podem ser enfraquecidos, pois esses minerais são preferencialmente alocados para a homeostase, enquanto a formação óssea é secundária. As formulações
para dietas pré-inicial e inicial devem considerar a disponibilidade de Ca e P no nascimento (14), pois agravar o desequilíbrio desses dois minerais pode causar mau desenvolvimento, baixo desempenho e problemas metabólicos (ou seja, hipercalcemia e hipofosfatemia).
Crescimento
Durante a incubação, os ossos esqueléticos longos crescem rapidamente em largura e comprimento. (A tíbia mais que dobra de comprimento do dia 15 ao 20!). Como a taxa de crescimento embrionário excede o processo de mineralização, os ossos são amplamente esponjosos na eclosão.
Após a eclosão, os ossos da perna se alongam e se expandem radialmente muito rapidamente. O córtex (osso externo compacto) torna-se poroso porque a deposição de colágeno supera a taxa de
O calcário, uma fonte comumente usada de Ca, pode tamponar os ácidos aumentando o pH na moela, o que afeta a disponibilidade potencial de P e nitrogênio.
mineralização. No entanto, a espessura do córtex e a mineralização atingem o máximo por volta de 4 a 5 semanas de idade (27).
Os ossos continuam a crescer ao longo da vida do frango e requerem um fornecimento constante de Ca e P na dieta. No entanto, a taxa de crescimento e a necessidade de Ca e P em diferentes fases devem ser consideradas (7,11,18). Para uma boa base e desenvolvimento esquelético, os nutricionistas concordam que Ca e P devem ser os mais altos nos alimentos préiniciais e iniciais.
Crescimento ósseo: modelagem e remodelação
Tanto a modelagem quanto a remodelação requerem Ca e P para mineralizar e endurecer os ossos. Sem níveis suficientes de Ca e P, os ossos não irão endurecer! A deficiência crônica de P e/ou Ca causa mineralização esquelética prejudicada, uma característica comum do Raquitismo.
A modelagem óssea é o processo fisiológico de crescimento ósseo em forma e tamanho. A modelagem óssea é predominante em aves jovens e em desenvolvimento. Os ossos crescem longitudinalmente e radialmente. A modelagem óssea ocorre em resposta a impactos mecânicos ou fisiológicos, como ganho de peso.
A remodelação óssea ocorre ao longo da vida e é a substituição ou
renovação do osso antigo (Figura 2). O processo é necessário para que os ossos possam manter a força e reparar as microfraturas. Além disso, a remodelação é necessária para liberar os estoques de Ca e P quando os níveis sanguíneos estão baixos e esses minerais são necessários para outras funções celulares.
Disponibilidade
O Ca e o P da dieta são absorvidos no trato intestinal. O P de fontes inorgânicas é geralmente considerado como 100% disponível (embora o P de qualquer fonte deva ser minuciosamente avaliado quanto à disponibilidade). As fontes orgânicas de P na alimentação de frangos de corte também incluem grãos de cereais, mas grande parte do P está ligado ao fitato (26). Este P ligado ao fitato não pode ser liberado para absorção sem enzimas exógenas (22,25,28,29). Além disso, minerais, incluindo Ca, Mg, Fe e Zn, complexam com fitato, reduzindo a disponibilidade desses minerais (Figura 3). Sem a adição de enzimas exógenas, os minerais ligados ao fitato não estão disponíveis para absorção.
A principal fonte de cálcio nas dietas de frangos de corte é o calcário. A disponibilidade de Ca no calcário varia consideravelmente de acordo com a fonte. Análises laboratoriais indicam que o cálcio digestível no calcário pode variar de 20% a 70%. Considerando a importância do cálcio, recomendase analisar o calcário para determinar a disponibilidade digestível.
Absorção, secreção e regulação
Os níveis de cálcio e fosfato no corpo são controlados equilibrando a absorção intestinal com a excreção renal. Ambos são absorvidos no trato intestinal. No entanto, a disponibilidade também é regulada pela reabsorção e excreção nos rins. Quando os estoques corporais são baixos, a absorção gastrointestinal, a reabsorção óssea e a reabsorção renal aumentam. Por outro lado, excretar e diminuir a absorção gastrointestinal pode reduzir os níveis.
Absorção gastrointestinal
Fatores que favorecem a absorção de cálcio:
• Proporção correta de Ca para P (não mais que 2:1)
• Trato intestinal saudável
• pH ácido (previne formações complexas e precipitação)
• Presença de ácidos orgânicos
• Dieta rica em proteínas (Lisina e Arginina promovem absorção)
• Presença de vitamina D
Fatores que inibem a absorção de cálcio
• Proporção incorreta de Ca para P (1:2 inibe a absorção de Ca)
• Saúde intestinal ruim
• pH alcalino (Ca vai complexar e precipitar)
• Alta ingestão de gordura na dieta (forma sabões de cálcio que são excretados)
Os rins são os principais reguladores das concentrações sanguíneas de fosfato (3), embora a regulação também seja ajustada pela absorção intestinal. O fósforo é transportado ativamente e se difunde livremente pelas células do intestino delgado. Para o transporte ativo, um cotransportador acoplado ao sódio é a via principal. A expressão e atividade deste cotransportador é regulada pela disponibilidade de fósforo (8). Quando o fósforo é restrito, há um aumento na
atividade e prevalência de transportadores na membrana apical das células do intestino delgado. Se a demanda por Pi diminui, o excesso é removido pelos rins.
Interações sinérgicas e antagonísticas
A absorção de P e Ca é regulada pela forma ativa da vitamina D (2,16,23). As deficiências de vitamina D estimulam a liberação de Ca dos ossos. Por esta razão, os suplementos de vitamina D podem promover a absorção de cálcio.
da homeostase, incluindo equilíbrio ácido-base, transporte celular, regulação da pressão osmótica, potenciais através das membranas celulares e ativação de cascatas intracelulares. O equilíbrio de cátions (K+ e Na+) com ânions (Cl-) é chamado de equilíbrio eletrolítico. O equilíbrio correto entre Na, K e Cl é necessário para um bom desempenho, uso de aminoácidos e desenvolvimento ósseo. No entanto, altos níveis de Na podem aumentar a excreção de Ca e a reabsorção óssea.
A deficiência de Ca está frequentemente associada a deficiências de Mg. O magnésio converte a vitamina D de uma forma inativa para uma forma ativa. Essa forma ativa de vitamina D aumenta então a absorção gastrointestinal de Ca. A relação entre P e M é o inverso; à medida que os rins aumentam a reabsorção de Mg, eles também excretam mais P.
Muitas enzimas envolvidas na síntese de colágeno e na reticulação da matriz óssea orgânica requerem cobre (Cu). As deficiências de cobre podem fazer com que o córtex (parte externa do osso) fique mais fino. Quando os níveis teciduais de Ca estão baixos, é comum encontrar baixos níveis teciduais de cobre.
Em conjunto com sódio (Na) e cloro (Cl), o potássio(K) participa
Nem todas as interações entre as inclusões alimentares são totalmente compreendidas. Há uma grande quantidade de pesquisas sendo conduzidas para investigar as relações entre minerais, vitaminas e outras inclusões alimentares. É importante notar que o corpo regula altamente a absorção das necessidades alimentares. Por esta razão, formular a dieta deve ser uma ciência precisa. A inclusão excessiva pode desperdiçar ingredientes, pois eles serão excretados, o que diminui os lucros. A baixa inclusão pode levar a um desempenho ruim, problemas de saúde e bem-estar ou até mesmo à mortalidade.
Recomendações baseadas na ciência
Cálcio e fósforo
As necessidades nutricionais de uma ave são dinâmicas e, como tal,
Durante o desenvolvimento embrionário, o P é armazenado principalmente na gema, enquanto o Ca é armazenado na gema e na casca do ovo.
as formulações de rações podem fornecer mais ou menos alguns componentes da ração, dependendo da idade e das necessidades da ave. Uma solução é usar a alimentação multifásica para que, à medida que o número de formulações de ração aumenta, a capacidade de fornecer com precisão as necessidades nutricionais corretas aumentem, também (10). Nosso suplemento para frangos de corte Cobb500 2022 fornece 5 recomendações de dietas diferentes (Inicial, Crescimento 1, Crescimento 2, Finalizador 1, Finalizador 2) para atender às necessidades nutricionais baseadas na idade com mais precisão.
Em comparação com a pesquisa de aminoácidos e nutrição energética, há consideravelmente menos informações sobre nutrição mineral. Além disso, a maioria dos nutricionistas reconhecem que existem oportunidades e necessidades para um melhor entendimento do efeito do Ca e do P no desempenho dos frangos de corte. A Cobb-Vantress tem pesquisado ativamente os requisitos
desses minerais em frangos de corte. Com base nesses estudos de pesquisa, em 2022, publicamos novas recomendações de Ca e P disponível para nossos frangos de corte Cobb500 (https://www.cobbvantress.com/resource/productsupplements).
Sódio, potássio e cloreto
O sódio é muito importante para o metabolismo basal. Este elemento também regula a ingestão de água, a pressão osmótica celular e a permeabilidade celular. A deficiência de sódio pode levar a uma redução na absorção de aminoácidos e açúcares no intestino. Quando os níveis de sódio aumentam, as aves tendem a beber mais, o que pode levar à cama molhada.
O potássio é muito importante no desempenho do crescimento e no desenvolvimento ósseo. É muito importante estabelecer um nível mínimo de potássio nas dietas de frangos de corte. O carbonato de
potássio tem sido reconhecido como uma fonte muito boa de K em dietas de frangos de corte. Fornecer níveis adequados é muito importante, pois a hipocalemia (deficiência de potássio) pode causar fraqueza muscular, tônus intestinal ruim, inflamação intestinal, fraqueza cardíaca, fraqueza muscular respiratória e morte.
O cloro suporta a função muscular adequada e, com K e Na, equilibra a pressão osmótica nas células e tecidos. O Cl também é usado para sintetizar o ácido clorídrico, usado para quebrar a alimentação no proventrículo.
Equilíbrio de sódio, potássio e cloreto
Sódio, Potássio e Cloreto desempenham papéis importantes e integrados na regulação osmótica e na manutenção do equilíbrio ácido-base no corpo. Recomendase uma combinação de eletrólitos com níveis mais altos de cátions e níveis mais baixos de ânions. O
A principal fonte de cálcio nas dietas de frangos de corte é o calcário. A disponibilidade de Ca no calcário varia consideravelmente de acordo com a fonte.
balanço eletrolítico nas dietas (BED) pode ser expresso como a soma de cátions menos ânions (Na + K – Cl). Para frangos de corte, uma inclusão de BED de 250 mEq/Kg é ótimo para funções fisiológicas normais (19). O BED é convertido em unidades padrão (mEq/kg) pela multiplicação de fatores que são derivados do peso elementar de cada eletrólito pela porcentagem desse eletrólito:
Os principais ingredientes na alimentação de aves são o Farelo de Soja e o Milho. Neste caso, o nível do cátion Potássio pode ser facilmente alcançado, pois a soja contém altos níveis de Potássio. No entanto, os substitutos do Farelo de Soja, como Produtos de Origem Animal (Farinha de Carne e Ossos,
Farinha de Subprodutos de Aves, etc.), DDGS, são fontes pobres de Potássio.
Resumo
Por meio da seleção genética, o crescimento e o peso corporal alvo dos frangos Cobb aceleraram nos últimos anos. Além disso, a pesquisa forneceu mais informações sobre as interações de cálcio e fósforo e seu impacto no desempenho. Por essas razões, a Cobb publicou novas diretrizes para a inclusão desses componentes na dieta.
É importante notar que uma boa nutrição é parte da capacidade de atingir todo o potencial genético do frango Cobb. Um bom programa
Nossas recomendações são baseadas no conhecimento científico atual e na experiência prática de todo o mundo. Você deve estar sempre ciente da legislação local, que pode influenciar as práticas de manejo que você decidir adotar. Como sempre, nossas equipes técnicas estão disponíveis para ajudá-lo.
de manejo deve estar em vigor. Nosso suplemento para frangos Cobb fornece todas as diretrizes de nutrição e desempenho. O Guia de Manejo de Frangos Cobb também está disponível, projetado para ajudá-lo a desenvolver seu programa de manejo. Esses recursos e outros estão disponíveis em www.cobbvantress.com.
Ainfluenza aviária é uma doença viral altamente contagiosa classificada como doença de notificação obrigatória pela Organização de
Impactos da influenza aviária no mercado global
Brasil acende alerta e intensifica medidas de prevenção contra o H5N1
Rafael SuzukiSaúde Animal e não há tratamento específico para essa enfermidade.
Ela afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres, principalmente as aquáticas (em
sua forma mais agressiva), também mamíferos como cães, gatos, ratos, suínos, cavalos e até mesmo o homem (MAPA, 2023).
A enfermidade pode ser subdividida de acordo com sua capacidade de provocar sinais clínicos severos, sendo classificada como:
• Influenza aviária de baixa patogenicidade (IABP): resulta em sinais subclínicos que podem passar desapercebido;
• Influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP): sua disseminação ocorre rapidamente, podendo atingir todo o lote em menos de 48 horas. Afeta múltiplos órgãos e podem apresentar apatia, edema facial, inchaço da crista e barbela com coloração arroxeada, diarreia, sinais neurológicos (andar cambaleante) e respiratórios (tosse, espirros, muco e hemorragias) e queda brusca na produção de ovos em galinhas de postura. Resulta em uma alta mortalidade, acima de 75%. Apenas os vírus com hemaglutininas H5 e H7 têm provocado alta patogenicidade até o momento (MAPA, 2006; UFPEL, 2021; EMBRAPA, 2023; MAPA, 2023).
Não foram registrados casos de influenza aviária no Brasil. Apesar disso, várias notificações de focos de IAAP têm surgido ao redor do mundo nos últimos meses, incluindo a América do Sul.
Como está a disseminação da enfermidade no mundo?
Focos de influenza aviária têm sido reportados em diversos continentes e países ultimamente, incluindo: França, Noruega, Islândia, Holanda, China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, África do Sul, Inglaterra, Itália, Alemanha, Rússia, Canadá, Estados Unidos, México, Honduras e Panamá.
Considerando a América do Sul, já foram afetados: Colômbia, Equador, Peru, Chile, Bolívia e, mais recentemente, o Uruguai. Na maioria dos países sulamericanos trata-se do primeiro registro de Influenza Aviária Altamente Patogênica.
Além da rapidez da transmissão da doença entre aves através do contato direto (secreções nasais, oculares e excretas de aves contaminadas), ou indireto (água, alimento, fômites, circulação de
pessoas, insetos, roedores, cama e carcaça contaminadas, entre outros), há fatores que contribuem para sua transmissão para outros países e continentes, que são (UFPEL, 2021; MAPA, 2023):
• Migração de aves
• Globalização e comércio internacional
• Venda de aves vivas
Como a Influenza
Aviária afeta o mercado de frango e ovos?
O Brasil, que é livre de Influenza Aviária, acabou tento o cenário de exportações da carne de frango favorecido pela incidência da enfermidade em diversos países, além de outros fatores como o conflito entre Rússia e Ucrânia e o aumento de custos de produção na União Europeia.
As exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 4.822
O Brasil, que é livre de Influenza Aviária, acabou tento o cenário de exportações da carne de frango favorecido pela incidência da enfermidade em diversos países, além de outros fatores como o conflito entre Rússia e Ucrânia e o aumento de custos de produção na União Europeia
milhões de toneladas em 2022, o que representou um avanço de 4.6% em relação ao total exportado em 2021 (ABPA, 2023). Esse volume gerou uma receita de US$ 9,76 bilhões, valor 27.4% superior ao ano anterior.
Com relação ao mercado de ovos, países como Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e Nova Zelândia passam por uma escassez de ovos. Nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2023), o surto atual resultou na morte de mais de 44 milhões de aves poedeiras , o equivalente a aproximadamente 4 a 5% do plantel norte-americano. Na Europa, além da ocorrência da enfermidade, o cenário é agravado com a guerra entre Rússia e Ucrânia, assim como os aumentos de custos de produção, como alta dos grãos e energia elétrica. Por fim, na Nova Zelândia, em 2012, foi determinado por lei que haveria uma transição gradual da produção de ovos com aves livre de gaiolas com o prazo limite ao início de 2023. Dessa forma, a produção de ovos com essa transição não foi suficiente para acompanhar a demanda de ovos no país.
A exportação de ovos do Brasil em 2022, por sua vez, caiu 16.5% comparado ao ano anterior, com um volume exportado de 9,47 mil toneladas. No entanto, considerando a receita anual de US$ 22,419 milhões, houve um acréscimo anual de 24.2%.
Considerando a grandeza e importância do Brasil no mercado mundial de carne e ovos, a entrada da Influenza Aviária no país impactaria não somente o mercado
interno brasileiro, mas também as ofertas de produtos para exportação, principalmente carne de frango. Segundo estimativas do USDA (2023), o país deverá representar cerca de 14.32% da produção mundial em 2023, com uma estimativa de 14,74 mil toneladas, ficando atrás somente dos Estados Unidos.
O que tem sido feito para evitar a entrada da Influenza Aviária no Brasil?
O Brasil tem intensificado as medidas de prevenção contra a Influenza Aviária. Esse trabalho está sendo desenvolvido no sentido de (MAPA, 2023):
• Aumentar as ações de vigilância, seja pelo serviço veterinário oficial, ou pelos órgãos ambientais,
incluindo também a vigilância em portos e aeroportos pelo Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional;
• Reforçar medidas de biosseguridade nas granjas pelos avicultores;
• Lançar campanhas de conscientização, como a “Influenza Aviária? Aqui não!” desenvolvida pelo Ministério da Agropecuária, Pecuária e Abastecimento;
• Aumentar a capacidade de detecção precoce de casos suspeitos e de comprovação da condição livre da doença;
• Promover treinamentos teóricos e práticos visando as ações de prevenção e atuação emergencial para o controle da doença, se for o caso;
• Desenvolver um Plano de Comunicação direcionado para
todos os públicos envolvidos com aves, com a finalidade de alertar sobre os riscos da introdução da enfermidade e aplicar a notificação imediata ao serviço veterinário oficial em caso de suspeita;
• Aumentar a capacidade de atendimento a demandas de diagnósticos laboratoriais para a Influenza Aviária, assim como treinamento e capacitação de profissionais;
• Interação entre o MAPA, órgãos estaduais de sanidade agropecuária, setor privado de avicultura, Embrapa, universidades, entre outros;
• Buscar conhecimento em reuniões e fóruns de discussão com instituições internacionais e países vizinhos, para a atualização de informações, definição de estratégias e cooperação para o combate à doença.
Passamos por um momento delicado, em que é necessário reforçarmos os conceitos e a aplicação de medidas de biosseguridade nas granjas brasileiras, além de realizarmos um trabalho de excelência em conjunto com órgãos e instituições competentes.
Rafael Suzuki - equipe de Inovação & Pesquisa do departamento de aves na Agroceres Multimix
Várias notificações de focos de IAAP têm surgido ao redor do mundo nos últimos meses, incluindo a América do Sul
Influenza Aviária Ameaça ou oportunidade para o Brasil?
Dione Carina FranciscoVocê já deve ter percebido que a maioria das ameaças também escondem grandes oportunidades aos que estão preparados. Com a Influenza Aviária acontece o mesmo, mas antes de explicar os motivos é importante relembrarmos que
agente infeccioso é esse que causa um grande impacto mundial.
Segundo a Organização Panamericana da Saúde (OPAS/OMS), a Influenza Aviária também conhecida como gripe aviária é uma enfermidade infecciosa que
acomete principalmente as aves e pertence a um vírus da família Orthomyxoviridae e ao gênero influenzavirus A. Os vírus do Influenza A caracterizam-se por subtipagem dos segmentos dos genes da hemaglutinina (HA) e da neuraminidase (NA). Existem 18
subtipos HA e 11 da gripe NA A, com apenas H1 até H16 e N1 até N9 detectados em aves (HOKPEN,M).
De acordo com REISCHAK, D, “Os vírus influenza A que infectam aves domésticas podem ser divididos em vírus de alta patogenicidade e vírus de baixa patogenicidade segundo a habilidade que possuem em causar a doença, sendo que, até o momento, a Influenza Aviária de alta patogenicidade está associada apenas aos subtipos H5 e H7 do AIV
Segundo o MAPA, existe um conjunto de fatores que contribuem para a introdução e transmissão da Influenza Aviária em uma região, como o contato direto de aves domésticas com aves silvestres migratórias, provenientes de outras regiões e países, o elevado fluxo de pessoas e produtos no mundo, aumentando as chances de uma rápida disseminação da doença e mercados e feiras que vendem aves vivas propiciam um ambiente que facilita o contato entre animais de diferentes espécies, incluindo o homem. O melhor então é prevenir! A prevenção é uma soma de fatores tanto governamentais quanto da iniciativa privada o que nos garante acesso a diversos mercados.
Sim, somos livres de Influenza Aviária perante a OIE! Ainda desconhece a importância desse status? É ele quem nos garante exportar para uma infinidade de países que tem como requisito de saúde animal a garantia que a carne de frango e/ou seus demais
produtos é derivada de aves provenientes de áreas onde não há registro de ocorrência de Influenza Aviária de alta patogenicidade (cada país determina o tempo). Os requerimentos de exportação aplicados pelos compradores ao Brasil também se aplicam a outros países exportadores, sendo assim, essa é uma grande oportunidade da cadeia avícola em aumentar suas exportações, não apenas de carnes, mas também de ovos, sejam eles para consumo ou férteis.
Mas, para que possamos tirar o melhor proveito dessa situação é importante que sigamos fazendo o nosso dever de casa com maestria e isso inclui toda a cadeia de aves, além dos órgãos fiscalizadores estaduais e Ministério da Agricultura e Pecuária os quais têm um papel essencial na comprovação do status de livre de Influenza Aviária. Por toda cadeia avícola, leia-se granjas, fornecedores de insumos, incubatório, transporte, fábrica de rações, abatedouro, incluindo as pessoas que atuam no setor, tanto direta quanto indiretamente. Cada indivíduo é importante!
Enquanto auditora eu tenho a oportunidade riquíssima de conhecer e auditar todos os elos da cadeia de produção de frangos de corte em boa parte do território brasileiro o que me permite ter uma visão global de como um elo pode afetar o seguinte. Antes de mais nada, vale lembrar que o status de livre de Influenza Aviária não é atingido por empresa A ou B, mas sim pelo país. Dito isso, quero compartilhar alguns pontos importantes que muitas vezes são
O status de livre de Influenza
Aviária não é atingido por empresa A ou
B, mas sim pelo país
pouco discutidos quando falamos de sanidade avícola. Costumamos enfatizar os cuidados de biossegurança que as granjas devem ter, mas poucas vezes falamos sobre a importância dos cuidados em incubatórios, fábricas de rações e transporte. Cada elo precisa analisar minuciosamente o que precisa ser implementado ou melhorado para impedir a entrada do vírus da Influenza Aviária.
Ela está na “boca do povo”, sendo citada na Time, The Economist, em mídias pelo mundo afora, não é à toa que diversos meios de comunicação, não restrito aos meios do agro, evidenciem as diversas faces da Influenza Aviária.
Países que já foram acometidos, os quais não os citarei porque ao longo dos meses vários países estão somando-se a essa estatística e poderia escrever algo com informações defasadas, estão sofrendo os efeitos desse vírus e esses não são poucos.
O poder devastador da Influenza Aviária não se restringe ao sofrimento das aves, mas afeta também emocionalmente quem trabalha no setor, principalmente quem tem contato direto com esses animais, e ainda temos o dano financeiro.
O impacto econômico tem uma repercussão em toda a sociedade, à
medida que os preços da carne de frango, os produtos derivados da mesma, assim como ovos e ovoprodutos são impactados pela menor oferta de produtos. Em um mundo pós pandemia essa não é a melhor notícia que poderíamos ter.
Conseguimos medir os danos financeiros, mas como medir o impacto emocional de produtores, veterinários e outros técnicos que têm contato com as aves? Como somar isso ao risco das empresas? O capital humano, mesmo com o avanço da tecnologia continua sendo um ativo fundamental nas empresas avícolas.
O poder devastador da Influenza Aviária não se restringe ao sofrimento das aves, mas afeta também emocionalmente quem trabalha no setor
Pensando em bem-estar animal, das cinco liberdades dos animais a que remete a livre de dor, ferimentos e doenças é afetada seriamente pela Influenza Aviária. Dentre os sintomas temos morte súbita; falta de energia, apetite e coordenação; descoloração arroxeada e/ou inchaço de várias partes do corpo; diarreia; descarga nasal; tosse, espirros; e redução da produção de ovos e/ou ovos com casca mole ou deformados. Bemestar animal é sinônimo de atendimento à legislação e também a requisitos de clientes, como fornecimento de produtos de frango a cadeias de fast food ou certificações específicas. Há muitos consumidores que buscam informação acerca das ações das cadeias de fast food no que diz respeito aos requerimentos exigidos dos seus fornecedores para o atendimento ao bem-estar animal.
Em se tratando de consumidores não podemos esquecer que as informações que estão recebendo podem não ser de fácil compreensão, haja vista que não são técnicos do setor. Influenza Aviária é uma zoonose, mas analisemos os dados. Segundo o Manual Merck, os primeiros casos de H5N1 em seres humanos foram descobertos em Hong Kong em 1997. Em 2003 e 2004, reapareceram infecções por H5N1 em humanos e casos esporádicos continuam a ser notificados, principalmente na Ásia e no Oriente Médio. Uma infecção humana foi confirmada em 2021 e ocorreu na Índia. Mais de 800 infecções humanas e mais de 400 mortes foram confirmadas desde 2003.
Desde 2014, mais de 50 infecções humanas por H5N6 foram documentadas; todas ocorreram na região do Pacífico Ocidental, principalmente na China continental. Em fevereiro de 2021, as primeiras infecções humanas por H5N8 foram notificadas em 7 trabalhadores aviários na Rússia. Não foi observada transmissão entre seres humanos e considerase o risco para o público em geral muito baixo. Em 2023 também há relatos de transmissão para humanos, mas os números são baixíssimos se comparados ao número de aves silvestres, de subsistência e de produção comercial; entretanto, na visão do consumidor o que desperta interesse é o fato em si da transmissão para humanos, e não
a análise de que, além do número baixíssimo de infecções, elas foram provocadas pelo contato direto com os animais e não por meio do consumo de alimentos, em outras palavras, isso pode impactar negativamente o mercado.
Em suma, a Influenza Aviária é uma ameaça real ao mesmo tempo que, se soubermos trabalhar adequadamente para mantermos nosso status de livre de Influenza Aviária ela é uma oportunidade de alavancarmos ainda mais nossas exportações. Para isso, nosso melhor arsenal contra essa ameaça ainda é a informação adequada e os cuidados de biossegurança que precisam ser pensados e executados de forma precisa.
a bibliografia
o
A certificação animal para saúde
A certificação de sistemas produtivos na avicultura permite agregar vantagens de qualidade e credibilidade aos negócios e aos sistemas produtivos
José Maurício França, Médico-Veterinário, D.Sc.certificação em bem-estar para integrar a confiança e saúde única pelo consumidor
Obem-estar dos animais é abordado de modo enfático como requisito estratégico para as empresas de produção de proteína animal, devido especialmente ao engajamento e ao posicionamento das corporações junto à sociedade, e, também devido aos desafios de mercado. Hoje norteados pelo comércio ético, pela pauta da sustentabilidade, por produtos saudáveis, livres de resíduos, oriundos de ambientes onde os animais sejam criados em condições com propósitos evidentes de respeito aos animais.
Quem de fato exige a certificação
Em um primeiro momento, foram as empresas atacadistas de países ricos com maior poder de compra e barganha, alinhado ao maior anseio de uma sociedade constituída por seus consumidores já bastante sensibilizados às causas dos animais, e inclusive e principalmente dos animais destinados à produção de carne (EU, 2007). Com a evolução dos critérios técnicos de bem-estar na
produção e processamento das aves para definir os parâmetros produtivos, também suportado por um arcabouço legal evoluído cientificamente; os serviços de alimentação como fast food, e os serviços de alimentação institucional entendidos como food service e de abastecimento de alimentos também, entendidos aqui como serviços de catering trataram de incluir nas suas premissas de negócios as certificações. Na avicultura de postura há marcante percepção da percepção dos consumidores na
certificação de ovos e derivados, em virtude especialmente da rápida difusão de certificações em bemestar animal no Setor, bem como aumento marcante do consumo no Brasil, especialmente ao curso dos anos recentes.
Potencial de mercado e consumidores alinhados
Os consumidores demandam cada vez mais por sistemas produtivos éticos e tendem comprar mais produtos que reflitam suas condutas e premissas na aplicação do bemestar animal (Dean, 2022). Atitudes positivas relativas as boas práticas em bem-estar animal não repercutem ainda plenamente num comportamento de reconhecimento pleno pelos consumidores ao momento de consumo, embora Eurobarometer, 2016 tenha demonstrado que 80% dos cidadãos pesquisados entendam o tema como muito importante. Clark, 2017, sugeriu que a aparente discrepância entre as diversas e contrastantes opiniões do cidadão sobre o bem-estar dos animais e seu comportamento de consumo se devem a uma percepção de cidadania pelos indivíduos distante da reponsabilidade pelo comércio de produtos engajados e aos requisitos de bem-estar animal. Isto por si só permite compreender a importância de haver base legal para regimentar o tema.
Dentre os diversas motivos que estes grupos instituíram requisitos para a certificação de sistemas produtivos e na certificação em suas cadeias de fornecimento, podemos citar:
1- Auditoria de compras e segurança alimentar Embora não seja um requisito da legalidade utilizar sistemas de certificação, diversos e diferentes grupos incorporam estes protocolos em seus sistemas de qualidade. Este reconhecimento e os requisitos dos sistemas de certificação por atacadistas traz uma série de vantagens importantes:
a- Aos grupos não há custos para que seus fornecedores sejam parte de um esquema de certificação.
b- É prático, pois não precisam escrever suas próprias normas, ainda que alguns assim mesmo o fazem, e tão pouco auditar ou avaliar os fornecedores.
c- As normas são transparentes e públicas e podem ser aplicáveis por todo o mundo.
d- O processo de certificação é realizado por uma organização independente, externa. Não se pode aventar interferência ou pressão por normas superpostas
2 - Proteção das marcas
As companhias de comércio de alimentos associam fortemente suas marcas contratando a fabricação de produtos estratégicos para que o consumidor possa associar qualidade, benefícios, ética e valores institucionais relevantes. A maior dependência de ter que gerenciar maior risco de exposição, relacionados ao fabricante e à sua marca associados diante do consumidor. Dentre os riscos, uma maior percepção da sociedade ao comércio ético, a proteção dos animais e a sustentabilidade. Diferentes grupos ativos de proteção animal, por meio da mídia enfocam sua atuação na proteção dos animais de produção, cada vez mais globais, em virtude da maior difusão dos meios de comunicação.
A utilização de sistemas de certificação externa e de inspeções independentes permitem que os compradores fiquem salvaguardados de contestações de natureza somente comercial na relação de fornecimento, e ao mesmo tempo demonstra que a certificação de terceira parte usa normas e inspeções claras e transparentes (King, 2007).
2. Respaldo para as marcas e marketing dos rótulos
Alguns protocolos de certificação nos sistemas produtivos de carne de frango são utilizados como ferramentas de marketing, onde através da utilização da logomarca dos organismos certificadores, são atribuíveis reputação e credibilidade. Um protocolo de grande reputação e bastante rigoroso é o esquema AFS - Assured Farm Standards, onde a marca Red Tractor atribui aos produtos garantia de melhor procedência e segurança dos produtos. A população compreendeu o modelo.
www.redtractor.org.uk
RSPCA (Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals)
No Reino Unido – atua sobre o bem-estar dos animais domésticos e de produção.
CIWF (Compassion in World Farming)
No Reino Unido – focado na produção dos animais de fazenda
PETA “People for Ethical Treatment of Animals
Internacional, vocal, alto perfil, alarmista.
Dentre os diferentes motivos que levam os produtores a buscar a certificação, as empresas utilizam como estratégia e porta de entrada aos novos negócios. Por se tratar de requisito fundamental para participar de diferentes nichos de mercado, as empresas e os produtores buscam conformidade para a certificação baseada em diferentes normas de qualidade e de produção assegurada. O Marketing utiliza estrategicamente como um elemento diferencial no desenvolvimento dos seus negócios. Alguns nichos de mercado definiram seu próprio caminho nos sistemas de certificação. Os motivos podem também estar relacionados à incluso da certificação nas estratégias de marketing, criando um elemento diferencial aos concorrentes, ou ainda, criando uma filosofia e um estilo de negócios.
Além dos efeitos negociais mencionados acima, a certificação de sistemas produtivos na avicultura permite agregar vantagens de qualidade e credibilidade aos negócios e aos sistemas produtivos. Inicialmente com a melhoria de desempenho
operacional, desde que adequadamente implementados, muitos requisitos padronizam os procedimentos operacionais, tornando o trabalho mais uniforme nos galpões. O desenvolvimento de habilidades e a capacitação para elevar o nível de interpretação os diferentes requisitos de bem-estar das aves, conciliando a promoção da saúde e conforto dos animais ao desempenho econômico, a regularidade e a uniformidade dos sistemas de criação.
No entanto, implementar protocolos de certificação em sistemas produtivos para frangos de corte e aves de postura é um trabalho árduo e desafiador, não é fácil. O esforço dedicado para obter a certificação almejada vai depender da amplitude das atividades e do escopo da certificação. O tempo e os recursos disponibilizados são necessários e se tornam o diferencial; destacando a necessidade de organizar a garantia da implementação dos procedimentos; estes já devem estar ocorrendo sistematicamente nos processos. Com certeza, deve ser ponderado os custos envolvidos na preparação, auditoria e manutenção
dos processo de certificação. As empresas que aderiram aos sistemas não declinaram mais, uma vez que os benefícios são efetivamente superiores.
Sistemas de acreditação em bem-estar animal para animais de produção
Os sistemas agroindustriais utilizam dos protocolos de certificação há longo tempo, focado especialmente nas garantias de processos industriais e segurança alimentar. Com a maior aproximação da sociedade aos animais de companhia, houve também uma crescente percepção dos consumidores aos cuidados que devem ser evidentes nas criações de animais de produção. Assim, foram desenhados importantes protocolos para esta finalidade.
Global GAP é entendido como um sistema de certificação de amplo escopo onde a certificação é dos sistemas produtivos das
Diferentes grupos ativos de proteção animal, por meio da mídia enfocam sua atuação na proteção dos animais de produção, cada vez mais globais, em virtude da maior difusão dos meios de comunicação
Assured Chicken Production (ACP) pertence à Assured Food Standards Ltd. e é responsável pela gestão e administração deste sistema de certificação. Lançado em 1999, incorporou rapidamente o sistema britânico de produção avícola e cobre toda a cadeia de produção e de processamento, envolvendo os requisitos de bem-estar pela saúde dos animais, através do acompanhamento do uso de medicamentos e controle de doenças. Instalações equipamentos e ambientes, rastreabilidade, registros e capacitação completam os requisitos relacionados aos animais. Os requisitos atribuíveis às propriedades como higiene e saúde, manejo, alimentos e água e planos de contingência também são auditados, uma vez ao ano.
propriedades. Onde, atendendo os requisitos globais, incluídos aqui também os requisitos de bem-estar animal, tem maior campo de aplicação para organismos envolvendo grande número de propriedades sob o mesmo sistema de gestão.
O que já é uma realidade
Em tempos desafiados pela biosseguridade, há entraves aos processos de avaliação que devem ser adequadamente gerenciados para garantir um baixo risco por meio de controles adequadamente praticados durante as auditorias. É cada vez maior uma validação da produção que garanta a fonte, a origem e autenticidade dos processos produtivos, assim as empresas certificadas com o selo de bem-estar animal possuem uma distinção de capacidade reconhecida internacionalmente que pode contribuir para o desenvolvimento dos negócios em ambiente com alta competitividade.
O que dá sustentação ao cumprimento destes princípios na criação dos animais é a capacitação de pessoas que estão vinculadas ao manejo dos animais; o monitoramento e aperfeiçoamento dos equipamentos associados às condições do ambiente; aos equipamentos utilizados na alimentação dos animais, e uma melhor compreensão técnica dos critérios tangíveis para realizar as melhores práticas de bem-estar; e finalmente, dos programas de certificação, que validam o cumprimento dos melhores
requisitos. A conscientização e responsabilização dos produtores, dos grupos de transporte, a profissionalização dos motoristas de carga viva, e o compromisso com os clientes têm sido as melhores respostas elaboradas às expectativas recentes de uma renovada sociedade, que conflita o acesso à proteína de qualidade com o consumo consciente pautado pela saudabilidade. Grande parte dos desafios relacionados ao bemestar são atribuídos à saúde. Os sistemas produtivos devem ser capazes de adequar requisitos legais e dos clientes à viabilização econômica, considerando os impactos decorrentes no processamento. A sistemática de estabelecer indicadores tangíveis de bem-estar animal, considerando a produção em escala industrial, contribui para melhor compreensão da necessidade de cumprir requisitos de bem-estar dos animais de produção.
José Maurício Médico Veterinário, M.Sc., D.Sc. jose.franca@utp.brBrasil está na vanguarda no desenvolvimento de carne cultivada
Projeto inédito da Embrapa tem como objetivo a produção de proteína alternativa (análoga ao peito de frango). Essa tecnologia cria tecidos animais a partir de células animais e vem ganhando força no Brasil e no mundo
Embrapa Suínos e Aves
AEmbrapa Suínos e Aves (SC) está à frente de um estudo pioneiro no Brasil para desenvolver carne de frango cultivada em condições controladas de laboratório. O novo produto, que se assemelha ao sassami, na forma de protótipos de filés de peito de frango desossados, deve estar pronto para análises nutricionais e sensoriais até o final de 2023. Também caracterizada como proteína alternativa, a tecnologia recria tecidos animais em laboratório a partir de células animais, proporcionando carnes análogas às naturais. Trata-se de uma inovação que atende às atuais tendências de consumo e agregação de valor.
O projeto foi aprovado por edital competitivo internacional do The Good Food Institute (GFI), organização não governamental que atua na arrecadação de recursos e financia projetos globais. Dentre os 22 projetos selecionados em 2021, cinco são brasileiros, entre eles o da Embrapa Suínos e Aves.
O aumento no consumo de proteínas ao longo dos anos, novos hábitos alimentares e preocupação com a sustentabilidade têm despertado na comunidade científica a necessidade de ampliar a tecnologia necessária para produzir alimentos e atender à crescente demanda alimentar mundial. Com atenção a novas tecnologias de produção, a proteína cultivada é uma das alternativas em vista. Para produzi-la, células são extraídas de um animal e cultivadas (crescidas), primeiro em um meio nutritivo em escala laboratorial, depois em grandes biorreatores. O resultado se traduz na ampliação da capacidade de produzir proteína, diversificando as fontes de produção. O produto
De acordo com Feddern, serão utilizadas as estruturas tridimensionais de nanocelulose bacteriana inicialmente desenvolvidas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Essas estruturas apresentam características semelhantes aos cortes decelularizados de peito de frango como tamanho e aparência, e por isso serão usadas como suporte ao cultivo das células. As células serão colocadas na celulose através da técnica de perfusão, de forma semelhante ao utilizado para recelularização de órgãos.
O estágio atual da pesquisa está na otimização da adesão e proliferação das células no interior da celulose. “Existem diferentes possibilidades para viabilizar o transporte das células para dentro do tecido, para a fixação e desenvolvimento. Vamos testar com e sem microcarreadores, por exemplo”, acrescenta a pesquisadora. Para a obtenção do produto final, que é o análogo a filé de frango desossado, ainda há um caminho de pesquisa que a equipe espera atingir ainda durante o ano de 2023.
final pode ser utilizado para produzir alimentos não estruturados, como hambúrgueres, embutidos e almôndegas ou estruturados, como filés e bifes.
“É um assunto discutido há algum
tempo. Mas o ganho de escala está se dando agora porque a tecnologia está ficando mais viável, e, por isso, os investimentos no desenvolvimento dessas proteínas alternativas começam a acompanhar esse momento e estão
A técnica e o desenvolvimento
cada vez maiores”, explica Vivian Feddern, pesquisadora-líder do projeto. Em sua avaliação, a vantagem de investir desde já neste mercado em franca ascensão é evidente. “Além da vanguarda tecnológica, poderemos oferecer tecnologia e/ou proteínas alternativas a empresas do Brasil e de países importadores de produtos pecuários
A opção de estudo da Embrapa pela carne de frango levou em consideração o fato de que é uma das proteínas mais versáteis, consumida em todo o território nacional, além de um dos alimentos mais completos nutricionalmente, importante para dietas saudáveis. Outra vantagem do estudo diz respeito ao acesso ao banco genético de aves da Embrapa Suínos e Aves.
Legislação e consumo
O mercado global de carne de aves vem crescendo e apresenta, de acordo com órgãos como a OECDFAO, uma estimativa de consumo de aproximadamente 131 milhões de toneladas em 2026. Para pesquisadores, esses dados mostram um cenário promissor para empresários e indústrias buscarem tecnologia alternativa de produção, como a carne cultivada. “Embora estudos com essa cadeia sejam mais recentes quando comparados aos produtos da cultura de células bovinas, muitos esforços vêm sendo empregados nos últimos anos e múltiplas empresas se estabeleceram em diversos locais do mundo”, comenta Feddern. Entre os países que já estudam a carne de frango cultivada estão Canadá, República Tcheca, Estados Unidos, Japão, Israel, França, África
do Sul e Suíça.
Em 2020, a Singapura aprovou legislação para a comercialização de frango empanado cultivado, produzido pela Eat Just. Em 2022, nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) concedeu aprovação para a Upside Foods, da Califórnia, para frango cultivado. Na Holanda, também em 2022, o parlamento legalizou a degustação da carne cultivada sob condições controladas, destacando que foi o primeiro país a apresentar um hambúrguer cultivado pelo farmacologista Mark Post em 2013 na presença de 200 jornalistas e acadêmicos. Post é também cofundador da empresa de carne cultivada Mosa Meat, sediada na Holanda.
Enquanto ainda não existe comercialização, os produtos cultivados podem ser apreciados em alguns restaurantes desses países, como em Israel, que possui filas de espera para a degustação e lista de reservas para clientes.
No Brasil, ainda não há legislação sobre o tema, porém o Plano Nacional de Proteínas Alternativas (PNPA) está em processo de criação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Nesse plano estão contemplados alimentos e seus ingredientes de base proteica provenientes de plantas, insetos, fungos, algas e outras fontes alternativas obtidos pelos métodos estabelecidos de produção, processos fermentativos, cultura de células e processos inovadores.
A legislação ainda deve ser um passo mais à frente, segundo a pesquisadora. “Algumas empresas, como BRF, JBS e Cellva Ingredients já começaram a investir nas pesquisas para produzir carne cultivada e ingredientes, como a gordura suína cultivada. A maioria está focada em produtos não estruturados, como é o caso de hambúrgueres, diferente de um peito de frango que precisa de estrutura. Como o processo é mais complexo, ainda temos um caminho pela frente”, complementa.
Sustentabilidade como apelo à produção
Um dos desafios que os pesquisadores apontam na produção de alimentos para uma população que vem crescendo no mundo todo é a sustentabilidade. “Os efeitos da produção animal convencional ao meio ambiente, desde a utilização da terra e da água, interferência na biodiversidade, emissão de gases de efeito estufa (GEE) é uma discussão recorrente, não só na pesquisa, mas em diversos setores.
Dessa forma, a carne cultivada se apresenta como grande aliada ao enfrentamento desses desafios”, comenta Feddern. “Partindo de um conceito de saúde única, que engloba, de forma conjunta, o cuidado humano, animal e do meio ambiente, é possível mitigar os impactos ambientais gerais da produção de carne tradicional. Isso porque cultivamos células do animal in vitro, em um ambiente inerte, sendo controlado física, química e microbiologicamente”, aponta a pesquisadora. A técnica ainda prevê como vantagem a redução ou eliminação no uso de antimicrobianos, cujo tema é bastante debatido na produção de carne.
A carne cultivada se apresenta como uma forma alternativa à produção de carne convencional, portanto não visa substituir a produção convencional já bem estabelecida no mundo, mas possui potencial para coexistência de ambas as formas de produção. A produção de produtos cárneos em condições in vitro surge como complemento para contribuir na oferta de proteína, demandada pelo aumento populacional, possuindo o potencial de transformar completamente o negócio de proteínas cárneas, com repercussões de longo alcance para o meio ambiente, a saúde humana e o bem-estar animal. Além disso, a carne cultivada possui potencial para aliviar as preocupações éticas, ambientais e de saúde pública associadas à produção convencional de carne, incluindo emissões de GEE, uso de terra e água, resistência a antibióticos, doenças transmitidas por alimentos e zoonóticas e abate de animais.
Criação de biobanco vai agilizar resultados da pesquisa
O projeto prevê duas soluções de inovação. Uma delas é voltada ao desenvolvimento de uma “Metodologia para obtenção das condições de cultivo otimizadas da bactéria produtora de nanocelulose bacteriana visando uma linhagem comercial viável e confiável”, que é de responsabilidade da pesquisadora Ana Paula Bastos. A outra inovação será o desenvolvimento do produto em si, que é o análogo de peito de frango, de responsabilidade da pesquisadora-líder do projeto.
Nesse projeto, os pesquisadores trabalham com células-tronco adultas e embrionárias, miócito, fibroblasto e adipócito de galinha. Ao longo do desenvolvimento, notou-se a necessidade da criação de um biobanco de linhagens celulares de frango para atender ao mercado de carne cultivada. Segundo Bastos, o biobanco pode reduzir drasticamente a necessidade de geração repetida de culturas de células primárias e permitirá que a
indústria baseada em células trabalhe com linhagens celulares estáveis, reprodutíveis e consistentes durante o desenvolvimento de produtos cárneos cultivados.
A criação do biobanco é um dos resultados da I Jornada da Carne Cultivada, promovida pela Embrapa Suínos e Aves, em agosto de 2022. O evento reuniu profissionais de empresas do setor alimentício, startups, agentes públicos, indústrias de suplementos e de equipamentos, empreendedores e estudantes de diversas áreas do conhecimento para ampliar as discussões sobre o tema e buscar parcerias.
Ela também ressalta que não haverá obstáculos de licenciamento e autorização da utilização das linhagens celulares porque a fonte de células são os animais do programa de melhoramento genético da Embrapa. “A criação de um biobanco institucional da Embrapa com linhagens celulares caracterizadas e destinadas à produtos cárneos cultivados poderá ser licenciada, o que reduzirá significativamente a barreira de entrada de pesquisadores, startups e indústria interessados na carne cultivada”, comenta.
Monalisa Leal Pereira (MTb 01.139/SC)
Embrapa Suínos e Aves suinos-e-aves.imprensa@embrapa.br
Mais informações estão disponíveis no QRCode.
Como o consumidor vê a carne cultivada?
Em pesquisa aplicada pela equipe da Embrapa Suínos e Aves em relação à percepção do consumidor no contexto atual pós-pandemia, observa-se que os respondentes estão dispostos a experimentar a carne cultivada e encaram como uma tendência positiva. Porém, restam dúvidas quanto à segurança do novo produto, valor nutricional, sabor, textura e modo de produção. “O conhecimento e a divulgação dos benefícios dessa inovação são primordiais para o futuro consumidor adotar a carne cultivada como mais uma opção de alimento à sua dieta”, completa Feddern.
A pesquisa foi aplicada entre fevereiro e março de 2022, por abordagem exploratória com dados coletados através de questionário eletrônico composto de perguntas objetivas do tipo múltipla escolha. Também contava com um vídeo explicativo acerca dos prós e contras da carne cultivada com duração aproximada de oito minutos e uma questão optativa dissertativa sobre os motivos que fariam o respondente consumir ou não o produto. A pesquisa realizada abordou aspectos concernentes ao perfil, hábito e intenção de consumo de carne cultivada de moradores de municípios localizados na Região Sul do Brasil, cuja população é inferior a 150 mil habitantes.
O tema ainda é controverso para a sociedade, mesmo nos meios de pesquisa. Pesquisadores avaliam essa situação especialmente pelo fato de o produto ainda não estar disponível para comercialização no mercado brasileiro. “Isso faz com que as opiniões e posicionamentos se dividam e, por vezes, sejam conflitantes. No entanto, o País, por ser um dos maiores provedores mundiais de proteína animal, deve estar atento e na vanguarda de qualquer assunto que diz respeito às cadeias produtivas”, enfatiza a pesquisadora-líder do projeto. “Com essa proposta de alimento inovador, o Brasil pode contribuir com a produção de massa cárnea, ingredientes, e a Embrapa oferecer um biobanco, servindo de apoio para as empresas/startups existentes e novas que estão por serem lançadas no mercado”, conclui Feddern.
Três novos ministérios para um antigo desafio: manter o protagonismo do agro brasileiro
As mudanças no nome e estrutura do Ministério da Agricultura foram anunciadas nas redes sociais do órgão. O antigo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) agora é chamado de Ministério da Agricultura e Pecuária. Com a nova estruturação, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) passa a integrar o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, portanto, o Abastecimento não integra a nomenclatura atual.
A pasta foi dividida em três, sendo: Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa): o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) está à frente da pasta que irá comandar as ações pertinentes ao crédito rural, seguro rural e políticas públicas para o setor. Além de focar esforços para a produção e estímulo à agropecuária, fiscalização, regulamentação e segurança do alimento.
Pesquisa e inovação, bem como as atividades relativas ao desenvolvimento rural e sustentável também ficarão a cargo do novo Mapa.
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura familiar (MDA): extinto por Michel Temer em 2016, o Ministério do Desenvolvimento Agrário foi reativado. Para a função, Paulo Teixeira, que em outubro foi reeleito deputado federal pelo PT de São Paulo (SP), assume como ministro.
O novo MDA será responsável pelas demandas referentes a reforma agrária e regularização fundiária, titulação de imóveis rurais, acesso à terra e políticas para a agricultura familiar.
Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA): criado no primeiro mandato de Lula, em 2003, o Ministério da Pesca e Aquicultura é reativado, agora sob o comando de André de Paula, que está na reta final de seu mandato como deputado federal pelo PSD de Pernambuco (PB).
As responsabilidades do novo ministério incluirão a construção de uma política nacional da aquicultura e da pesca, promoção e fiscalização do uso sustentável dos recursos pesqueiros. Além disso, estará em suas atribuições a concessão de licenças e autorização para pescadores e aquicultores.
De acordo com comunicado do Mapa, a medida visa o melhor funcionamento e desenvolvimento do trabalho das equipes que atuam em áreas correlatas. Os espaços destinados a cada Ministério foram definidos pelos ministros.
“Cada um de nós estará focado nas prioridades de sua pasta, mas sempre trabalhando em sintonia, buscando a transversalidade para o melhor desenvolvimento das ações. E essa proximidade entre as equipes é muito salutar para um trabalho eficiente e alinhado nas diferentes esferas”, destacou Fávaro.