Edição 58 - Revista do Ovo

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Apesar dos altos e baixos do período, resultados do ovo no semestre foram positivos

V

erdadeiro “salvador da pátria” quando outras proteínas de origem animal alcançam preços proibitivos para bolsos não muito favorecidos, no final de 2019 o ovo foi beneficiado pela alta valorização obtida pelas carnes no período: alcançou em dezembro não só o melhor preço do ano, mas um dos melhores (ao menos nominalmente) de todos os tempos. Por isso, ao iniciar-se 2020, seu desempenho ocasionou verdadeiro choque no setor produtivo, já que o preço alcançado em meados de janeiro chegou a apresentar queda de mais de 30% em relação à média do mês anterior, retrocedendo aos menores níveis em 12 meses. O susto valeu, pois imediatamente procedeu-se a um esforço pela readequação da oferta, seja descartando poedeiras mais velhas ou destinando ao abate as menos produtivas. Imediata também foi a reação do mercado. Pois em plena segunda quinzena de janeiro (época improvável para altas do produto) iniciou-se rápida recuperação de preços, processo que prosseguiu em fevereiro e propiciou, no mês, valorização de mais de 40% em relação à média de janeiro. Imaginava-se, então, que os preços alcançados no final de fevereiro, quando a começou a Quaresma (dia 26), permaneceriam mais ou menos os mesmos por todo o mês de março, até a chegada da Páscoa, em 12 de abril. Porém, um mês antes das comemorações pascais, depois de permanecer reticente por longo período, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu (11 de março de 2020) que o novo coronavírus que começava a ocasionar perdas de vidas humanas na Ásia e na Europa correspondia a uma pandemia. A partir daí, no Brasil e no mundo, o ovo tornou-se – ainda que por curto espaço de tempo – o alimento “da vez”.

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O processo foi desencadeado com a constatação de que, neste primeiro momento, só o isolamento social poderia deter a disseminação do desconhecido agente. Repentinamente confinadas em suas casas, as famílias (re)descobriram que o ovo era o alimento de mais fácil e rápido preparo para aquele momento. Não que tenha ocorrido simultâneo aumento de consumo. O que mudou foi o ponto de demanda - o consumidor final – alijando-se do processo praticamente todo o food-service, aí inclusa a fabricação, em pequena ou grande escala, de pães, bolos, doces e toda uma série de alimentos que têm no ovo ingrediente essencial. Até que se conseguisse redirecionar a oferta para o novo ponto de concentração da demanda os preços experimentaram verdadeiro “boom” – situação que se repetiu em diversas partes do mundo. Daí ter-se alcançado, mesmo depois de findo o período de Quaresma, as maiores cotações de todos os tempos - fato inédito na história do setor. Mas à medida que a distribuição foi sendo redirecionada, os preços passaram a sofrer deterioração, contribuindo para isso, também, a ausência da merenda escolar, um dos grandes fatores de sustentação do consumo no decorrer de cada exercício. E, sem contar, ainda, com a alta demanda das festas juninas, nos últimos dias do primeiro semestre o ovo registrou os menores preços dos últimos cinco anos. De toda forma, graças ao excepcional desempenho registrado entre fevereiro e abril o ovo completou o primeiro semestre de 2020 com preços cerca de um terço superiores aos do mesmo período de 2019. Em relação à media anual do ano que passou e considerando os preços alcançados pelas cargas fechadas de ovos brancos do tipo extra, a valorização média deste ano ficou próxima dos 30%.


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