Edição 58 - Revista do Ovo

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Editorial Mercado registra baixas e busca ajustes O mercado avícola de postura está em busca de ajustes neste final de semestre. Após quedas consecutivas nas cotações dos ovos, o poder de compra do avicultor de postura recuou no acumulado de junho, tanto em relação ao milho quanto ao farelo de soja. No

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

caso do derivado de soja, os preços registraram forte alta, reduzindo o poder de compra do produtor paulista ao menor patamar desde janeiro/19, é o que aponta o CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. No mercado de ovos, a valorização registrada no início de junho foi interrompida pela demanda da população cada vez mais enfraquecida no correr do mês, principalmente por

Publicação Bimestral nº 58 | Ano VI Julho/2020

conta dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Dessa forma, agentes do setor apontam que as principais regiões passaram a ter sobras na produção, o que pressionou as cotações. Segundos Analistas do OvoSite, no final de junho, o preço médio acumulado no mês apresentou queda de quase 10% em relação a maio último. Mesmo assim, ainda permaneceu 21,67% acima do recebido em junho do ano passado. Os excedentes na base de produção estimularam ainda mais os compradores a disputarem preços favorecidos. Assim, o mercado segue pressionado nos preços até que se encontre um patamar de estabilidade. Os analistas lembram ainda que no ano passado este período foi marcado por algumas baixas.

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Ciência e Tecnologia Biosseguridade, uma ferramenta de prevenção e saúde 10 passos importantes para obter qualidade na produção de ovos em pequena escala de produção

Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Natasha Garcia e Paulo Godoy (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Luciano Senise senise@senise.net

Sumário

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EXPEDIENTE

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Ovo, o alimento que contribui para a saúde. Nutriente em questão, o Ferro Ovo, o alimento que conquistou o Brasil O novo marketing da proteína animal Cascudinho em poedeiras comerciais Georreferenciamento já é uma realidade na produção de milho e soja em tempos e Pandemia Parâmetros para a troca de fase de ração Verminoses em galinha caipira causam sérios prejuízos ao produtor Vetanco investe em tecnologia de precisão na análise da qualidade do ovo Sanovo Technology Group e Ovotrack estabelecem aliança estratégica Balanço do setor de postura no primeiro semestre de 2020 Alojamento de pintainhas de postura se expande à razão de 3,5% por semestre e pode aumentar cerca de 10% no final de 2020 Apesar dos altos e baixos do período, resultados do ovo no semestre foram positivos Com as expressivas altas do milho e do farelo de soja, cai o poder aquisitivo do produtor do frango e do ovo Ponto Final - Diogo Ito Big data? Inteligência artificial? Algoritmos? Decisões de custo: benefício

Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

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Eventos

2020 Julho 21 a 23

Encontro anual virtual da Poultry Science Association (PSA) Local: The Galt House – Louisville, Kentucky, EUA Site: poultryscience.org/Meetings-Future-Meetings

Outubro 06 a 09

Alimentaria Foodtech Barcelona, Espanha - Gran Via Venue www.alimentariafoodtech.com/en/ 06 a 08

Conferência Científica Latino-Americana 2020 da Poultry Science Association (PSA) Local: Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil Realização: Poultry Science Association (PSA) Site: poultryscience.org/Latin-American-Scientific-Conference

Novembro

As 4 notícias mais lidas no OvoSite em Junho

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Nos últimos 12 meses Brasil produziu perto de 130 milhões de caixas de ovos, aponta IBGE A pesquisa trimestral do IBGE sobre a produção brasileira de ovos de galinha indica que o volume produzido no primeiro trimestre de 2020 superou ligeiramente os 965 milhões de dúzias, resultado que significou aumento próximo de 4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

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Canadian Poultry Expo Countdown 2020 Stratford, Ontario https://poultryxpo.ca/ 17 a 20

EuroTier Local: Hanover/Alemanha Telefone: 49 69 24788 -263 E-mail: C.Iser@DLG.org Site: www.eurotier.com/en

Maio 2021 30/05 a 02/06

3ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos Local: Gramado, RS Realização: ASGAV/Programa Ovos RS Site: www.conbrasul.ovosrs.com.br

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Ovos: ambiente fragilizado pelos excessos e queda nos preços praticados O último dia de negócios da primeira quinzena mostrou um ambiente de negócios fragilizado pelos excessos e, com isso, houve nova redução nos preços de referência dos ovos brancos e vermelhos

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Ovos: em junho o pior índice de evolução dos últimos doze anos O acompanhamento realizado pelo Avisite/Ovosite referente a evolução diária do preço da caixa de ovos brancos no decorrer do mês, em comparação com junho do ano passado e dos últimos doze anos demonstra a debilidade atual do mercado de ovos: enquanto no ano passado, neste período, os preços haviam evoluído quase 17% e na média histórica próximo de 12%, agora se encontra 5,5% abaixo do recebido na abertura de junho.

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Desempenho do ovo, na granja, na 24ª semana de 2020 Na 24ª semana (31 de maio a 06 de junho) o mercado de ovos teve um desempenho decepcionante e, ao contrário das altas esperadas, os produtores de ovos tiveram que absorver três baixas de preços na comercialização do seu produto: abriram a semana em R$85,00 e encerraram em R$77,00.

Há 05 anos no OvoSite www.avisite.com.br

ONU precisa 20 milhões de dólares para impedir propagação de IA na África Ocidental Campinas, 22 de Julho de 2015 - A Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) alertou, nesta segunda-feira (20), que é necessário uma intervenção imediata para interromper o surto do vírus H5N1 – responsável pela gripe aviária. A doença já se espalhou para cinco países da África Ocidental em seis meses e, caso nenhuma medida seja tomada, pode alastrar-se por toda a região e além de suas fronteiras. “Baseado no que sabemos, há um risco real de propagação do vírus”, disse o chefe da divisão de Serviço de Saúde Animal da FAO, Juan Lubroth, em comunicado de imprensa. “São necessárias medidas urgentes para reforçar a pesquisa veterinária e os sistemas de informação na região e combater a doença na raiz, antes que comece a ser transmitida aos seres humanos”. Por isso, a FAO está pedindo à comunidade internacional 20 milhões de dólares, que serão utilizado na prevenção da doença, reforçando os sistemas veterinários, melhorando as capacidades dos laboratórios locais e enviando especialistas da FAO para os países afetados e em risco.

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Notícias Curtas Eventos

3ª Conbrasul, em 2021, abordará principais pontos para a evolução do setor de postura

A Associação Gaúcha de Avicultura, ASGAV, através de seu Diretor Executivo, José Eduardo dos Santos, apresentou os projetos para a realização da 3ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul), a ser realizada entre os dias 30 de maio a 02 de junho de 2021, na cidade gaúcha de Gramado. A 3ª Conbrasul será mais uma edição de uma importante conferência organizada por ASGAV/Programa Ovos RS, seguindo as diretrizes das conferencias internacionais promovidas pela International Egg Comission

- IEC e Organização Mundial da Industria e Produção de Ovos. A programação permitirá tanto a participação nos temas apresentados como a interatividade entre empresários, produtores, autoridades e convidados de diversos locais do Brasil e Exterior. Santos comentou durante a conferência de imprensa que o evento seguirá o planejado e que serão feitas mudanças para a readequação às mudanças geradas pela pandemia da Covid-19. “Vivemos uma nova realidade e estamos trabalhando para que a

Conbrasul seja realizada dentro dos mais seguros protocolos sanitários”, explicou. “Temos um compromisso com as lideranças produtivas do setor de ovos, nacionais e internacionais, para um melhor atendimento do público presente em Gramado. Estamos há um ano do evento e precisamos cada vez mais valorizar o setor produtivo de ovos”, disse. Ele destacou ainda que já há adesão de empresas do segmento produtivo avícola de postura para o patrocínio do evento. “Estamos planejando o recebimento de até 600 pessoas para uma agenda que discutirá a demanda, produção, marketing, questões sanitárias, valorização do setor e a busca por espaço no mercado internacional, visando o aumento das exportações”, disse. “Levaremos especialistas para ajudar o setor e principalmente sobre a abertura de mercados externos o que nos será um importante tema abordado, como a fidelização do mercado, sempre com o suporte da Associação Brasileira de Produção de Proteína Animal, a ABPA”, destacou.

Produção

Ovos: plantel de galinhas em produção comercial segue em expansão Após se manter com um plantel de galinhas em produção próximo dos 116 milhões de cabeças nos primeiros cinco meses desse ano, em junho e julho houve visível crescimento. O plantel alcançado em junho subiu para 118,5 milhões e, agora em julho alcança 120,6 milhões de cabeças, significando crescimentos de1,8% e 4% sobre o mês anterior e a média dos primeiros cinco meses, respectivamente. Isso demonstra que o setor está preparado para atender a uma retomada tanto na demanda interna quanto da externa. E isso precisa realmente acontecer diante do alto custo de produção. Historicamente julho não é um mês muito favorável ao comércio do produto. Entretanto, o enfrentamento dessa pandemia relacionada ao vírus da Covid-19 e o isolamento da população tem alterado as normais condições de comercialização. Revista do Ovo

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Notícias Curtas Produção

Genética, Nutrição e Ambiência: o que define os melhores índices zootécnicos para a produção de ovos?

Jéssica Conteçote Russo, Nutricionista Técnico Comercial de Aves de Postura Agroceres Multimix: “De uma maneira geral, algumas linhagens são mais exigentes – nutricionalmente”.

O ajuste nutricional das dietas das galinhas poedeiras é uma estratégia essencial para garantir e manter os dados produtivos das atuais linhagens do mercado. Esse ajuste é feito levando em consideração o desempenho das aves durante toda a fase produtiva. Na recria, o acompanhamento do peso do lote, por exemplo, é um dado que nos orienta saber se é necessário ou não o ajuste nutricional da dieta, pois queremos que as aves fiquem dentro ou um pouco acima do peso padrão estabelecido em cada manual de linhagem. Jéssica Conteçote Russo, Nutricionista Técnico Comercial de Aves de Postura Agroceres Multimix, nos explica que, hoje, alguns produtores não conseguem fornecer rações específicas para cada tipo de linha-

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gem, sendo produzida, geralmente, uma ração mais adequada nutricionalmente para a linhagem que possui maior número de aves em seu plantel. “Já para produtores que possuem essa facilidade em sua fábrica de ração, conseguimos formular rações específicas de cada linhagem, tanto para os níveis dos macroingredientes da ração como, por exemplo, proteína e energia, como para os micro-ingredientes, vitaminas e minerais”, explica. De uma maneira geral, algumas linhagens são mais exigentes – nutricionalmente - que outras, dependendo da sua idade; possuem uma capacidade de ingestão de alimento que é pré-determinada pela linhagem, sendo necessários alguns ajustes finos na formulação, principalmente em períodos mais críticos na

produção. “Sabemos que os custos com alimentação são os que mais oneram a atividade da avicultura de postura, dessa maneira, ajustar os níveis da ração, de acordo com a exigência nutricional de cada linhagem e de acordo com cada idade, garante o desenvolvimento adequado da franga para a produção e obtenção da galinha formada para expressar o máximo do seu potencial genético no período de produção dos ovos; integridade da qualidade dos ovos e reduzindo os custos inerentes à alimentação”, disse. Jéssica Russo afirma ainda que o conhecimento dos dados produtivos, de desempenho e exigências nutricionais de cada linhagem, facilita o atendimento do potencial genético das aves. Os ajustes na nutrição, com o auxílio das análises bromatológicas dos ingredientes da ração, fornecem garantia da qualidade de cada matéria-prima, utilização dos diversos aditivos tecnológicos disponíveis no mercado, garantia de uma boa mistura e elaboração da ração, ou seja, podemos cada vez mais ter um maior sucesso na criação. “É muito importante essa troca de conhecimento e informações entre as genéticas e as empresas de nutrição, pois podemos trocar experiencias e melhorar cada vez mais o desempenho das aves e qualidade dos ovos.

As características das diferentes linhagens Além da cor dos ovos (brancos ou vermelhos), as linhagens determinam diversas características das poedeiras, como: viabilidade na cria e recria, capacidade de postura das aves, pico de produção, a conversão de ração em ovos, a resistência a doenças, o percentual de ovos produzidos, persistência de produção e qualidade do ovo. “As linhagens de poedeiras de ovos marrons tem peso corporal maior, a maturidade sexual mais tardia, produzem


menor número de ovos e consomem maior quantidade de ração, porém a viabilidade na fase de produção é semelhante das poedeiras brancas”, nos conta Jéssica.

O papel desempenhado pela ambiência para o máximo desempenho zootécnico Dentre os diversos fatores que influenciam no desempenho das poedeiras, os ambientais, como: a temperatura, umidade relativa, ventilação e iluminação, assumem relevante importância no processo de criação das aves. O estresse térmico é um dos fatores mais críticos, podendo trazer efeitos negativos diretos na produtividade desses animais. Para um máximo desempenho zootécnico na produção de ovos, o papel da ambiência é fundamental, claro que aliado à nutrição, sanidade, genética, manejo e biosseguridade. “As linhagens atuais,

utilizadas na produção industrial, parecem ser mais sensíveis a altas temperaturas, o que pode ocasionar redução do consumo de ração, queda na produção, piora na qualidade dos ovos e aumento da taxa de mortalidade. Por isso, é preciso monitorar o exato momento de redimensionar a densidade nutricional da dieta para não prejudicar a produção”, afirmou Jéssica Russo. “Os animais atingem a sua “produtividade ótima” quando são mantidos em ambiente termoneutro, ou seja, quando a energia do alimento não é desviada para compensar desvios térmicos em relação ao intervalo de termoneutralidade para eliminar ou manter o seu calor. Assim, o ambiente gerado pelo sistema de climatização nas instalações desempenha papel fundamental na avicultura, a qual objetiva alcançar alta produtividade, qualidade interna e da casca do ovo”, explicou a nutricionista da Agroceres Multimix.

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O processo de produção de ovos com boas práticas de produção Podemos entender por um processo de boas práticas de produção de ovos como um processo que assegura a qualidade interna e externa do ovo, garantindo o padrão de qualidade exigido pelo mercado interno e externo, os quais vêm se tornando cada vez mais competitivos e a qualidade dos produtos torna-se uma exigência. “O processo de produção de ovos com boas práticas de produção possui padrões de procedimentos a partir do alojamento das pintainhas até a produção dos ovos. Nesse sentido, a aplicação de boas práticas, em especial as que visam a preservação do meio ambiente, bem como o bem-estar animal e dos trabalhadores, devem ser consideradas para o progresso da atividade avícola e para a inserção definitiva do setor no mercado mundial de ovos”, afirmou Jéssica Conteçote Russo, Nutricionista Técnico Comercial de Aves de Postura Agroceres Multimix.

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Notícias Curtas Ciência e Pesquisa

Pesquisa da Unesp aponta vantagens da utilização de probióticos na avicultura de postura A substituição de antibióticos por probióticos, de forma preventiva na avicultura de postura foi tema de um estudo realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (UNESP). O Revista do Ovo foi conversar com dois dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, Ibiara Correia de Lima Almeida Paz, Professora Associada Departamento de Produção Animal e Medicina Veterinária Preventiva Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP e com Leonardo Vega, Médico veterinário, empresário, Empreendedor, professor e escritor, com trabalhos na área de bem-estar animal, saúde única e tecnologias disruptivas para o agronegócio. Ibiara explica que o estudo teve a duração de 35 semanas, sendo conduzido nas instalações de uma granja comercial em Uberlândia (MG) para avaliar a viabilidade de utilização de probiótico na alimentação de poedeiras comerciais criadas em piso. “No estudo em questão, as aves foram divididas em quatro tratamentos, utilizando-se

ou não o probiótico e associando-o ao tipo de debicagem (com lâmina quente ou com radiação infra-vermelha). As aves receberam probiótico desde o primeiro dia de vida. Então, foi possível avaliar todas as fases de criação. Para este estudo foi utilizado um probiótico comercial, que deve ser adicionado à ração no momento da sua disponibilização às aves”, contou. Ela afirma que este é um mercado bastante promissor para o setor de postura. “Temos a possibilidade de realizar esta transição de maneira bastante eficiente, pois, hoje existem ótimos produtos disponíveis. Já realizamos diversos testes com probióticos e a grande maioria deles permite boa produtividade e melhorias no bem-estar das aves”, afirmou. A utilização de alguns probióticos melhora a saúde intestinal das aves, explica Ibiara. “Em visualização histológica verifica-se aumento de até 5 vezes na altura de vilosidades intestinais. Como cerca de 90 a 95% da serotonina é produzida nos intestinos, essa melhora na integridade intestinal permite

maior produção desta substância, além de melhor absorção de nutrientes”, apontou. A equipe de Ibiara testou a utilização ou não de probióticos na ração e o tipo de debicagem, com delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e três repetições de 1.460 aves cada. “Em estudos prévios a equipe já havia verificado que aves alimentadas com probióticos apresentam-se menos estressadas, ou seja, mais tranquilas e hábeis para lidar com o estresse do ambiente. Assim, surgiu a hipótese de que o tipo de debicagem (menos severa) poderia ser utilizado sem prejuízos para o bem-estar das aves, por isso testamos as duas formas de debicagem”, disse. Essa também é a opinião de Leonardo Vega. “Verificamos vantagens muito significativas sobre a questão do bem-estar animal. Uma vez utilizado o probiótico como ferramenta para a melhoria da saúde intestinal das aves poedeiras, ele melhora a absorção de macro e micro nutrientes em nível intestinal, diminuindo sobretudo as inflamações intestinais e conseguimos deixar as aves mais adaptáveis e menos ‘reativas’ ao meio”, apontou. “Outro resultado nessa lógica é a redução do manejo de debicagem, em cerca de 1/3 e acreditamos que, com o avanço dos estudos, poderemos reduzir em até 100%”, disse. Mas afinal, podemos afirmar que a produtividade total de ovos das aves que receberam o probiótico foi maior que daquelas que não o receberam, independentemente do tipo de trata-

Ibiara Correia, Professora Associada Departamento de Produção Animal e Medicina Veterinária Preventiva Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP: “O estudo mostra aumento em alguns índices produtivos e melhoria na qualidade externa dos ovos. Além disso, as aves apresentam melhor qualidade de vida, com diminuição nos comportamentos agonísticos, o que torna a utilização de alguns probióticos uma questão importante para o bem-estar dos animais”.

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Revista do Ovo


Leonardo Vega, Médico Veterinário: “A utilização de probióticos é um dos critérios que podem auxiliar no que entendemos como Saúde Única, privilegiando um equilíbrio entre saúde animal, saúde humana e o meio ambiente”.

mento de bico? Qual é a porcentagem maior de produção? Ibiara conta que o resultado é positivo, sim. “A maior porcentagem de postura foi de 95,61%. Lembrando que estas aves foram criadas em piso”, afirmou. Outra questão sobre a qual o Revista do Ovo conversou com os pesquisadores foi a maneira pela qual os probióticos proporcionam às aves melhor adaptação às condições estressantes do meio ambiente. Ibiara conta que com a melhoria da saúde intestinal, as aves apresentam-se menos estressadas. “Desta forma esses animais conseguem ser mais resilientes para ‘lidar’ com as alterações do meio ambiente e seus fatores estressantes”, disse. Já Leonardo Vega levanta outra questão: a valorização do que os pesquisadores chamam de One Health (Saúde Única). “A utilização de probióticos é um dos critérios que podem auxiliar no que entendemos como Saúde Única, privilegiando um equilíbrio entre saúde animal, saúde humana e o meio ambiente”, afirmou.

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Notícias Curtas Produção

Programa Ovos RS amplia sistema de cerfificação da produção avícola

O Programa Ovos RS, através da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), ampliará o seu programa de certificação de propriedades avícolas de postura. O Diretor Executivo, Coordenador do Programa Ovos RS e Coordenador Geral da Certificadora, José Eduardo dos Santos, afirmou que este será um importante passo rumo à evolução da avicultura. “Estamos dando um ‘up grade’ no sistema de certificação que já é feito, ampliando para ações, inclusive para serem realizadas em outros estados, como Paraná e Santa Catarina, por exemplo”, apontou. “Vamos ampliar a credibilidade do sistema produtivo. Buscamos uma metodologia eficaz, segura, através da legislação e com muita disciplina”, afirmou José Eduardo dos Santos. “Acreditamos que a certificação é uma excelente estratégia para a valorização da produção de ovos, com o aumento da garantia da qualidade, através de uma criteriosa auditoria e posterior certificação”, destacou. No dia 30 de Junho ocorreu a segunda reunião do comitê consultivo da Certificadora da Qualidade de Ovos que está sendo desenvolvida pela ASGAV e Programa Ovos RS, cujo nome já está em processo de registro.

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A reunião ocorreu em formato virtual e contou com a participação dos membros do comitê consultivo, Alessandra Sella (DSM e Nutrisa Consultoria Veterinária), Flávio Renato Silva (NATUROVOS), Felipe Fagundes (ALLTECH), João Dionísio Henn ( EMBRAPA), Paula Gabriela S. Pires (Doutora em Zootecnia), Silvia de Carli (Doutoranda em Ciências Veterinárias); Vanessa Mirela Novatzki (BAMPI OVOS), bem como com Amanda Queiroz e Tânia Menegol (Analistas do SENAI), Raquel Melchior (Consultora Técnica do Programa Ovos RS) e com José Eduardo dos Santos (Diretor Executivo, Coordenador do Programa Ovos e Coordenador Geral da Certificadora). Após 05 meses desde a primeira reunião realizada pelo comitê consultivo, os trabalhos de revisão das legislações e normativas pertinentes e construção de diretrizes e metodologia de certificação foram executados conforme o cronograma previsto. O Instituto SENAI de Alimentos e Bebidas do RS foi contratado pela ASGAV e Programa Ovos RS para conduzir a elaboração da metodologia de certificação, atuar na seleção e treinamento de auditores e posteriormente será responsável pela execução das auditorias

in loco como Organismo de Certificação. Os membros do comitê foram convidados a participar deste processo de construção das metodologias e através de suas competências e experiências em diferentes áreas de atuação no contexto da Postura Comercial estão contribuindo nas demandas técnicas com envio de sugestões e informações pertinentes, bem como validação de critérios de avaliação. Nesta reunião foi abordada e avaliada toda a metodologia descrita permitindo a realização de ajustes de acordo com as considerações do comitê. “Desta forma, buscamos adequar a metodologia de avaliação às normativas vigentes, aplicação prática e atendimento das necessidades dos diferentes sistemas de produção, sempre com foco na qualidade dos ovos produzidos, sanidade dos plantéis e respeito ao bem-estar animal”, explicou Raquel Melchior, Consultora Técnica do Programa Ovos RS. Como sequência das atividades, os critérios elencados serão formatados como check list de avaliação; a elaboração das diretrizes do processo de certificação avançará incluindo a conclusão das etapas de registro da marca e; serão definidos os critérios para a seleção e treinamento dos auditores que atuarão realizando as auditorias in loco. Está prevista também uma etapa de validação da metodologia junto ao Serviço Oficial. Santos ainda explicou que o desenvolvimento de todo conteúdo, diretrizes e conceitos da certificadora vem atendendo cronograma previsto, contamos também com apoio de IEC com disponibilidade de informações sobre certificações no setor em diversos países. “Acredito que no final deste ano atingiremos nossa meta”, disse. Todo o processo de desenvolvimento da certificadora deverá ser concluído até o final de 2020, com lançamento previsto para o mês de Dezembro e o serviço de certificação de estabelecimentos interessados estará disponível a partir de 2021.


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Nutrição

Ovo, o alimento que contribui para a saúde. Nutriente em questão, o Ferro O ovo é um alimento que contribui com a alimentação equilibrada garantindo nutrientes ao organismo para a promoção da saúde Lúcia Endriukaite, Nutricionista responsável por pesquisas técnicas e elaboração de artigos, encartes e materiais informativos e educativos para população e profissionais. Palestrante em escolas técnicas e universidades Atualização do site com artigos científicos e temas relacionados ao tema para público em geral e profissionais da área da saúde.

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Ferro é um mineral essencial para diversas funções no organismo. Uma das mais conhecidas é o transporte de oxigênio em todas as células através da hemoglobina. Além disso, o ferro é armazenado na mioglobina, proteína presente no musculo. Participa de reações envolvidas na produção de energia, atua como cofator de enzimas que neutralizam radicais livres, na melhora da função imune e tem um papel também importante no envelhecimento como participante da síntese de colágeno (1). Ocorre que deve haver um equilíbrio de ferro no organismo, pois seu excesso está relacionado a processos pró inflamatórios através do stress oxidativo (2). Por outro lado, sua deficiência está relacionada a anemia, uma doença de saúde pública que atinge cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo (3). O ferro pode ser encontrado em vegetais e alimentos de origem animal, na forma não heme, que é pouco absorvido, em torno de 5 a 10% de acordo com o estado nutricional e depende também da secreção gástrica para transformar a forma ferrosa e ser absorvida (3,4). Já os ali-

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mentos de origem animal, como carne e ovo, possuem o ferro na forma heme e tem absorção facilitada, mas autorregulada e que depende de estoques internos. Neste caso a absorção, está em torno de 20%. (4). Nutrientes podem interferir de forma favorável ou não, sobre a absorção de ferro, como por exemplo, o ferro presente na gema do ovo, que apresenta 1,75 mg/100g (5), está associado a um carreador, a proteína fosvitina, que interfere negativamente na absorção do ferro pelo organismo, mas o cozimento do ovo melhora a biodisponibilidade (6). Outro exemplo, é a vitamina C, uma vitamina que melhora a absorção de ferro e por isso o consumo de frutas cítricas é incentivado após uma refeição. Os polifenóis presentes em diversos alimentos vegetais, inclusive em café e chá “atrapalham” a absorção de ferro. Em contrapartida, a vitamina A parece interferir na ação dos polifenóis e melhorar a biodisponibilidade do ferro, assim como, Beta caroteno é outro exemplo, que pode ser convertido em vitamina A, e melhora a absorção de ferro (7). Um exemplo desta interação foi o aumento da biodisponibilidade de ferro do ovo associado a cenoura. (7).

O ovo é uma fonte de proteína importante e que após cozimento apresenta ótima digestibilidade. Composto de vitaminas – A, E, ácido fólico, vitamina B12 que favorecem a incorporação do ferro na hemoglobina. Possui ainda as demais vitaminas do complexo B como tiamina, riboflavina, acido pantotênico, biotina e estas entram no metabolismo celular para produção de energia. Contém vitamina D, K e ainda minerais como selênio, magnésio, manganês além do ferro que melhoram o aporte de nutrientes para organismo. Assim, como a colina, o ferro está relacionado ao aspecto cognitivo (8) O ovo é um alimento que contribui com a alimentação equilibrada garantindo nutrientes ao organismo para a promoção da saúde. O ovo é um alimento pratico, acessível, saboroso e deve estar presente na alimentação das pessoas de todas as faixas etárias.

Referências: 1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA - Diretrizes Departamentos de Nutrologia e Hematologia-Hemoterapia Nº 2 / Junho / 2018 2 https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2099/Apostila%20 de % 20Biodisponibilidade % 20

de%20Nutrientes%20Completa.pdf 3 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HEMATOLOGIA, HEMOTERAPIA E TERAPIA CELULAR - https://abhh. org.br/noticia/anemia-nao - e-normal-em-nenhuma-faixa-etaria 4 BUENO,L.;MARCHINI, J.S; OLIVEIRA, J.E.D. Biodisponibilidade do ferro em formulações nutricionais. Rev Bras Nutr Clin 2011; 26 (4): 276-80 5 USDA – National Nutrient Database for Standart Reference Release 28. 6 SARTORI, Érika Vidal et al . Concentração de proteínas em gemas de ovos de poedeiras (Gallus gallus) nos diferentes ciclos de postura e sua interferência na disponibilidade do ferro. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas , v. 29, n. 3, p. 481-487, Sept. 2009 . 7 MACHADO, Flávia Maria Vasques Farinazzi; CANNIATTI-BRAZACA, Solange Guidolin; PIEDADE, Sonia Maria de Stefano. Avaliação da disponibilidade de ferro em ovo, cenoura e couve e em suas misturas. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas , v. 26, n. 3, p. 610-618, Sept. 2006. 8 JAUREGUI, L.I, Iron deficiency and cognitive functions. Neuropsychiatr Dis Treat. 2014;10:2087‐2095. Published 2014 Nov 10. doi:10.2147/NDT.S72491. Revista do Ovo

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Nutrição

Ovo, o alimento que conquistou o Brasil

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O consumo de ovos no Brasil vem numa linha crescente

egundo o dicionário brasileiro da língua portuguesa Michaelis, a palavra ovo tem como um de seus significados “Corpo ovalado expelido por ave fêmea, revestido de casca branca, com gema e clara no seu interior, especialmente o da galinha, usado na alimentação. O consumo de ovos no Brasil vem numa linha crescente. Desde o ano de 2007, ano de criação do Instituto Ovos Brasil, o ovo tem ganhando espaço nas refeições e receitas feitas pelos brasileiros. O consumo per capta no ano de 2007 era de 120 ovos, em 2019 chegou a 230 ovos. Um forte demonstrativo que o brasileiro tem consumido mais ovos. O trabalho que o Instituto Ovos Brasil desenvolve de 2007 até o os dias atuais contribuiu e ainda contribui para esse aumento. Através de ações que promovem o ovo com o melhor alimento depois do leite materno. São pesquisas, artigos científicos, palestras, ações online e off-line para a população em geral, profissionais da saúde e para veículos de comunicação.

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Revista do Ovo

Nos dias atuais basta você digitar “benefícios do ovo” em qualquer plataforma de busca que você vai encontrar milhares de informações sobre este assunto. Do conteúdo mais científico ao de receitas, você encontrará uma infinidade de opções para saber sobre o mundo de maravilhas que o ovo pode proporcionar para uma vida com mais saúde e longevidade. O Instituto Ovos Brasil realiza esse forte trabalho em prol do consumo do ovo em parceria, principalmente, com os produtores de ovos, pois são eles os grandes responsáveis por produzir essa proteína fantástica, que alimenta milhares de pessoas, gera diversos empregos e movimenta a economia. Um trabalho que se estende as associações estaduais, sindicatos e empresas fornecedores de insumos para o setor avícola. Abrimos um destaque especial para falar do apoio que a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) tem dado, acolhendo o Instituto Ovos Brasil e ajudando nesse trabalho. Sem esses grandes parceiros este trabalho não seria possível. Seguimos todos de mãos dadas, mas, sempre precisamos

da união de todos para seguirmos em frente. A avicultura de postura é uma roda que não para. As galinhas põem ovos todos os dias. Segundo o último relatório da ABPA, no ano de 2010 foi produzido quase 29 bilhões de ovos, já em 2019 a produção de ovos no Brasil foi de pouco mais de 49 bilhões, um salto considerável. Toda essa produção fica 99,59% no mercado interno, apenas 0,41% é exportado. O brasileiro tem consumido praticamente todo o ovo produzido, mas o Brasil tem um grande potencial para aumentar as exportações. Existe um amplo mercado lá fora esperando por isso. “O Instituto Ovos Brasil continuará trabalhando forte na promoção consciente do consumo de ovos em todo o país. É de fundamental importância a divulgação de uma proteína que é acessível para todas as classes sociais, além de ser bastante nutritiva. O consumo de ovos associado a uma alimentação equilibrada faz parte da prevenção e melhora da qualidade de vida”, afirma Ricardo Santin, Presidente do Instituto Ovos Brasil. Coma ovo. Seu corpo agradece.


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Marketing

O novo marketing da proteína animal Os motivos para o marketing ter esta maior adesão são variados, mas estão principalmente centrados na mudança de comportamento dos gestores de empresa avícola, mais impulsionados a aderir as plataformas digitais, e na constante alternância dos fatores determinantes para a compra final, tais como valorização da qualidade e potencialidade dos benefícios

A Rodrigo Capella é diretor geral da Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio. Com atuação em agronegócio desde 2004, Capella é palestrante e autor de diversos livros e artigos, publicados no Brasil e no exterior. Também é editor e fundador do site Marketing no Agronegócio: www.marketingnoagronegocio.com.br

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relação entre o marketing e as empresas de proteína animal nunca esteve tão próxima e sólida. Se antigamente, as ações de divulgação deste importante segmento do agronegócio se limitavam basicamente as marcas que tinham grande alcance no varejo, hoje as iniciativas são protagonizadas também pelas companhias que atuam fortemente no B2B, ou seja, na venda de soluções e insumos mais concentrada e direcionada para outra empresa. Os motivos para o marketing ter esta maior adesão são variados, mas estão principalmente centrados na mudança de comportamento dos gestores de empresa avícola, mais impulsionados a aderir as plataformas digitais, e na constante alternância dos fatores determinantes para a compra final, tais como valorização da qualidade e potencialidade dos benefícios. Atrelado a isso, o conceito de que o "produto se vende sozinho" está em baixa, devido às maiores e mais claras exigências dos clientes e a uma maior efetivação de outros tipos de marketing, que ganham a mesma evidência do marketing de relacionamento, em grau e abrangência comunicacional. Dentro deste contexto, sobressaem-se o marketing de conteúdo (MC), marketing de influência (MI) e o ma-

rketing de experiência (ME). A tabela a seguir sintoniza a atuação destas atividades em relação ao alcance, ao impacto e a relevância, tomando como base fatores de 1 (baixo) a 3 (alto). Observa-se, e não foi por acaso, que cada um dos estilos de marketing obteve 07 pontos totais, com o objetivo de demonstrar que todos são amplamente eficazes e que os objetivos do plano de comunicação, a mensagem-chave e as estratégias comunicacionais devem nortear a escolha de um ou mais conceitos de marketing, respeitando, é claro, que as ações online e offline são complementares e convergentes. Ressalta-se, então, após fundamental explicação, que a definição de cada vertente de marketing também fornece subsídios para a necessária e importante tomada de decisão contínua e diária. O Marketing de Conteúdo, aqui evidenciado, baseia-se, e não somente, na divulgação de informações centradas em dicas e orientações, com foco em uma melhor nutrição, por exemplo, no âmbito da suinocultura e avicultura. Já o marketing de experiência apoia-se em oferecer ao cliente um momento único e impactante como, de alguma forma, perceber benefícios e intensidade de um aditivo nutricio-


nal, com a realização de um jogo ou apresentação de mesa demonstrativa em um estande de evento. O outro marketing, o de influência, tem como destino propagar conhecimento, por meio de um porta-voz engajado no agronegócio, que utiliza como suporte as suas redes de contato, sejam elas digitais, não-digitais ou em ambos os caminhos. Neste estilo de marketing, há a possibilidade de se criar séries com foco em alta produtividade ou compartilhar cartilhas para ajudar os gestores avícolas no êxito de suas atividades complexas. Este estilo de marketing tem, entre seus suportes, as redes sociais, importantes ferramentas para a concretização das ações de influência. Destacam-se, neste sentido, o LinkedIn, Instagram e Twitter, representados na tabela abaixo em relação a credibilidade, engajamento e impacto, obedecendo o mesmo conceito anterior de 1 (baixo) e 3 (alto). Neste caso, e levando em conta a adesão no agronegócio, mais especificamente em proteína animal, ganham efetiva evidência o LinkedIn e o Instagram, que apesar de redes distintas, ditam boa parte do ritmo nas esferas digitais, propiciando alta difusão de mensagens e elevada relevância comunicacional. O cenário, aqui exposto, não traz uma brusca ruptura, mas sim retrata com ênfase alternativas e ferramentas que já estão parcialmente em curso. Os últimos meses, amparados por profundas indagações, contribuíram para que empresas se apoiassem em variados estilos de marketing, comtemplando, em ótimas oportunidades, o MC, MI e ME, aqui detalhados. Daqui em diante, há grande probabilidade de ações com foco em resolução efetiva de problemas de clientes e possíveis clientes, atividades que gerem economia de tempo e análises que contribuem para diagnósticos surjam com mais exatidão e intensidade. Isso é bom porque estas ações entregam intenso valor e preenchem lacunas relacionadas aos anseios de quem receberá a mensagem.

No entanto, cabe alertar que, para o marketing ser amplamente eficaz, mais importante do que divulgar uma informação, é conhecer de forma precisa todas as etapas e estratégias envolvidas, ou seja, como e porque você quer divul-

gar determinado dado. Afinal, a divulgação pela divulgação pode até trazer benefícios, mas muitas vezes você não saberá identifica-los. Ao conhecer todo o processo, você terá a chave. E chaves abrem portas, certo?

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Ciência e Pesquisa

Cascudinho em poedeiras comerciais A infestação de aves por insetos, como o cascudinho (Alphitobius diaperinus) é um fator preocupante, pois este pode transmitir uma série de doenças às aves

Christian Joppert Dias de Souza1, William Queiroz1, Sarah Sgavioli1*, Vando Edésio Soares1, Mariana Gabriela Alves2, Fabiele Mariana de Oliveira Barbosa2 1 Mestrado Profissional em Produção Animal, Universidade Brasil. Descalvado – SP. 2 Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Brasil. Descalvado – SP. *Autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br

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setor avícola enfrenta desafios em termos de garantia da saúde das aves e por consequência, da saúde dos consumidores. A infestação de aves por insetos, como o cascudinho (Alphitobius diaperinus) é um fator preocupante, pois este pode transmitir uma série de doenças às aves. Algumas dessas condições incluem enterite necrótica, causada por Clostridium perfringens, que afeta principalmente aves jovens e as bactérias Escherichia coli e Salmonella typhimurium. Os insetos liberam esses microrganismos por meio das fezes, o que pode causar contaminação durante o período de criação. Além da transmissão de doenças, os cascudinhos podem reduzir a produtividade das aves, pois estas demostraram sinais de estresse, como a alta vocalização. As aves, ao ingerirem os adultos, podem sofrer danos causados pelos élitros, lesionando o trato gastrointestinal e deixando-o vulnerável à entrada de patógenos comprometendo, assim, a digestão e absorção dos nutrientes. Levando-se em consideração a composição do exoesqueleto do cascudinho, que contém quitina, um polímero linear de unidades b(1-4) N-acetil-d-glucosamina, polissacarídeo do exoesqueleto do artrópode indigesto por animais monogástricos, que pode reduzir a digestibilidade da proteína em poedeiras, podendo portanto, comprometer a conversão alimentar das aves. As condições ambientais em que as aves são criadas são favoráveis ao desenvolvimento de artrópodes como o cascudinho. Esses insetos são considerados altamente dependentes das condições ambientais para sua proliferação. A cama e os excrementos das aves fornecem condições com alta umidade e temperatura, o que favorece a adaptação do cascudinho, permitindo que sobreviva por um longo período se a umidade e a temperatura do ar forem baixas. Portanto, controlar esses insetos é essencial.

Além do impacto na saúde animal, a infestação por cascudinhos gera perdas econômicas devido aos danos causados às instalações, pois durante a fase larval, esses insetos formam túneis no material de isolamento e na proteção térmica que podem comprometer as condições ambientais das aves.

Ciclo de vida do cascudinho É de fundamental importância o conhecimento das variações populacionais e distribuição espacial desses insetos para o controle adequado por parte do estabelecimento, variando de forma heterogênea com maior percentual de larvas, pupas e adultos sob os comedouros, o que também depende de condições relacionadas à temperatura, disponibilidade de substrato e umidade. O Alphitobius diaperinus (Panzer, 1797) (Coleoptera: Tenebrionidae) ou cascudinho apresenta um ciclo de vida bastante rápido. Tem origem africana e foi introduzido aos aviários, provavelmente, por meio de rações contaminadas. O ciclo biológico do cascudinho se completa em aproximadamente 55 dias, em temperatura de 27°C e 80 % de umidade relativa. Após cinco dias da postura, eclode de cada ovo uma larva esbranquiçada, com 1,5mm de comprimento. A fase larval estende-se por 38 dias, onde as larvas passam por até 11 estágios de desenvolvimento. Após a fase larval, sofrem ecdise e empupam por cinco dias, emergindo adultos de coloração branca, que, após quatro dias, adquirem coloração característica (marrom). Os adultos começam a se reproduzir 20 dias após a emergência. O ciclo biológico desse inseto está diretamente relacionado à temperatura, sendo constatado que em temperaturas próximas a 31ºC há maior desenvolvimento das fases imaturas e grande sobrevivência. Em temperaturas próximas a 22ºC foi observado que o tempo de desenvolvimento das fa-

Além da transmissão de doenças, os cascudinhos podem reduzir a produtividade das aves, pois estas demostraram sinais de estresse, como a alta vocalização

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Ciência e Pesquisa

As aves, ao ingerirem os adultos, podem sofrer danos causados pelos élitros, lesionando o trato gastrointestinal e deixando-o vulnerável à entrada de patógenos comprometendo, assim, a digestão e absorção dos nutrientes

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ses do inseto é alto, com baixa sobrevivência. Já em temperaturas mais baixas, inferiores a 16,5ºC, não se observa crescimento das fases imaturas, o que é importante para a redução da população geral. O hábito de vida dos insetos adultos é noturno, onde buscam fazer galerias subterrâneas, em madeira ou postes dos aviários para completar o seu ciclo de vida, causando danos e perdas estruturais aos galpões.

Cascudinhos em poedeiras comerciais A avicultura nacional enfrenta uma série de desafios, sendo um dos mais relevantes, e com forte repercussão na saúde pública, garantir a saúde das aves e consequentemente dos consumidores. No caso do controle dos cascudinhos em poedeiras comerciais, normalmente, os inseticidas são empregados, entretanto, há muita dificuldade na aplicação, pois pode haver intoxicação das aves e contaminação dos ovos, necessitando, portanto, de vazio sanitário para seu emprego. O cascudinho em sua fase adulta, é uma das principais pragas que acometem o setor de produção de frangos de corte, podendo ocorrer excepcionalmente em grandes populações de poedeiras criadas em sistema de gaiolas. O controle de larvas de cascudinhos neste tipo de sistema é difícil, devido em parte, ao tempo em que as excretas acumulam embaixo das gaiolas, quando não há um sistema automático para a retirada. Em algumas criações as excretas são acumuladas por tempo superior a um ano, sendo um ambiente propício para o desenvolvimento dos cascudinhos. O monitoramento das populações de artrópodes em aviários é um procedimento que deve ser adotado dentro do programa de manejo, independente da estratégia utilizada para o controle. Em pesquisa desenvolvida por Pinto et al. (2007) em Pelotas, RS, os auto-

res observaram que o cascudinho foi a espécie mais capturada entre os coleópteros (89,65%), resultado este semelhante ao encontrado por Aagesen (1988) que observou uma presença bastante acentuada, principalmente de larvas desse coleóptero, em excremento de aves, em aviários de Bastos, SP. Sugere-se que as excretas sejam removidas de forma constante com o intuito de controlar o cascudinho, principalmente nos meses mais quentes do ano. Embora o habitat principal do besouro sejam as excretas com ou sem cama incorporada, os cascudinhos escalam paredes e pilares e além de comprometerem o bem-estar e a sanidade das aves, causam danos nos materiais de isolamento térmico das instalações. Em poedeiras comercias a aplicação de pesticidas nas instalações é dificultada, pois as aves são criadas por um longo período, podendo chegar a dois anos, em uma mesma instalação. Além disso, existe o fato de possível contaminação dos ovos de consumo, o que inviabiliza a aplicação de alguns produtos. Somado a isso tem-se o acúmulo de excretas, citado anteriormente, o que favorece o desenvolvimento do cascudinho. Em estudo conduzido com poedeiras comerciais, os autores utilizaram barreiras, feitas com tiras de polietileno tereflalato (PET) e ocorreu uma redução de 90 % de cascudinhos devido a instalação destas barreiras. Portanto, a barreira pode ser uma ferramenta útil para impedir que um grande número de besouros atinja, tanto a instalação, quanto as aves, no entanto, a limpeza regular deve ser feita. Não foram encontrados estudos para o controle de cascudinhos em criações do tipo cage-free ou free-range, o que indica um gargalo para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a este tema. As referências podem ser solicitadas ao autor correspondente


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Ciência e Pesquisa

Biosseguridade, uma ferramenta de prevenção e saúde 10 passos importantes para obter qualidade na produção de ovos em pequena escala de produção Autores Sabrina Castilho Duarte Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves Sanidade Avícola Teresa Herr Viola Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte Avicultura Diego Menezes de Brito Auditor Fiscal Federal Agropecuário Departamento de Saúde Animal - DSA/SDA/MAPA

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iosseguridade é uma combinação de procedimentos visando prevenir, controlar e/ ou gerenciar riscos de exposição de doenças aos animais. Sua utilização independe do tamanho do sistema produtivo, sendo assim, pequenos produtores também podem e devem fazer uso dessas informações técnicas para agregar saúde ao plantel e melhorar sua produtividade, pois esses procedimentos independem do tamanho da produção. Em regiões como o semiárido brasileiro, a produção animal é predominantemente de base familiar, dessas, mais de 85% das propriedades possuem criação de aves, na modalidade de pequena produção (Sá et al., 2005). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui normativas e orientações para

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procedimentos de biosseguridade, contempladas na Instrução Normativa MAPA nº 56, de 4 de dezembro de 2007 que estabelece os procedimentos para registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa. Entretanto, excluem-se da obrigatoriedade do registro os estabelecimentos avícolas que possuam até 1.000 (mil) aves, desde que as aves, seus produtos e subprodutos sejam destinados a comércios locais intramunicipais e municípios adjacentes. Visando subsidiar critérios para a pequena escala de produção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa produziram uma cartilha com orientações básicas para pequenos criadores de aves (até mil animais). As medidas foram propostas e discutidas por um

grupo de colaboradores em reunião técnica realizada em setembro e outubro de 2019, na Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, com Auditores Fiscais Federais Agropecuários da Divisão de Sanidade das Aves do Departamento de Saúde do Animal (DSAv/CAT/Cgsa/DSA/ SDA/Mapa), Embrapa, Órgãos Executores de Sanidade Agropecuária, instituições de Ensino, setor privado e outros. A publicação, denominada “Recomendações básicas de biosseguridade para pequena escala de produção avícola” pode ser acessada no link: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/ digital/bitstream/item/211892/1/Folheto-Biosseguridade.pdf, que também pode ser acessado pela página do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) no portal do MAPA https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-ve-


Figura 1. Itens básicos de biosseguridade para prevenção de doenças nas aves e promoção de saúde

getal/saude-animal/programas-de-saude-animal/pnsa. Outros materiais recomendados também foram produzidos pela Embrapa Meio Norte e podem ser acessados no link: (www. embrapa.br/meio-norte/galinha-caipira). A adoção de práticas de biosseguridade no manejo produtivo, algumas delas muito simples, diminuem a entrada ou proliferação de agentes contaminantes. Abaixo, apresentamos algumas condições básicas que podem contribuir com a prevenção e sucesso da atividade de produção de ovos em pequena escala de produção (Figura 1).

1. Isolamento do sistema de produção e das aves Em primeiro lugar, deve-se buscar o isolamento das aves. É muito

importante que o galinheiro seja instalado separado e afastado da residência e de outros sistemas de produção. O aviário também precisa estar o mais distante possível de sítios de aves migratórias, zoológicos, abatedouros, fábricas de ração, estabelecimentos de comercialização de aves vivas, locais com aglomerações de aves, aterros sanitários, estabelecimentos de compostagem de dejetos e de resíduos de origem aviária. O produtor deve cercar o sistema de produção com cercas de altura mínima de um metro, essa medida visa evitar a entrada de animais no ambiente dedicado às galinhas. É importante que o produtor coloque avisos de “entrada proibida”, que podem ser elaborados manualmente.. Todas essas medidas ajudam a evitar a entrada de pessoas, de aves silvestres ou de outros animais no

Em primeiro lugar, deve-se buscar o isolamento das aves. É muito importante que o galinheiro seja instalado separadoe afastado da residência e de outros sistemas de produção Revista do Ovo

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Ciência e Pesquisa sistema de produção, o que automaticamente reduz a possibilidade de entrada de patógenos, seja por meio de portadores ou de forma carreada, sendo assim, quanto maior o isolamento do galinheiro, seja ele geográfico ou do acesso de pessoas, mais seguro o sistema de produção estará.

2. Procedimentos relacionados a área externa do sistema de produção

Visando subsidiar critérios para a pequena escala de produção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa produziram uma cartilha com orientações básicas para pequenos criadores de aves (até mil animais) 24

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O produtor deve evitar o plantio de árvores frutíferas ou de qualquer tipo de vegetação que possa atrair aves silvestres nos piquetes e nas imediações do galinheiro. Também é essencial retirar entulhos e tudo que for desnecessário em volta do galinheiro. Entulhos e coisas sem uso amontoadas servem de abrigos para roedores e outras pragas, por isso deve-se manter a vegetação ao redor da área de criação aparada e livre de acúmulo de materiais. Além disso, a remoção de atrativos para aves silvestres nas proximidades é importante para evitar fonte de contaminação das aves livres que podem transmitir doenças ao plantel.

3. Procedimentos para o acesso de pessoas ao galinheiro Não deve ser permitido o acesso de pessoas que não fazem parte do sistema de produção. Vizinhos e conhecidos curiosos podem, sem saber, trazer patógenos nas roupas, sapatos, mãos ou corpo. Se porventura, for necessária a entrada de pessoas por alguma razão, a exemplo: médico veterinário, extensionista, técnicos do Serviço Veterinário Oficial, técnicos para atividades de manutenção do galinheiro, entrega de insumos ou outro motivo justificável; a pessoa preferencialmente não poderá ter visitado outra produção avícola nos últimos 3 dias, edeve-se separar uma roupa limpa de uso temporário para sua entrada. Quando não houver troca de calçados para entrar na área de criação, deve-se dispor de estrutura para sua limpeza

(exemplos pedilúvios com cal ou desinfetante). Após a realização do trabalho, colocar a roupa usada em um recipiente de roupas sujas sendoa sua reutilização não permitida antes de sua limpeza e higienização. Roupas usadas nas atividades relacionadas à criação e manejo das aves devem ser lavadas separadamente das demais roupas da casa do produtor. O produtor deve solicitar as pessoas, antes do acesso ao galinheiro, o preenchimento do caderno de registro de controle de trânsito de pessoas e veículos, onde possa ser registrado de onde a pessoa vem, se teve contato com outras aves, ou se apresentou febre ou gripe recentemente. Atualmente, com a pandemia da COVID-19, percebemos como é fácil a transmissão de vírus por meio do trânsito de pessoas.

4. Origem das aves e cuidados com as aves jovens As aves precisam ser saudáveis e ter origem rastreável. Tudo precisa começar bem para evoluir bem. Portanto, para colocar as aves para produzir, deve-se buscar adquirir as aves a partir de incubatório ou granjas registradas no Serviço Veterinário Oficial (SVO) acompanhadas de guia de transporte animal (GTA), ou de agropecuárias cadastradas e acompanhadas de nota fiscal, ou de registros de nascimentos ocorridos no próprio estabelecimento. É muito perigoso adquirir ave sem origem segura, pois, sem saber, o produtor pode trazer aves doentes para seu sistema de produção. As aves devem ser obrigatoriamente vacinadas contra doença de Marek nos incubatórios, antes da expedição das aves de um dia (solicitar comprovante de vacinação ao fornecedor das aves). Caso ocorra debicagem das aves, obedecer às boas práticas de produção e critérios de bem-estar animal. Ao introduzir uma ou mais aves num plantel já existente, quando necessário ao manejo adotado, é importante que essas aves permane-


Figura 2. Telamento de galinheiro com estrutura de vedação tapando frestas

çam em uma instalação separada e distante dos galpões, por no mínimo 40 dias para a verificação de ocorrência de doenças e para adequada vacinação e medicação das aves antes de introduzi-las no plantel.

5. Estrutura do galinheiro O galinheiro deve ser telado com malha que impeça a entrada de aves e pequenos roedores (Figura 2). Todas as frestas e orifícios nas paredes e telhados devem ser vedados para impedir a entrada de aves de vida livre. Dentro dessa estrutura devem ser colocados os comedouros, bebedouros, poleiros e ninhos. Os equipamentos no interior do galinheiro devem ser de fácil higienização. Próximo ao galinheiro, é importante a presença de pia ou estrutura que permita a higienização das mãos de todos as pessoas que manipulam as aves e ovos. Segundo Silva et. al. (2015) a estrutura do aviário depen-

de da região, devido a adaptações necessárias ao clima local.

6. Manejo das aves As aves de produção devem ser alojadas em ambiente limpo e higienizado. No interior do galinheiro, a densidade máxima prevista é de sete aves por metro quadrado. Fornecer poleiros, bebedouros e comedouros em quantidade adequada ao número de aves e adotar mecanismos que evitem que as galinhas durmam nos ninhos, para evitar acúmulo de fezes em cima ou dentro do ninho. Os poleiros devem ser instalados para o conforto das aves e devem ter estrutura roliça, para evitar que machuquem suas patas. Os comedouros e bebedouros não devem ser colocados embaixo dos poleiros, para evitar acúmulo de sujeiras e contaminação pelas fezes das aves. Lembrar que a maioria das doenças podem ser prevenidas por meio de vacinação e de uma alimentação

balanceada fornecida à vontade. Recomenda-se a vacinação contra doença de Newcastle de aves com vida produtiva acima de 70 dias ou com acesso a piquetes, e a utilização de outras vacinas que podem evitar o surgimento de doenças, conforme o manual de cada linhagem. É importante lembrar que se deve criar apenas uma espécie de ave, pois criações com mistura de diferentes grupos de aves e em diferentes idades na mesma instalação promovem maior disseminação de patógenos, assim como proporcionam um inadequado fornecimento de ração para cada espécie e/ou fase de criação, entre outras desvantagens, como prejuízo na regulagem da altura dos comedouros e bebedouros. Para evitar a ocorrência de doenças, deve-se evitar a criação de outras espécies como patos, marrecos ou perus, dentro ou próximo ao galinheiro. Se o produtor, porventura, observar que existe uma ou poucas Revista do Ovo

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Ciência e Pesquisa aves doentes no galinheiro, deve retirar esta ou estas aves, submetê-la(s) ao local de quarentena para tratamento, ou até mesmo eliminá-la(s). A detecção precoce de uma ave doente pode limitar o impacto de um surto de doença e permitir um retorno mais rápido à normalidade. Se for necessário tratamento de parte do lote, em situações específicas, deve ser realizado em uma área separada do grupo de aves saudáveis. Só aves saudáveis devem ser mantidas no galinheiro, pois um micro-organismo pode rapidamente se espalhar por todas as aves se as aves doentes forem mantidas entre as saudáveis. Aves mortas ou doentes podem estar infectadas e, por isso, devem ser consideradas um risco. Portanto, se houver alta mortalidade (maior ou igual a 10% em um período de até 72 horas ou com aumento súbito e significativo), ou queda significativa na produção de ovos e/ou aparecimento de ovos malformados associados a sinais nervosos e respiratórios acentuados em um grande número de aves, NO-

TIFICAR IMEDIATAMENTE o Serviço Veterinário Oficial do seu estado. Importante manter o registro de controle de medicamentos, rações e desinfetantes utilizados no sistema de produção.

7. Procedimentos importantes para manejo de piquetes Se as aves tiverem acesso a áreas livres (piquetes), esta área deve ser cercada. É importante que o produtor busque realizar rotação dos piquetes, sempre que possível, nas criações de aves em semiconfinamento. Lembrar que as galinhas não podem ter acesso a lagos, poças ou tanques de água nos piquetes. Evitar que os piquetes sejam dispostos em locais de acúmulo de água em períodos de chuva.

8. Cuidados com alimentação e água Fornecer água e alimentos (ração e vegetais) apenas dentro do galinheiro. A ração deve ser armazenada em recipientes fechados e

em local adequado, de modo a evitar incidência de raios solares, chuvas, umidade, e o acesso de roedores e pragas. A água precisa ser armazenada em local sombreado e tampado, evitando acúmulo de sujeiras e aquecimento. Os cuidados necessários a estes insumos podem evitar muitas doenças. Comedouros e bebedouros devem ser constituídos de materiais que permitam uma fácil higienização e devem ser realizadas limpezas regulares (Figura 3).. Se o produtor precisar armazenar sacos com milho ou outros insumos, deve manter os alimentos em embalagens sempre fechadas, mantidos em cima de estrados, longe de paredes e em local com controle de roedores. O produtor só deve usar matéria-prima de origem segura e conhecida na alimentação das aves, ese fornecer alimentação complementar ou alternativa, esta deve ser preferencialmente produzida na própria propriedade ou ser de origem segura e garantida e armazenada adequadamente.

Figura 3. A manutenção e limpeza de comedouros e bebedouros deve ser um procedimento periódico e dedicado. (Fonte: Embrapa Meio Norte)

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A água precisa estar livre de microrganismos, para isso, manter a caixa d ́água de abastecimento da propriedade sempre tampada, em local sombreado, e realizar limpeza e higienização, no mínimo, a cada seis meses. A água de bebida das aves deve ser continuamente clorada. Água sem cloro só pode ser fornecida às aves quando do fornecimento de medicações, vacinações e uso de aditivos que apresentem esta necessidade. Se a água não vier de fonte segura, pode carrear muitos patógenos e contribuir com a manutenção de doenças nas aves. Nunca fornecer água proveniente de lagos, rios ou açudes diretamente para as aves sem o prévio tratamento (cloração) e, de preferência, utilizar água proveniente de nascentes protegidas do acesso de outros animais ou pessoas. Deve-se buscar proteger a água de bebida das aves de possíveis contaminações ambientais.

9. Cuidados com o ambiente de produção e ovos Diariamente, o produtor deve remover restos de alimentos no piso do galinheiro. O galinheiro deve ser forrado com cama de aviário de material inerte, sem odor, que absorva adequadamente a umidade e fezes das aves, como, por exemplo, maravalha e casca de arroz. A cama molhada deve ser retirada e não se deve permitir que as aves bebam de poças d ́água nos piquetes (cobrir com cal, areia ou pedriscos). Manter o ninho sempre limpo, e trocar o forro no máximo a cada 15 dias, ou sempre que sujar. Preferencialmente, o ninho deve possuir cama que evite as galinhas de ciscarem, para garantir que o fundo sempre esteja forrado (Figura 4). Se houver reuso de cama no galinheiro, o produtor deve tratar a cama e destinar corretamente conforme a legislação. Controlar roedores e outras pragas, como baratas e moscas na propriedade. Realizar limpeza e desinfecção do galinheiro a cada intervalo entre lotes.

Coletar os ovos no mínimo quatro vezes por dia dos ninhos. Dispor de uma área para triagem e seleção dos ovos. Antes de manipular os ovos para realizar a separação de ovos limpos e sujos e classificação, deve-se limpar e higienizar as mãos.

Figura 4. Ninhos devem ser limpos e vistoriados periodicamente pelo produtor. (Fonte: Embrapa Meio Norte)

10. Manejo de dejetos Carcaças de aves mortas podem ser fontes de infecção e, portanto, devem ser retiradas imediatamente do interior do galinheiro dentro de recipientes com tampa até serem levadas para a composteira. Limpar e desinfetar os recipientes de manutenção temporária de aves mortas depois da retirada e transporte das carcaças. O tratamento do esterco (excretas das aves) deve ser feito em área específica para esta atividade e longe das aves. Neste local não devem ser permitidos acesso de animais e deve ser limitado o acesso de pessoas. Realizar o tratamento adequado dos dejetos antes de utilizá-los como adubo, principalmente em situações de doenças no lote. Pode ser realizado compostagem ou outro método que garanta a inativação de patógeRevista do Ovo

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Ciência e Pesquisa

A adoção de medidas que fortaleçam a sanidade na produção favorece a obtenção de um produto inócuo e seguro, garantindo a saúde dos consumidores e fortalecendo o sistema de produção

nos, por período mínimo de 45 dias ou até que ocorra decomposição do material. Isso é importante para evitar a disseminação de doenças no ambiente da granja. Recomenda-se que se o adubo gerado pelos dejetos de galinhas for utilizado nos piquetes de acesso às aves, só deve ser permitido o acesso das aves no local após o período médio de 60 dias, se possível.

Importância da biosseguridade na pequena escala de produção A adoção de medidas que fortaleçam a sanidade na produção favorece a obtenção de um produto inócuo e seguro, garantindo a saúde dos consumidores e fortalecendo o sistema de produção. O produ-

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Revista do Ovo

tor e todas as pessoas envolvidas na produção devem buscar o treinamento contínuo: Só faz bem quem continuamente aprimora a compreensão do que se deve fazer. Compreender quais os pontos de maior risco na atividade e quais as medidas de manejo que podem gerar maior conforto para as aves é importante para obter melhores resultados na produção. Os produtores devem manter os documentos separados por lotes em pasta organizada e em local de fácil acesso (nota fiscal, GTA, certificado sanitários das matrizes, registro do incubatório ou da granja de recria de origem das aves). Manter o registro da entrada e saída de pessoas, dos nascimentos ocorridos no próprio estabelecimento, de vacinas e medicamentos utilizados; de controle de pragas (aplicação, monitoramento e verificação de eficácia), e de material de limpeza e higienização.. Manter atualizado o contato do médico veterinário responsável e do escritório local do SVO (Serviço Veterinário Oficial) Os consumidores, cada vez mais, buscam consumir produtos oriundos de sistemas de produção que ofereçam além da qualidade do que é produzido (requisito essencial), e que disponham de aves mantidas em condições adequadas de bem-estar, neste aspecto, a pequena escala de produção, ao agregar qualidade e bem estar, pode atender a um nicho de mercado que já está estabelecido e tende a crescer continuamente. Qualquer atividade exige dedicação e contínuos investimentos, e agregar bem-estar e boa sanidade não é diferente, entretanto, já existem inúmeros produtores que mostram que é possível essa produção ser realizada e agregada em seu valor comercial. É necessário que este seja um objetivo contínuo a ser atingido, pois quando praticado, tem demonstrado, além das melhorias de manejo, de bem estar e de sanidade das aves produzidas, um retorno financeiro satisfatório diante da obtenção de aves menos propicias a enfermidades.

Referências Bibliográficas • BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa no 56, de 4 de dezembro de 2007. Dispõe sobre normas para registro e fiscalização dos estabelecimentos avícolas. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 dez. 2007. • Davies, R.H.; Wray, C. Persistence of Salmonella enteritidis in poultry units and poultry food. Br. Poult. Sci. 1996, 37, 589–596. • Dewulf, Jeroen, and Filip Van Immerseel, eds. “Biosecurity in Animal Production and Veterinary Medicine : from Principles to Practice.” 2018 • DUARTE, S. C.; MIRAGLIOTTA, M. Y.; VIOLA, T. H.; CÔRTES, V. A. C.; AVILA, V. S. de; BRITO, D. M. de; PEREIRA, V. L. de A.; VILLA, M. F. G.; WALTER, E. H. M. Recomendações básicas de biosseguridade para pequena escala de produção avícola. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2020.14P. • Lapuz, R.R.; Umali, D.V.; Suzuki, T.; Shirota, K.; Katoh, H. Comparison of the prevalence of Salmonella infection in layer hens from commercial layer farms with high and low rodent densities. Avian Dis. 2012, 56, 29–34. • Sá, J.L.; Sá, C.O.; Motta, D.M.; Gomide, C.A.M.; Costa, C.X.; Melo, P.O. Produção animal de base familiar no semi-árido sergipano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO, 7., 2007, Fortaleza. Agricultura familiar, políticas públicas e inclusão social: anais. Fortaleza: SBSP, 2007. • Silva, T.P.N., Pandorfi, H.; Guiselini, C.; Almeida G.L.P.; Gomes, N.F. Tipologia De Instalações Avícolas na Região Agreste de Pernambuco. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.35, n.4, p.789-799, jul./ago. 2015 • Tanquilut NC, Espaldon MVO, Eslava DF, Ancog RC, Medina CDR, Paraso MGV, Domingo RD.Biosecurity assessment of layer farms in Central Luzon, Philippines. Prev Vet Med. 2019 Dec 5;175:104865. doi: 10.1016/j.prevetmed.2019.104865.


Tecnologia

Georreferenciamento já é uma realidade na produção de milho e soja em tempos e Pandemia Novas soluções e adaptações tecnológicas para prepara o setor de Agronegócios & Commodities para uma nova realidade

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ual é o novo cenário imposto pela pandemia quando o assunto é tecnologia no campo? O Bureau Veritas, líder mundial em Teste, Inspeção e Certificação (TIC), desenvolveu novas soluções e adaptou tecnologias para preparar o setor de Agronegócios & Commodities para esta realidade. A iniciativa integra o programa Reinicie o seu Negócio com o BV. As atividades agrícolas ganharam modelos integrados de auditoria com etapas remotas e também presenciais sem contato algum pessoal entre profissionais e clientes. Satélite e aplicativos de georreferenciamento também integram os recursos adotados junto a novos procedimentos elaborados para garantir a segurança e qualidade que marca a atuação do Grupo no Brasil e no mundo. “O setor agrícola não pode parar. São quase 200 anos de história, acompanhando os desafios de cada tempo com soluções inovadoras e adaptando recursos para garantir a segurança de colaboradores e clientes de áreas essenciais”, afirma Eduardo Kuhlmann, diretor da Plataforma Agri&Portuária Latam do Grupo Bureau Veritas. Com a chegada da pandemia ao Brasil, o Bureau Veritas desenvolveu uma metodologia digital com mais

de 300 auditores trabalhando de casa para finalizar projetos que estavam em andamento. Novos modelos de atuação foram adotados para os projetos terem continuidade e para os que ainda não haviam começado. O Grupo ingressa no mercado de auditoria para multiplicadores de sementes de milho, soja e algodão já com um modelo integrado – remoto e presencial. A companhia passa a verificar 80% do mercado formado pelos bancos genéticos brasileiros, gerando ganhos de 30% para os clientes em redução de custos. O novo modelo estratégico de auditoria voltado para esses segmentos representa 65% do mercado de Agronegócio. O método antigo previa uma visita do auditor à sede da fazenda para entrevista e coleta de documentação com os produtores rurais. A partir de maio, todas as etapas de entrevistas e coleta de documentos passam a ser realizadas remotamente, bem como as parametrizações preliminares. Concluída essa fase, o profissional apresenta-se na portaria da propriedade que será auditada, mantendo a distância mínima de 2 metros, e é direcionado com o aplicativo de georreferenciamento diretamente para a lavoura onde fará as medições, coleta de amostras, testes e demais procedimentos. O restante do processo também é feito remotamente como a pri-

meira etapa, até mesmo a coleta de assinatura do responsável é realizada eletronicamente. O projeto envolve 250 auditores atuando sem nenhum contato pessoal entre profissionais ou clientes, garantindo a realização da auditoria de algodão com qualidade e segurança. Além do ganho de eficiência e agilidade, o novo modelo melhora a assertividade das informações obtidas e parametrização via digital. O gerenciamento de dados por satélite é outra iniciativa da empresa para o setor que assegura ao mercado que sejam avaliadas informações detalhadas dos processos agrícolas, como qualidade das lavouras para garantir que o local tem condições para receber sementes ou defensivos agrícolas, por exemplo. O diferencial está no know-how de acompanhamento de campo, além de antecipar as tomadas de decisões do cliente em situações mais adversas. Com o sistema, as empresas recebem relatórios com um panorama das áreas de garantia de plantio com ferramentas e técnicas confiáveis, dados e insights transparentes. O novo modelo de auditoria oferece um atendimento mais rápido, garantindo mais segurança porque mitiga riscos em todo o processo desde a produção, armazenamento e entrega do produto. Revista do Ovo

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Ciência e Pesquisa

Parâmetros para a troca de fase de ração Trocar ou não trocar, eis a questão

João Paulo Martins Chiquini. Consultor de serviços técnicos em avicultura na Agroceres Multimix

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mas das decisões mais simples, cujo resultado pode gerar um grande impacto produtivo no sistema de produção de ovos é a troca de fase de ração. Embora seja um manejo corriqueiro, a ação ainda gera dúvidas e inseguranças por parte de muitos avicultores. Afinal, quando devemos realizá-la? Quais parâmetros seguir? Qual fase utilizar? Quais os resultados esperados ao fazê-la? São questões que venho, por meio desse artigo, discorrer e tentar sanar. A grande maioria dos artigos, textos referência, publicações e manu-

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ais, levam em conta o fator idade para a escolha da fase de ração a ser utilizada. Fator este que é amplamente adotado pelos produtores do mercado, tendo em vista a praticidade de utilizá-lo como parâmetro. Mas será que olhar única e exclusivamente para o fator idade é o mais correto? Será que com somente esse dado teremos alcançado a eficiência produtiva desejada? Uma pesquisa mais aprofundada, com conhecimento de campo, te dirá que não. O fator idade é um excelente parâmetro é deve ser sim levado em conta, porém devemos avaliá-lo mais criteriosamente para não ficarmos pre-


*Os dados acima descritos têm como referência o manual da linhagem Nick Chick – H&N Interncional

sos a ele, pois cada caso é um caso, cada propriedade é uma propriedade e cada lote é um lote. Quando tratamos de produção animal - de uma maneira geral e, mais especificamente a avicultura -, devemos sempre olhar o todo. Ter uma visão mais abrangente nos auxiliará na tomada de decisão mais correta. E a esse “todo” dá-se o nome de parâmetros zootécnicos. Existem quatro parâmetros zootécnicos - de maneira mais específica - que devemos analisar em conjunto com o fator idade, no momento da tomada de decisão da fase da ração a ser utilizada. São eles: peso médio do lote, peso médio do ovo, escore corporal e percentual de produção. O peso médio do lote consiste na somatória dos pesos amostrados, dividido pelo número de unidades amostrais. Deve ser feito por meio da pesagem das aves, de maneira aleatória, que nos permita ter uma abrangência de toda a extensão do galpão. A amostragem deve ser representativa, de modo que o número de aves amostradas nos possibilite uma boa interpretação do estado real do lote como um todo. Tendo esses pontos em vista, podemos adotar a seguinte regra: amostragem= √(N) total de aves do lote. O peso médio dos ovos segue o mesmo modelo de amostragem descrito acima. O escore corporal visa analisar a condição física das aves e deve ser feito em conjunto com uma avaliação do peso, em uma relação diretamente proporcional. Para uma cor-

reta avaliação de escore, devemos levar em conta os seguintes parâmetros: abertura de peito (feita via palpação do músculo peitoral e a quilha) e armazenamento de gordura abdominal e pericloacal.

Podemos classificar o escore em 4 níveis: Nivel 1 (caquética): abertura de peito muito pequena, musculatura quase nula e sem reserva de gordura; Nível 2 (ave magra): abertura de peito pequena, musculatura pouco desenvolvida e reserva de gordura pobre; Nível 3 (bom): abertura de peito mediana, musculatura bem desenvolvida e boa reserva de gordura; Nível 4 (sobrepeso): abertura de peito grande, musculatura bem desenvolvida e reserva de gordura espessa. O percentual de produção se obtém por meio da relação entre o número de ovos produzidos pelo número efetivo de aves, multiplicado por cem. ( (n° ovos)/(n° aves ) x 100) Uma vez determinados todos os parâmetros zootécnicos acima descritos, podemos então definir, com segurança, qual fase de ração deve ser utilizada para o lote em questão. Para interpretar os parâmetros podemos levar em conta o manual da linhagem do lote que está sendo avaliado, buscando sempre manter os índices zootécnicos dentro do padrão descrito no manual em questão. Com isso chegamos a uma tabela base de troca de fases, apresentada acima.

Os dados apresentados, como já dito anteriormente, se referem ao padrão, ou seja, aos índices zootécnicos que devemos tentar sempre nos aproximar (haja visto que, no campo, os padrões são muito difíceis de serem batidos devido a inúmeras variáveis). E o indicador que evidencia se está na hora de rever a fase da ração é justamente o distanciamento dos índices reais em relação aos objetivados.

Exemplificaremos algumas situações a seguir: 1) Lote com 30 semanas, consumindo ração pico, peso médio de 1600g, peso do ovo de 55g, escore corporal nível 3 e produção de 96%. Resposta: Manter o fornecimento da ração pico. Pois as aves estão dentro do padrão. 2) Lote com 45 semanas de idade, consumindo ração postura 1, peso médio de 1670g, peso médio do ovo de 64g, escore corporal nível 4 e produção de 90%. Resposta: Trocar a fase de ração para Postura 2, pois as aves e os ovos estão com peso acima do padrão. Com as colocações e os dados apresentadas acima chegamos à conclusão de que o manejo de troca de ração deve ser uma decisão muito bem fundamentada. Devemos olhar para o lote como um todo, analisando cada parâmetro, visando sempre manter o padrão, para que possamos obter uma maior eficiência produtiva de nossos animais, gerando maiores lucros ao produtor. Revista do Ovo

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Ciência e Pesquisa

Verminoses em galinha caipira causam sérios prejuízos ao produtor Você sabia que as galinhas caipiras tem vermes e precisam ser vermifugadas? Guilherme Augusto Vieira Médico Veterinário, Doutor em História das Ciências, professor de produção animal. Coordenador do Farmácia na Fazenda guilherme@farmacianafazenda.com.br

A

s verminoses ou endoparasitoses são patologias causadas por vermes em todos os animais domésticos, sendo evidenciadas com grande visualização de sinais e sintomas nos animais de produção como os bovinos, nos equinos, ovinos, caprinos e principalmente nos cães (filhotes). Quanto as aves, Fortes (1993,2004) ratifica que as aves domésticas são igualmente sujeitas a numerosas infestações de endoparasitoses. Entretanto , segundo a Ourofino em Campo (2018), o controle de vermes em criações industriais (granjas industriais) de frangos de corte são negligenciados e alguns criadores entendem que o período de produção curto ( 35 a 40 dias) não é necessário a utilização de vermífugos. Já a produção de poedeiras, por possuir um período produtivo mais longo nota-se uma infestação maior e o controle é realizado de forma sistemática (Vasconcelos, 2000).

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Revista do Ovo

E o controle de verminoses em galinhas caipiras? Aí é que está o grande problema. Pelo fato destes animais serem rústicos, criados soltos e a falta de informações, os criadores “acham” que as galinhas não precisam ser vermifugadas. Contudo, é comum as galinhas caipiras criadas soltas ( ou semi-intensivo) e as aves selvagens apresentarem infestação por vermes , muitas vezes não diagnosticadas e os animais morrem sem um diagnóstico adequado. Atualmente ocorreu uma mudança na produção da galinha caipira, tornando-a tecnificada, com produção em galpões e aumentando a densidade (aglomeração) de aves nestes ambientes. Neste novo modelo produtivo, há introdução de cama (maravalha, casca de arroz, café, etc ), alguns galpões possuem piso de chão batido, na grande maioria das criações as galinhas permanecem um período no galpão e outro período

são soltas, com isso se alimentam de insetos, há um aumento de besouros e moscas nos galpões, todos estes fatores favorecem a incidência de vermes chatos e redondos em criações de galinhas caipiras. A infestação das galinhas caipiras (granjas também) ocorrem por ciclo direto via transmissão horizontal (aves para aves), através da ingestão de larvas, ou pelo ciclo indireto requerendo um hospedeiro intermediário como insetos e moluscos (Vasconcelos, 2000; Back,2004) A transmissão de maneira geral ocorre mediante a ingestão de ovos de parasitas, através de água e alimentos contaminados (BENEZ, 2004). Outros fatores que favorecem a infestação dos animais são : higiene inadequada dos galpões, alta densidade de aves, erros de manejo sanitário e principalmente a vermifugação preventiva. Existe uma variedade muito grande de helmintos que parasitam


Gênero

Localização

Sinais Clínicos

Nematódeos Ascaridia spp

Intestino Delgado

Trichostrongylus tenuis

Intestino Delgado

Syngamus trachealis

Traqueia

Problemas respiratórios, perda de peso, enfraquecimento

S. strongylina

Intestino delgado

Perda de peso, diarreia

Perda de apetite, diarreia, perda de peso,

Cestódeos R.laticanalis

Intestino Delgado

Diarreia, perda de peso, enfraquecimento

TREMATÓDEOS Echinostossoma revolotum

as aves. São dois grupos os de maior importância, os cestoides e os nematoides. A tabela mostra os principais vermes que acometem as galinhas (caipiras e de granja).

Como verificar se os animais estão infestados? O primeiro passo para o criador é verificar o estado de saúde dos animais. Segundo verificar a presença de parasitos nas fezes e na cama onde animais se encontram. Geralmente os áscaris (lombrigas) estão presentes nas fezes e no ambiente. Se possível consultar o Médico Veterinário para orientações. Como tratar a verminose nas galinhas caipiras? Existem dois tipos de tratamentos das verminoses: Tratamento curativo (para os animais infestados e doentes) e o preventivo através de vermifugação preventiva, a adoção de medi-

Intestino delgado e ceco

das higiênico sanitárias e manejo eficiente. Entre as medidas preventivas a serem adotadas destacam-se: • Limpeza dos galpões após a saída das galinhas para o “passeio” diário; • Realizar o vazio sanitário após a saída do lote; • Limpeza do terreiro e pasto onde as galinhas realizam o passeio diário; • Limpeza dos ninhos onde as galinhas realizam a postura; • Revolver a cama sistematicamente; • Retirada dos animais doentes E os prejuízos causados pelas verminoses nas galinhas caipiras? As endoparasitoses (verminoses) causam sérios prejuízos sanitários e econômicos aos criadores. Os prejuízos sanitários além da perda de peso, falta de apetite, diarreias e problemas respiratórios, desenvolvimento tardio e predisposi-

Enfraquecimento, emagrecimento, diarreias

Os prejuízos econômicos destacam-se ao emagrecimento dos animais, diminuindo o peso e consequentemente aumenta o tempo de abate dos animais gerando mais custos e despesas

Revista do Ovo

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Ciência e Pesquisa

Prejuízos causados pelas verminoses nas galinhas caipiras As endoparasitoses (verminoses) causam sérios prejuízos sanitários e econômicos aos criadores. Os prejuízos sanitários além da perda de peso, falta de apetite, diarreias e problemas respiratórios, desenvolvimento tardio e predisposição a outras doenças , pois o organismo fica vulnerável tornando-se portas de entrada para bactérias, vírus e fungos levando os animais a morte.

ção a outras doenças , pois o organismo fica vulnerável tornando-se portas de entrada para bactérias, vírus e fungos levando os animais a morte. Os prejuízos econômicos destacam-se ao emagrecimento dos animais, diminuindo o peso e consequentemente aumenta o tempo de abate dos animais gerando mais custos e despesas. Quanto a postura há diminuição ou perdas nas produções de ovos além dos problemas mencionados. Em ambos os casos os criadores tem muito gastos com medicamentos, tratamentos auxiliares, despesas com veterinários além da falta de renda dos produtos que a granja comercializa e a reposição de pintos. Os prejuízos econômicos destacam-se ao emagrecimento dos animais, diminuindo o peso e consequentemente aumenta o tempo de abate dos animais gerando mais custos e despesas. Quanto a postura há diminuição ou perdas nas produções de ovos além dos problemas mencionados. Em ambos os casos os criadores tem muito gastos com medicamentos, tratamentos auxiliares, despesas com veterinários além da falta de renda dos produtos que a granja comercializa e a reposição de pintos. Ao terminar este artigo observou-se a necessidade de vermifugar as galinhas caipiras pois os prejuízos provocados pelas verminoses são muito grandes além de um aumento de custo da produção.

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Caso o Leitor deseje conhecer mais sobre a produção ou até mesmo melhorar a sua produção de galinhas caipiras temos na Farmácia na Fazenda – o Manual Tratamento de Verminoses em Galinhas Caipiras.. .

Referências bibliográficas: BACK, A. Manual de Doenças de Aves. 1ª edição. Cascavel: BACK. 2002. p. 190 a 191. BENEZ, S.M. Aves: Criação, Clínica, Teoria e Prática. 4º edição, Ribeirão Preto: Tecmedd, 2004. p 385392. Endoparasitoses em aves. Disponível in: https://www.ourofinosaudeanimal.com/ourofinoemcampo/ categoria/artigos/endoparasitose-em-aves/ acesso em02/06/2018 FORTES.E, Parasitologia Veterinária,2ª ed.Porto Alegre: Sulina ,1993,2004 KUPSCH, W. Doenças dos pintos, frangos e galinhas.5ªed. São Paulo:Nobel, 1986 MALAVAZZI, G. Avicultura, Manual Prático. 2ª ed. São Paulo: Livraria Nobel, 1983 PALERMO NETO.J.SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L. Farmacologia aplicada à avicultura. São Paulo: Roca,2005; VASCONCELOS, O.I. Parasitose em Aves de Produção Industrial. In: JUNIOR, A.B., MACARI, M. Doença das aves. 1º edição. Campinas: FACTA. 2000, cap 7.4. p 423-428.


Empresas

Vetanco investe em tecnologia de precisão na análise da qualidade do ovo Empresa disponibilizou para região de Bastos (SP) uma ferramenta de precisão para a análise da qualidade do ovo. Trata-se de um equipamento de ponta, o Egg Tester DTE 6500 da Nabel

C

ada vez mais a tecnologia presente em nosso dia a dia, vem ganhando espaço no agro, facilitando e fornecendo dados valiosos que ajudam a melhorar a eficiência e a qualidade dos processos e dos produtos e, também do resultado final do trabalho. Diante disso, a Vetanco disponibilizou para região de Bastos uma ferramenta de precisão para a análise da qualidade do ovo. Trata-se de um equipamento de ponta, o Egg Tester DTE 6500 da Nabel. O Egg Tester é capaz de medir, com extrema precisão, vários parâmetros que demonstram na prática a qualidade do ovo produzido nesta grande região, como: Unidade Haugh, Índice da gema, Peso do ovo, Resistência da casca, Coloração da gema e Espessura da casca. O objetivo é auxiliar os clientes da região a produzir mais e melhor. Esse investimento vem ao encontro do sucesso dos quase 5 anos de trabalho realizado pelo Coordenador de Território da Vetanco, o Zootecnista Marcelo Casarin e do Representante Comercial da FS Representações, que representa o laboratório multinacional para a região de Bastos, Sr. Fernando Souza. Com esse equipamento, o produtor terá condições de tomar as deci-

Da esquerda pra direita: Jorge Ikefuti, nutricionista Vaccinar, Fernando Souza , Representante Vetanco, Marcelo Casarin, Coordenador de território e Eduardo Mizohata, produtor de ovos em Bastos - Granja Mizohata

sões mais adequadas no seu processo produtivo, podendo agregar ainda mais valor ao seu produto final. O aparelho já está em uso no escritório da FS Representações (situado à Rua Osvaldo Cruz, 760 - Bastos/SP) à disposição dos clientes da Vetanco

Brasil. A Vetanco convida seus clientes a conhecer as possibilidades que os dados gerados por esse equipamento são capazes de fazer por seu processo produtivo. Nossa missão é desenvolver, produzir e comercializar produtos seguros para alimentos seguros. Revista do Ovo

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Empresas

Sanovo Technology Group e Ovotrack estabelecem aliança estratégica Empresas investem em tecnologia para rastreabilidade, gestão de estoque para centros de classificação de ovos, plantas de processamento de ovos e incubatórios

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Sanovo Technology Group e a Ovotrack estabeleram recentemente uma parceria para atuação no mercado brasileiro. As empresas são fornecedoras globais de soluções de rastreabilidade e gestão de estoque para centros de classificação de ovos, plantas de processamento de ovos e incubatórios e já atuam em parceria no Canadá, Austrália, Áustria e Estados Unidos. Segundo Job Beekhuis, CEO da Ovotrack, o mercado mudou e ficou maduro na última década. “Rastreabilidade e a gestão de estoque são

agora requisitos cruciais para o setor de ovos e aves. E precisamos de um parceiro estratégico para nos ajudar a acelerar nosso crescimento, para que possamos continuar atendendo a esse mercado em crescimento. Trabalhamos em conjunto com o Sanovo há muito tempo e estamos muito felizes em fortalecer nossa posição com essa parceria", disse. Já Michael Midskov, CEO do Sanovo Technology Group, aponta sobre a maior demanda por automação, rastreabilidade e integração de software e equipamentos em plantas de processamento de ovos. “Nossos clientes querem ser capazes de

Job Beekhuis, CEO da Ovotrack: “O mercado mudou e ficou maduro na última década. Rastreabilidade e a gestão de estoque são agora requisitos cruciais para o setor de ovos e aves”

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Revista do Ovo

monitorar cada passo em seu processo, em tempo real e onde quer que estejam – da granja/poedeiras ao cliente final. A coleta de dados de todas as etapas da cadeia de suprimentos na indústria de ovos é importante para aprendermos e otimizarmos nossas máquinas, equipamentos e toda a cadeia de valor em benefício de nossos clientes. A coleta de dados e a digitalização combinados com nossas máquinas e equipamentos são de importância estratégica para o Grupo de Tecnologia Sanovo e a cooperação intensificada com a Ovotrack se encaixa perfeitamente nessa estratégia", explicou. Michael Behrendsen, CCO do Sanovo Technology Group acrescenta que a Ovotrack é bem conhecida e muito apreciada por seus clientes. “O profundo conhecimento da indústria de ovos, a paixão por ovos e a flexibilidade para interagir com quase todos os tipos de equipamento ou aplicação no chão de fábrica trouxeram a Ovotrack para onde eles estão hoje. Estamos ansiosos por nossa futura cooperação estratégica e utilizarmos as muitas sinergias nesta colaboração em benefício de nosso cliente, mas a posição independente no mercado não mudará. A Ovotrack continuará trabalhando em conjunto com todos os fabricantes que fornecem equipamentos para seus clientes de classificação de ovos, processamento de ovos e incubatórios", afirmou.


Conheça o Sanovo Technology Group e Ovotrack O Sanovo Technology Group, com sede na Dinamarca, é uma empresa líder global em equipamentos de processamento e uso de ovos, equipamentos para coleta e inoculação de ovos para vacinas, enzimas para produtos funcionais aprimorados de ovos, secagem em spray de produtos de ovos líquidos e outras aplicações, vacinação in-ovo, equipamentos para incubatórios, fornecedor total de automação e soluções de robótica para a indústria de ovos. A Ovotrack Holding é uma empresa que desenvolve, instala e apoia soluções de rastreabilidade e gestão de

estoque para centros de classificação de ovos, plantas de processamento de ovos e incubatórios. A empresa iniciou em um centro de classificação de ovos nos Países Baixos e a solução tornou-se um sistema de informações gerenciais, oferecendo controle total do estoque de ovos, material de embalagem e produtos de ovos, rotulagem integrada de caixas e paletes e rastreabilidade completa. As soluções para incubatórios são comercializadas pela empresa irmã Hatchtrack BV. A empresa está localizada em Amerongen, Holanda (HQ) e Kalona IA, EUA (escritório de suporte EUA e Canadá).

Acompanhe na sequência uma entrevista exclusiva com Ricardo O. Nishimura, Diretor Geral da Sanovo South America Quais são os principais objetivos dessa aliança no Brasil? À medida que o mercado brasileiro de ovos está se tornando mais profissional, automatizado e exigente, com controles e regulamentações de saúde mais rigorosos, acreditamos que é um mercado potencial para nós. Portanto,

Ricardo O. Nishimura, Diretor Geral da Sanovo South America: “Estamos prontos para fornecer a melhor solução para nossos clientes em termos de classificação e processamento de ovos, com total rastreabilidade, rotulagem e controle de estoque de ovos e material de embalagem de ovos”.

estamos prontos para fornecer a melhor solução para nossos clientes em termos de classificação e processamento de ovos, com total rastreabilidade, rotulagem e controle de estoque de ovos e material de embalagem de ovos. Além disso, essa realidade está mais próxima através de nossa filial local, a Sanovo Technology Group South America. Portanto, com base nisso, nossos clientes poderiam ter uma melhor rastreabilidade e gerenciamento de estoque de seus processos, consequentemente, economia de custos. Por que decidiram pela aliança com a Ovotrack? É uma combinação perfeita de duas tecnologias superiores em um mundo que requer cada vez mais uma rastreabilidade completa da classificação e processamento dos ovos. Como analisa a importância do segmento de postura no Brasil? O mercado brasileiro de ovos está crescendo e crescendo rapidamente, consequentemente, os clientes sempre buscarão a máxima eficiência, desempenho e qualidade de todo o ovo, líquido e pó, incluindo automação e robótica. Envolvendo as áreas em que cada empresa opera e essa aliança, quais são os avanços tecnológicos? E o que estará disponível no Brasil? A Sanovo atua no ramo de classifi-

cação de ovos há mais de 60 anos, sempre pensando em segurança alimentar, design higiênico e fácil de usar, e temos máquinas de classificação com uma capacidade que varia de 400 a 800 caixas por hora, incluindo lavadoras e secadoras de ovos (UV). desinfecção), diferentes tipos de sistemas de limpeza e, é claro, detecção de sujeira, vazamentos e rachaduras. Portanto, a Ovotrack está agregando mais valor a ele com sua solução completa de rastreabilidade agora. A Ovotrack é fornecedora líder de soluções de rastreabilidade de ovos para o mercado global de ovos, com profundo conhecimento da indústria de ovos e Sanovo – Process Solutions -mintegração perfeita com as máquinas de classificação de ovos. Com seu portfólio Hatchtrack, soluções semelhantes estão disponíveis para o mercado de incubatórios. Juntas, as duas empresas criam uma forte combinação para o mercado brasileiro. Todas as soluções Ovotrack e Hatchtrack estão disponíveis no Brasil e podem ser usadas em conjunto com todas as máquinas de classificação e processamento de ovos, incluindo as máquinas Sanovo OptiBreaker, OptiGrader e GraderPro. Portanto, todos os avanços tecnológicos, inventário de peças de reposição e serviços estarão disponíveis através da Ovotrack BV e de nossa nova filial local, a Sanovo Technology South America. Revista do Ovo

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Mercado

Balanço do setor de postura no primeiro semestre de

2020

Players do mercado comentam o momento vivido pelo setor neste histórico primeiro semestre

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omo todos os setores, a produção de ovos do Brasil viveu as oscilações do quadro epidêmico global. Logo no início da crise, a demanda por produtos impulsionou os preços do segmento. De acordo com Ricardo Santin, Diretor Executivo da Associação Brasileira de Produção de Proteína Animal (ABPA), o mercado se reacomodou, deu sinais de estabilização, mas agora deve viver novos impulsos. “Os mesmos fatores que influenciarão o consumo de frango, devem impulsionar o consumo de ovos, que neste ano alcançará 240 unidades por ano. Mais acessível das proteínas de origem animal, o ovo tem uma vantagem inquestionável sobre os cárneos, especialmente quando vemos uma retração no poder de compra da população. O quadro econômico deficitário deverá ditar o impulso de consumo de produtos mais baratos nas gôndolas. O ovo, que já é protagonista, deverá aumen-

tar ainda mais a sua presença no mercado interno”, explicou Segundo Leandro Pinto, Diretor do Grupo Mantiqueira, maior produtor de ovos da América Latina, o país estava em um momento de alta nas vendas, início de um período tradicionalmente favorável ao aumento do consumo de ovos, a quaresma, quando foi decretada a pandemia. “O nosso produto, o ovo, pela sua praticidade, saudabilidade, por estar presente à mesa das mais diferentes classes econômicas, sua situação de mercado, não foi deveras impactado pela crise sanitária”, explicou Pinto. “Foi um momento de alta dos insumos, preços elevadíssimos da soja, farelo de soja e milho, além do alto valor do dólar, o que dificultava as nossas compras de produtos como vitaminas e outros insumos importados. Vínhamos em um momento de pressão de custo”, destacou. Leandro Pinto explicou que mesmo diante de todo o cenário exposto

Ricardo Santin, ABPA

Bottura, APA

“Diante dos problemas enfrentados pela pandemia do novo coronavírus foi feito um ajuste de distribuição”

“No exterior, não há sinais de abertura de novos mercados no curto prazo. As vendas para os Emirados Árabes Unidos seguirão em destaque. Mas a demanda brasileira deverá desestimular a intenção de venda do produto para o mercado internacional”.

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Revista do Ovo


Leandro Pinto, Grupo Mantiqueira

“Para esse segundo semestre, a luta será grande, mas o empreendedor é acima de um tudo um otimista. Sou muito otimista pelo nosso país”

Hand, AVES-ASES

“Afetado da mesma forma que os demais segmentos de proteína animal, o segmento de ovos também enfrentou entraves relacionados aos altos custos com os insumos de produção, mas conseguiu manter seus preços finais com retornos que não chegaram gerar prejuízos ao produtor”

Santos, ASGAV-SIPARGS

setor busca ajustes também no Rio Grande do Sul.

neste primeiro semestre, o Grupo Mantiqueira fechou o primeiro semestre de forma positiva. “Mantivemos nossos investimentos em mais duas granjas para a produção de ovos advindos de galinhas livres, nas cidades de Cabrália Paulista e Lorena, ambas no estado de São Paulo. Somente conseguimos porque mantivemos o foco na produção de ovos. Esse é o nosso negócio!”, disse. “Procuramos manter nossos colaboradores (2.100) em segurança e quero aqui, prestar minha homenagem à minha equipe. Tenho um profundo e sincero agradecimento a todos! Foram guerreiros. Mantiveram-se na ‘linha de guerra’. Na batalha e em dados momentos, tínhamos que ‘freiá-los’ para que se mantivessem em segurança. Jamais se abstiveram da luta, o que me deu, repito, um profundo orgulho da minha equipe”, afirmou Leandro Pinto. O setor de postura comercial do Espírito Santo também vem presenciando as tensões vividas com a covid-19, não com a mesma intensida-

de vivida com a criação de codornas, que foi drasticamente afetada e chegou a uma redução que cerca de 70% no estado, mas sendo necessário passar por ajustes. É o que explicou Nélio Hand, Diretor Executivo da Associação dos Avicultores do Espírito Santo e da Associação de Suinocultores do Espírito Santo (AVES-ASES). Hand aponta que a produção de ovos de galinha teve que readequar parte de sua oferta de ovos, disponibilizando maior volume de produto para o varejo, adaptando embalagens e tomando medidas de redirecionamento de produto diretamente ao consumidor, especialmente aquele que era enviado para a indústria, que, por sua vez, prevê que continuará sendo afetada no segundo semestre, deixando prejudicados os volumes de ovo processado. “Resultado do grande momento em que vive a proteína, que em 2019 alcançou a marca de 230 ovos per capita no Brasil e que, certamente, está muito presente no dia a dia da população. O produtor, por sua vez, segue o moRevista do Ovo

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Mercado

Marco de Almeida - Diretor América do Sul da Hendrix Genetics

“O ovo é um alimento de inigualável qualidade para a nutrição humana e com baixo custo. Em nossa ótica, a pandemia viral impulsionou o setor a melhorar a visibilidade do produto”

mento com cuidado para que possa continuar mantendo a sua produção, já que as incertezas ainda estão presentes na economia”, disse Nélio Hand. Em São Paulo, segundo José Roberto Bottura, Diretor Técnico da Associação Paulista de Avicultura, diante dos problemas enfrentados pela pandemia do novo coronavírus foi feito um ajuste de distribuição, dos restaurantes e lanchonetes para a venda direta através dos supermercados. “Em um primeiro momento, até mesmo o tão tradicional “carro do ovo” teve suas vendas impactadas. Mas essas dificuldades já foram amenizadas. Acredito que teremos um segundo semestre mais positivo”, explicou.

Marco de Almeida destaca ainda que a pandemia do novo coronavirus é, sem dúvida, um dos maiores desafios dos últimos tempos, com desdobramentos e impactos ainda imensuráveis 40 Revista do Ovo

O ovo foi, no início da pandemia, o reforço dos estoques de alimentos da população, versátil e base para muitas refeições, registrou intensa procura nos meses de março/ abril ocasionando esvaziamento das prateleiras também no Rio Grande do Sul. Segundo José Eduardo dos Santos – Diretor Executivo da Associação Gaúcha de Avicultura ASGAV e do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas no Estado RS – SIPARGS, a lei da oferta e procura veio à tona e houve alta significativa nos preços. “No entanto, logo o setor normalizou a logística de abastecimento e os preços voltaram a um patamar de equilíbrio”, disse. De acordo com Marco de Almeida - Diretor América do Sul da Hendrix Genetics, o setor de postura fechou o ano de 2019 com a perspectiva de crescimento, o qual era esperado pela empresa. “Para 2020 a Hendrix tinha uma visão promissora face os indicativos econômicos. Num primeiro momento, o impacto da pandemia no início deste ano, aqueceu o mercado nacional de ovos, por esta razão, o setor precisou repensar algumas estratégias para o período de crise e, consequentemente para o pós-crise. Com a forte demanda de consumo de ovos no primeiro semestre de 2020, os produtores também captaram melhores negócios e retomaram projetos e investimentos até então paralisados. A avicultura

de postura, como toda a cadeia do agronegócio não pára e, tomando ações bem estruturadas durante este período crítico, ela sairá mais fortalecida desta crise”, afirmou Almeida. Marco de Almeida destaca ainda que a pandemia do novo coronavirus é, sem dúvida, um dos maiores desafios dos últimos tempos, com desdobramentos e impactos ainda imensuráveis. “No entanto, mesmo em meio a essa crise sem precedentes, há setores como o agronegócio, que até certo ponto, serão impactados de forma menos grave se comparado à outros setores da economia. O ovo é um alimento de inigualável qualidade para a nutrição humana e com baixo custo. Em nossa ótica, a pandemia viral impulsionou o setor a melhorar a visibilidade do produto “ovo”. Isso tanto pela facilidade de aquisição quanto pelo alto valor biológico e nutricional que consolida uma melhor condição de saúde e uma resposta imunológica superior do consumidor frente a um desafio viral”, disse. “Estamos otimistas com a atividade e no crescente consumo de ovos no Brasil. Entendemos que, mesmo ocorrendo uma segunda onda de crise, não só sanitária, mas também econômica, ainda produzimos o alimento proteico mais acessível para a população. Tal fato nos assegura uma posição relativamente estável e ao mesmo tempo promissora na economia nacional”, finalizou.


Balanço do primeiro semestre de 2020

Alojamento de pintainhas de postura se expande à razão de 3,5% por semestre e pode aumentar cerca de 10% no final de 2020

O

s dados, colhidos no mercado, relativos ao alojamento de pintainhas comerciais de postura indicam que o setor permanece em crescimento praticamente contínuo. Sob esse aspecto, por sinal, analisada a evolução dos alojamentos semestrais, observa-se quase não haver distinção entre a primeira e a segunda metade do ano: salvo algumas poucas exceções, o ritmo de expansão se mantém, evoluindo a uma média de 3,5% por semestre. Com isso, o incremento entre o primeiro semestre de 2010 e o mesmo semestre deste ano (dados preliminares) ultrapassa os 70%. A despeito da pandemia de Covid-19, neste ano esse comportamento não vem sendo diferente. Entre janeiro e

maio os alojamentos aumentaram mais de 13%, chegando aos 53,607 milhões de cabeças. E a média aí registrada, mantida no mês de junho, leva a projetar para o semestre alojamento superior a 64,3 milhões de cabeças, novo recorde em termos semestrais. Considerando-se, ainda, que nos 10 anos transcorridos entre 2010 e 2019 os alojamentos do segundo semestre foram, em média, perto de 5% superiores aos do primeiro semestre, são estimáveis pelo menos outros 65 milhões de cabeças nestes últimos seis meses de 2020. Neste caso, o total anual girará em torno dos 130 milhões de cabeças, cerca de 10% a mais que o alojado no ano passado.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Apesar dos altos e baixos do período, resultados do ovo no semestre foram positivos

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erdadeiro “salvador da pátria” quando outras proteínas de origem animal alcançam preços proibitivos para bolsos não muito favorecidos, no final de 2019 o ovo foi beneficiado pela alta valorização obtida pelas carnes no período: alcançou em dezembro não só o melhor preço do ano, mas um dos melhores (ao menos nominalmente) de todos os tempos. Por isso, ao iniciar-se 2020, seu desempenho ocasionou verdadeiro choque no setor produtivo, já que o preço alcançado em meados de janeiro chegou a apresentar queda de mais de 30% em relação à média do mês anterior, retrocedendo aos menores níveis em 12 meses. O susto valeu, pois imediatamente procedeu-se a um esforço pela readequação da oferta, seja descartando poedeiras mais velhas ou destinando ao abate as menos produtivas. Imediata também foi a reação do mercado. Pois em plena segunda quinzena de janeiro (época improvável para altas do produto) iniciou-se rápida recuperação de preços, processo que prosseguiu em fevereiro e propiciou, no mês, valorização de mais de 40% em relação à média de janeiro. Imaginava-se, então, que os preços alcançados no final de fevereiro, quando a começou a Quaresma (dia 26), permaneceriam mais ou menos os mesmos por todo o mês de março, até a chegada da Páscoa, em 12 de abril. Porém, um mês antes das comemorações pascais, depois de permanecer reticente por longo período, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu (11 de março de 2020) que o novo coronavírus que começava a ocasionar perdas de vidas humanas na Ásia e na Europa correspondia a uma pandemia. A partir daí, no Brasil e no mundo, o ovo tornou-se – ainda que por curto espaço de tempo – o alimento “da vez”.

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O processo foi desencadeado com a constatação de que, neste primeiro momento, só o isolamento social poderia deter a disseminação do desconhecido agente. Repentinamente confinadas em suas casas, as famílias (re)descobriram que o ovo era o alimento de mais fácil e rápido preparo para aquele momento. Não que tenha ocorrido simultâneo aumento de consumo. O que mudou foi o ponto de demanda - o consumidor final – alijando-se do processo praticamente todo o food-service, aí inclusa a fabricação, em pequena ou grande escala, de pães, bolos, doces e toda uma série de alimentos que têm no ovo ingrediente essencial. Até que se conseguisse redirecionar a oferta para o novo ponto de concentração da demanda os preços experimentaram verdadeiro “boom” – situação que se repetiu em diversas partes do mundo. Daí ter-se alcançado, mesmo depois de findo o período de Quaresma, as maiores cotações de todos os tempos - fato inédito na história do setor. Mas à medida que a distribuição foi sendo redirecionada, os preços passaram a sofrer deterioração, contribuindo para isso, também, a ausência da merenda escolar, um dos grandes fatores de sustentação do consumo no decorrer de cada exercício. E, sem contar, ainda, com a alta demanda das festas juninas, nos últimos dias do primeiro semestre o ovo registrou os menores preços dos últimos cinco anos. De toda forma, graças ao excepcional desempenho registrado entre fevereiro e abril o ovo completou o primeiro semestre de 2020 com preços cerca de um terço superiores aos do mesmo período de 2019. Em relação à media anual do ano que passou e considerando os preços alcançados pelas cargas fechadas de ovos brancos do tipo extra, a valorização média deste ano ficou próxima dos 30%.


Com as expressivas altas do milho e do farelo de soja, cai o poder aquisitivo do produtor do frango e do ovo

P

elo que se viu nas análises anteriores, o ovo fechou o semestre com boa valorização em relação ao mesmo período do ano passado (preços cerca de um terço superiores), enquanto o frango vivo fechou o semestre com resultado que, embora negativo, é aceitável frente ao tumultuado momento enfrentado. Tais conclusões, porém, têm validade somente quanto aos preços alcançados. Porque, frente aos custos enfrentados no semestre , os resultados - especialmente os do frango - ficaram muito aquém da realidade anterior. E isso se deve, fundamentalmente, à evolução dos preços das duas matérias-primas essenciais para o setor, milho e farelo de soja, cujos preços agora têm como referência o dólar.

Milho: nos últimos 12 meses, variação anual de até 43% Comparativamente a junho de 2019, o milho encerrou o primeiro semestre de 2020 com uma valorização de pouco mais de 21%. Mas isso não reflete todo o comportamento de preços do grão nos últimos 6 meses. Assim, por exemplo, em março passado o grão foi comercializado, internamente, por valor equivalente a, aproximadamente, de US$12,50/saca, valorizando-se 11% em relação ao mesmo mês de 2019. A questão é que, nesse mesmo espaço de tempo, o valor do dólar aumentou mais de 25%. E o efeito, para o avicultor, foi não só um custo mais de 40% superior, mas também o maior valor nominal pago pelo milho em todos os tempos. No segundo trimestre de 2020 os preços registrados sofreram ligeiro recuo. Mas o poder aquisitivo do produtor de frangos, que vinha sofrendo deterioração desde o final de 2019, não experimentou recuperação. Em junho do ano passado uma tonelada de frango vivo possibilitava adquirir perto de 5 (cinco) toneladas de milho em grão. Neste ano, em junho, o volume adquirível – apesar da baixa do milho e da alta do frango vivo – foi 15% menor, não chegando a 4,230 toneladas. Neste caso, menos mal para o produtor de ovos que, exceto em janeiro, manteve, aproximadamente, o mesmo poder de compra de um ano atrás. De toda forma, no mês de encerramento do semestre, frente à variação anual de 21,21% no custo do milho, a remuneração obtida pelo ovo não passou dos 15% e a do frango vivo não chegou a 3%.

Fontes das informações: www.jox.com.br

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Feitas as contas, o produtor de ovos encerrou o primeiro semestre de 2020 necessitando de um volume do produto quase 23% maior para adquirir a mesma quantidade de farelo de soja obtida em junho de 2019

Farelo de soja; aumento em 12 meses ultrapassa os 40% No caso do farelo de soja a perda de poder aquisitivo é, tanto para o produtor de frango quanto para o de ovos, bem maior que a do milho. Pois enquanto o preço do frango evoluiu perto de 3% e o do ovo não mais que 15%, o aumento de preço do farelo superou os 40% E o pior, neste caso, é que as maiores variações de preço passaram a ser registradas a partir de março, isto é, quando a produção animal passou a sofrer os efeitos da pandemia. Feitas as contas, o produtor de ovos encerrou o primeiro semestre de 2020 necessitando de um volume do produto quase 23% maior para adquirir a mesma quantidade de farelo de soja obtida em junho de 2019. Ou seja: enquanto há um ano se adquiria uma tonelada de farelo de soja com pouco mais de 19 caixas de ovos, neste ano foram necessárias cerca de 23,5 caixas para adquirir o mesmo volume da matéria-prima. Já para o produtor de frangos a situação é bem mais crítica. Pois enquanto há um ano uma tonelada de farelo de soja era adquirida com 363 kg de frango vivo, neste ano esse volume aumentou mais de 37%, exigindo perto de meia tonelada da ave viva.

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Ponto Final

Big data? Inteligência artificial? Algoritmos? Decisões de custo:benefício

Diogo Tsuyoshi Ito é Coordenador Técnico na Hisex – Hendrix Genetics Ltda diogo.ito@hendrix-genetics.com

A

mbiência: dentre os objetivos das instalações temos: minimizar os efeitos danosos do estresse calórico do ambiente e das próprias aves, da amplitude térmica e das oscilações climáticas. O estresse calórico causa uma cascata de problemas como picos de mortalidade; redução de consumo de ração que pode ocasionar queda de produção ou demandar rações mais concentradas e; piora na qualidade das fezes favorecendo a disseminação de patógenos e reduzindo a qualidade do ar nos galpões. Períodos de inverno propiciam o aparecimento de problemas respiratórios que desestabilizam a produção e a qualidade dos ovos e aumentam a necessidade de medicação. Os registros de temperatura, umidade e qualidade do ar são importantes. Planejar as escolhas em ambiência no presente gera consequências à médio e longo prazo. Manejo: buscamos atender as necessidades das aves diariamente pois a “manejite” resulta em perda generalizada de desempenho zootécnico e econômico. O acompanhamento do peso e uniformidade dos lotes desde as primeiras semanas de vida a fim de para identificar/separar/

“O ovo representa um alimento bastante nutritivo atrelado a uma cadeia produtiva inovadora, preocupada com sustentabilidade, segurança alimentar e bem-estar animal. Neste contexto, como aproveitar os dados zootécnicos nos processos de decisão e diferenciação entre investimento, despesa, desperdício, prevenção?”

quantificar aves com atraso de desenvolvimento, é importante para a identificação de possíveis causas e elaboração de soluções viáveis. A assistência técnica de suporte também precisa ser considerada para treinar, orientar e identificar os problemas e propor soluções. Ponderar o dimensionamento da mão de obra é estratégico. Sanidade: cada problema sanitário pode acometer 1 ou mais índices zootécnicos de forma aguda (surgem de repente) ou crônica (aumentam aos poucos, lote a lote e persistem). Por exemplo, doenças respiratórias causam quedas de produção que duram de semanas a meses, piorando a conversão alimentar. Enquanto isso, doenças imunossupressoras aumentam a taxa de mortalidade e isto compromete o índice de Ovos Ave Alojada. Manter o desafio controlado para que as defesas naturais da ave possam agir reduz perdas (aves e ovos). Embasamento técnico na adoção das medidas de sanidade é primordial. Nutrição: as oscilações nos preços e variações na qualidade e disponibilidade das matérias primas influenciam a formulação final. Cuidados são necessários ao avaliar o caminho a ser adotado com esse cenário. Às vezes, o Revista do Ovo

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Ponto Final

produtor precisa decidir entre reduzir os níveis nutricionais, reduzir o uso de aditivos ou extrapolar o uso de determinados ingredientes. Porém, dependendo da estratégia adotada pode ocorrer aumento no consumo de ração, redução da produção dos lotes e diminuição no aproveitamento de ovos vendáveis, respectivamente. A conversão alimentar é base de análise (Kg de ração por caixa de ovos e R$ com ração por caixa de ovos). O fator qualidade e disponibilidade de água também precisa ser considerado. Otimizar os custos de nutrição é dinâmico e essencial. Genética: os produtores buscam linhagens genéticas que tenham potencial para resultados rentáveis e que atendam aos padrões exigidos pelos consumidores. Comparar os resultados de lotes entre núcleos/galpões diferentes nos permite avaliar o efeito de nossas decisões e realidades. Comparar o resultado ano a ano nos permite avaliar se estamos melhorando efetivamente ou nos aproveitando da evolução genética das linhagens. Comparamos o resultado entre linhagens para as decisões futuras da empresa/granja. Os dados zootécnicos primários gerados nos galpões, salas de classificação de ovos e fábricas de ração (produção (%), viabilidade (%), consumo de ração (g/ave/dia), custo da ração (R$/ ton), peso médio dos ovos (gramas), aproveitamento dos ovos (%)) resultam nos parâmetros zootécnicos secundários para análise gerencial (Conversão Alimentar (kg / caixa de ovos e R$ / caixa de ovos) e Ovos Ave Alojada). Para condições de criação “imutáveis” muitas vezes optamos pela linhagem que “menos perde” nas condições “atuais”, nestes casos a rusticidade das aves é importante. Outras vezes, ajustamos a estrutura (sanidade, nutrição, ambiência, manejo) quando concluímos que investimentos adicionais são economicamente viáveis para aproveitar melhor o potencial genético das linhagens e obter 500 ovos às 100 semanas tornou-se uma possibilidade real. A persistência e uniformidade dos resultados, lote a lote, também precisa ser considerada. Racionalidade na escolha das linhagens e controle sobre a base de comparação e seus interferentes protegem a rentabilidade da produção de ovos. Mais aves geram mais dados. Novas tecnologias estão nos permitindo uma obtenção mais intensa e constante dos dados zootécnicos e da situação de criação das aves. Com isso, mais dados geram banco de dados mais robustos que demandam maior controle e checagem. O controle demanda novas ferramentas de análise. Diante de tudo isso, vale lembrar que a Inteligência Artificial depende da Inteligência Natural pois informações erradas nos levam a decisões erradas. Decisões corretas hoje refletem em melhores resultados amanhã.

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Ponto Final

abcd 48 Revista do Ovo


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