48 O Milagre da Santa Casa de Loreto dessa liberdade, sentimo-nos no direito de continuar a pensar que a versão da “trasladação milagrosa” é muito mais razoável e até cientificamente fundamentada. O mesmo padre Giuseppe Santarelli – historiador da questão lauretana, cujos trabalhos também citamos amplamente aqui, dada a quantidade de informações valiosas que oferecem – em apoio ao transporte humano e, portanto, a essa nova versão dos fatos, apresenta apenas sua hipótese, sem nenhuma certeza. No entanto, essa hipótese foi negada com evidências claras por outros estudiosos, conforme se precisará melhor mais adiante. Até mesmo Dom Giovanni Tonucci, bispo delegado pontifício de Loreto de 2007 a 2017, no prefácio da obra de Santarelli, respondendo ao convite da pesquisa histórica livre, escreve que “erra quem se permite considerar suficientemente os que amam a bela tradição do transporte angélico como se fosse uma credulidade superficial”1. Bem, vamos agora tentar entender por que a trasladação milagrosa não é uma invenção nem uma credulidade superficial.
2.1 A trasladação contada historicamente Historicamente houve pelo menos cinco trasladações milagrosas da Santa Casa de Nazaré, ocorridas entre 1291 e 1296: em Tersatto (hoje um bairro da cidade de Fiume); em Ancona (na localidade de Posatora); na floresta da senhora Loreta (atual localidade de Banderuola); no campo de dois irmãos, situado no Monte Prodo (em frente do atual santuário lauretano), e na via pública que deu lugar não somente à atual basílica, mas acima de tudo a uma cidade construída ao redor da insigne relíquia2. 1 2
G. Santarelli, La Santa Casa di Loreto, cit., pp. 6-7. Cfr. G. Nicolini, Le cinque traslazioni “miracolose” della Santa Casa di Nazareth, in Il segno del soprannaturale, nº 216, junho de 2006, p. 28.