Revista Elos 51 . Março - Abril | 2020

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cirurgias estéticas no país.

UM CONVITE À REFLEXÃO “Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher

que teme ao Senhor, essa será louvada.” Provérbios 31.30

Nunca vi tanto incentivo à estética como nos dias atuais. O século XXI ficou marcado pelo culto ao corpo ideal. Os apelos estão por toda parte: mercado virtual, mídias, redes sociais... todos empenhados em vender a idéia de um corpo “perfeito” a qualquer preço. Um levantamento da Isaps – Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética diz que, em 2015, foram realizadas 9,6 milhões de cirurgias estéticas. Sendo o Brasil o segundo país que mais realiza esse tipo de intervenção, perdendo somente para os EUA. Nosso país também lidera o ranking de cirurgia plástica entre adolescentes. No último censo realizado em 2016 pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os números mostraram que 6,6% de todos os procedimentos estéticos ou reparadores realizados em solo nacional foram em pacientes com até 18 anos. Não que eu seja avessa ao cuidado, boa apresentação e forma, mas o fato é que esta cara ambição tem um custo social muito elevado. Nem sempre a busca pelas formas “perfeitas” seja por meio da cirurgia plástica ou qualquer outro tipo de intervenção, termina bem. Em 2018, tivemos três mortes provocadas por procedimentos estéticos no intervalo de oito dias no Rio de Janeiro. Uma bancária de 46, uma modelo de 24 e uma professora de 41 anos. Não é pouco comum notícias como essa, apesar de não haver dados oficiais sobre mortes por

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Um estudo da Unifesp diz que há falhas de preenchimento em 93% das certidões de óbito de pessoas que morreram após se submeterem a cirurgia de lipoaspiração, o que dificulta a estabelecer a causa morte e também pode mascarar eventuais erros médicos e impedir a adoção de medidas que poderiam poupar vidas. Sem falar das inúmeras mortes causadas por dietas extremas e abuso de medicamentos para adequação aos padrões de beleza pré-estabelecidos. Transtornos alimentares como bulimia, anorexia, ortorexia nervosas, estão cada vez mais comuns. Estudos realizados por especialistas do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido concluíram que parte considerável desses transtornos está ligada às redes sociais. Todos esses indicadores têm o objetivo de nos conduzir à reflexão sobre o que é realmente necessário para nos sentirmos bem. Pareceme que temos cedido aos apelos indomáveis de uma suposta perfeição, onde nós mulheres somos as maiores vítimas. Muitas mulheres têm sofrido por não se enquadrarem nos moldes impostos socialmente. Diante desta inadequação, se submetem a todo tipo de intervenção estética a fim de experimentarem a tão sonhada autoaceitação e, consequentemente, se sentirem pertencentes ao meio. Tanto sofrimento poderia ser evitado se observássemos mais amiúde a Palavra de Deus. Precisamos nos enxergar através de Sua ótica. Suas lentes são generosas e Seu olhar cheio de amor. Para tanto, é necessário nos aproximarmos Dele e de Sua Palavra. No Evangelho de João 8.32 diz “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. O conhecimento de quem é Jesus e quem eu sou Nele me permite romper com certas imposições, me conduzindo à liberdade para ser quem Ele diz que eu sou, sem interferências. Meu parâmetro já não é mais o que

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os outros pensam, o que as mídias determinam ou até mesmo o que eu acreditava ser. Meu medidor é a Palavra de Deus e o que ela diz a meu respeito, por que ela traduz o pensamento de Deus sobre mim. Quando Provérbios 31.30 fala sobre o engano e vanidade da beleza, está se referindo ao erro de percepção que demonstramos ao atribuirmos mais valor àquilo que é aparente e transitório do que ao que está escrito na palavra de Deus. É um alerta! Não para o descuido ou desmazelo, mas para o olhar. Precisamos enxergar o que realmente tem valor para Deus. Neste versículo, Ele reconhece a beleza, porém, diz que ela é ilusória e vazia em si mesma. Ele está nos ensinando que apesar da ditadura da beleza imposta às mulheres ao longo da história da humanidade, as características marcantes do nosso gênero não podem estar firmadas em alicerces tão fragéis e passageiros. O texto nos convida a escolher a melhor parte, apresentando no contraponto do que é transitório aquilo que é capaz de nos conduzir à estabilidade que precisamos para fundamentar nossa existência – o temor ao Senhor. Se assim o fizermos seremos honradas e elogiadas por Ele. Receberemos o reconhecimento por parte do nosso Deus, àquele com quem devemos nos preocupar em agradar. Encerro esta matéria com as palavras de Augusto Cury no seu livro A Ditadura da Beleza e a Revolução das mulheres: “A beleza está nos olhos de quem vê e devemos ter um romance com a nossa própria história, pois cada ser humano é único no palco da existência”. Feliz Dia Internacional das Mulheres!

Andresa Gouveia Assistente Social Voluntária CCH andresa.gouveia@gmail.com

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