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Saudade Por uns definida como “lembrança grata de pessoa ausente, de um momento passado, ou de alguma coisa de que alguém se vê privado”, do latim vem “solitas” que significa solidão, e do galego “soedade”. A partir daí, de boca em boca, e influenciada pela palavra “saúde”, dá-nos hoje a tão romantizada “saudade”. Desde os tempos dos Descobrimentos, em que reluzimos e ajudámos a desvendar mundo, às batalhas perdidas e lutas sentidas de um povo sofrido, trazemos saudade ao peito e vestimo-la de vermelho, verde e amarelo. Com o fado, Amália aprendeu a libertar da prisão esta “dor sem ter fim”, e muitos, alados a Pessoa, dizem que “só portugueses conseguem senti-las bem, porque têm essa palavra para dizer que as têm.” Curiosamente há também ligações feitas entre a palavra e o corpo: de saud, saudá e suaida, especialistas dizem poder significar “sangue pisado”, e pelos árabes as-saudá, referir-se a doença do fígado, sendo a “melancolia do paciente”. Doença ou não, portuguesa ou não, é uma palavra hoje do mundo, que só tão sua nos sabe fazer sentir e fazer valer cada recanto de paixão enquanto este perdura, enquanto não se fica apenas como saudade. 24
Julho 2020
Isabela Queimadela